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quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Análise: Wolverine: Preto, Branco & Sangue



Wolverine: Preto, Branco & Sangue, de vários autores

Este era um livro que apimentou o meu interesse desde que ouvi falar dele. Talvez porque Wolverine é uma das minhas personagens preferidas da Marvel. Ou talvez porque gostei, à partida, do conceito de apenas utilizar 3 cores para contar as histórias de uma personagem. Ou porque a capa e as imagens promocionais me pareceram aliciantes. Bem, o mais provável é que tenham sido todas essas questões que despertaram o meu interesse para este Wolverine: Preto, Branco & Sangue.

E agora que já li e reli este livro, editado pela G. Floy Studio, posso dizer que estamos perante um banquete visual, carregado de virtuosas ilustrações que são, também, vertiginosamente viscerais.


Contextualizando, esta é uma iniciativa da Marvel que convida vários autores – uns mais conceituados do que outros – a reinterpretar a personagem de Wolverine num universo a 3 cores (o branco, o preto e o vermelho) através de uma curta e breve mini-história. O mesmo conceito “Black, White & Blood” também foi feito pela editora americana para as personagens Deadpool e Carnage. Este último deverá ser publicado pela G. Floy nos próximos meses, conforme já aqui dei conta. Sem confirmação da editora, acredito também que Deadpool: Preto, Branco & Sangue venha igualmente a ser publicado no próximo ano.

Na prática, este Wolverine: Preto, Branco & Sangue trata-se de uma antologia que reúne 12 histórias da autoria de Gerry Duggan e Adam Kubert; Matthew Rosenberg e Joshua Cassara; Declan Shalvey, Vita Ayala e Greg Land; Saladin Ahmed e Kev Walker; Chris Claremont e Salvador Larroca; John Ridley e Jorge Fornes; Donny Cates e Chris Bachalo; Jed MacKay e Jesus Saiz; Kelly Thompson e Khary Randolph; Ed Brisson e Leonard Kirk; e, finalmente, Steven S. DeKnight e Paulo Siqueira.


Há estilos e gostos para toda a gente, face a um rol tão grande de autores envolvidos. Diria que, de um modo geral, esta foi uma leitura agradável que, à semelhança de uma antologia de bd, apresentou várias boas ideias e conceitos, obedecendo aos critérios em comum para cada uma das histórias - a presença de 3 cores apenas. 

A violência impera em quase todas as histórias, o que permite muitas ilustrações de enorme fulgor de ação. Acredito até que seria muito bom – e talvez ainda mais marcante – se, em vez de várias histórias neste formato a 3 cores, tivéssemos uma só história. Se o argumento fosse bom, poderia até vir a ser das minhas histórias preferidas de Wolverine, tal não é este tipo de ilustração bonito e marcante.

Assim, em termos de arte ilustrativa, tirando uma outra exceção, até posso dizer que gostei de todas as histórias. Considero aliás, essa a maior valência deste livro: o facto de ser impressionante em termos gráficos em muitos e variados momentos. Preparem-se para ficar de boca aberta face a algumas ilustrações que, sendo na sua raiz a preto e branco e, depois sarapintadas com o vermelho do sangue (e não só), ganham uma nova dimensão. Não é bem "preto e branco" e não é bem "a cores". É algo diferente, por ventura mais refrescante, e que se torna muito agradável à vista.


É, porém, na questão do argumento, onde a grande maioria das histórias me parecem um pouco mais pobres. Bem sei que conseguir construir uma boa história em tão poucas páginas é uma tarefa difícil. Mas isso não invalida que não seja possível. Veja-se, por exemplo, o fantástico trabalho ao nível do argumento que a dupla portuguesa formada por Nuno F. Cancelinha e Raquel Costa, fez na curta de bd, Mise en Abyme, com apenas 4 páginas, que foi recentemente publicada no segundo volume de Ditirambos.

Seja como for, também há algumas boas ideias de argumento nestas 12 histórias. Olhando, por isso, para o todo, isto é, juntando uma boa arte e um bom argumento, diria que as minhas histórias preferidas deste livro foram O Monstro Dentro Deles, de Gerry Duggan e Adam Kubert, O Lobo Que Sou, de Matthew Rosenberg e Joshua Cassara (a melhor de todas elas, a meu ver); 32 Guerreiros e Um Coração Partido, de John Ridley e Jorge Fornés e a descomprometida e divertida Paus e Pedras, de Steven S. DeKnight e Paulo Siqueira.

A edição da G. Floy Studio apresenta a boa qualidade a que a editora já nos habituou nos seus lançamentos: capa dura, papel brilhante de boa qualidade, boa impressão e boa encadernação. No final, há uma galeria com as diferentes capas criadas pelos autores que melhora, ainda mais, a qualidade da impressão.

Em jeito de conclusão, este é um livro daqueles que "enche o olho", com várias ilustrações verdadeiramente impressionantes e que vai fazer muitos adeptos de Wolverine - e do universo Marvel -  felizes. Talvez algumas histórias pudessem ter recebido um argumento mais original ou mais bem trabalhado mas acho que, ainda assim, de um modo geral, as histórias são bem pensadas para nos proporcionar eventos de ação visceral, entre Wolverine e os seus inimigos. E com muito sangue à mistura, claro! Gostei.


NOTA FINAL (1/10):
7.3


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Ficha técnica
Wolverine: Preto, Branco & Sangue
Autores: Vários
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 152, a preto, branco e sangue
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Julho de 2021

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