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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

É esta a BD que os portugueses mais querem ver editada por cá!


Tal como havia dito no artigo em que divulguei os resultados do BD Censos 2022, a informação recolhida pelo questionário relativamente aos desejos editoriais dos portugueses pareceu-me tão relevante, que achei pertinente fazer um artigo só para isto.

E quando falo em "portugueses", refiro-me aos 619 inquiridos que preencheram o inquérito BD Censos 2022. Considerar que esta amostra representa "os portugueses" ou, sequer, o mercado de leitores portugueses de banda desenhada, pode soar algo presunçoso da minha parte, reconheço. Portanto, e antes que mo venham pedir, reconheço desde já que estes títulos não representam taxativamente os desejos editoriais de todos os leitores de banda desenhada em Portugal. Não seria possível conseguir, sequer, algo semelhante. No entanto, também não deixa de ser verdade que, ainda assim, uma amostra com mais de 600 pessoas ainda é uma amostra com alguma relevância para os padrões do mercado nacional.

Vou mais longe e diria até que mal estaríamos se TODOS - e repito, TODOS - os editores que lerem este artigo não esfreguem uma ou duas vezes a cabeça, pensando na possibilidade (ou não) de editar as obras aqui apresentadas. Bem sei que entre "o que se quer" e "o que se tem" vai uma grande diferença. Não só na BD como em tudo na vida. Algumas séries são muito grandes e, certamente, pressupõem um investimento e um envolvimento de uma editora que podem não justificar a aposta na obra. Ou os direitos podem ser muito caros. Enfim... para tudo - especialmente para os negócios - há que pesar os prós e os contras. 

Não conhecendo todos os "contras", uma coisa é certa: todas estas obras têm como um dos seus "prós", o facto de serem desejadas pelos leitores portugueses. 

Algumas delas, confesso que nem conheço, sequer. Outras, também estão entre os meus desejos para ver (re)publicadas em Portugal.

Deixando os gostos pessoais de cada um de parte, há algo que é claro: estas foram as obras mais nomeadas pelos participantes do BD Censos 2022

Sendo sincero e transparente, devo dizer que ao invés de arranjar uma pré-listagem feita por mim e que os participantes apenas teriam que selecionar as suas obras desejadas, preferi dar aos inquiridos "carta branca" para escolherem qualquer obra que desejassem. Desta forma, como devem imaginar, a amplitude de respostas foi muito mais alargada. Por um lado, fez com que algumas obras apenas fossem nomeadas uma ou duas vezes e que, portanto, não chegassem sequer a figurar nestas listas que apresento, mais abaixo. Por outro lado, as obras que acabaram por integrar o TOP 15, para cada uma das categorias, foram efetivamente nomeadas várias dezenas de vezes.

Faço ainda uma pequena nota: verifiquei que alguns dos participantes nomearam obras fora da sua categoria. Por exemplo, na questão sobre a obra one shot que gostariam de ver publicada introduziam o nome de um título que não era um one-shot mas sim uma série. Ou, noutros casos, escolhiam uma série que consideravam nunca ter sido publicada em Portugal e, na verdade, verifiquei que essa série já tinha sido publicada por cá. Contabilizei todas as vezes em que as obras eram nomeadas e tentei introduzir, depois, a obra na categoria certa. Servi-me da minha memória e da informação oficial do site Bedetheque para saber o que era considerado one shot e série. Portanto, se detectarem que coloco uma obra na categoria de séries que já foram publicadas em Portugal mas que, na verdade, não o foram, ou vice-versa, façam o favor de me informar disso e tentarei corrigir o artigo.


Assim, e sem mais demoras, passo a apresentar, por ordem do maior número de votos para o menor, as 
15 obras, one shot, que nunca foram publicadas em Portugal e que os inquiridos mais gostavam de ver editadas por cá:




1. Goodbye Eri (também conhecido como Sayonara Eri), de Tatsuki Fujimoto




2. Look Back, de Tatsuki Fujimoto




3. Jours de Sable, de Aimée de Jongh




4. Asterios Polyp, de David Mazzucchelli




5. Frankenstein, de Georges Bess
(Aproveito para informar que A Seita deverá editar esta obra no próximo ano)




6. Le Petit Frère, de Jean-Louis Tripp
(Aproveito para informar que o autor Jean-Louis Tripp me disse pessoalmente, no último Amadora BD, que os direitos de publicação para esta obra já foram adquiridos por uma editora portuguesa)




7. The Sculptor, de Scott McCloud




8. Essex County, de Jeff Lemire




9. Regresso al Éden, de Paco Roca
(Embora não tenha a confirmação oficial por parte da editora Levoir, é expetavel que esta obra venha a ser editada por cá nos próximos tempos)




10. Lydie, Zidrou e Jordi Lafebre




11. My Broken Mariko, de Waka Hirako




12. Mickey Horrifikland, de Lewis Trondheim e Alexis Nesme




13. The Many Deaths of Laila Starr, de Ram V e Filipe Andrade
(Aproveito para informar que a G. Floy Studio deverá editar esta obra no próximo ano)




14. Moonshadow, de John Marc DeMatteis
(Esta obra já esteve anunciada pela G. Floy Studio mas acabou por ser um projeto abandonado pela editora).




15. Ce n'est pas toi que j'attendais, de Fabien Toulmé




NOTA PESSOAL: Confesso que nem sequer conhecia as duas primeiras obras que encabeçam esta lista, portanto foram uma surpresa para mim!


-/-


De seguida, avançamos, por ordem do maior número de votos para o menor, as 
15 séries que nunca foram publicadas em Portugal e que os inquiridos mais gostavam de ver editadas por cá:



1. Berserk, de Kentaro Miura




2. Bone, de Jeff Smith




3. Vagabond, de Takehiko Inoue




4. Chainsaw Man, de Tatsuki Fujimoto




5. Oyasumi Punpun
(também conhecido como Goodnight Punpun), de Inio Asano




6. Transmetropolitan, de Warren Ellis e Darick Robertson




7. Il était une fois en France, de Fabien Nury e Sylvain Vallée




8. L'eternauta, de Héctor Oesterheld e Solano López




9. Swamp Thing, de Alan Moore e Stephen Bissette




10. Scalped, de Jason Aaron e R.M. Guéra




11. Black Hole, de Charles Burns




12. Love & Rockets, de Jaime Hernandez




13. Lone Wolf and Cub, Kazuo Koike e Gôseki Kojima




14. Disney Glénat, de Vários Autores




15. Shi, de Zidrou e Homs



-/-


Finalmente, deixo-vos com as
15 séries parcialmente publicadas em Portugal que os inquiridos mais gostariam de ver republicadas/continuadas:




1. O Incal, de Jodorowsky e Moebius




2. Ataque dos Titãs, de Hajime Isayama




3. Hellboy, de Mike Mignola
(Desculpem a qualidade miserável da resolução desta capa de Hellboy mas foi a única capa da edição portuguesa que encontrei na web)




4. Sambre, de Yslaire




5. Preacher, de Garth Ennis e Steve Dillon




6. O Escorpião, de Marini




7. Thorgal, de Van Hamme e Rosinski




8. A Casta dos Metabarões, de Gimenez e Jodorowsky




9. Walking Dead, de Robert Kirkman




10. Adèle Blanc-Sec, de Jacques Tardi




11. Sky Doll, de Barbara Canepa e Alessandro Barbucci




12. 100 Bullets, de Brian Azzarello e Eduardo Risso





13. O Comboio dos Órfãos, de Philippe Charlot e Xavier Fourquemin




14. Donjon, de 
 Joann Sfar e Lewis Trondheim



15. Eu, Vampiro, de Carlos Trillo e Eduardo Risso




Pequena nota final: Na publicação original deste artigo, as duas obras mais votadas na categoria das séries parcialmente editadas em Portugal e que os leitores portugueses mais gostariam de ver republicadas/continuadas por cá eram, respetivamente, Akira e Dragon Ball. No entanto, dois simpáticos leitores, Dário Duarte e Nuno Amado informaram-me que essas séries já foram integralmente publicadas em Portugal. Razão pela qual, corrigi o artigo, retirando essas duas séries da lista e introduzindo as séries que tinham ocupado as 16ª e 17ª posição. Neste caso, Donjon e Eu, Vampiro.



16 comentários:

  1. Grande conclusão de este inquérito, sobretudo no longo prazo: deixar o monopólio manga para a Devir será um erro tremendo, à medida que este público crescer nos próximos anos.

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    1. Obrigado pelo comentário, caro Paulo. Sim, no sentido da sua afirmação, parece-me que as editoras portuguesas têm demonstrado, especialmente no último ano, que estão a despertar para o lançamento de novos títulos mangá.

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  2. O Akira foi publicado na íntegra pela meribérica. Poderá ser uma boa reedição (JBC tentou por cá e completou no brasil salvo erro), mas já foi toda editada.

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    1. apareci como anónimo... enfim...

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    2. Obrigado pela informação, Derradé. Aproveitei para corrigir essa informação no artigo. Assim sendo, sai Akira e entra Donjon, que era a 16ª série nomeada. Um abraço

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  3. Falta ai a tão aguardada série Lefranc :)

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    1. (Quase) Ninguém quer o Lefranc! ;)

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    2. Por acaso, creio que o Lefranc não terá recebido mais do que dois ou três votos.

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  4. Caro Hugo, antes de mais deixe-me felicitá-lo por esta iniciativa julgo que, inédita em Portugal no mundo da BD. No entanto, permita que levante sérias dúvidas sobre a verdadeira abrangência deste inquérito e sobre as possíveis repercussões sobre futuras escolhas editoriais. O universo editorial de BD nacional é fortemente personalizado, ou seja reflecte as opções e preferências pessoais do/s editor/es e a sua percepção do que poderá ou não resultar em termos de escolha do público comprador, habitual ou não. O que depreendo do acima listado é que as escolhas são muito heterogéneas e a prevalência de títulos mangá comercial é bastante marcado. Deixará isto menos espaço para a BD tradicional (e mesmo para a mangá mais alternativa e de autor)?. Esperemos que não. Estranho a ausência de obras de humor, ficção científica (excepção ao Incal, há muito fora dos catálogos de nacionais...), música, biografias, científicas e educativas. Enfim, muito para editar, pouco dinheiro para gastar...

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    1. Obrigado pelo comentário, caro António. Pois, relativamente às repercussões que esta iniciativa pode vir a ter... é uma questão de esperarmos para ver. Como já disse em vários locais, este inquérito vale o que vale. Eu acredito que estudos e estatísticas são pertinentes e relevantes mas também não acho que devam, como é óbvio, ditar tudo o que se faz. Até porque também acho saudável que os editores não editem só para vender... mas também porque sentem que a obra merece ser publicada pela sua qualidade intrínseca.

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  5. Está aí a papinha feita para as editoras.

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  6. A colonização asiática...

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    1. Eheh, não há dúvidas de que a cultura oriunda do oriente parece marcar cada vez mais, e não só, os jovens portugueses.

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  7. Desculpa não ter colaborado, durante esta altura andei a 200% e tive alguns problemas de família, mas pronto, parabéns pela iniciativa. Estou de acordo com alguns títulos, outros nem por isso, mas os meus gostos são os meus gostos :D
    O Dragon Ball está todo editado em português pela Planeta DeAgostini (eu tenho) e começou a ser republicado pela ASA (com muita qualidade, diga-se), que teve de cancelar por fracas vendas, por isso não percebo como aparece LOL , se muita gente quisesse a republicação não teria sido cancelado! :D
    Abraço

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    1. Obrigado pelas tuas palavras, Nuno! Como só estava a pensar na coleção da ASA... não dei conta que já tinha sido integralmente publicado. Então, se assim é, vou retirá-lo da lista e sobe a obra que estava de fora por pouco. Um abraço

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