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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Análise: Astérix na Hispânia


Coleção Integral Asterix Salvat


Análise: Astérix na Hispânia, de Goscinny e Uderzo


Coleção Integral Asterix Salvat
Uma primeira nota sobre a Coleção Integral Asterix Salvat
Quando a Salvat anunciou que iria editar a obra completa de Astérix em Português de Portugal, as reações foram mistas. É verdade que Astérix é incontornável na banda desenhada mundial, tendo, também, muito sucesso no nosso país; e também é um facto que uma edição integral de qualquer série de bd, ainda para mais, sendo uma edição com boa qualidade de impressão, é sempre bem-vinda e olhada com bons olhos por todos, parece-me.

No entanto, há várias questões e críticas que vi serem levantadas e com as quais corroboro. Primeiro: será que é assim tão pertinente relançar uma série já tão batida nas lojas portuguesas? Quantos portugueses – até mesmo os que não são, propriamente, fãs de banda desenhada – não têm, pelo menos, um livro do Astérix em casa? Já no artigo que fiz, relativamente às séries de banda desenhada que ficaram esquecidas por parte das editoras portuguesas, apontei que há muitas séries que poderiam receber a atenção das editoras e, quiçá, terem muito sucesso junto dos leitores. E ver este Astérix a ser relançado acaba por me dar sentimentos mistos e uma certa frustração, enquanto leitor de banda desenhada. Dir-me-ão - com alguma razão, reconheço - que aqui o intuito da Salvat será agradar justamente a esse público, que nem sempre compra bd. E é verdade que Astérix é muito popular. Mas também é verdade que, justamente por essa razão, as pessoas já não queiram/precisem de comprar esses livros porque já o fizeram. Se os livros tivessem fora de circulação há muito, ainda compreenderia, mas, no caso de Astérix, as lojas têm-nos, praticamente, todos. Faz-me lembrar aquelas editoras de música que estão constantemente a lançar Greatest Hits de determinada banda de sucesso. Mas, às tantas, já não há público para comprar esses Greatest Hits porque toda a gente já tem aquelas mesmas músicas. Vejamos se não será isso que acontecerá com Astérix.

Postas estas questões de parte, devo, no entanto, dizer que há dois apelativos que considero muito bons nesta coleção: em primeiríssimo lugar, os cadernos de extras que, cada um dos livros, está a receber. Quer em Astérix na Hispânia, quer em Astérix e Latraviata – que também já li – estes extras são verdadeiramente interessantes para o leitor. Acrescentam informação relevante a cada um dos livros, o que até nos faz valorizar, ainda mais, o génio criativo de Goscinny e Uderzo. Enquanto leitor, muitas vezes deparo-me com extras, que simplesmente não acrescentam grande coisa à obra. Às vezes, chega até a parecer que a razão para determinado extra estar presente numa obra é apenas para se poder dizer: “olha, tem extras”. Aqui, não. Esta iniciativa merece, pois, uma vénia da minha parte. São extras que, sem serem demasiado exaustivos são, no entanto, muito pertinentes e bem desenvolvidos. Do melhor, em termos de extra de uma obra de banda desenhada, que já li.

A juntar a isto, reconheço que a gramagem do papel é de qualidade superior. São, portanto, álbuns bonitos, com uma boa qualidade de edição e com a vantagem, clara, dos cadernos de extras. Superam, pois, e em muito, os livros lançados pela Asa. No entanto – e desculpem a minha teimosia – a questão mantém-se: os motivos para editar esta coleção serão suficientemente fortes? Haverão muitas pessoas que comprarão a série só por causa deste atrativo de terem interessantes dossiers com extras? Da minha parte, comprei os dois primeiros livros – até porque eram os que tinham o preço mais barato – mas não terei razões (suficientes) para comprar os restantes livros. Para bem da coleção, espero que não hajam muitas pessoas a fazer como eu – embora tema que sim.


Astérix na Hispânia
Análise: Astérix na Hispânia
Sobre Astérix na Hispânia, é uma história ao bom nível que Goscinny e Uderno nos habituaram. Sendo, o 14º álbum da série, mostra-nos que a dupla criativa encontrava-se nesta fase, a trabalhar a “velocidade cruzeiro”. A arte de Uderzo estava mais que estabelecida e a forma de contar uma aventura, por parte de Goscinny, com todas as suas referências históricas, crítica social e humor, tipicamente francês, estavam sedimentados. E, portanto, foi bom para mim ler, novamente, esta história que leva Astérix e os seus fiéis companheiros Obélix e Ideiafix até à Península Ibérica.

Desta vez, a Hispânia é finalmente conquistada por Roma, mas, como sempre, uma aldeia continua resistente ao invasor. Júlio César consegue ainda assim raptar o filho do chefe dessa aldeia resistente, que acaba por ser acidentalmente salvo por Astérix e Companhia. Estes, decidem levá-lo de volta à sua Aldeia natal. E a história acaba por assentar na viagem de regresso e nas várias peripécias que vão acontecendo.


Em suma, um clássico para qualquer leitor de banda desenhada. Tenha o leitor, 8 ou 80 anos.

Astérix na Hispânia

NOTA FINAL (1/10):
7.2


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Ficha Técnica
Astérix na Hispânia
Autores: Goscinny e Uderzo
Editora: Salvat
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura

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