Rubricas

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Análise: Tango #5 - O Último Condor

Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz - Gradiva

Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz - Gradiva
Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz

A Gradiva não dá descanso à série Tango e, em pouco tempo, publicou-a na íntegra por cá! Coisa que merece todas as vénias possíveis devido ao compromisso claro que a editora portuguesa demonstra para com o seu público. Sim, porque, quando vos escrevo estas linhas, já o sexto volume se encontra em pré-venda!

Mas, por agora, olhemos para este 5º volume de Tango, intitulado O Último Condor, da série criada por Xavier e Matz.

Primeiro, e já depois de lidos 5 álbuns, acho que é justo dizer-vos o que penso sobre a série, como um todo: Tango é uma série que nunca consegue ser excecional, mas que também nunca consegue ser má. E depois, claro, tem alguns pontos mais altos e alguns pontos mais baixos. E este O Último Condor é mais um dos seus pontos altos.

Não é que seja um “ponto altíssimo”, vá, mas é um dos melhores álbuns da série.

Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz - Gradiva
E tudo isso, isto é, a intermitência de qualidade na série, anda sempre a reboque daquilo que o argumentista, Matz, consegue, ou não, fazer. Porque em termos das ilustrações, o trabalho de Philippe Xavier é sempre bastante coeso e equilibrado de álbum para álbum.

Em O Último Condor, temos uma história mais negra. Coisa que me agradou. A ação desenrola-se em Buenos Aires, na Argentina. Sem que entendamos porquê, Mario, o amigo de John Tango, é raptado por um grupo de mafiosos que lhe querem extrair informações à força. Vamos então percebendo que o velho responsável por esta sessão de tortura já se havia cruzado com Mario no passado, na altura em que este era polícia. E agora procura uma vingança. História simples, não tão original assim, mas que é bastante bem montada pelo argumentista.

O enredo funciona especialmente bem pelo facto de colocar John Tango a investigar o desaparecimento do seu amigo, enquanto nos vai mostrando, a nós, leitores, e em simultâneo, o real paradeiro de Mario e a tortura a que é submetido. Há, pois, vários saltos temporais que ajudam a que haja uma narração mais dinâmica, que nos capta a atenção de forma mais acentuada.

Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz - Gradiva
É claro que a fórmula do enredo, chamemos-lhe assim, continua simples e linear, sem que o leitor seja confrontado com muitas surpresas. E também é verdade que há uma certa sensação de déjà vu, pois parece que já vimos, algures na nossa vida, um ou mais filmes parecidos com este O Último Condor. Mas, lá está, é algo que funciona bem. É a reciclagem de uma fórmula já amplamente utilizada, mas que continua a saber entreter.

E também é verdade que a sensação que o leitor tem em Tango, especialmente nos melhores álbuns da série que, até agora, serão este O Último Condor e À Sombra do Panamá, é que certos elementos da história precisariam de mais páginas para melhor serem desenvolvidos pelos autores e, consequentemente, proporcionar uma experiência mais inesquecível para o leitor. É tudo muito “por alto”, mesmo quando as ideias são boas.

As ilustrações de Xavier continuam fiéis àquilo que o autor nos tem vindo a demonstrar nos álbuns anteriores. Não denoto nem uma evolução, nem uma regressão. O estilo realista franco-belga funciona bem e remete-nos para séries clássicas do género como XIII, Largo Winch ou I.R.S.. Acho que Xavier  foi bastante feliz na conceção visual do protagonista, John Tango, que tem muito carisma e personalidade. E prova disso é a também muito bem conseguida capa deste quinto volume.

Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz - Gradiva
Uma nota menos positiva terá que ser dada aos desenhos que acompanham a parte em que Mario está a ser torturado. Talvez pelo uso das cores demasiado baças – mas também pelos cenários, feitos de forma demasiado genérica – senti que estas cenas não funcionaram muito bem em termos visuais. Pelo menos, ficaram aquém do resto das cenas do livro que estão mais bem conseguidas, visualmente falando. As cenas de ação também são agradáveis. Aliás, é até no dinamismo e sensação de movimento das cenas de ação onde me parece que há uma certa, embora ténue, evolução positiva de Philippe Xavier.

Quanto à edição da Gradiva, este livro apresenta aquilo que era expetável: capa dura, bom papel brilhante, boa impressão e boa encadernação.

Julgo que a editora merece, uma vez mais, uma palavra de louvor pela forma como rapidamente publicou uma série. Seis álbuns num espaço de um ano apenas é obra e merece as minhas vénias, pois isso permite aos leitores a segurança para mergulharem de cabeça na série, sabendo que a mesma ficará integralmente publicada e afastando - de vez! – o fantasma que tantas vezes assolou os leitores de banda desenhada em Portugal que era o facto de já não se arriscar comprar uma série com receio que a publicação da mesma fosse cancelada, sem apelo nem agravo.

Em suma, o quinto volume de Tango é um dos melhores números da série até agora. Ainda não estamos perante um portento da banda desenhada, é certo, mas temos aqui uma boa proposta de leitura, para os amantes do franco-belga policial.


NOTA FINAL (1/10):
8.3



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-

Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz - Gradiva

Ficha técnica
Tango #5 - O Último Condor
Autores: Philippe Xavier e Matz
Editora: Gradiva
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 31,30 x 23,30
Lançamento: Julho de 2022

Sem comentários:

Enviar um comentário