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segunda-feira, 28 de março de 2022

Um Olhar sobre o Coimbra BD 2022

Depois de o hiato de um ano, em que o evento não se realizou devido à Covid-19, o Coimbra BD voltou a acontecer no passado fim-de-semana, entre os dias 25 e 27 de Março, na Casa Municipal da Cultura, em Coimbra, claro está.

Já por uma vez tinha estado quase a ir ao evento mas, por uma razão de última hora que, honestamente, já não recordo, acabei por não ir. Portanto, foi a minha primeira vez neste certame.

Mas, mesmo sem nunca lá ter ido, já tinha uma ideia muito concreta sobre o evento, por tudo aquilo que já tinha lido e visto sobre o mesmo.

E, bem vistas as coisas, saí bastante satisfeito com a experiência.

O Coimbra BD é o terceiro maior evento dedicado à banda desenhada em Portugal. E traz consigo muito de tudo aquilo que um amante de bd procura - e encontra - no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. De facto, o Coimbra BD é um evento pequeno e goza das vantagens e desvantagens da sua dimensão. É que, se por um lado, não tem o número de visitantes, de autores, de intervenientes e de destaque de um Amadora BD, por outro lado, é um sítio mais familiar e friendly, onde reina a camaradagem e boas conversas sobre bd, e onde é mais fácil estar-se junto dos autores nacionais de banda desenhada.

Sim, este não é um evento internacional mas sim nacional. Bem sei que houve um esforço da organização para que cá viesse um dos autores mais relevantes da banda desenhada espanhola, mas tal não foi possível. E, além disso, também sei que a Organização só teve 5 semanas para organizar o evento, devido aos habituais atrasos camarários que limitam a possibilidade de fazer as coisas com tempo e melhor planeamento.

Mesmo assim, em termos nacionais, parece-me que o evento teve uma boa representação. Nomes como os de Filipe Melo, João Fazenda, Pedro Brito, Carlos Silva, Joana Rosa, João Mascarenhas, João Miguel Lameiras, Miguel Jorge, Jorge Marinho, Paulo J. Mendes, Paulo Vaz de Carvalho e Penim Loureiro marcaram presença. Derradé também estava confirmado mas, infelizmente, à última da hora, não pôde comparecer devido à covid-19.

As exposições eram dedicadas às obras mais recentes da maioria destes mesmos autores. Ou seja, podíamos encontrar as exposições referentes às obras: O Perigoso Pacifista, Balada para Sophie, O Fogo Sagrado, O Umbigo do Mundo, O Penteador, Amor de Perdição, e The Mighty Gang.

Do ponto de vista das exposições, que até podem não parecer muitas em quantidade, acho que, olhando para o espaço disponível para exposição, até foram em bom número. Estavam interessantes e alguns dos trabalhos que foram expostos nunca o haviam sido, anteriormente. Se o Coimbra BD gozou dessa mais valia, dei comigo a desejar que o espaço tivesse mais tratamento cénico. Mesmo a sala com as exposições de Umbigo do Mundo, Balada para Sophie e O Penteador, que tinha um piano no meio da sala - com o fantástico detalhe do papel a dizer: "Por favor, Tocar" - estava algo vazia, do ponto de vista cénico.  

Compreendo que não deve ser fácil de levar isto a cabo, devido aos condicionalismos próprios do espaço mas, talvez possa ser algo a rever em edições futuras. E com mais tempo de preparação. Gostaria, também, que tivessem sido expostos mais originais, embora eu tenha gostado principalmente de alguns exemplos em que houve um esforço para expor algo mais do que as pranchas. Lembro-me, por exemplo, de um excerto do guião de Filipe Melo para Balada para Sophie ou do guião de Amor de Perdição, com notas explicativas de João Miguel Lameiras para Miguel Jorge. É esse tipo de coisas que um amante de banda desenhada (também) aprecia, estou certo.

O espaço onde tem lugar o Coimbra BD parece-me o suficiente para que o evento decorra sem problemas mas também me parece que traz consigo algumas limitações. As exposições estão localizadas entre o primeiro piso e o piso inferior. Não há muito espaço para fazer mais - em termos de quantidade - e, por esse motivo, considero que a Organização esteve bem na forma como utilizou o espaço disponível. No entanto, acho que a sinalética do evento poderia estar melhor. Na verdade, ela até existia e também não posso dizer que, num evento desta dimensão, o visitante não acabasse por encontrar os vários espaços pretendidos. Mas acho que poderia estar mais facilmente compreensível. Dei por mim a ter que perguntar a alguém onde era o espaço dos autógrafos. Depois até reparei que havia uma seta para lá.

Em termos de espaço comercial, fiquei bastante agradado. Não dei conta de nenhuma das principais editoras portuguesas que não tivesse os seus livros à venda, neste espaço que era explorado pela Convergência e pela Dr. Kartoon. E, em ambos os espaços, ainda havia um conjunto de caixotes com alguns achados de bd.

Acho que a Organização está de parabéns por, em tão pouco tempo, ter conseguido organizar um evento bem estruturado, com várias iniciativas paralelas a acontecer. Julgo que, nas próximas edições, o evento poderia receber um maior fôlego caso se conseguia apostar na vinda de alguns autores estrangeiros. Não precisam de ser muitos. Dois ou três, que tenham público por cá, serão suficientes. Não obstante, para quem gosta de banda desenhada, é imprescindível.

Mais abaixo, deixo-vos algumas fotografias que tirei.

















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