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quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Análise: Edibar - Volume 2



Edibar – Volume 2, de Lucio Oliveira

Edibar da Silva é uma personagem criada pelo autor brasileiro Lucio Oliveira, que surgiu há uns largos anos em tiras humorísticas que eram publicadas na internet e que mais tarde, viriam a ser publicadas em jornal. Entretanto a editora portuguesa Polvo avançou com a publicação da série integral da obra com o lançamento simultâneo dos primeiros dois volumes. O volume aqui em análise é o numero 2 mas, conhecendo bem a série, as argumentações aqui apresentadas, são claramente extensíveis não só a estes dois volumes até agora publicados, como, também, à própria série.

De facto, Edibar é uma daquelas séries humorísticas que, a meu ver, fazem falta na banda desenhada. É leve, simples, fácil de ler e audazmente divertida. Tendo em conta o seu pequeno formato de 15x21,5 cm - quase um livro de bolso -, até diria que é uma leitura mais que recomendada para o Verão e para os dias de férias. O livro está repleto de gags – são mais do que 200 – e as gargalhadas constantes são uma garantia para quem gosta de um humor simples, direto e ácido.


Edibar
é o típico anti-herói. Tudo em si é politicamente incorreto e, possivelmente, até é por essa mesma razão que a sua forma de estar, faz rir os leitores. É barrigudo, feio, insensato, alcoólico, egoísta, adúltero, insensível perante a esposa, Edimunda, e imprestável perante a sogra, Dona Ana Conda. Em suma, é um bom exemplo daquilo que não se deve ser enquanto pessoa. Fazendo lembrar, por vezes, o também incorrigível Homer Simpson, Edibar é como se fosse a versão ainda menos ortodoxa da mítica personagem criada pelo americano Matt Groening. 

Edibar
é um autêntico enfant terrible que espelha, ainda que de forma hiperbolizada, um pouco de todos nós. Mesmo admitindo que todas as suas características e atitudes estão exageradas, quem de nós não se revê – nem que seja em parte – com Edibar? Não é portanto de admirar que Edibar (neste caso, o Volume 1) tenha vencido o galardão de Melhor Publicação de Humor dos XVII Troféus Central Comics, arrecadando quase metade de todos os votos registados, numa competição cuja votação das obras é inteiramente da responsabilidade do público. 

Creio que para que uma banda desenhada seja cómica, que tenha graça e que faça rir, não basta um texto divertido. São necessários desenhos que, por si só, já tenham piada. E neste ponto, Lucio Oliveira é um verdadeiro mestre. A caracterização física de Edibar, de Edimunda, de Ana Conda e de todas as outras personagens que aparecem, bem como as suas expressões faciais, arranca-me automaticamente um sorriso da cara. É um desenho caricaturado na medida certa, com cenários cartoonescos, coloridos com cores vivas, que tornam a experiência de leitura muito agradável. Funciona bem melhor assim, do que se fosse, por exemplo, a preto e branco. A arte de Lucio Oliveira pode muito bem ser inserida no estilo de desenho presente em algumas bandas desenhadas humorísticas franco-belgas mas também me parece que tem algumas influências da escola de Maurício e da sua Turma da Mónica. 


Com uma arte visual que encaixa perfeitamente no texto e no teor da obra, Lucio Oliveira doseia muito bem as punchlines de forma a causar (quase) sempre uma gargalhada no leitor. Eu não me considero uma pessoa muito propensa a rir enquanto leio – normalmente, apenas me surge um leve sorriso, caso ache piada a algo – mas devo admitir que, por várias vezes, cheguei mesmo a gargalhar perante a falta de decoro deste Edibar. Num mundo tão cada vez mais imerso no politicamente correto, Edibar é uma autêntica carta fora do baralho, totalmente refrescante, que merece ser acarinhada por todos nós.

Nota ainda para o facto do texto estar em português do Brasil. Parece-me algo bem conseguido pois há certas expressões que funcionam melhor – e são perceptíveis para os portugueses, claro – como foram originalmente criadas.

A edição é em capa dura, com papel brilhante, bem adequado ao género e ao formato. Parece-me que em boa hora a Polvo apostou em Edibar e nas suas caricatas situações.

Concluindo, Edibar - Volume 2, é uma autêntica pérola do humor cáustico, e totalmente recomendável para todos os que gostam de encontrar uma banda desenhada divertida e que nos deixa bem-dispostos. Sou fã!


NOTA FINAL (1/10):
8.7



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Ficha técnica
Edibar – Volume 2
Autor: Lucio Oliveira
Editora: Polvo
Páginas: 80, a cores 
Encadernação: capa dura
Lançamento: Novembro de 2019

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