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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Entrevista a Marcello Quintanilha - "Portugal sempre foi um dos meus lugares favoritos worldwide"




Marcello Quintanilha estará no Amadora BD e o Vinheta 2020 já teve a oportunidade de falar com ele!

O autor estará na Amadora a promover a sua próxima obra, intitulada Escuta, Formosa Márcia, que será lançada pela Polvo, durante o certame.

Marcello Quintanilha terá uma exposição retrospectiva dos seus 8 livros editados pela Polvo na Galeria Municipal Artur Bual e outra, só com a novidade editorial, no núcleo central. Nesta última estará acompanhado pelo autor brasileiro André Diniz.

O autor marcará presença no Festival de 21 a 24 de Outubro. A sessão de apresentação de Escuta, Formosa Márcia acontecerá no dia 23 de Outubro. As sessões de autógrafos serão nos dias 23 e 24, das 15 às 19h.

Abaixo, fiquem com a entrevista. Mais abaixo, deixo ainda a sinopse do novo livro Escuta, Formosa Márcia.


Entrevista


1. A Polvo acaba de editar "Escuta, Formosa Márcia", livro lançado há umas semanas no Brasil. Como está a ser a recepção a esta nova obra no Brasil?
Está sendo realmente incrível. Acho que meu público no Brasil vem se ampliando consideravelmente e a repercussão em torno de “Márcia” é maravilhosa.

2. Este é o 8º livro editado em Portugal. É Portugal um país com especial carinho pelo teu trabalho? Como sentes a aceitação da obra por parte dos portugueses?
Portugal sempre foi um dos meus lugares favoritos worldwide e me sinto muito à vontade percorrendo suas ruas. O tratamento que recebo do público português é nada menos que encantador. A cada sessão de autógrafos e reencontro com o público essa percepção só se confirma. Estou ansioso para saber o que as pessoas vão achar do novo livro.

3. E como tem sido a relação com a editora Polvo?
Estupenda. Acho que porque temos uma relação de confiança mútua que tem perdurado ao longo do tempo.


4. Sempre que leio um dos teus trabalhos, fico com a ideia de que o Brasil que nos é oferecido por ti assenta num retrato rude, áspero, fiel e com poucos floreados e romances. Procuras ser um cronista da vida real do Brasil?
Meu trabalho vai no sentido de tratar de tudo aquilo que me formou como ser humano, o que está inevitavelmente ligado ao que vivi em primeira pessoa no Brasil ou foi vivido por pessoas próximas. 

Desta forma, não tento relatar o que está diante de mim, ou cristalizar uma ideia preconcebida de Brasil, dentro de princípios académicos. Trata-se de algo muito mais profundo, porque expressa o Brasil que está comigo, não o que está diante de mim.

5. Nesse sentido, a matriz social e antropológica das tuas histórias procura pintar um quadro da realidade brasileira ou acreditas que estas personagens e suas vivências podem ser percepcionadas e enquadradas da mesma forma se se ambientassem num outro qualquer ponto geográfico? Por outras palavras, quão diferentes seriam as personagens e as suas histórias se, em vez de serem brasileiras, fossem portuguesas ou de um outro qualquer país que não o Brasil?
Realmente não acredito em uma diferença substancial entre os anseios, vicissitudes e angústias pessoais, do meu ponto de vista, compartilhados por todos em escala global. Uma vez retirado o verniz da cultura, a precariedade da condição humana se iguala independentemente de um imperativo geográfico.


6. "Escuta, Formosa Márcia" afasta-se, de alguma forma, das tuas obras anteriores ou poderemos considerar que há continuidade em relação ao que fizeste anteriormente?
Não há nenhum afastamento. Não há nenhuma aproximação. Minha obra se realiza como uma proposta única.

7. E em termos de ilustração, experimentaste alguma técnica ou abordagem diferente?
Não sou inclinado a experimentações. Não é o meu instinto. Na verdade, cada história determina a maneira como deve ser contada/ desenhada. Sou refém das premissas impostas por elas. Por isso, a cada novo álbum, mais do que experimentar, preciso reaprender a desenhar.

8. Por último, em "Escuta, Formosa Márcia" partiste de uma história real ou é 100% ficcionada e imaginada por ti?
Todas as minhas histórias partem da realidade. Com márcia, não foi diferente. Experiências vividas por mim ou por pessoas que conheço foram o ponto de partida para a história que, no final, se constitui 100% em ficção.

-/-


Escuta, Formosa Márcia, de Marcello Quintanilha
Mãe solteira, nascida e criada numa comunidade do Estado do Rio de Janeiro, a enfermeira Márcia vem travando uma verdadeira batalha doméstica para disciplinar a filha, a insubordinada Jaqueline. 

Apesar do auxílio do seu companheiro Aluísio, padrasto da rapariga, tudo parece inútil: Jaqueline não aceita submeter-se a nada que a impeça de andar por onde lhe aprouver, a fazer o que lhe der na real gana, sem ter de dar satisfações a ninguém. 

Porém, quando a jovem se vê envolvida até o pescoço com o crime organizado, Márcia está disposta a ir às últimas consequências para a livrar daquela enrascada. 

Quer Jaqueline queira, quer não.

4 comentários:

  1. Sempre simpatiquíssimo.
    Um exemplo para autores portugueses que só editam em fanzines e colectâneas e practicam 1/10 da cortesia deste SENHOR.
    Também não têm 1/10 do seu palmarés.
    Deve ser directamente proporcional, ao contrário do que se pensa...

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    1. O Marcello Quintanilha é, de facto, extremamente simpático e disponível.

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  2. Gostaria de ver outros autores brasileiros no catálogo da Polvo (ou outra...) como Guilherme Petreca, Flávio Colin, outras obras dos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon, Sirlene Barbosa e João Pinheiro, Danilo Beyruth, Eloar Guazzelli, Marcelo Bicalho, Jefferson Costa, Eduardo Medeiros, etc, etc...

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    1. Há muitos autores brasileiros de excelente qualidade, sim! E a verdade é que a Polvo tem sido das editoras portuguesas a apostar mais - e melhor - em autores brasileiros.

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