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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Análise: Nocturno



Análise: Nocturno, de Tony Sandoval

A primeira vez que agarrei num trabalho de Tony Sandoval, o Serpentes de Água, fiquei meio que espantado e maravilhado. Era algo  de novo na banda desenhada. Na verdade, embora o fosse, nem parecia bem “banda desenhada”. Parecia mais um livro de ilustrações poéticas singelamente ligadas entre si, para contar uma história. O que, note-se, pode por si só, ser uma definição para a própria banda desenhada. É claro que aquilo que Sandoval faz é banda desenhada, mas é algo que, aos meus olhos, é tão diferente ou original, que parece criar um próprio género - poesia em banda desenhada, talvez? E este facto de se conseguir ter uma assinatura visual tão própria, é dos melhores elogios que poderemos dar a um criador de banda desenhada, estou certo.

Rapidamente, fiquei fã do autor e tenho acompanhado aquilo que a Kingpin tão diligentemente vai publicando no mercado português.

No caso concreto, Nocturno conta-nos a história de Seck, um músico de heavy metal, que continua muito afetado pela presença (meta)física do seu falecido pai e pelos demónios pessoais que daí advêm. Conhece Karen, uma jornalista musical que depressa se apaixona pela banda de Seck e por ele mesmo. A partir daqui há alguns eventos que condicionam a relação de ambos. 

A componente gráfica de Nocturno – ou de qualquer trabalho de Sandoval, diga-se - é muito forte. “Impressionante” é um bom adjetivo para descrever o seu tipo de desenho, que combina vários rabiscos salpicados de suaves tintas em aguarela, com mestria. É de realçar que há vários estilos e técnicas diferentes aplicados ao longo desta obra. O que, por um lado contribui para a afirmação de Sandoval enquanto ilustrador virtuoso em vários tipos de arte, mas que, por outro lado, retira alguma da unidade gráfica à obra. Por vezes, parece que certos desenhos ficam aquém uns dos outros. Numas ilustrações fica a ideia de que o autor depositou ali toda a sua alma e magia, e noutros, parece que não se demorou mais do que 5 minutos. Outro problema com que me deparei em Nocturno é que o facto das personagens terem um aspeto andrógeno, faz com que, por vezes, seja difícil perceber se aquela personagem é do género masculino ou feminino, o que se torna algo difuso para a fluidez narrativa, especialmente no início da obra. 

Todavia, quando Sandoval se esmera, a sua arte é soberba e com uma enorme força gráfica que nos permite mergulhar no universo sombrio e gótico do autor, com personagens misteriosas e atordoadas que nos remetem – com as devidas diferenças - para os mundos gráficos de Tim Burton. De facto,  este Nocturno acaba por ser uma obra bastante contemplativa, que nos faz ficar a observar demoradamente as ilustrações mais majestosas. 

Narrativamente, é uma obra romântica que assenta no universo da música e das bandas de rock ou heavy metal, sendo carregado por uma forte violência entre personagens. E depois, há a parte do sobrenatural, dos demónios, onde se desenrola grande parte da narrativa. Nem sempre o paralelismo metafórico entre o que é real e irreal, foi bem conseguido. Por vezes, parece que a história se encaminha para ir mais fundo, para aprofundar algo mais, mas fica-se por aí. Pela ameaça.

E a verdade é que, ao contrário do Serpentes de Água, que me pareceu sempre muito bem interligado entre si em termos de narrativa, este Nocturno pareceu-me perdido na própria narrativa criada. Não se foca totalmente na componente musical da história, não se foca na relação amorosa, não se foca no sobrenatural. Pisca o olho a todas estas coisas mas sempre de forma algo superficial. O que é uma pena. Por vezes, parece ser um manto de retalhos narrativos em vez de uma história com princípio, meio e fim, deixando no ar a ideia de que Sandoval pensou os desenhos e só depois pensou a história.

Com tudo isto dito, a verdade é que embarcar em Nocturno é uma viagem onírica que todos nós, amantes de banda desenhada, devemos fazer. Sandoval é um mestre em criar imagens que nos ficam retidas na memória visual. Não é um livro perfeito em termos de história, mas é uma viagem aconselhável.

Quanto à edição da Kingpin está muito bem conseguida. Um bom papel e uma capa dura fazem deste Nocturno um objeto apetecível. Além de que os extras aqui presentes, em que Sandoval explica as peripécias pelas quais a obra foi passando até que fosse finalmente finalizada, são uma mais valia para melhor valorizarmos a obra. 

NOTA FINAL (1/10):
8.0

-/-

Ficha Técnica
Nocturno
Autor: Tony Sandoval
Editora: Kingpin
Páginas: 240, a cores
Encadernação: Capa dura

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Lançamento: Comanche Integral (Volume 3)




Lançamento: Comanche Integral (Volume 3), de Greg e Hermann

A editora Ala dos Livros acaba de publicar o terceiro e último álbum de Comanche Integral, numa deliciosa edição de luxo, a preto e branco.

Fiquem com a nota de imprensa por parte da editora.


Obra Completa de Greg e Hermann - Volume 3

Em 1969, o Journal Tintin enceta a publicação do western Comanche desenhado por Hermann, sob argumento de Greg. Sente-se, logo nas primeiras pranchas, que esta novidade será um marco na História da BD. O primeiro capítulo desvenda o argumento e apresenta os protagonistas. Com a ajuda de um velho empregado, uma jovem e bonita fazendeira de nome Comanche, herdeira do rancho "Triple Six", esforça-se como pode para evitar o pior. A coragem desta mulher de carácter firme não parece, todavia, suficiente para salvar a propriedade de uma falência anunciada.

Até que certo dia, vindo não se sabe de onde, surge no rancho um certo Red Dust. Rendida à força tranquila deste desconhecido, Comanche confia-lhe o posto de capataz... Para enfrentar a adversidade e a cobiça, este recruta alguns companheiros. As suas verdadeiras personalidades revelar-se-ão ao longo dos movimentados episódios desta magnífica narrativa que se situa no Wyoming no século XIX.

Para assinalar os 50 anos desta série, a Ala dos Livros optou por uma edição comemorativa a preto e branco, que retoma o trabalho de Hermann.

Para além dos dois episódios “longos” - E o Diabo Gritou de Alegria; O Corpo de Algernon Brow - este 3º volume álbum contem ainda as 5 histórias curtas que nos finais dos anos 90 foram reunidas num álbum com o título “Le Prisonnier” *, e duas histórias de uma prancha, até aqui inéditas em Portugal.

Ficha Técnica
Comanche Integral (Volume 3)
Autores:  Greg e Hermann
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 160, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
PVP: 32,90 € 

Lançamento: Os Cinco de Enid Blyton em Banda Desenhada







Os saudosos Cinco, de Enid Blyton, que marcaram várias gerações, estão de regresso. Mas desta vez, em formato de banda desenhada. O lançamento é feito pela Editora Oficina do Livro.

Para já, estão disponíveis nas livrarias os primeiros 2 volumes da coleção: Os Cinco e a Ilha do Tesouro e Os Cinco e a Passagem Secreta.

Fiquem com a nota de imprensa, por parte da editora:


A famosa coleção Os Cinco, de Enid Blyton agora também em Banda Desenhada

Os primeiros dois títulos desta nova coleção que chega às livrarias portuguesas a 25 de fevereiro, pela Oficina do Livro são Os Cinco e a Ilha do Tesouro (volume 1) e Os Cinco e a Passagem Secreta (volume2). Os dois volumes foram adaptados pela dupla de franceses Béja e Nataël que não deixaram que se perdessem as emoções que a obra tem transmitido a várias gerações desde os anos 40.

Os Cinco e a Ilha do Tesouro
Pela primeira vez, o Júlio, o David e a Ana vão passar férias a casa da tia Clara, onde conhecem a prima Zé, uma verdadeira maria-rapaz. Acompanhados pelo fiel cão Tim, partem à descoberta de um tesouro indicado num velho mapa que encontraram na ilha de Kirrin. Mas têm de ser rápidos, pois OS CINCO não são os únicos na caça ao tesouro…

Os Cinco e a Passagem Secreta
As férias no Casal Kirrin não parecem boas para OS CINCO. A Zé e os primos estão presos em casa: tiveram más notas e o Sr. Roland, o precetor, está lá para fazê-los trabalhar. Mas os quatro jovens detetives e o seu cão, Tim, estão alerta. Acabam de descobrir uma passagem secreta sob a casa...


Fichas Técnicas:

Os Cinco e a Ilha do Tesouro
Autores: Béja e Nataël, a partir da obra de Enid Blyton
Editora: Oficina do Livro
Páginas: 32, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 10,90€

Os Cinco e a Passagem Secreta
Autores: Béja e Nataël, a partir da obra de Enid Blyton
Editora: Oficina do Livro
Páginas: 32, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 10,90€


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Análise: Harleen



Análise: Harleen, de Stjepan Šejić

Harleen conta-nos a história de Harley Quinn e como nasce o seu romance com Joker, o maior vilão de todos os tempos. Desde a altura em que termina os seus estudos de psiquiatria, Harleen Quintzel – o seu verdadeiro nome – começa por ter as melhores intenções na cura dos criminosos residentes no Asilo de Arkham. Eventualmente, a sua ligação com Joker, seu paciente, vai transtorná-la de forma violenta e irrevogável, levando-a a apaixonar-se perdidamente por ele.

Este livro tem uma abordagem séria e adulta. Não esperem cenas de ação ou grandes lutas, tal como costumam acontecer comummente em livros de comics. Aqui os dilemas, as dificuldades e obstáculos pelas quais a protagonista tem de passar, são do foro psicológico. E haverá maior enormidade para ultrapassar do que as dúvidas internas, os receios profundos, ou a necessidade de uma paixão que tem tudo para nos levar à perdição? A barreira entre o bem e o mal, que este livro nos dá, é ténue o que acaba por nos remeter para a realidade que nos rodeia e para os próprios receios e questões que nos habitam a nós, leitores. Harley Quinn não é uma vilã. É uma vítima. Provavelmente a maior vítima que Joker alguma vez fez. E no final da história, não sabemos se havemos de nos insurgir contra Harley ou se devemos lamentar as suas fraquezas de carácter. 

Várias personagens como Batman, a Hera Venenosa, Waylon Jones (o Crocodilo), Bane e outros fazem a sua aparição neste Harleen, mas não são o centro da ação. Esta é a história de Harley e, felizmente, Šejić  soube focar-se verdadeiramente na personagem, utilizando as outras personagens do universo de Batman de forma perspicaz, sem parecer algo forçado. Tanto é, que até mesmo Joker acaba por ser menos importante do que Harley, embora, naturalmente, seja crucial para o desenvolvimento da história da protagonista. E também Harvey Dent, o Duas-Faces, acaba por ter bastante importância na trama da história, tendo sido muito bem introduzido na narrativa, por Šejić. 

Em termos de arte visual, o trabalho de Stjepan Šejić é extraordinário, também. A sua capacidade de retratar o ambiente de Gotham ou as expressões faciais das personagens, é verdadeiramente impressionante. Certas pranchas são verdadeiras obras de arte, quer no desenho, quer na cor.

Na criação visual de Harley Quinn e na sua degradação gradual, o autor mostra mestria e um estudo cuidado e atento. Afinal de contas, Harley é apenas uma mulher bonita mas, acima de tudo, normal. E é por isso que acaba por ser uma personagem com que nos identificamos naturalmente. A concepção das outras personagens está também muito bem conseguida. A dinâmica de planificação do livro também está impecável, nunca se tornando maçadora para o leitor. Em suma, estamos muito perto da perfeição.

Para mim este magnífico livro peca apenas numa coisa. Trata-se de um gosto pessoal e portanto, é claramente subjetivo mas é algo de sobeja importância para mim. A maneira como Joker é desenhado por Stjepan Šejić, simplesmente fica um pouco aquém daquilo que eu esperaria. A abordagem baseia-se numa representação talvez menos comic e mais humanizada. Mas, para mim, Joker é-nos visualmente apresentado como sendo demasiado normal, demasiado humano, com um look demasiado emocore, para o meu gosto. Não é uma personagem que olhando para ela, tenha aquele aspeto creepy, de louco inveterado, a que já nos habituámos. Posso admitir que, certamente, foi uma intenção clara de Stjepan Šejić que queria dar uma aura mais humana  - e talvez mais jovial - à personagem. Mas simplesmente não funciona. Ou melhor: não funciona tão bem como poderia ter funcionado. Não é que esteja mal desenhado, mas as opções estéticas que o autor tomou para a desenhar, simplesmente saíram ao lado. Joker parece-me demasiado bem parecido, demasiado charmoso, demasiado musculado e com um estilo muito poser, em detrimento daquela personagem escanzelada, com uma postura toda arqueada e com a expressão de loucura tão presente, quer nos seus olhos, quer no seu sorriso malévolo. 

Gerard Way, vocalista dos My
Chemical Romance e criador da
série Umbrella Academy
Este Joker poser, parece-me um homem normalíssimo, de cabelos compridos e uma boca ligeiramente grande, que se limitou a pintar o cabelo de verde. Fez-me pensar mais num vocalista de rock emocore, como por exemplo, Gerard Way - vocalista da banda My Chemical Romance e, curiosamente, também ligado ao universo da banda desenhada, através da sua criação The Umbrella Academy – do que no príncipe palhaço do crime. Exceptuando a magnífica ilustração da segunda capa onde é, possivelmente, a única vez em que Šejić conseguiu captar a essência da personagem, parece-me que Joker acaba por parecer charmoso, algo vazio e insonso. Não chega para destruir ou invalidar esta excelente obra – não, longe disso! – mas é algo de alguma importância. Aceita-se por isso que tenha sido a opção mais humanizante que Šejić queria dar à personagem.

Acima de tudo, Harleen é um livro espectacular que merece figurar nas boas bibliotecas de banda desenhada. A Levoir está, portanto, de parabéns por ter apostado nesta obra de tão grande qualidade. Não concordo com a forma como o fez como, aliás, já deixei claro aquando o anúncio de lançamento da obra. Mas sobre isso já opinei nesse post e não considero necessário fazê-lo novamente.

Se a arte de Šejić representava, por si só, uma garantia de qualidade ao nível da arte é, no entanto, na escrita da história que o autor mais me surpreendeu. Harleen é uma narrativa bem conseguida, adulta, com tempo suficiente (leia-se páginas) para nos agarrar, sem se tornar aborrecida. Obviamente que qualquer leitor já sabe qual é o fim que espera à personagem. Mas isso não invalida que saibamos o “como” e é a isso que Šejić tão bem se agarrou.

Não é preciso gostar de super-heróis, do Batman, ou de comics para apreciar este magnífico livro. Basta apreciar uma boa banda desenhada. É a melhor história que já li sobre Harley Quinn e, também, uma das melhores que já li do universo DC. Obrigatório e candidato a um dos livros do ano.



NOTA FINAL (1/10):
9.2


-/-
Ficha Técnica
Harleen, Volumes 1 e 2
Autor: Stjepan Šejić
Editora: Levoir
Páginas: 112 (cada livro), a cores
Encadernação: Capa dura

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Coleção Watchmen

A Levoir prossegue com a publicação da Coleção Watchmen, de Alan Moore e David Gibbons.

No último sábado, 22 de Fevereiro, saiu o 2º volume da série "Temível Simetria".

Fiquem com a nota de imprensa da editora, com o calendário de lançamentos e com algumas imagens já disponíveis. 


Watchmen a obra-prima escrita por Alan Moore e desenhada por Dave Gibbons em 1985, e que a Levoir edita de 15 de Fevereiro a 18 de Abril, em pareceria com o jornal Público, é considerada a melhor história de banda desenhada editada até hoje, tendo sido galardoada com vários Prémios Kirby e Eisner, incluindo o de "Melhor Mini-série". É a única história de banda desenhada presente na lista dos 100 Melhores Livros de Todos os Tempos eleitos pela revista Time desde 1923.

Alan Moore é uma lenda viva da BD, até pela excentricidade da imagem que cultiva e pelo afastamento total das grandes manifestações públicas, como os Festivais de BD, trocados pelo exílio voluntário da sua casa de Northampton no interior de Inglaterra. A sua longa carreira, recheada de prémios e sucessos comerciais, iniciou-se em Inglaterra, nas páginas das revistas 2000 ADe Warrior (onde começou a ser publicado o notável V de Vingança publicado pela Levoir) mas seria em 1984, ao passar a trabalhar para o mercado americano, que o mundo pode finalmente apreciar todo o talento de Moore e a sua capacidade de insuflar uma nova vida a personagens cansados, provando que a BD também pode ser literatura.

Em Watchmen o que leva o Relógio do Apocalipse a aproximar-se perigosamente da meia- noite é a forma como a presença do Dr. Manhattan, que tinha permitido aos americanos vencer a guerra do Vietname, vem perturbar o equilíbrio estratégico entre as duas superpotências, levando o bloco de Leste a uma reacção desesperada, invadindo o Afeganistão (algo que aconteceria anos depois no mundo real) e o Paquistão.É precisamente para evitar que o relógio chegue à meia-noite que Adrian Veidt, o Ozymandias, criou um elaborado plano. É esse mesmo Relógio do Apocalipse que dá título a Doomsday Clock (um título cujas iniciais são as mesmas da editora DC, numa aliteração óbvia que inevitavelmente se perderia na tradução) e que no passado dia 23 de Janeiro foi acertado para os 100 segundos para a meia-noite, assinalando o momento em que a humanidade se aproximou mais da destruição total desde que o Relógio foi criado, em 1947; um avançar para o abismo ditado pelas alterações climáticas e pelo risco de um conflito nuclear. Em Doomsday Clock tanto a dimensão onde estão os Watchmen como a Terra onde vivem o Batman e os outros super-heróis da DC estão à beira de um conflito nuclear. E se em Doomsday Clock o plano de Ozymandias e as contribuições do Dr. Manhattan e do Super-Homem chegaram para evitar o Apocalipse,no nosso mundo pode ser bem mais complicado.

A colecção para além da série clássica e de um volume de ligação, inclui a série Doomsday Clock, que une o universo de Moore e Gibbons com o restante universo DC, numa história notável de Geoff Johns e Gary Frank, que homenageia a saga original e a própria história da DC.



Calendário de Lançamentos:



15-02-2020 
Watchmen: Quem guarda os Guardiões? 
Alan Moore e Dave Gibbons

22-02-2020 
Watchmen: Temível Simetria 
Alan Moore e Dave Gibbons

29-02-2020 
Watchmen: Irmão dos Dragões 
Alan Moore e Dave Gibbons

07-03-2020 
Watchmen: Um Mundo Mais Forte 
Alan Moore e Dave Gibbons

14-03-2020 
Renascimento 
Johns, King, Williamson, Frank, Prado, Fabok, Van Sciver, Reis, Jimenez e Porter (contém Renascimento e The Buttom parte 1 e 2)

21-03-2020 
Doomsday Clock: O Início 
Geoff Johns e Gary Frank (contém The Buttom parte 3 e 4)

28-03-2020 
Doomsday Clock: Todos Estamos Loucos 
Geoff Johns e Gary Frank

04-04-2020 
Doomsday Clock: Não há Deus 
Geoff Johns e Gary Frank

11-04-2020 
Doomsday Clock: Crise 
Geoff Johns e Gary Frank

18-04-2020 
Doomsday Clock: O Final - A Hora Final 
Geoff Johns e Gary Frank


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Lançamento: Harleen, Volume 2



Já está disponível em bancas e em loja, desde dia 21 de Fevereiro, o Volume 2 de Harleen, que encerra a história de Stjepan Šejić e que é publicado pela Levoir.

Sobre a divisão desta história que é composta por 3 números e que é dividida pela editora potuguesa em dois volumes, já opinei na altura do lançamento do volume 1.

Este volume está a ser lido e deverá receber uma análise no Vinheta 2020 ainda durante esta semana.

Por agora, fiquem com nota de imprensa e páginas partilhadas pela Levoir:

A Levoir apresenta o  segundo volume de Harleen, em banca a 21 de Fevereiro.

O primeiro encontro de Harleen Quintzel, a jovem psiquiatra, com o Príncipe Palhaço do Crime não foi nos corredores do Asilo Arkahm onde trabalha, mas sim nas ruas de Gotham, onde Joker lhe apontou uma arma á cabeça, decidindo logo de seguida deixá-la ir. Harleen torna-se assim, um dos poucos cidadãos da cidade a sobreviver a um confronto com o maior psicopata de Gotham. Este momento passa a assombrar a jovem que, vive apavorada com aquele sorriso.

Nesta segunda edição, Šejić apresenta uma visão humana e mais atraente da personagem – ela é uma médica bem-intencionada, mas que não está ainda preparada para enfrentar uma das mentes mais perversas de Gotham.

Harleen tem grandes falhas de cáracter. O mais flagrante deles é a sua tendência para comportamentos autodestrutivos. No Harleen 1, manifestam-se numa série de relacionamentos tóxicos com homens mais velhos. Em Harleen 2 ela precisa de álcool para dormir e para trabalhar.

Joker sabe tudo da vida da médica, manipulando um dos seguranças, consegue que ele lhe passe informações do arquivo para o seu telefone. Usando as suas artes de manipulação após algumas sessões consegue fazer com que Harleen se apaixone por ele. Ele alimenta-lhe o ego física e profissionalmente, levando-a a baixar a guarda nas “entrevistas”. Ela é a única médica em quem Joker confia o suficiente para lhe contar os seus segredos e ideias, conseguindo que ela morda a isca que ele tão sabiamente lhe estende.

Morre Harleen, nasce Harley Quinn.

Ficha Técnica
Harleen, Volume 2
Autor: Stjepan Šejić
Editora: Levoir
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 15,90€

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Análise: Beowulf


Análise: Beowulf, de Santiago García e David Rubín

Dificilmente haveria uma forma mais impetuosa – gloriosa, até! – para a Editora Ala dos Livros se lançar no mercado português da banda desenhada quando, em 2018, publicou, como primeiro livro do seu catálogo, a adaptação do conto clássico Beowulf, pelas mãos de Santiago García e David Rubín.

E repito que o fez de uma forma gloriosa porque esta é uma obra que, a meu ver, apresenta alguns riscos para o mercado português. Senão vejamos: sendo uma edição de formato grande, tendo bastantes páginas e uma arte e um texto num estilo algo original – para os portugueses - e carregado de brutalidade – embora, assegure-se, seja uma brutalidade épica – diria, tendo em conta o algum conhecimento que tenho do mercado português, que foi um lançamento arriscado. E é mesmo por isso, que acho que a Ala dos Livros merece a minha vénia: apresentou-se ao mercado português como sendo uma editora com coragem, perseverança, audácia e querendo, como dizem os ingleses, make a stand enquanto editora que edita livros de qualidade superior. Não poderia, por isso, ter sido mais ambiciosa e corajosa na sua abordagem inical, qual Beowulf

Para os que já conhecem a narrativa de Beowulf, com já muitas adaptações feitas ao longo da história, das quais destaco a excelente adaptação cinematográfica com que Robert Zemeckis nos brindou em 2007, não há aqui grandes novidades em termos narrativos. Santiago García faz justiça a este conto clássico, que tantos leitores cativou ao longo dos séculos, transpondo de forma muito competente, para o formato de banda desenhada, as aventuras de Beowulf, um guerreiro com força sobre-humana que viaja para a Dinamarca para derrotar Grendel, uma criatura monstruosa que tem vindo a atacar aquele reino. O herói vence e mata Grendel em duelo, utilizando como arma apenas as suas mãos nuas. Mais tarde, haverá ainda de tecer batalhas de proporções épicas contra a mãe de Grendel, também ela uma criatura monstruosa, e contra um imponente dragão. As batalhas, são representadas de forma visceral e extremamente brutal e agressiva, onde o vermelho do sangue vertido nestes combates mortais, é o tom cromático de toda a obra. Quase apetece dizer que esta versão da obra, é a versão mais rock n roll até à data. Muito suor, muitos fluídos corporais (de todas as espécies!) e muita violência gore. Uma brutalidade visceral que habita toda a obra.

Mas não é uma violência gratuita. Há lógica, há desenlace, uma boa planificação da história, bons diálogos e um bom punhado de frases marcantes.

Olhando um pouco para a arte aqui presente, denota-se que a caracterização das personagens, aqui e ali, é crua e dura, com as expressões das suas caras a parecerem esculpidas em pedra, o que poderá fazer com que alguns leitores considerem que é um tipo de desenho arcaico, pouco detalhado ou de traço muito rígido e grosso. A fazer lembrar, com as devidas distâncias, a arte de um Southern Bastards, de Jason Latour, ou de um O Congo, do português Henrique Gandum. Mas é até mesmo pelo tipo de arte aqui aplicado, que considero que Beowulf é um livro com muita unidade e uma harmonia que o habita do princípio ao fim. As personagens são rijas, a história é violenta, o texto é forte e o desenho é também bruto na forma como as personagens são representadas. Mas, lá está, há uma harmonia transversal em toda a grandiosidade agressiva que seguramos nas mãos, quando lemos este livro.

A planificação das pranchas, por parte de Rubín, pode parecer de difícil compreensão, com várias vinhetas sobrepostas umas nas outras. No entanto, uma leitura cuidada detetará a meticulosidade impressionante de como a ação é dividida.

Há uma forte dinâmica neste cômputo da planificação da obra, também. Temos desde "mini-vinhetas" que não são mais do que planos close-up de determinados detalhes, a que se pretende dar destaque, mas também temos ilustrações que ocupam uma página inteira. São até nessas ilustrações de maior dimensão que Beowulf mais brilha. De facto, quer seja nos separadores dos três grandes capítulos que dividem a narrativa, quer seja em ilustrações de larga dimensão, que chegam a ocupar duas páginas, a arte de Rubín é maravilhosa e dissipa quaisquer dúvidas que poderiam haver nos leitores mais céticos. Um bom exemplo disto é a ilustração que aqui apresento, com Beowulf montando a cavalo e segurando a cabeça da mãe de Grendel, enquanto é acompanhado por mais três cavaleiros. Um trabalho de ilustração soberbo que dava um quadro espetacular! 

Como pontos menos conseguidos diria que, por vezes, as cenas de ação, principalmente aquelas que estão mais sobrecarregadas de vinhetas, tornam-se um pouco de difícil compreensão embora, como já referi atrás, uma leitura cuidada nos permita ver que, aparentemente, cada pequeno desenho, por mais ínfimo que seja, está ali por qualquer razão. 

Este Beowulf é, acima de tudo, uma boa surpresa para quem gosta de um bom conto épico, marcado por batalhas sangrentas e agressivas, e com uma arte visualmente chamativa e cheia de fulgor. Destaque final para a edição absolutamente de luxo, com uma capa bem rija, papel de boa qualidade e uma excelente impressão. 

Parabéns à Editora pela entrada, pela porta grande, nas edições de banda desenhada em Portugal. 



NOTA FINAL (1/10):
8.0

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Ficha Técnica
Beowulf
Autores:  Santiago García e David Rubín
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 200, a cores.
Encadernação: Capa dura

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Lançamento: Mindex




Mindex, de Fernando Dordio, Pedro Cruz e Mário Freitas

A Editora Kingpin acaba de lançar Mindex, da autoria de Fernando Dordio, Pedro Cruz e Mário Freitas.

Fiquem com a informação disponibilizada pela editora e com algumas pranchas da obra:

O MINDEX já foi implantado à nascença em mais de 12 milhões de crianças! E o SEU filho pode ser a próxima vítima! Saiba o que é e como nasceu a DIGIT Corporation e como fugir ao seu controlo.
Na segunda década do século XXI, a DigIT Corporation combinou progressos na Inteligência Artificial, nano-armazenamento e pesquisa de informação, iniciando a Era do Mindex. Ou seja, a era das memórias gravadas, a era em que o passado está preparado para ser vivido outra vez na primeira pessoa.

Mas quando se passa a conseguir gravar memórias, obtém-se um dispositivo que consegue ler e escrever memórias nos indivíduos. Esta funcionalidade criou uma fractura na sociedade. Ouviram-se vozes e questões morais foram levantadas. Porém, no fim, a sociedade rendeu-se às vantagens do Mindex.

Eva Windra, fundadora e CEO da Companhia, liderou ela própria a equipa que desenvolveu o Protocolo de Indexação, utilizado depois na indexação dos utilizadores no Mindex. Com efeito, a forte carga ética imposta pelo lema da DigIT torna impossível escrever ou apagar informação através do Mindex. Logo, a personalidade dos cidadãos é salvaguardada.

Mas Windra teve um novo desafio – o desenvolvimento do Protocolo de Reindexação. Um processo que irá permitir à DigIT a alteração das memórias, criando uma nova identidade – um protocolo apenas usado em situações extremas. Em suma, este protocolo vai iniciar uma colaboração com as autoridades e será o início de uma nova paz social. Com menos crime, violência e menos vozes dissonantes.

A DigIT domina os media. Domina as operadoras. Em resumo, a sua propaganda é contínua e apela ao mais básico dos instintos do cidadão comum. A fantasia mistura-se com a realidade. Mas será esta mesmo real ou afinal uma mera aparência?

“CARO CIDADÃO! ISTO É PARA SI!
Sabemos que a Internet e a Cloud lhe tornaram a vida mais cómoda, e imaginamos que esteja contente com todas as facilidades dadas pelo digital. Não queremos ser desagradáveis, mas…
O caro cidadão está COMPLETAMENTE obsoleto.
Apresentamos-lhe o Mindex, o indexador de pensamentos capaz de gravar momentos para mais tarde (re)viver ou até partilhar com outros utilizadores, na máxima segurança e privacidade.
Do que está então à espera? Aceda já ao seu MindPlay e seleccione a jornada de Conrad Kane, um detective com a missão de encontrar os que se opõem ao Protocolo 66: Implantação do Mindex à Nascença.
Viva esta história na primeira pessoa!
ISTO É PARA SI!"

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Ficha Técnica
Mindex
Autores: Fernando Dordio, Pedro Cruz e Mário Freitas
Editora: Kingpin
Páginas: 80 páginas, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 14,45€


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Análise: Dois Irmãos




Dois Irmãos, de Fábio Moon e Gabriel Bá

Dois Irmãos é uma obra-prima da banda desenhada que deve figurar em qualquer (boa) coleção de banda desenhada.

Vamos por partes.

Este livro é baseado no romance com o mesmo nome de Milton Hatoum. E, embora conhecesse a importância da obra para a literatura contemporânea brasileira, confesso que ainda não tinha tido oportunidade de a ler. Portanto, posso dizer que não sabia muito mais acerca deste romance, além do facto de se passar no Brasil e de retratar a rivalidade de dois irmãos. Portanto, e felizmente, diria, iniciei a leitura desta obra em estado cru, sem grande conhecimento de causa.

A história, essa, relata-nos a relação difícil e conturbada entre dois irmãos de um família com ascendência no Líbano e que vive em Manaus, Brasil. Embora os irmãos gémeos Omar e Yaqub sejam fisicamente idênticos, não poderiam ser mais diferentes um do outro. E, desde crianças, a rivalidade entre ambos vai crescendo. A meio da sua infância, os gémeos são separados pelos pais, sendo Yaqub enviado para o Líbano, onde passa 5 anos da sua vida. Quando regressa ao Brasil, parece estar alienado do país e da sua família. A trama vai então desenrolando as suas restantes vidas, à medida que os gémeos entram na idade adulta. À relação conturbada dos irmãos, junta-se o amor possessivo da sua mãe, Zana, por Omar e o ódio crescente do pai, Halim, pelo mesmo filho.

A maneira como a história está contada é sublime. A narrativa avança no tempo para a frente e para trás, sempre centrada em nos passar, apenas e só, os elementos que interessam ao narrador, Nael, dar-nos naquele preciso momento da narrativa. É por isso que voltamos por vezes aos mesmos acontecimentos para aprofundar certos elementos que não nos foram revelados, propositadamente, na primeira vez em que foram abordados. Dois Irmãos é um bom exemplo de como, muitas vezes, a maneira como se conta uma história faz toda a diferença para que a mesma vá fazendo crescer dentro de nós, leitores, um enorme desejo de acompanhá-la até ao seu derradeiro final. E embora esta análise seja ao livro de banda desenhada de Fábio Moon e Gabriel Bá, não consigo não destacar e não prestar o devido reconhecimento à maneira sobejamente maravilhosa como a história é idealizada e construída por Milton Hatoum.

Mas é claro que o trabalho dos, também irmãos, Fábio Moon e Gabriel Bá (dos quais fiquei fã desde que li o fantástico Day Tripper, publicado em Portugal pela Levoir) merece as devidas vénias. A opção por preto e branco, com um jogo de luz e sombras audaz, com vinhetas lindíssimas, especialmente as dos cenários que habitam harmoniosamente à volta das personagens, é um mimo para os olhos do leitor. As personagens são simplistas em termos de concepção de desenho, mas acabam por funcionar bem, com a ambiência de toda a obra. E mesmo tratando-se da história de dois gémeos, ainda por cima, sem cores para além do preto e branco, nunca temos dificuldade em perceber que personagem é qual, devido, essencialmente, à madeixa e cicatriz que Yaqub ostenta.

Outra coisa onde acho que os autores desta banda desenhada estiveram muito bem, foi no espaço e tempo, através do número de páginas da obra (232) e através da própria planificação das mesmas, que contribuem grandemente para um bom desenvolvimento da história e das personagens. Os autores poderiam perfeitamente ter feito esta história em 46 páginas – era possível, pelo menos. No entanto, a meu ver, essa opção teria sido um claro erro, pois a história principal ficaria muito mais concentrada mas o leitor não teria a possibilidade de explanar tão bem o desenvolvimento natural de cada personagem, as suas aspirações, as suas frustrações. E essa parece-me ter sido uma aposta de mestre, por parte de Moon e Bá. É, aliás essa, a grande razão que faz com que este livro seja um livro adulto, sério e maduro. Não é superficial na abordagem às personagens. Vai mais fundo, faz-nos pensar, faz-nos lamentar que certas coisas na vida aconteçam da forma como acontecem. É uma obra-prima. Um livro que me remeteu várias vezes mais para autores conceituados da literatura - Eça de Queiroz, Mario Vargas Llosa ou William Shakespeare poderiam ser exemplos – do que para autores de banda desenhada.

Ainda só vamos no primeiro trimestre de 2020 mas já me atrevo a dizer que este será um dos melhores livros de banda desenhada que lerei este ano – embora Dois Irmãos até tenha sido lançado ainda no último trimestre de 2019.

Uma nota ainda para a excelente edição da G. Floy. Este é um livro com uma espessa capa dura, e o papel aqui apresentado tem uma boa qualidade e espessura. Portanto, é justo dizer que foi dado o devido tratamento a esta obra de qualidade superior. 

Apenas tenho um reparo a fazer: por vezes, pareceu-me estar a ler um livro em português de Portugal e noutras vezes pareceu-me que estava escrito em português do Brasil. Nada contra que se tenha optado por lançar o livro em português do Brasil pois, afinal de contas, a obra é brasileira e qualquer português está apto a ler em português do Brasil. Só não gostei é que houvesse uma dualidade de critérios. Não é gravíssimo, mas chateia um bocado.

De qualquer forma, parabéns à G Floy pela aposta de fulgor neste Dois Irmãos. A par de Fade Out, Criminal, Afirma Pereira ou a viciante e magnífica série Southern Bastards, Dois Irmãos está entre o melhor que a G Floy já lançou.



NOTA FINAL (1/10):

9.0



-/-

Ficha Técnica
Dois Irmãos
Autores: Fábio Moon e Gabriel Bá
Editora: G. Floy
Páginas: 232, a preto e branco
Encadernação: Capa dura

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Lançamento: Morro da Favela (2ª Edição Aumentada)

Morro da Favela, de André Diniz e Maurício Hora

A Editora Polvo prepara-se para publicar uma nova edição de Morro da Favela, de André Diniz e Maurício Hora. O livro recebe uma nova capa e 12 páginas inéditas em Portugal, numa encadernação em capa dura. A distribuição em livraria ocorrerá durante a segunda quinzena de Fevereiro. 

Além do lançamento desta segunda edição aumentada da obra, inaugura também, hoje, dia 14 de Fevereiro, pelas 18h00, a Exposição “Morro da Favela”, de André Diniz e fotografias de Maurício Hora, na casa Pau-Brasil Lisboa (Rua da Escola Politécnica, nº 42) com a presença dos dois autores. O livro será lançado no evento. Haverá uma conversa com o jornalista João Morales a que se seguirá uma sessão de autógrafos. A exposição, que se prolonga até 31 de Março, é promovida pela Embaixada do Brasil em Lisboa, tem produção da Bienal de Quadrinhos de Curitiba, numa parceria com a Livraria da Travessa e a Casa Pau-Brasil e conta com o apoio da Polvo.

Fiquem com a nota de imprensa da editora e com algumas páginas da obra:



Originalmente publicado no Brasil em 2011 e em Portugal pela Polvo em 2013, este livro retrata as memórias do fotógrafo Maurício Hora, gerado e criado no Morro da Providência (Rio de Janeiro), também conhecido como Morro da Favela, a primeira favela brasileira, nascida em 1897. 

É uma narrativa necessária para se entender o dia a dia das favelas do Rio através do ponto de vista de um morador, que procurou na fotografia a sua identidade e acabou por fazer um registo que entrou para a história da cultura carioca.

André Diniz usa o contraste seco do preto e do branco para mostrar os tons de cinza do quotidiano de Maurício, a sua relação com a vida e a morte, com a polícia e os bandidos, com a prisão e a liberdade e com o morro e o asfalto.

Em 2017 André Diniz regressa ao Morro da Providência e, mais uma vez guiado por Maurício Hora, complementa em 12 novas páginas, que muito enriquecem esta 2ª edição, as enormes mudanças sofridas no Morro e a criação da “Casa Amarela”, um centro cultural comunitário reconhecido internacionalmente, fundado por Maurício e pelo artista plástico francês JR (Jean René). 

O livro inclui ainda 14 páginas com fotos de Maurício Hora.

Morro da Favela é um dos melhores exemplos do trabalho de André Diniz enquanto argumentista e desenhador. Conquistou o PRÉMIO HQMIX 2012 (Brasil) nas categorias “Melhor Edição Especial Nacional” e “Melhor Roteirista Nacional”.


Ficha Técnica
Morro da favela (2.ª edição, aumentada)
Autores: André Diniz e Maurício Hora
Editora: Polvo
Páginas: 140 páginas a preto e branco e a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 17,90€



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Lançamento: Harleen, Volume 1



Amanhã chegará às livrarias e bancas o primeiro de dois volumes que compõem Harleen, de Stjepan Šejić. Trata-se de uma história composta por 3 números que a Levoir se prepara para publicar não em um, não em três mas em dois livros(!).

Para publicar esta obra, a Editora teria 4 hipóteses:
Hipótese 1 - Editar a série num único livro;
Hipótese 2 - Editar a série em três livros;
Hipótese 3 - Editar a série em dois livros, colocando os dois primeiros números no volume 1 e o terceiro número no volume 2;
Hipótese 4 - Desprezar totalmente a narrativa natural da história e dividir o segundo número entre o livro 1 e 2.

E, na verdade, foi a hipótese 4 que a Levoir escolheu. A meu ver, as hipóteses 1 e 2 seriam muito mais lógicas e respeitosas, não só para com os leitores portugueses como, também, para com a DC e para com o próprio autor. Percebo que há aqui uma lógica de lucro por parte da empresa, mas acho que haveriam melhores opções a tomar.

Quanto à obra em si, aplaudo a escolha e esta é uma história que quero muito conhecer.

Fiquem com nota de imprensa e páginas partilhadas pela Levoir.


Harleen é um novo título com o selo da DC Black Label. Escrita e ilustrada pelo aclamado Stjepan Šejić, autor de Aquaman e Esquadrão Suicida, apresenta a Drª Harley Quinn como uma jovem brilhante psiquiatra, cuja teoria revolucionária pode encerrar a cura para a loucura que assola Gotham City.

Harley Quinn foi criada por Paul Dini e Bruce Timm para a DC Comics em 1993, na história Batman: The Animated Series, onde esta personagem nasceu, e cuja história – e aspecto – são contados no volume Amor Louco, já editado pela Levoir. A jovem era então uma estrela da ginástica que conseguiu uma bolsa na Universidade de Gotham e tinha como ambição “ser uma psicóloga famosa”.

A Harleen de Stjepan Šejić mostra a jovem Harley Quintzel como sendo uma estudante brilhante por mérito próprio, que seguiu a carreira “porque gostava de ouvir os problemas dos amigos”.

Através dos seus estudos com os criminosos e sociopatas, no Asilo de Arkahm onde trabalha, ela vai mergulhar nas mentes perturbadas dos mais letais pacientes internados no Asilo e iniciar uma viagem que a vai levar ao mais profundo do seu ser, e das suas obsessões!

Harleen é uma pessoa imperfeita que começa a trabalhar fazendo o bem até que se apaixona pelo Joker, um perigoso doente psiquiátrico, instável, que se encontra internado em Arkham. O Sr. J, o seu “pudinzinho” é um manipulador que tanto corresponde aos afectos de Harley, como a repudia e trata com desdém, ele não sabe amar, ele usa as pessoas  para conseguir o que quer e depois despreza-as porque já não lhe são úteis e ele não está disposto a manter qualquer tipo de relacionamento. Harley Quinn torna-se então  a sua maior carta na manga, alguém que ele pode usar a qualquer momento, jogar fora, e usar de novo, porque ela vai sempre voltar para ele devido ao seu amor, extremamente cego (por acreditar que ele também a ama), o que a impossibilita de ver a verdade.

Esta é uma narrativa de corrupção, de desespero e de amor, que apresenta uma personagem que não nasceu no mundo do crime, mas que é atraída para ele.

A Levoir edita em 2 volumes este livro com datas de saída a 14 e 21 de Fevereiro.


Ficha Técnica
Harleen, Volume 1
Autor: Stjepan Šejić
Editora: Levoir
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 15,90€



terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Análise: Batman Maldito







Análise: Batman Maldito, de Brian Azzarello e Lee Bermejo

Falar deste Batman Maldito é-me difícil. Penso que este livro tinha tudo para ser uma daquelas histórias obrigatórias de Batman. Mas, infelizmente, não o consegue ser.

Muitas vezes começo por abordar a história de um livro e só depois faço referência à sua arte, em termos de desenho. Mas, neste caso, farei o oposto.

Pois, de facto, é-me quase impossível não começar por aquilo que é o melhor neste Batman Maldito: o seu soberbo desenho. Nem preciso de escrever muito sobre isto. Basta fazer scroll down e olhar para algumas das páginas que compõem este livro e perceber-se-á, facilmente, que Bermejo é um dos melhores ilustradores da atualidade. Especialmente ao nível dos comics. A capacidade de ilustrar na perfeição os corpos, as expressões faciais, as cenas de ação e os cenários roça a perfeição. A abordagem dada a certas vinhetas da sua obra, parece transpor-nos para os enquadramentos minuciosos dos filmes de Batman, numa mistura a fazer lembrar o melhor da estética que um casamento dos filmes de Chris Nolan com os de Tim Burton poderiam, quiçá, criar. O nível de detalhe chega a ser assustador, de tão bom e minucioso que é. Em cima disso, ainda há um trabalho de cor exemplar, que capta na perfeição aquela tónica noir e intensa de Gotham City. Se Batman, Joker e Companhia são personagens magistrais do ponto de vista estético e cuja ilustração pede uma atenção especial, também Gotham City é, por si mesma, uma "personagem" fulcral nos ambientes que servem as narrativas. O trabalho de luz e contraste de Lee Bermejo merece ainda nota máxima.

Se tudo estava a correr tão bem neste livro, o que é que falha?

Bem, a história começa com a premissa de que Joker morreu. Mas sem se saber se foi Batman quem o assassinou ou se foi uma outra força mais sinistra que o fez. E Batman parece não se lembrar do acontecimento em si e vai procurar respostas. Ora bem, este até me parece um bom começo. A própria possibilidade de colocar em análise as razões e os métodos de Batman, parece-me um ponto de partida interessante. Infelizmente, à medida que ia lendo este livro, o meu entusiasmo foi diminuindo.

Não sei pois se será uma falha em si ou se será um mero gosto pessoal mas, a verdade é que a narrativa deste Batman Maldito parece querer misturar muitas fórmulas e géneros mas que, acaba por se perder a si mesma e, por conseguinte, perder o leitor. Embora sejam levantadas muitas questões, parece-me que acabam por não ser dadas as devidas perguntas o que, no final, nos deixa uma sensação de história vazia. 
Fica a ideia de que foram disparadas perguntas meio aleatórias para as quais, não foram dadas ou devidamente procuradas, respostas aceitáveis. E não me digam que: "Ah, mas a ideia foi deixar o leitor a pensar". Porque se, de facto, foi isso, são perguntas que também não acarretam um grande grau de reflexão, pois acabam por ser superficiais. Não tenho nada contra histórias que navegam mais dentro de si mas aqui, parece-me que não havia necessidade de tornar a história tão confusa. Há elementos que me parecem estar na mesma só para a tornar mais complexa – leia-se confusa - mas que acabam por não contribuir para a criação de bons elementos. E a personagem de Constantine, é (mais) um exemplo disso.

Há também um cariz sobrenatural que é dado à história, que não me parece que funcione tão bem. Batman pode ser uma personagem distorcida, com traumas internos por resolver mas não é, nunca, uma personagem que assente em filosofias ou estados de espírito do cômputo sobrenatural. O facto da história avançar para universos paralelos e metafísicos acaba por ser uma má escolha.

Concluo dizendo que este está longe de ser um mau livro.
Considero-o bom. Contudo, parece-me uma oportunidade perdida pois sinto que com uma arte sublime como esta, merecia uma história menos enrolada em si mesma e, por ventura, mais compacta ou linear. Acredito que se Lee Bermejo tivesse ilustrado a obra O Regresso do Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, teríamos certamente o melhor livro de sempre do Batman. Se na obra de Frank Miller, a arte poderia ser melhor (mas isso são outros "quinhentos"), em Batman Maldito, a história poderia ser melhor.

Há bastante de bom, mas também há muito que poderia ser melhor.

NOTA FINAL (1/10):
6.8


-/-

Ficha Técnica
Batman Maldito
Autores: Brian Azzarello e Lee Bermejo
Editora: Levoir
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura