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sexta-feira, 7 de maio de 2021

Comparativo: Armazém Central pela ASA e pela Arte de Autor


À semelhança do que já aqui fiz, há uns dias, quando elaborei um comparativo entre as edições antigas e a nova de Peter Pan, da autoria de Régis Loisel, hoje faço um comparativo entre a edição do primeiro tomo de Armazém Central que, recentemente, foi publicado pela Arte de Autor. A primeira versão da obra, que neste momento já não se encontra no mercado, era da ASA.

Portanto, este não é um artigo de análise à obra. Este é um comparativo entre edições.

Não obstante, nunca me canso de aconselhar esta fantástica série de banda desenhada, também da autoria de Régis Loisel (em parceria com Jean-Louis Tripp). É uma das minhas bandas desenhadas favoritas de sempre. Está, sem dúvida, no meu TOP 10 e até aconselho a leitura da análise que escrevi a propósito do lançamento dos Tomos 4 e 5, no ano passado.

Olhando então para estas duas edições da mesma obra, há algumas coisas que interessa referir.

Em termos de capa, como se pode ver na imagem acima, ambos os livros são muito idênticos. A grande diferença está no acabamento da capa. Na edição da ASA temos o clássico acabamento brilhante. Já quanto à capa da Arte de Autor, o acabamento é baço, numa textura aveludada. Não escondo que é dos meus tipos de acabamento preferidos e que considero que encaixam bem em quase todo o tipo de obras de bd. Aqui isso não é exceção. E além de ficar, a meu ver, mais bonito e suave ao toque, também permite que as ilustrações sejam observadas de melhor forma.

Além do acabamento, a Arte de Autor fez pequenas alterações ao nível da cor do título, que passou a ser azul, e do tipo de letra escolhido para o subtítulo do volume, que neste caso é Marie. 

Na contracapa (ver imagem abaixo) apenas muda a cor do fundo. O texto da sinopse também foi alterado.


Na imagem abaixo podemos verificar que a primeira página do livro, com os créditos dos autores, também não difere muito embora a versão da Arte de Autor me pareça mais atual e mais agradável aos olhos. O detalhe do emolduramento da ilustração como se fosse em papel de carta ou em selo, é apenas um pormenor delicioso.


Ambas as versões nos mostram o processo de feitura ilustrativa da obra. Pessoalmente, acho super interessante que o leitor possa perceber como funciona a parceria criativa de Loisel e Tripp, já que é tão única e especial. Portanto, só posso aplaudir a iniciativa da Arte de Autor em ter mantido estas páginas, tal como já nos eram dadas na edição da ASA.


Se até aqui há muitas semelhanças entre ambas as edições, abaixo enumero aquelas que me parecem ser as duas grandes diferenças entre as duas edições, para além da textura da capa, claro.

As cores da edição da Arte de Autor parecem-me melhores e menos escuras. Talvez isso se deva à melhoria das técnicas de impressão - compreensivelmente mais aperfeiçoadas hoje em dia do que há quase 20 anos, quando a primeira edição da ASA foi produzida. Se olharem para as duas imagens abaixo, verificarão que as cores da versão da direita - a da Arte de Autor - são ligeiramente mais claras, permitindo observar melhor cada um dos desenhos, deixando-nos dissecá-los com mais e melhor detalhe. Pode não parecer uma diferença assim tão gritante, olhando para as páginas que coloco abaixo, mas posso dizer que a experiência de leitura na edição da Arte de Autor sai claramente beneficiada.

Outra coisa que me parece relevante sublinhar é que, embora os livros tenham exatamente a mesma dimensão, a Arte de Autor optou por imprimir as pranchas em maior dimensão, aumentando assim a mancha pictórica a ser impressa e aproveitando melhor as margens das folhas. Foi uma boa opção pois quem ganha com esta alteração é o leitor que assim pode ver e absorver as ilustrações numa dimensão maior que apresenta mais detalhe.

A versão da Arte de Autor também tem um novo tipo de letra. Confesso que ambas as fonts são bonitas e encaixam bem no tema e ambiente da história.



A única coisa que lamento na edição da Arte de Autor é que a editora tenha retirado a página dedicada à breve biografia de ambos os autores. Mas, claro, isto é uma coisa de ínfima importância.


Em suma, embora a edição da Arte de Autor apresente uma certa harmonia com a edição que a ASA publicou primeiramente, julgo que, em termos globais, melhorou subtilmente a edição ao apresentar-nos uma textura de capa maravilhosa e ao ter aproveitado melhor a página para redimensionar as pranchas da história. As cores também estão melhores e mais bem visíveis.

Claro que o que mais vale nisto tudo é a obra e a sua fantástica qualidade e poesia. Mesmo que a Arte de Autor imprimisse esta série em papel higiénico eu já ficaria satisfeito. Mas, claro, e deixando-me de exageros, também é fantástico que, para além de apostar numa obra maravilhosa, a editora tenha optado por lançá-la numa edição sublime.

Estão a ler isto e ainda não compraram este livro? Façam um favor a vós próprios, caros leitores.

De nada.



2 comentários:

  1. um reparo: o "emolduramento da ilustração como se fosse em papel de carta ou em selo" na realidade é com o se fosse uma fotografia antigo; eram impressas assim, com margem branca em papel recortado. A comparação com papel de carta ou selo não é a mais apropriadas; trata-se apenas de uma fotografia antiga.

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    1. Caro Esgar. E tem muita razão no que diz. Um abraço e obrigado.

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