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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Análise: Paper Girls #5 e #6

Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang  - Devir

Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang  - Devir
Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang

Paper Girls é uma série escrita por Brian K. Vaughan e ilustrada por Cliff Chiang, que foi lançada em Portugal pela Devir. Lamentavelmente, a partir do quarto volume, a editora portuguesa esteve muito tempo sem publicar os volumes seguintes. Felizmente, no ano passado isso foi corrigido, com o lançamento, de uma só vez, dos volumes 5 e 6, tendo a série ficado integralmente publicada em Portugal.

Hoje trago-vos a minha opinião sobre a série, de forma geral, mas incindindo mais nestes volumes 5 e 6.

A trama de Paper Girls passa-se durante os anos 80 e segue um grupo de quatro raparigas adolescentes que trabalham como entregadoras de jornal. De repente, estas raparigas veem-se envolvidas numa série de eventos sobrenaturais e viagens no tempo. O estilo e o ambiente remetem bastante para a série televisiva Stranger Things embora a história, naturalmente, seja diferente.

Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang  - Devir
As quatro raparigas Erin, Mac, KJ e Tiffany, rapidamente embarcam, então, numa aventura épica quando se veem no meio de uma série de eventos estranhos, incluindo encontros com estranhos seres alienígenas e viagens no tempo. O enredo desenrola-se numa narrativa repleta de reviravoltas, mistérios e descobertas chocantes.

Desde o início, logo nos primeiros volumes, a série estabelece um tom nostálgico, explorando tanto a cultura dos anos 80, como os desafios da adolescência. A narrativa começa de forma relativamente simples, mas rapidamente se torna complexa, à medida que as personagens se deparam com mistérios, alienígenas e múltiplas linhas do tempo entrelaçadas. O enredo é repleto de reviravoltas e revelações - por vezes de uma forma demasiado confusa - mantendo os leitores intrigados e ansiosos para descobrir como todos os elementos se encaixam.

Nestes quinto e sexto volume, é-nos finalmente revelada a secreta verdade por detrás do misterioso “Grande Pai”, que perseguiu as raparigas através do tempo. Depois de terem superado vários eventos e aventuras, ora no passado, ora no presente, ora no futuro, as quatro raparigas encetam agora a sua última jornada.

Uma das coisas positivas, é que as personagens de Paper Girls têm personalidades fortes e bem vincadas pelo argumentista Brian K. Vaughan. Com efeito, isso faz com que o leitor crie uma relação com as personagens, apegando-se a elas.

Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang  - Devir
Mesmo assim, confesso que a história não funcionou tão bem como eu gostaria, porque é desnecessariamente confusa e acaba por se perder, muitas vezes, nas próprias ramificações que ela mesma cria. Talvez fosse uma história que seria mais bem “cosida”, se não almejasse criar uma teia tão grande de tempo e espaço, entre os vários acontecimentos.

O próprio final, que nos é dado no sexto e último volume, pareceu-me pequeno no impacto, face àquilo que a série prometia. Como se a montanha tivesse parido um rato. Fica-se, pois, no final, com a ideia de que Brian K. Vaughan não teve uma noção muito clara sobre para onde queria levar a sua própria história.

Não obstante, aquilo que mais aprecio na série é - à semelhança do que acontece, também, na série Stranger Things, já agora - que a mesma capture tão bem a atmosfera dos anos 80. Desde a moda, até à cultura pop e à tecnologia da época. E compreendo que seja natural que os leitores que, tal como eu, cresceram nesta década, se sintam imersos nesta onda de nostalgia.

Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang  - Devir
A arte de Cliff Chiang é vibrante e nostálgica, capturando com precisão a atmosfera dos anos 80, ao mesmo tempo em que apresenta designs criativos para os elementos de ficção científica da trama. Cliff Chiang não só captura bem a estética dos anos 80, como também traz à vida as personagens e os elementos de ficção científica de forma bem conseguida. Nota positiva para as belas cores que ainda acentuam mais o ambiente dos anos 80.

A edição da Devir apresenta, em todos os volumes, livros com capa mole e bom papel brilhante. Considero que se os livros tivessem badanas na capa, talvez fossem mais coesos e menos frágeis. Mas, de resto, a encadernação e a impressão são de boa qualidade.

Uma nota de apreço há que ser dada à Devir por ter terminado a coleção. Lembro-me que já havia um número considerável de leitores que desesperava com o facto da série parecer ter ficado “pendurada”. Felizmente, a Devir prometeu e cumpriu. É claro que é sempre preferível que as editoras editem a totalidade das coleções mais rapidamente, mas, ainda assim, grave seria deixar a série a meio. Não aconteceu. E ainda bem.

Em suma, mesmo que Paper Girls não tenha funcionado tão bem como eu gostaria, e que a história apresente demasiados buracos e incongruências, é uma série que tem os seus trunfos assentes na bela arte de Cliff Chiang que captura de forma exímia tudo aquilo que a nossa memória retém desses, aparentemente já longínquos, anos 80.


NOTA FINAL (1/10):
6.8


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang  - Devir

Ficha técnica
Paper Girls #5 
Autores: Brian K. Vaughan e Cliff Chiang
Editora: Devir
Páginas: 126
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Agosto de 2022

Paper Girls #5 e #6, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang  - Devir

Paper Girls #6
Autores: Brian K. Vaughan e Cliff Chiang
Editora: Devir
Páginas: 140
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Agosto de 2022

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