quarta-feira, 16 de novembro de 2022

BD Censos revela o tão esperado "perfil do leitor português de banda desenhada"!


Já são conhecidos os resultados do BD Censos 2022, o Primeiro Recenseamento Geral do Público Português de Banda Desenhada!!!

Quero agradecer a todos os 619 participantes que aceitaram responder a este inquérito, que representa algo de inovador que é feito no nosso país, com o objetivo de recolher o máximo possível de informações sobre quem é o leitor português de banda desenhada. Quais os seus gostos e os seus hábitos de consumo.

Vale o que vale – sei-o melhor do que ninguém – mas não deixa de ser uma fonte de informação com alguma relevância e que permitirá, quiçá, retirar várias conclusões e até mesmo (porque não?) fazer mudar alguma coisa futuramente. Depois de analisar as respostas recolhidas, posso dizer-vos que algumas das ideias formuladas teoricamente por todos nós sobre este tema são aqui confirmadas. Mas também há algumas respostas que poderão ser surpreendentes para muitos de nós. Mas, quanto a isso, já lá iremos.

Num universo em que me parece que a “grande tribo portuguesa de banda desenhada” - isto é, aquele grupo pequeno e fechado de leitores de banda desenhada que são ativos nas redes sociais e cujos membros já se conhecem entre si - tem entre 100 a 200 pessoas… parece-me que o facto de termos chegado a 619 pessoas é algo assinalável. Poderiam ser mais os participantes, sim, mas também poderiam ser bem menos. Diria que é um número que está dentro da dimensão do mercado nacional e das tiragens que os livros de bd vão recebendo.

Aproveito para agradecer a todos os que ajudaram nesta iniciativa, nomeadamente aqueles que contribuíram para melhorar a qualidade e pertinência das perguntas do questionário. Agradeço, igualmente, aos sites e blogs que deram uma ajuda na divulgação da iniciativa (aos que não o fizeram, só tenho uma expressão em inglês que gosto de utilizar neste tipo de situações: “thank you for nothing.”). 

Por último, agradeço às editoras que, disponibilizando de forma generosa livros para este passatempo, também contribuíram para que a iniciativa tivesse mais sucesso e chegasse a mais pessoas porque, afinal de contas, “tempo é dinheiro” e estou certo de que, sem o passatempo, não teríamos tanta gente a aceitar responder a mais de 60 questões sobre banda desenhada.



Permitam-me ainda dizer-vos que os 5 vencedores do passatempo já foram informados, por email, acerca da sua vitória. Se participaste, verifica o teu email pois podes ter sido tu um dos vencedores.





Enfim, toda esta iniciativa foi algo que me deu muito trabalho mas aqui estão eles, em primeira mão: os resultados do 1º Recenseamento Geral do Público Português de Banda Desenhada!






Dados básicos dos participantes

A idade foi das perguntas que teve respostas mais heterogéneas. E percebe-se porquê, já que os intervalos de idades também eram bastante fechados. As idades entre os 21 e os 25 anos e entre os 31 e os 35 anos foram as idades mais representativas (12,7%, cada uma). Olhando para intervalos de idades mais abrangentes, em décadas, verifica-se a mesma tendência: os participantes entre os 20 e os 30 anos representam 24,2% da amostra, enquanto que os participantes entre os 30 e os 40 anos representam outros 24,2% da amostra. Os participantes entre os 40 e os 50 anos representam, por sua vez, 22,6% e os participantes entre os 50 e os 60 anos representam 17,1%. Nas extremidades de idades, os participantes abaixo dos 20 anos representam 7,7% e os participantes acima dos 60 anos representam 3,9% da amostra.

Pode-se então dizer que perto de metade dos inquiridos (48,2%) tem entre 20 e 40 anos.

Na questão do género, não houve surpresas. O público de banda desenhada, representado pela amostra recolhida, é maioritariamente masculino (71,8%). O público feminino ultrapassa por pouco um quarto do total da amostra (27,2%).

Na questão do local de residência, ficou claro que o grande público da banda desenhada se situa no distrito de Lisboa, com este distrito a representar quase metade (43,2%) da amostra recolhida. O segundo e terceiro distritos mais numerosos são, respetivamente, o Porto (12%) e Setúbal (10,5%).




Em termos de escolaridade, temos aqui mais uma confirmação de que o público que lê banda desenhada tem uma escolaridade tendencialmente avançada. 73,1% dos inquiridos tem escolaridade ao nível do ensino superior, com a licenciatura a ser a resposta mais dada (38,6%). Apenas 1% dos inquiridos referiu ter o ensino básico e cerca de um quarto dos inquiridos (24,2%) revelou ter o ensino secundário.



Quanto ao rendimento mensal auferido, é relevante assinalar que cerca de metade dos inquiridos (45,4%) tem um rendimento mensal inferior a 1.500€. É importante referir também que 14,9% dos inquiridos não dispõe de rendimento mensal. Cruzando, desde já, os dados com a questão da idade, se tivermos em conta que nos dias de hoje é raro que, aos 25 anos de idade, uma pessoa já esteja a trabalhar, o número de inquiridos abaixo dos 25 anos (20,4%) e o número de inquiridos sem rendimento (14,9%) é expetável e coaduna-se bem.





Por fim, e tomando apenas em conta a relevância que poderão ter – ou não – os passatempos fora da bd para os inquiridos, destaca-se que há uma (expetável, diria) relevância do cinema, que foi o hobby mais apontado (63%). Seguiram-se os passatempos literatura (59,2%), música (56,9%), televisão (40,0%) e videojogos (39,7%). De salientar que, contrariamente ao que muitos apregoam, parece não haver uma ligação tão direta assim entre leitores de banda desenhada e adeptos do cosplay, uma vez que apenas 3,9% dos inquiridos, revelaram ter esse passatempo/paixão.




Consumo de Banda Desenhada

Relativamente ao consumo de banda desenhada, a grande maioria dos inquiridos (79,2%) revelou ter comprado um livro de banda desenhada no mês anterior.

Quanto aos gastos mensais em bd, a resposta mais dada, com 24,7%, foi que os inquiridos não costumam contabilizar o valor gasto mensalmente em banda desenhada. Resposta que, a julgar pelas muitas mensagens que recebo de leitores que me dizem coisas como “ah, isto já passa o meu budget mensal e já não poderei comprar este livro”, me surpreendeu. De resto, a principal resposta relativamente ao valor gasto mensalmente é entre os 10 e os 20€ (20,5%). De seguida, e bem perto, temos a resposta entre os 20 e os 50€ (19,2%). 12% dos inquiridos disse gastar até 10€ mensalmente, 11% disse gastar entre 50 e 100€ e 7% disse gastar entre 100 a 200€ mensalmente.





Voltando ao tema da definição do gasto mensal por parte dos inquiridos, a grande maioria (82,8%) disse não estipular um valor (tecto) a gastar mensalmente.


A pergunta seguinte era muito interessante para podermos verificar se, afinal de contas, os leitores portugueses são leitores mais fiéis às séries que já conhecem ou se, pelo contrário, estão mais virados para conhecer novas séries e propostas. Ainda que a diferença de respostas não seja gritante, confirma-se essa tal fidelidade dos leitores para com aquilo que já conhecem. Num cenário hipotético, em que o leitor apenas teria 20€ para gastar em banda desenhada, 63,1% dos inquiridos afirmou que investiria esse dinheiro num novo volume de uma série já por si conhecida, em detrimento de uma banda desenhada que não fosse do seu conhecimento, mesmo que parecesse interessante.







Lojas e Pontos de Venda

Olhando para as lojas onde os leitores portugueses de banda desenhada mais fazem compras, verifica-se que as suas preferências recaem nas lojas online que vendem banda desenhada, como a FNAC ou a Wook (53,2%). As livrarias físicas generalistas, como a FNAC ou a Bertrand, que também vendem banda desenhada, registam 40,2% da votação. Em terceiro lugar, aparecem as livrarias especializadas em banda desenhada, como a Kingpin ou a Dr. Kartoon, por exemplo, com 27,6% das preferências dos inquiridos.


Na pergunta seguinte, relativamente às lojas livrarias online em que fazem compras de banda desenhada, 39% dos inquiridos disseram comprar na loja Wook; 32% na FNAC; 22% na Book Depository; 21% na Amazon; e 16% na loja online da Bertrand. Os sites das editoras portuguesas e das lojas portuguesas que vendem online receberam apenas votações marginais.

Na questão seguinte, 44% dos inquiridos afirmou não comprar banda desenhada em segunda mão. Daqueles que compram, 23% fazem-no através do website Olx, 15% fazem-no em feiras, 11% fazem-no em alfarrabistas e 8% através da rede social facebook. Centrando a questão em compras em segunda mão através de websites (excluindo, portanto, alfarrabistas e feiras) 32% dos inquiridos fazem-no através do Olx, 16,5% através do Facebook, 8,1% através do Coisas e 6,2% através do Ebay.

Olhando para os leilões de banda desenhada nas redes sociais, 86,7% referiu não ter o hábito de adquirir banda desenhada através de leilões. E, relativamente a vendas, as respostas ainda foram mais categóricas, com 93,8% dos participantes a referir que não costuma vender banda desenhada através de leilões.

Quanto às séries de banda desenhada que saem com jornais, 52,2% dos participantes disse que costuma comprá-las.

Analisando, também, a temática do crowdfunding em banda desenhada, verifica-se que a grande maioria dos inquiridos (83,2%) não costuma apoiar campanhas deste tipo. Dos 16,8% que disseram apoiar campanhas de crowdfunding, 28% revelou ter apoiado a Antologia Umbra, 13% a obra Uluru e 11% a obra Crónicas de Enerelis.

Em termos de edição, ficou bem claro que os inquiridos não só valorizam os extras que um livro de bd pode ter, como estão dispostos a pagar um pouco mais de dinheiro por edições premium de banda desenhada. 61,2% revelou que prefere pagar um pouco mais por uma edição premium.





Na questão seguinte, 66,3% disse valorizar os extras (esboços, entrevistas, estudos, etc) que um livro de banda desenhada pode trazer, enquanto que apenas 9,5% dos inquiridos revelou não valorizar este tipo de conteúdos.



O início do contacto com a Banda Desenhada

A questão da idade em que os leitores de banda desenhada se iniciaram na 9ª arte era, na minha opinião, muito relevante para podermos tirar algumas conclusões. Os resultados obtidos permitiram perceber que a maioria (67,3%) daqueles que hoje são leitores de banda desenhada, começou a mergulhar neste universo entre os 6 e os 10 anos. Mesmo abaixo dos 6 anos, há uma relevante percentagem de 13% dos inquiridos. Entre os 11 e os 14 anos, há uma percentagem de 11,5% e entre os 15 e os 18 anos há uma percentagem de 6%. Apenas 5,5% dos inquiridos revelou ter começado a ler banda desenhada quando já tinha mais do que 18 anos

Ora, parece-me que aqui há um conjunto de respostas que são relevantes para perceber o quão importante é uma aposta em banda desenhada para crianças. Que as faça mergulhar neste tipo de leitura. Não será necessária apenas uma aposta em títulos direcionados às crianças, mas também num reforço da banda desenhada junto das crianças, nas suas casas e nas suas escolas. Se possível, com ações de promoção várias e idas à escola.

Mais a título de curiosidade – embora me pareça que esta questão possa dar pistas em relação à nova aposta em banda desenhada que acabei de dizer que é fundamental – 28,3% dos inquiridos iniciou-se na leitura de banda desenhada com as Revistas Disney, 18,6% com o Astérix, 15,5% com o Tintin, 14,6% com as revistas de super-heróis (DC e Marvel), 9,2% com as revistas da Turma da Mônica e 6,2% com Lucky Luke. Séries como Spirou, Calvin & Hobbes, Mafalda e Death Note também foram bastante nomeadas mas de forma mais marginal. Aqui, não fiquei minimamente surpreendido. Os grandes iniciadores dos leitores portugueses foram (são?) as revistas da Disney, da Turma da Mônica e dos Super-Heróis da DC e Marvel, bem como a “Santíssima Trindade” da BD franco-belga que é formada por Astérix, Lucky Luke e Tintin. Nada de novo, portanto.




Relativamente ao fim que os leitores portugueses dão aos seus livros de banda desenhada, após feita a leitura, verifica-se que os portugueses, para além de leitores, também são colecionadores. 96,9% disse que, finda a leitura, passa a guardar o livro na sua coleção. Já quando o livro não é do agrado do leitor, 61,4% dos inquiridos coleciona-o, ainda assim. Mas talvez seja relevante dizer que 20,8% acaba por revender o livro.





Quanto à eterna questão da capa dura vs capa mole, parecem não restar dúvidas para os inquiridos: 50,3% disse que prefere capa dura e apenas 12,5% disse preferir capa mole. No entanto, deixo o dado relevante de que, para 37,2% dos inquiridos, é indiferente que o livro tenha capa dura ou capa mole.




Eventos de Banda Desenhada

Olhando para quais são os eventos sobre (ou com) banda desenhada organizados em Portugal, houve algumas respostas que me deixaram surpreendido, tenho que dizer. Bem, pensando melhor, talvez até não seja tão surpreendente assim. 




O Amadora BD arrecada 42,1% das preferências, o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja tem 17,2% das preferências. O terceiro evento mais apreciado pelos leitores de banda desenhada questionados é, algo surpreendentemente, o IberAnime, com 16,5%. Surge, depois, o Comic Con Portugal com 12,2% e o Coimbra BD com 4% das votações.




Relativamente àquilo que um visitante procura num evento de banda desenhada, a resposta mais dada (e que merece algum tipo de reflexão por parte dos organizadores e agentes dos eventos de banda desenhada, diria) são as Compras de livros em Promoção, com 65,7% dos votos. Em segundo lugar surgem as exposições (47,7%); as apresentações de livros (39,9%); as compras de novidades (37,8%), os autógrafos (27,7%) e as entrevistas com os autores (27,3%). Portanto, como já tenho dito várias vezes – embora nem sempre toda a gente concorde com esta minha afirmação – confirma-se que a “tribo dos caça-autógrafos” não é assim tão grande como alguns gostam de declarar.



Edições Estrangeiras de Banda Desenhada

Analisando a quantidade de leitores que tem o hábito de ler banda desenhada noutras línguas para além do português, verifica-se que a grande maioria dos leitores (75%) que o fazem, fazem-no em inglês. Depois disso, 26,1% dos inquiridos tem o hábito de ler em francês e 25% tem o hábito de ler em espanhol. Atente-se que 25% dos inquiridos revelou que embora consiga ler noutras línguas, tenta sempre ler em português, ainda assim.




E isso leva-me à questão seguinte. Quando um novo livro de banda desenhada do interesse dos inquiridos é originalmente lançado numa língua estrangeira, 31,9% dos inquiridos lê-o na língua original e 29,3% revela que prefere esperar pela versão em português. No entanto, a resposta mais dada (38,8%) foi que os inquiridos esperam pela edição portuguesa quando têm a certeza de que haverá uma editora portuguesa a publicar o livro em questão. Bem sei que as editoras não gostam muito de anunciar com antecedência os livros que vão lançar, mas, como também já era a minha suspeição, e olhando agora para os resultados desta questão, acho que é benéfico para todos que as as editoras portuguesas anunciem, com a maior antecedência possível, que livros irão lançar, já que a fatia de mercado que, ao não fazê-lo, poderão estar a perder, é mais do que significativa.





A questão seguinte também foi relevante para perceber que, quando existe a versão portuguesa e uma outra versão importada da mesma obra - e mesmo que a edição portuguesa seja mais cara e/ou diferente da versão importada - 38,8% dos inquiridos disse que, dependendo da obra, dá normalmente preferência à edição portuguesa e 25,1% dos inquiridos disse que dava sempre preferência à versão portuguesa.

Quanto a livros de banda desenhada em português do Brasil - os importados, vá - 44,3% revelou que não os costuma ler. Já 34,9% revelou que os lê, mas raramente; e 20,8% dos participantes disse fazê-lo várias vezes.



Hábitos de Leitura de Banda Desenhada


35,9% dos inquiridos revelou que demora, em média, menos de 1 dia a ler um livro de banda desenhada
com, aproximadamente, 100 páginas. 23,9% chegou mesmo a responder que lê um livro de BD desse tamanho no espaço de 1 hora. 21,9% disse demorar entre 1 a 3 dias para ler um livro com essas dimensões.


Quanto ao número de livros de bd lidos semanalmente, a resposta mais dada foi “menos do que um livro” (36,2%) o que talvez possa, igualmente, servir de reflexão para a edição de banda desenhada em Portugal. Quer dizer que, em média, lê-se  menos do que 4 livros por mês e menos do que 50 livros por ano. Naturalmente isso terá uma conclusão a retirar em relação às compras de bd.


Interessante também, foi a revelação de que, de todos os tipos de leitura que os inquiridos fazem, a maior parte das respostas (33,1%) afirmou que cerca de 75% de todas as leituras feitas, são de livros de banda desenhada. O que, diria, revela que quem gosta de banda desenhada, gosta “a sério”, mergulhando de forma intensa no género.







Preferências dos Leitores de Banda Desenhada

A pergunta seguinte era, talvez, a principal “one million dollar question” deste questionário: afinal, qual é a origem de banda desenhada preferida dos leitores portugueses? Confesso que estava bastante curioso com os resultados desta questão. 48,1% dos inquiridos disse preferir a banda desenhada de origem europeia, 26,9% disse preferir a bd de origem asiática e 19,4% disse preferir a bd oriunda da América.



Relativamente ao género de banda desenhada preferido, houve uma clara e grande amplitude de respostas. Os géneros mais votados foram ficção científica (49,2%), aventura (47,6%); fantasia (45,6%); humor (37,9%); comics (super-heróis) (32,8%); ação (29,9%); e drama (26,1%). 

Não deixa de ser curioso que, face a uma tão constante aposta dos editores portugueses em western nos últimos anos, este género tenha ficado entre os cinco géneros menos votados, reunindo apenas 14,9% dos votos dos participantes.



No que à aposta em novos tipos e géneros de banda desenha concerne, 47,5% dos inquiridos revelou que costuma apostar "por vezes" em novos géneros de banda desenhada. 26,9 dos participantes diz fazê-lo “várias vezes”, enquanto que 23,8% admite apenas fazê-lo “raramente”.


Já tínhamos visto acima que a grande maioria dos leitores, após a leitura de um livro de bd, o guarda na sua coleção privada. Talvez por isso, não é surpreendente que 54,1% dos leitores não tenha o hábito de emprestar banda desenhada a amigos/conhecidos e que uma percentagem ainda maior dos inquiridos (65%) tenha respondido que não costuma ler banda desenhada emprestada.

Uma percentagem ainda mais volumosa de participantes (84,1%) disse não ter por hábito requisitar banda desenhada da biblioteca local e 51,6% dos leitores não costuma ler banda desenhada em formato digital (web-comic).


Relativamente à preferência por uma leitura de bd em formato físico ou digital, não restam dúvidas: 89,8% dos inquiridos prefere ler em formato físico; 8,2% não se importa de ler num ou noutro formato; e apenas 1,9% dos inquiridos prefere ler banda desenhada em formato digital.

Na questão referente à banda desenhada a preto e branco ou a cores, 44,5% dos participantes tem tendência para preferir uma bd a cores, enquanto que 19,6% costuma preferir ler banda desenhada a preto e branco. Atente-se no facto de para 35,8% dos inquiridos, ser indiferente a opção por uma banda desenhada a cores ou a preto e branco.

Olhando para as coleções pessoais de banda desenhada dos inquiridos, 18,9% revelou ter mais de 1000 livros, enquanto que 17,6% dos participantes disse ter entre 10 a 50 livros na sua coleção pessoal.

No que toca à compra de merchandising, como prints, estatuetas ou “bonecos” das suas bandas desenhadas preferidas, 58,7% revelou não ter por hábito a compra deste tipo de produtos.

Quanto à polémica questão do Novo Acordo Ortográfico, 57,2% dos inquiridos disse que esta é uma questão que lhes é indiferente. 30,0% disse que prefere que os livros não obedeçam ao Novo Acordo Ortográfico, enquanto que 12,8% disse que valoriza que os livros respeitem o Novo Acordo Ortográfico.






Escolha de compras a fazer

Olhando agora para a forma como os leitores portugueses de banda desenhada costumam fazer as suas escolhas de compras de bd, 49,3% dos inquiridos revelou que, normalmente, já sabe bem o que quer e que não precisa de recolher muitas informações sobre a(s) obra(s) em questão. No entanto, uma percentagem quase igual (48,3%) disse que costuma ler e ver análises (reviews) sobre as obras do seu interesse. 35,4% dos participantes disse que costuma folhear a obra em loja e depois logo decide se a compra ou não. Uma percentagem mais pequena de inquiridos parece atribuir importância aos prémios de banda desenhada (11,6%).





Ainda sobre o tema de recolha de opiniões sobre banda desenhada antes de proceder a uma compra, são poucas as pessoas (8,6%) que nunca o fazem. 22,3% disse que o faz quase sempre; 41,5% disse que o faz por vezes; e 27,6% diz que raramente o faz.





Quanto aos sites, canais, blogs e perfis que falam sobre banda desenhada, 69,6% dos inquiridos referiu utilizar este tipo de lugares para recolha de informação sobre banda desenhada.

Neste ponto, fica claro que há uma grande amplitude de lugares onde os leitores procuram informações relacionadas com banda desenhada. Foram 67 os diferentes canais (sites, blogs, programas, perfis, páginas) nomeados. No entanto, alguns destes canais receberam votações muito marginais e são cerca de 10 os locais amplamente utilizados pelos inquiridos para a procura de informações relacionadas com banda desenhada

O Vinheta 2020 lidera com 27,7% da votação e é seguido por: As Leituras do Pedro (16,4%); Central Comics (12,7%); Bandas Desenhadas (10,2%); Notas Bedéfilas (6,2%); OtakuPT (5,6%); Silveria.Miranda (2,9%); Niji TV (2,3%); PtAnime (2,3%). A última posição do TOP 10 é partilhada, com a mesma percentagem de votos (2,1%) pelas páginas Juvebêdê, Rascunhos e Zombi TV.

Relativamente à utilização de sites e outros meios estrangeiros para recolha de informação, verifica-se uma menor utilização por parte dos inquiridos. 51,1% disse não utilizar estes locais. Dos que utilizam, há ainda uma maior disseminação de sites. O site Goodreads lidera com 5,0% dos inquiridos e é seguido pelos sites Pipoca & Nanquim (3,9%); Comix Zone (2,0%); Amazon e Bedetheque (estes dois últimos com 1,6% das preferências).




Análise às últimas 10 compras dos participantes

A título de curiosidade, e tentando traçar comportamentos típicos tendenciais dos inquiridos, procurou-se apurar tais dados através da obtenção de informação acerca dos últimos 10 livros comprados por cada participante no questionário.



Assim, concluiu-se que dos últimos 10 livros comprados, 
- 64,4% dos inquiridos comprou, pelo menos, um livro de autor nacional; 
- 73,7% dos inquiridos comprou, pelo menos, um livro de origem europeia;
- 58,2% dos inquiridos comprou, pelo menos, um livro de origem americana (comics);
- 50,3% dos inquiridos comprou, pelo menos, um livro de origem asiática; 
- 23,9% dos inquiridos comprou, pelo menos, um livro que não era de origem europeia, norte-americana (comics) ou asiática (mangá);
- 51,1% dos inquiridos comprou, pelo menos, um livro que era de autor ou edição independente;
- 15,4% dos inquiridos comprou, pelo menos, um livro que resultou de uma campanha de crowdfunding.




Olhando para este conjunto de dados, há uma coisa curiosa que salta à vista. Relativamente aos inquiridos que compraram livros de origem asiática (mangás), 11,7% disse que só tinha comprado um único livro deste género mas praticamente a mesma percentagem de inquiridos (11,3%) disse que todos os últimos 10 livros que tinha comprado, eram de origem asiática. O que permite concluir que este estilo de banda desenhada tem uma franja de fãs muito acérrimos que só lêem mesmo mangás.





Expetavelmente, verifica-se também que, dos últimos 10 livros comprados, 19,3% dos inquiridos tenha dito que todos haviam sido lançados nos últimos 2 anos. Mesmo assim, saliente-se o segundo maior grupo de respostas (14,4%) que referiu não ter comprado nenhum livro lançado nos últimos 2 anos em Portugal.




Escolhas e desejos editoriais dos Leitores Portugueses de BD

No final do questionário - e quase como premiando os inquiridos por mais de 60 questões - deixei a possibilidade de os participantes nomearem uma obra de banda desenhada one shot, bem como uma série de bd nunca editada em Portugal. Deixei ainda a possibilidade dos inquiridos referirem uma série de banda desenhada cuja edição em Portugal tenha ficado incompleta e que os leitores gostariam de ver republicada/continuada por cá.

Naturalmente, e possibilitando respostas abertas para os leitores, aqui o objetivo não era, claro está, perceber qual a média das escolhas, mas sim qual a moda dos desejos dos leitores. Por outras palavras, verificar quais são as obras mais desejadas pelos leitores portugueses, com base nas vezes em que as mesmas foram nomeadas.

É um conteúdo tão interessante, que me parece que merecia um artigo só para si. Encontrem-no aqui

8 comentários:

  1. Excelente iniciativa. Muitos Parabéns!... Quanto aos lançamentos de Westerns quando afinal não haverá assim tantos fãs declarados, é sinal que eles podem ser poucos mas fazem-se ouvir... :-D

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    1. Obrigado pelo comentário, caro Derradé. Pois, a questão dos westerns parece-me um excelente case study. :)

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  2. Muitos parabéns! Embora só agora tenha entrado em contacto com este estudo, gostei imenso do trabalho e os resultados ou conclusões do mesmo parecem-me bastante interessantes e promissores. Para Editores responsáveis e credíveis pode muito bem vir a ser um útil e até excelente instrumento de trabalho.

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    1. Caro João, muito obrigado pelas palavras simpáticas. Sim, acredito que há boas conclusões a retirar deste estudo. Um abraço.

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  3. Parabéns! Mais uma vez, quer pela iniciativa, quer pelo trabalho acima exposto. Só se espera é que as editoras tenham acesso a esta informação e ajam em conformidade.

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    1. Obrigado pelo comentário. Sim, da minha parte, vou tentar fazer chegar estes resultados às editoras.

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  4. Muito bem. Espero que essa sugestão de as editoras anunciarem os projectos futuros, ganhe adeptos. Num modo geral acho até que deviam todas apostar mais nas redes para se fazerem ver. É ver o que as editoras brasileira fazem, por exemplo.
    Não sei se funcionaria mas gostava de ver alguma aposta no crowdfunding para lançarem aqueles projectos menos comerciais.

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    1. Caro Pedro, pois, acho que há aqui bastante informação pertinente com que as editoras poderão trabalhar no futuro. Quanto à presença nas redes sociais, concordo com o que diz mas também é verdade que sinto que as editoras portuguesas têm vindo a trabalhar melhor estes meios de comunicação.

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