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quarta-feira, 20 de julho de 2022

Análise: Deadpool – Preto, Branco e Sangue

Deadpool – Preto, Branco e Sangue, de vários autores - G. Floy Studio Portugal

Deadpool – Preto, Branco e Sangue, de vários autores - G. Floy Studio Portugal
Deadpool – Preto, Branco e Sangue, de vários autores

Saber fazer rir não é, definitivamente, para todos. E (mais) uma prova disso é este recente lançamento da G. Floy Studio, da série Preto, Branco e Sangue, que nos traz, desta vez, um conjunto de doze histórias dedicadas ao infame Deadpool. Relembre-se que, para além deste volume, esta série já conta com outros dois álbuns, lançados anteriormente, que foram dedicados às personagens Wolverine e Carnificina.

No total, os livros desta série têm sido compostos por 12 pequenos contos, com histórias do herói em causa, em que as cores utilizadas são apenas o preto, o branco e o vermelho. Visualmente o resultado tem sido muito bom e, mesmo em termos de histórias, que naturalmente são curtas em dimensão, já houve bons exemplos nos volumes anteriores. 

Deadpool – Preto, Branco e Sangue, de vários autores - G. Floy Studio Portugal
E se nos dois álbuns anteriores (Wolverine e Carnificina) a oferta embora bastante heterogénea – o que se compreende, tendo em conta a quantidade de autores envolvidos! – foi uma agradável surpresa, este livro dedicado a Deadpool é, sem margem para dúvidas, o livro mais fraquinho da coleção até agora. E não é ligeiramente mais fraco. É substancialmente inferior aos demais.

Isto porque, e principalmente, me parece que a grande maioria dos argumentistas que preparou uma breve história para Deadpool, acertou ao lado, não só no argumento criado, como também, e principalmente, na incapacidade para reproduzir com firmeza o humor característico da personagem. Deadpool é uma personagem irreverente, cujo humor é salgado, mordaz e, muitas vezes, politicamente incorreto. Mas, por trás de tudo isso, há algo mais. Um sentido de troça jocosa que inunda tudo aquilo que a personagem faz. Ora, em quase todas estas histórias, temos o humor mais previsível e fácil que já vi em histórias de Deadpool. Por vezes sofrível até. Bem sei - e estou sempre a relembrar os meus leitores disso - que o humor será uma das coisas mais subjetivas de sempre. O que para mim tem graça, para o outro pode não ter. E vice-versa. Mas também conheço bastante bem Deadpool e acho que nestas histórias a personagem parece quase sempre tratada de forma demasiado linear.

Deadpool – Preto, Branco e Sangue, de vários autores - G. Floy Studio Portugal
Há algumas exceções, porém. Piscina da Morte, de Daniel Warren Johnson, A Aposta, de Frank Tieri e Takashi Okazaki, e, especialmente, As Perfeitas, de Stan Sakai, são boas propostas. Quer em termos de argumento, quer em termos de humor que procuram reproduzir. As Perfeitas, concretamente, é um exemplo de como uma história pode ser completamente diferente – no estilo e na forma – e, ao mesmo tempo, prestar um belo tributo ao herói/criação original. Faz-me lembrar o que se passa na música quando artistas cantam as músicas de outros, prestando homenagem ao artista original. Quando o fazem reinventando a obra, é uma coisa que merece todos os louvores. Mas quando o fazem, de forma preguiçosa, apenas reproduzindo as matrizes centrais da obra original, o resultado nunca irá muito longe. E neste Deadpool – Preto, Branco e Sangue, parece-me que foi exatamente isso que foi feito. Como se cada autor se limitasse a arranjar um mero pretexto para a história, introduzindo depois duas ou três piadas "secas" e forçadas, e depois passando o trabalho para o ilustrador desenhar.

Deadpool – Preto, Branco e Sangue, de vários autores - G. Floy Studio Portugal
Em termos de desenho, aquilo que nos é dado neste volume já marca mais pontos positivos. Com estilos de desenho bastante diferentes entre si, há espaço para um pouco de tudo. Não houve nada que me tenha deixado "de boca aberta" pela positiva, mas saliento os bons momentos de ilustração que os autores James Stokoe, Pete Woods, Paco Medina, Takashi Okazaki ou Hikaru Uesugi nos proporcionaram nas histórias que ilustram.

A edição da G. Floy Studio está muito boa, com capa dura, bom papel brilhante, boa encadernação e boa impressão. Destaque para a generosa galeria de capas oficiais e alternativas que o livro traz no final.

Concluindo, devo dizer que as boas experiências que os antigos volumes da série Preto, Branco e Sangue, dedicados a Wolverine e Carnificina, me proporcionaram, também foram responsáveis pela desilusão que este terceiro volume dedicado a Deadpool me fez sentir. Não é mau, mas está muito aquém dos outros dois.


NOTA FINAL (1/10):
5.5


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Deadpool – Preto, Branco e Sangue, de vários autores - G. Floy Studio Portugal

Ficha técnica
Deadpool – Preto, Branco e Sangue
Autores: Vários
Editora: G. Floy Studio Portugal
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 18,0 cm x 27,5 cm
Lançamento: Abril de 2022

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