sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Análise: The Electric State


The Electric State, de Simon Stålenhag

A ASA lançou recentemente o livro The Electric State, da autoria de Simon Stålenhag, que é uma proposta verdadeiramente diferenciada face àquilo que é normalmente lançado pela editora portuguesa. E, já agora, também é diferente de tudo aquilo que é lançado por cá pelas outras editoras de banda desenhada.

Desde já, e convém não esquecer isso, esta não é uma obra de banda desenhada. Isso deve ficar claro. A proposta artística de Simon Stålenhag tem imagem e texto, sim, mas não estamos perante uma obra de arte sequencial. É, pois, um livro ilustrado. E mesmo dentro desse universo dos livros ilustrados – que normalmente obedecem a um conjunto próprio de cânones – este The Electric State assume-se como bastante diferente. E que bom isso é! Haja espaço para a diferença e para a originalidade.

E sim, é bem provável que nunca tenham lido um livro como este. A menos, claro, que já estejam familiarizados com outras obras de Stålenhag.

Aquilo que o autor sueco nos oferece é, pois, deveras singular, com uma linguagem muito própria, que facilmente é identificável. Visualmente, cada ilustração, feita através de pintura com um aspeto hiper-realista, é simplesmente deslumbrante e assustadoramente verossímil, o que faz com que pareça mais que estamos a ver um álbum de um fotógrafo qualquer, do que o álbum de um ilustrador. Cada imagem ocupa uma ou duas páginas do livro e como a obra se apresenta em formato horizontal, a experiência cinematográfica que dela emana é muito premente.

Em termos de texto, são-nos dadas várias páginas de texto corrido em prosa, como se estivéssemos diante de um habitual romance. Quase sempre estas páginas de texto são acompanhadas ou seguidas por uma ilustração que nem sempre retrata aquilo que o texto nos relata. Por vezes, embora raramente e mais para o final da obra, há um conjunto de ilustrações que se seguem umas às outras, sem qualquer relato textual. Esta será, pois, a parte onde podemos vislumbrar uma sequência mais direta entre imagens, esse apanágio básico da banda desenhada.

Quanto à história, a mesma passa-se em 1997 e faz-nos seguir a viagem de carro de uma adolescente fugitiva que se faz acompanhar por um robô de brinquedo. A viagem leva-os em direção ao oeste dos Estados Unidos da América. Aparentemente, esta jovem tem um objetivo muito claro com esta viagem que vamos percebendo à medida que avançamos na leitura do livro. 

Mas o mundo parece ter parado. Quase não há pessoas e, à boa maneira de um Walking Dead, os carros foram abandonados bruscamente em plenas autoestradas. Porém, este não é, de todo, um mundo onde existam zombies - a menos que, metaforicamente, consideremos que zombies são todos aqueles que estão totalmente dependentes da tecnologia e que se “esqueceram” de viver por si mesmos, de forma humana.

Divagações interpretativas à parte, o que existe neste mundo é um verdadeiro cemitério de máquinas de proporções colossais. À medida que a viagem da protagonista vai avançando, esta vai passando por numerosas paisagens rurais onde marcam presença enormes máquinas que estão, quase todas, abandonadas e em ruína. Fica a ideia que este é um tempo que sucede a um enorme desenvolvimento e expansão tecnológica, mas que, por algum motivo, não correu bem, tal não é o cenário de desolação com que os protagonistas desta viagem se vão encontrando.

O autor explora uma fusão de ficção científica com tecnologia verdadeiramente avançada que não conhecemos no nosso mundo – pelo menos da forma em que ela nos é apresentada pelo autor – que habitam o cenário pós-apocalíptico da história. Por outro lado, como o relato se passa num tempo que já passou – os anos 90 – surge-nos como uma realidade alternativa distópica. Com efeito, como os veículos são relativamente antigos e os cenários bastante rurais, gera-se uma interessante e impactante dicotomia visual em que temos o futurista e o antigo a caminhar de braço dado.

A história acompanha a viagem da rapariga enquanto nos faz mergulhar ao seu passado e à relação que esta tinha com a sua família adotiva. Fica claro que Simon Stålenhag nos mostra os perigos de uma sociedade em que todos vivem mergulhados na tecnologia, vivendo mais tempo no mundo digital e virtual do que, propriamente, no mundo analógico e real. A crítica não é particularmente direta, mas torna-se bastante implícita à medida que vamos avançando na leitura. Há bastante espaço para interpretação do leitor, pois o autor apenas nos permite um mergulho superficial neste intrigante mundo por si traçado. Como se fôssemos convidados a adivinhar o que terá acontecido para que o mundo ficasse assim.



Quanto à edição da ASA, estamos perante um belo trabalho. O livro é imponente, apresentando capa dura, com uma agradável textura, bom papel brilhante no miolo e excelente trabalho ao nível da impressão e da encadernação. Parece um verdadeiro coffee table book. Aplaudo a aposta da ASA em lançar este The Electric State, por ser algo fora do que estamos habituados a ver a editora lançar e, também, por antecipar com bom sentido de oportunidade a adaptação para cinema da obra que é esperado que chegue à Netflix no próximo ano.



Em suma, não sendo um livro de banda desenhada, The Electric State é uma obra visualmente deslumbrante, que nos permite uma experiência única enquanto mergulhamos neste mundo pós-apocalíptico - onde máquinas gigantes, robots, drones e instalações científicas convivem em paisagens remotas e rurais – e que nos faz parar para pensar nas implicações de uma tecnologia, cuja progressão não parece estar perto de alcançar um fim, nas relações humanas. Estaremos a perder o controlo da nossa própria criação? É a questão que fica a pairar no ar.


NOTA FINAL (1/10):
8.8



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Ficha técnica
The Electric State
Autor: Simon Stålenhag
Editora: ASA
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 245 x 270 mm
Lançamento: Novembro de 2023

ASA lança livro sobre uma das personagens de Tintin!



Já chegou às livrarias a nova aposta da ASA que se centra no Professor Girassol, essa tão célebre personagem do universo de Tintin, criado por Hergé!

Este não é um livro de banda desenhada, mas sim um livro com algumas curiosidades sobre a personagem que nos permite melhor compreendê-la. E com bastante humor à mistura.

Um presente ideal para os fãs de Tintin, dira.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra.



Dicionário Ilustrado do Professor Girassol, de Albert Algoud

Depois de publicado pela ASA em 2021 o Dicionário Ilustrado de Insultos do Capitão Haddock, acaba de chegar às livrariarias o Dicionário Ilustrado do Professor Girassol, de Albert Algoud.

Embora o Professor Girassol seja tão famoso, forçoso é admitir que o seu génio permanece desconhecido. Grandioso cientista, sem qualquer razoabilidade mantém-se ausente dos dicionários, das enciclopédias e, pior ainda, a História da Ciência ignora-o olimpicamente. Este é um livro do seu legado e serve como dicionário a todas as suas invenções e deliberações que aparecem em todo o universo dos livros do Tintin.

Albert Algoud nasceu em 1950. Ex-professor de Francês, ex-membro do grupo de intervenção cultural "Jalons", ex-colaborador das revistas L'Echo des Savannes e “Hara-Kiri”, foi escritor de inúmeras bandas desenhadas, “tintinolatra”, “tartarinófilo” (possui o maior acervo do mundo de cópias de Tartarin de Tarascon), partidário convicto de Léon Bloy e adepto obstinado de Proust. Publicou na Biblioteca Moulinsart, Tintinolâtrie, considerada por unanimidade pela imprensa como uma das obras mais originais e interessantes dedicadas a Hergé e às suas personagens. É também o autor do Dicionário Ilustrado de Insultos do Capitão Haddock.

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Ficha técnica
Dicionário Ilustrado do Professor Girassol
Autor: Albert Algoud
Editora: ASA
Páginas: 104, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 150 x 231 mm
PVP: 16,90€

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Análise: Bouncer #12 - Hecatombe

Bouncer #12 - Hecatombe, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq - Arte de Autor

Bouncer #12 - Hecatombe, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq - Arte de Autor
Bouncer #12 - Hecatombe, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq

Em sentido contrário a diversos heróis do faroeste que a banda desenhada nos deu, com as séries de Blueberry ou Tex a serem as que mais me veem à memória neste ponto, Bouncer sempre primou por tentar ser, com sucesso, o oposto a esse western limpinho, onde os bons são sempre muito perfeitos e onde vence sempre o bem. Não tenho nada contra esse tipo de história mais clássica, atenção, mas a verdade é que a exigência de uma história mais adulta, com vários níveis de interpretação e onde a ação é mais crua e menos "hollywoodesca", vai muito mais ao encontro do que, pelo menos na atualidade, procuro numa história. E não falo apenas de histórias do faroeste. Falo de qualquer tipo de história.

Bouncer mostra-nos o lado mais negro, mais sujo, mais velhaco, mais ingrato, mais chocante do antigo faroeste. E mesmo sendo verdade que o protagonista da série, Bouncer, se reja por um quadro de princípios éticos que até podemos considerar – pelo menos grande parte – como corretos à luz da justiça e da retidão, tudo o que acontece em Barro City, a cidade onde se desenrola a ação, põe em causa qualquer tipo de moralidade e bem que poderíamos esperar. Bouncer não nos dá uma visão positiva das coisas, opta por nos dar uma verdade gutural e amarga. E, por tudo isso, quer-me parecer, talvez seja mais verossímil do que a maioria de todos os outros westerns – e não são tão poucos assim – que há em banda desenhada.

Bouncer #12 - Hecatombe, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq - Arte de Autor
Este Bouncer, que a Arte de Autor publicou por cá há algumas semanas, já é o 12º volume tomo da série e assinala o regresso de Jodorowsky à escrita do argumento. Com muita satisfação vos digo que há muitos anos que não lia um argumento do autor franco-chileno que considerasse tão bem equilibrado e que me enchesse tanto as medidas. Este é, afinal de contas, pelo menos para os meus gostos, um autor algo "bipolar", pois consegue o melhor e o pior. Como tal, sempre que me aproximo de um livro do autor, engulo em seco, desejando o melhor, mas preparando-me para o pior. Aquela tendência que o autor foi sedimentando de colocar as suas personagens em situações extremas, mais para chocar o leitor do que em prol de uma boa construção narrativa, aliada à vertente metafísica das suas histórias, que sempre me pareceu algo gratuita e vaga em demasia, deixa-me por vezes desapontando.

No entanto, e é por isso que toco no assunto, em Hecatombe, Jodorowsky aparenta estar no pleno das suas capacidades. Esta é uma história verdadeiramente down to earth, sem que haja espaço para desvarios narrativos. Bem, em boa verdade, bem próximo do final da história, Jodorowsky parece não ter resistido a uma certa divagação metafísica que, quanto a mim, até acaba por ser o lado menos bom deste livro. Mas, tirando esse pequeno (grande) detalhe, que não aprofundarei para não estragar a surpresa a ninguém, Jodorowsky revela-se bastante contido, com uma trama bem montada, terra-a-terra, que vai crescendo em interesse e impacto para o leitor.

Bouncer #12 - Hecatombe, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq - Arte de Autor
Aprofundando a história de Hecatombe, a mesma segue a linha narrativa dos tomos anteriores, intitulados O Ouro Maldito e O Espinhaço de Dragão – embora não seja obrigatório que tenhamos lido esses tomos para bem compreender este 12º volume – em que Bouncer se viu a braços com um enorme tesouro em lingotes de ouro. Com efeito, Bouncer e a sua trupe depositaram o ouro de origem mexicana no banco de Barro City. Mas, expetavelmente, todo aquele tesouro, embora guardado por um forte e moderno cofre, desperta a cobiça alheia. E não é, portanto, de admirar que comecem a chegar à cidade muitas pessoas – algumas da pior espécie – com intenções algo dúbias, embora ocultas.

Um dia, o ouro desaparece do cofre sem deixar qualquer rastro, sem que se oiça um único tiro e sem que tenha havido, sequer, arrombamento do cofre. Como terá isto acontecido? Jodorowsky brinca muito bem com o leitor, sugerindo-lhe um caminho de interpretação para, logo a seguir, mostrar-lhe que as coisas não são o que parecem.

E como resultado do roubo do dinheiro, a cidade torna-se ainda mais violenta, com a multidão à procura de um bode expiatório para tão enigmático roubo.

Apetecia-me falar das interessantíssimas e bem desenvolvidas personagens que entram neste Hecatombe, mas opto por não o fazer, para não desvendar mais do que pretendo em relação à história. Posso, no entanto, dizer que são personagens cheias de carisma e que sabem ser más e astutas, elevando o enredo em termos de qualidade. E, claro, há um grande número de momentos trágicos, com várias baixas importantes. O que seria de prever se pensarmos em como hostil e violenta esta história consegue ser. Uma autêntica “hecatombe”, portanto.

Bouncer #12 - Hecatombe, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq - Arte de Autor
Falando das ilustrações, acho que, se tenho que dar mérito à crueza com que Jodorowsky arquiteta esta história, também tenho que prestar louvores à forma como François Boucq dá vida, forma e cor a este faroeste sujo, agreste, inóspito e tantas vezes desumano. É algo que já vimos nos tomos anteriores, sim, e talvez por esse motivo, não surpreende particularmente (nem desilude) os que já conhecerem a série. Ainda assim, diga-se que o início da história, marcado pela chuva torrencial que jorra nas ruas de Barro City, é verdadeiramente genial. O autor consegue transportar-nos para aquele ambiente vívido e carregado de lama. Sem prados belos ou montanhas floridas porque o "verdadeiro faroeste" era assim mesmo: vazio, badalhoco e cheio de pó e lama.

E, claro, o desenho das personagens – algumas delas com uma fealdade que encaixa perfeitamente na personalidade das mesmas – é verdadeiramente soberbo. E também a nível de cores este é um belo álbum, com as mesmas a darem a cada uma das cenas o ambiente cromático que era necessário.

Quanto à edição da Arte de Autor, estamos perante mais um bom trabalho de edição, sem algo de negativo a apontar. O livro apresenta capa dura brilhante, bom papel brilhante e uma boa impressão e encadernação. Nota positiva para o facto deste volume ter sido lançado em simultâneo com a edição francesa. É sempre bom quando estamos alinhados com a atualidade de lançamentos em mercados estrangeiros.

Em suma, este Bouncer #12 é o regresso em grande de um dos melhores westerns em banda desenhada! Sendo a série que é, já estava à espera de algo bom, mas não esperava que fosse tão bom! História e ilustrações caminham de mãos dadas para nos dar um dos mais maduros e bem concebidos tomos de toda a série. E, por conseguinte, de todos os westerns em BD, uma vez que coloco esta série bem lá em cima, entre as melhores das melhores bandas desenhadas com o tema do faroeste como pano de fundo. Numa palavra: fantástico!


NOTA FINAL (1/10):
9.6



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Bouncer #12 - Hecatombe, de Alejandro Jodorowsky e François Boucq - Arte de Autor

Ficha técnica
Bouncer #12 - Hecatombe
Autor: Alejandro Jodorowsky e François Boucq
Editora: Arte de Autor
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 23,2 x 31 cm
Lançamento: Novembro de 2023

Levoir vai lançar novo livro de Torpedo!


A Levoir anunciou nas redes sociais que vai lançar o mais recente livro da série Torpedo! Este é o segundo volume da série que reúne o seu autor original, Enrique Sánchez Abulí, ao argentino Eduardo Risso.

Recordo que o primeiro volume desta parceria entre ambos os autores, foi inserido na coleção integral que a Levoir lançou há alguns anos que, naturalmente, também reunia todos os volumes desenhados por Jordi Bernet, o ilustrador original de Torpedo.

É uma boa notícia para todos os fãs da série - nos quais eu me incluo.

A editora fez saber que este novo livro, que na sua língua original se intitula Torpedo 1972 - Con Lo Que Eso Duele!, sairá no primeiro quadrimestre de 2024. O que, na prática, deverá querer dizer que este livro sairá no próximo mês de Abril.

Aproveito para dizer que gostaria que a editora tivesse o aprumo de conseguir inserir a imagem da capa e contracapa deste novo livro dentro daquilo que já fez para a coleção integral que lançou. Ou seja, era bom que a lombada deste novo livro pudesse encaixar na lombada formada pelos 6 livros anteriores. Não é algo que seja difícil de fazer.

Mas aguardemos pelo lançamento do livro. Por agora, deixo-vos com a sinopse e com algumas imagens da edição original da obra:

Torpedo 1972 - Con Lo Que Eso Duele!, de Enrique Sánchez Abulí e Eduardo Risso

Luca Torelli recebe uma missão do seu velho amigo Lou: liquidar o polícia Joe Carter, que está a pôr em perigo a loja que dirige.
Torpedo decide aceitar a suculenta oferta e, juntamente com Rascal, embarca na arriscada missão. 

Este novo livro continua a nova fase da mítica personagem criada por Enrique Sánchez Abulí, que nesta ocasião repete a sua colaboração com o cartoonista Eduardo Risso.
















quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Análise: Os Mares do Sul

Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí - Levoir

Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí - Levoir
Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí

Já vem sendo hábito que a Levoir seja a editora que, em Portugal, edita os álbuns do autor espanhol Bartolomé Seguí. Na verdade, este Os Mares do Sul, que hoje vos trago, já é o quinto álbum do autor editado em Portugal. Sempre nas coleções de novelas gráficas da Levoir. As Serpentes Cegas tiveram argumento de Felipe Cava Hernandez, enquanto que o fabuloso Histórias do Bairro teve argumento de Gabi Beltrán. Mas pensando nas adaptações dos romances policiais do célebre autor espanhol Manuel Vázquez Montalbán, que têm como protagonista o anti-herói detetive Pepe Carvalho, este já é o terceiro álbum de Bartolomé Seguí que, neste périplo, tem tido a companhia do autor Hernán Migoya no argumento, ao nível da adaptação para banda desenhada. Primeiro foram os livros Tatuagem e A Solidão do Executivo, e agora temos o mais recente álbum, intitulado, Os Mares do Sul que é, aliás, a história de Montalbán mais célebre dedicada a Pepe Carvalho.

Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí - Levoir
Escrevendo de forma simples e direta: para os leitores que já gostaram dos anteriores livros desta dupla, certamente, ficarão agradados com este Os Mares do Sul. Por ventura, até é capaz de ser o melhor dos três livros. Continuam presentes as mesmas coisas boas e a coisa menos positiva que, para mim, é a densidade e complexidade da história que, quanto a mim, carece de alguma simplificação para ser melhor absorvida. Mas já lá irei.

A história passa-se em Barcelona, no ano de 1979, por altura das eleições municipais da cidade. Após a descoberta do cadáver esfaqueado de Carlos Stuat Pedrell, um homem de negócios importante que tinha desaparecido misteriosamente, Pepe Carvalho, o protagonista, é chamado pela viúva de Pedrell para investigar o caso. Stuart Pedrell era um homem difícil de ler para aqueles que o rodeavam. Sendo imensamente rico e influente em termos locais, nutria uma paixão pelo trabalho do pintor Gaugin e sonhava viajar para a Polinésia e para os seus “mares do sul”. E então, sem grande aviso, Pedrell desaparece, deixando todos a achar que este havia começado essa longa viagem pelos mares do sul. Mas, passado um ano, quando o seu cadáver é encontrado, as perguntas sucedem em catadupa. Talvez a viagem de Pedrell não tenha sido exatamente aquilo que parecia.

Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí - Levoir
O que é mais interessante neste livro é que além de toda a trama que envolve este caso misterioso e da investigação adjacente ao mesmo, é-nos permitido um olhar à sociedade de então, do final dos anos 70, e às alterações que iam acontecendo, não só na cidade de Barcelona, como em toda a Espanha. A vinda de muitas pessoas para Barcelona em busca de uma vida melhor, enquanto trabalhavam na indústria que florescia na cidade, levou à criação de bairros-dormitório que, por sua vez, funcionavam como uma micro-cidade dentro de uma grande cidade. E isto, claro está, também foi causa-efeito para que surgissem muitos poderosos homens de negócios ligados à construção. Como Carlos Stuat Pedrell, em que se centra a investigação de Pepe Carvalho.

Onde a adaptação apresenta alguns problemas – como já apresentou em Tatuagem ou em A Solidão do Executivo é na densidade da trama que, por vezes, torna a leitura escusadamente complexa. Não tenho nada contra a complexidade de uma trama em banda desenhada. Normalmente, até é algo bem-vindo. Mas, lá está, essa complexidade só funciona como um plus, como algo que melhora a experiência de leitura, quando é doseada e bem explanada em termos narrativos. Porque, se formos desfolhando cada uma das camadas acessórias da história de Os Mares do Sul, a trama até não é assim tão complexa. Até é simples. E, das duas uma: ou a banda desenhada precisava de mais páginas para que essa complexidade do enredo fosse mais bem conseguida ou a história precisava de ter menos texto, de forma a não ficar tão enfiada à força na obra. É, pois, natural que se sinta um sobrepovoamento das pranchas de Seguí com demasiado texto. Não é que a obra perca o interesse e, seguramente, não é por isso que não aconselho a leitura deste belo livro. Mas é especialmente por este motivo que, quanto a mim, a própria obra não se permite a si mesma voos mais altos.

Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí - Levoir
Quanto ao trabalho de Seguí, volta a ser muito bem conseguido. A atmosfera captada pelo ilustrador da cidade de Barcelona é verdadeiramente brilhante. Ao invés de uma opção pelos ícones arquitetónicos mais célebres da cidade, da autoria de Gaudí, o autor parece dar mais atenção às ruas sujas e sombrias da cidade, bem como às artérias mais movimentadas pelas multidões urbanas. Porque, sim, o enfoque é sempre nas pessoas. E, por essa mesma razão, há muitas cenas que são passadas de portas para dentro, seja em ambientes da alta sociedade, seja em locais pobres e degradados. 

Os desenhos do autor apresentam também um ambiente que nos remete automaticamente para os anos 70/80. De facto, se não soubéssemos a data de lançamento desta banda desenhada, quase que poderíamos apostar que a mesma tinha sido criada há 40 ou 50 anos, tal não é realista a forma como Seguí ilustra e dá cor aos desenhos. Com efeito, para isso também contribuem as belas cores que encaixam muito bem nos desenhos muito característicos de Bartolomé Seguí.

Recuperando as minhas próprias palavras na análise que aqui fiz ao livro A Solidão do Executivo, “há uma continuidade no desenho e no estilo, que é mantida nesta nova aventura da personagem Pepe Carvalho. (…) O trabalho de cores é, possivelmente, a arma secreta de Seguí que lhe permite ter uma aura tão histórica nos desenhos que nos apresenta nesta história. O resultado é fantástico! E mesmo sendo verdade que o traço do autor é fino, há também uma presença de carvão a sombrear as ilustrações, que dá o tal toque original ao trabalho de Seguí, que o distingue dos restantes autores. Em termos de desenho, apresenta uma vertente semi-realista que funciona muito bem. A planificação das páginas é interessante, apresentado uma boa variedade e dinâmica, e os “planos de câmara” também são bem conseguidos por parte de Seguí. Diria que, em termos gráficos, é uma obra cheia de qualidade. Pode-se gostar ou não do estilo de ilustração do autor. Mas acho que é facilmente aceitável por todos que, em termos de ilustração, este é um álbum muito interessante.

Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí - Levoir
Quanto à edição, e à boa maneira da coleção de Novelas Gráficas da editora Levoir, o livro apresenta capa dura baça, com bom papel baço no miolo. A impressão tem os tons um pouco escuros em demasia, tenho que referir, mas a encadernação é bem executada. O prefácio é da autoria de João Ramalho-Santos.

Ainda sobre a edição, devo dizer que li alguns comentários bastante negativos a propósito da editora ter reduzido o formato original da obra. Fui então investigar e verifiquei que, sim, a Levoir reduziu o formato da obra. Meio centímetro na largura e 1,5 cms na altura. Meus caros, parece-me que as reações tão arreliadas com a edição da Levoir foram exageradas. Mesmo admitindo que em termos de mancha de impressão, o livro até acabe por ficar mais reduzido do que o 1,5 cm, não me parece que seja motivo para tantas "birras". Sou o primeiro a afirmar que prefiro sempre que as edições portuguesas tenham a mesma dimensão (ou maior, se possível) das edições originais. Mas, caramba, se estamos a falar de um livro que sai com um preço de amigo (cerca de 25% mais barato do que a edição da Norma Editorial) acho que também podemos dar lugar a algum tipo de cedências, não? A mim, aborrecem-me mais erros de tradução, de revisão e de legendagem. Coisa que neste Os Mares do Sul, se existe, não me saltou à vista.

Concluindo, Os Mares do Sul mantém a continuidade em termos qualitativos que a dupla formada por Migoya e Seguí já nos tinha dado nas anteriores adaptações para banda desenhada que fez da obra de Manuel Vázquez Montalbán. Trata-se, acima de tudo, de um romance policial protagonizado por Pepe Carvalho, uma personagem carismática, dura e perspicaz, bem à semelhança de Nestor Burma, de Leo Malet. Não sendo isento de fraquezas, é uma bela aposta da Levoir que se recomenda!


NOTA FINAL (1/10):
8.5



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Os Mares do Sul, de Hernán Migoya e Bartolomé Seguí - Levoir

Ficha técnica
Os Mares do Sul
Autores: Hernán Migoya e Bartolomé Seguí
Editora: Levoir
Páginas: 88, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 215 x 280 mm
Lançamento: Setembro de 2023

Análise aos 7 livros publicados ao abrigo do programa BD PALOP

Análise aos 7 livros publicados ao abrigo do programa BD PALOP - A Seita

BD Palop
Se, no que à banda desenhada diz respeito, houve coisas que marcaram positivamente o ano de 2023, não tenho dúvidas de que a iniciativa BD Palop foi uma delas! E acredito e espero que, no futuro, este belo projeto d' A Seita e dos seus parceiros africanos continue a ter uma repercussão positiva ao serviço da banda desenhada dos países envolvidos.

Ajudando e financiando a criação de banda desenhada de autores angolanos, caboverdianos e moçambicanos, este foi, aliás, o primeiro concurso de banda desenhada dos PALOP que procurou aproximar e unir Portugal aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa através da banda desenhada e, só por isso, já merecia todo o tipo de louvores da minha parte.

Além de que, tão ou mais importante do que isso, depois de ler os sete livros que esta iniciativa ajudou a fazer nascer nesta primeira edição do programa, estou confiante que o primeiro passo deste projeto - que, espera-se, dure pelo menos mais duas edições - dê origem a passos ainda melhores nas duas próximas edições.

Sendo um projeto multilateral, é importante dizer que, se do lado português temos A Seita a capitanear este navio, a editora portuguesa não está, porém, sozinha. Do lado de Angola, Cabo Verde e Moçambique temos, respetivamente, os parceiros Bomcomix Estúdios, Jovemtudo e Anima a promover a iniciativa.

Para que possam conhecer melhor os sete livros lançados, falo-vos portanto, mais abaixo, um pouco sobre eles.

Novo volume d' O Assassino com o jornal Público!


Já está disponível em banca o novo volume da série de Matz e Luc Jacamon, O Assassino, que a ASA tem estado a lançar com o jornal Público!

Trata-se do quinto volume duplo da série que reúne os tomos 9 e 10 intitulados, respetivamente, Concorrência Desleal e A Mão na Massa. No total, a coleção da ASA divide-se em 7 volumes.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse de cada um dos tomos, bem como algumas imagens promocionais.


O Assassino #9 e #10 - Concorrência Desleal| A Mão na Massa, de Matz e Luc Kacamon
9. Concorrência Desleal

Após as suas aventuras na Venezuela, o Assassino retira-se para o México, onde reencontra o seu antigo cúmplice, Mariano, o homem dos cartéis colombianos. 

No entanto, mantém-se o contacto com os cubanos, por intermédio da sedutora Katia. Estes, sempre ansiosos por explorar os seus recursos petrolíferos recém-descobertos, irão recorrer ao Assassino, para influenciar as decisões dos Estados Unidos e dos seus aliados no grande jogo geopolítico mundial em torno do «ouro negro». 

Um contrato para assassinar três pessoas no Texas. Mas esta é apenas a faceta visível do confronto silencioso que se iniciou. Nos bastidores, surgem outros rumos, tão perigosos quanto surpreendentes. E muito, muito estreitamente relacionados com o Assassino.

10. A mão na Massa

O seguimento da intriga lançada no volume 9, que retoma, de modo muito inesperado, as aventuras do Assassino. Lado a lado com os seus dois comparsas, Mariano e Haywood, e contra todas as expectativas, iniciou uma reconversão radical: tornar-se, na sombra, um dos patrões de uma empresa petrolífera, a Petroleo Futuro Internacional, encarregue pelo Estado cubano de valorizar as jazidas recém-descobertas nas águas territoriais da ilha. 

Um testa-de-ferro mexicano, Aureliano Guzman, foi contratado para servir de fachada «apresentável» à empresa. Tudo deveria correr pelo melhor, mas mantêm-se alguns pormenores… incómodos. Primeiro, Mariano, que fala em dedicar-se à política. Depois, a segurança das plataformas de extracção, ameaçadas pelos exilados cubanos na Florida, encorajados discretamente pelas autoridades americanas. 

É preciso que alguém vá a Miami, fazer uma «limpeza». Obviamente, um trabalho para o Assassino…


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Ficha técnica
O Assassino #9 e #10 - Concorrência Desleal| A Mão na Massa
Autores: Matz e Luc Jacamon
Editora: ASA
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa mole
PVP: 12,90€

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Especial Antologias de BD - 5 títulos que li recentemente


Por motivos de formação académica, as antologias de banda desenhada remetem-me sempre para as Noites da Publicidade, uns eventos que, há uns anos pululavam por Lisboa, onde eram transmitidas, durante toda a noite, maratonas de publicidade. O que era interessante nestes eventos é que os presentes iam sendo brindados com um sem-número de spots publicitários. Uns eram brilhantes, outros eram medíocres, outros seguiam uma escola, outros seguiam outro género. Mas o que era mais interessante, diria, era esse guisado, esse misto de tantas e diversas formas de produzir um spot publicitário.

E isto também é claramente sentido nos festivais de cinema. E se estivermos a falar de festivais de curtas metragens, talvez o paralelismo com as antologias de banda desenhada ainda seja mais imediato. É que, tal como nesses festivais de curtas-metragens - em que vamos sendo presenteados com pequenas histórias que se sucedem umas às outras, apresentando diversos estilos e formas - também nas antologias de banda desenhada o pressuposto é mesmo esse: são-nos dados pequenos ensaios, pequenas tentativas, pequenos exercícios, dos mais variados estilos e géneros, para banda desenhada. Algumas histórias têm autores consagrados, outras têm autores desconhecidos. Umas apresentam um produto final que, ao nível do objeto-físico e da qualidade gráfico-narrativa, é absolutamente profissional, enquanto outras há que se revelam amadoras nesses mesmos parametros. Tudo é válido e bem.vindo, diria!

Bem, mas serve toda esta introdução para vos falar, de forma conjunta e compacta, de cinco antologias que li nos últimos dias e que merecem, quanto a mim, uma breve menção e análise aqui no Vinheta 2020.

Ora vejam:

Noir Burlesco 2 chega antes do natal!


Que ótimo presente de Natal! É durante esta semana que o segundo volume do díptico Noir Burlesco, de Marini, chega às livrarias pelas mãos das editoras A Seita e Arte de Autor

Por ora, o livro também já pode ser encomendado, a preço especial, através dos seguintes sites: A Seita e Arte de Autor.

Nota positiva para o facto da edição incluir 4 postais (em número limitado) para quem encomendar diretamente o livro às editoras. 

Sou um confesso admirador do traço de Marini e fiquei muito agradado com a leitura do primeiro volume deste díptico, cuja análise pode ser lida aqui.

Portanto, é óbvio que estou desejoso de ler este segundo volume da obra!
Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da obra e respetivas imagens promocionais.


Noir Burlesco #2, de Enrico Marini

Para Slick as coisas não melhoram. Num mundo ideal, teria fugido com a mulher da sua vida, a bela mas imprevisível Caprice... mas ela está presa ao temível Rex por um segredo que a poderia arruinar. 

E desta vez, Slick terá de se haver com a máfia italiana. Sob ameaça de Rex, terá de roubar uma obra de arte, um quadro que retrata a mãe de Don Zizzi, o chefe da máfia, e que foi pintado pelo próprio Picasso! E para um mafioso que se preze, só uma mulher conta, a própria mãe.
E roubarem aquilo que lhe é mais estimável não é uma boa ideia, acabando por conduzir os acontecimentos a uma espiral de violência por entre mulheres fatais, assassinos desequilibrados, tiroteios sangrentos e ajustes de contas. Com muito chumbo!

Final de uma homenagem excepcional de Marini aos filmes noir americanos dos anos 1950, com a acção a desenrolar-se a um ritmo estonteante e sempre em crescendo até a um desenlace final que não deixa indiferente o leitor, este segundo volume representa o fechar do primeiro romance gráfico propriamente dito do autor. Marini consegue reunir todos os estereótipos do género, criminosos, mulheres fatais, belas viaturas, através de um grafismo que cativa pela beleza do traço, a riqueza das cores e a sublime reconstituição de época. 

Uma obra-prima!

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Ficha técnica
Noir Burlesco #2
Autor: Enrico Marini
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 136, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 21,5 x 28,5 cm
PVP: 29,50€

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

20 Livros de BD Portuguesa para oferecer no Natal 2023!


Ainda em tempo de compras de natal, trago-vos hoje um artigo que procura centrar-se em boas compras em termos de banda desenhada nacional. Ou banda desenhada feita por autores portugueses, vá. Isto porque - e expetavelmente - duas das propostas que vos trago não foram inicialmente feitas pelo (ou para) o mercado nacional, mas foram concebidas por autores portugueses. Portanto, e nomenclaturas à parte, também resultam da criação nacional. 

Há ainda dois livros nesta lista que são reedições e que, portanto, não trazem propriamente material novo. Mas são, ainda assim, belas obras da BD nacional que, desde este ano, voltaram a estar disponíveis para o público e que, portanto, constituem ótimos presentes de natal.

Seja para oferecermos aos que nos rodeiam, seja para os comprarmos para nós mesmos!

Relembro que, na semana passada, preparei o meu habitual Guia de Compras de Natal onde sugeri 3 livros por editora. Convido-vos a visitarem esse artigo também.

Mas, por agora, eis 20 bandas desenhadas feitas pelo talento nacional, que foram lançadas este ano, e que dão ótimos presentes de natal:

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Levoir anuncia duas BDs para 2024!


A Levoir anunciou recentemente duas das obras que tem em calha para lançar no próximo ano!

A primeira, Uma Mulher, Um Voto, das autoras espanholas Alicia Palmer e Montse Mazorriaga, já aqui tinha sido avançada, em primeira mão, no especial sobre as novidades da Levoir para o próximo ano que fiz, e versa sobre a luta das mulheres espanholas pelo direito ao voto.

De resto, há algo interessante que importa sublinhar na edição portuguesa da obra: a mesma contará com um capítulo adicional dedicado às mulheres portuguesas que lutaram pelo direito ao voto. O argumento desse capítulo é de Pedro Vieira de Moura e as ilustrações são de Matilde Feitor. Diria que acho bastante pertinente que a Levoir tente melhorar as suas obras aproximando-as da realidade portuguesa e, deste modo, assegurando que as mesmas são únicas em todo o mundo.

Uma Mulher, Um Voto, de Alicia Palmer e Montse Mazorriaga


A segunda novidade anunciada recentemente pela Levoir - que não foi referida na entrevista já por mim relembrada - é História de Jerusalém, de Vincent Lemire e Christophe Gaultier. 

Este livro, que deverá ser lançado entre Janeiro e Fevereiro, apresenta-nos uma abordagem sobre a história de Jerusalém e de como esta terra abençoada(?) foi o berço do cristianismo, judaísmo e do islão. É um tipo de "BD educativa" que não é muito frequente vermos a Levoir a lançar. Mas que deixa curiosidade, claro.

História de Jerusalém, de Vincent Lemire e Christophe Gaultier


Relógio D'Água anuncia 3 novas BDs para 2024!


Não vos trago uma entrevista com a Relógio D'Água, pois são poucos os livros de banda desenhada que a editora tem, por agora, para anunciar para 2024.

Mesmo assim, já vos posso dar a conhecer as tês bandas desenhadas que a editora me confirmou que lançará em 2024. Logo no primeiro trimestre. Portanto, é possível (e expetável) que, entretanto, surjam ao longo do próximo ano mais BDs pelas mãos da editora. Mas, por ora, são estas as confirmações.

Sendo, para muitos leitores, imagino, poucas obras, são bastante interessantes, pelo menos quanto a mim.

Gostei particularmente do trabalho de Fred Fordham em Mataram a Cotovia (também publicado pela Relógio D'Água) e estou especialmente interessado em conhecer a obra de Kate Beaton que tem sido tão aclamada. 

Quanto a Duna, é um clássico da ficção científica. Não está entre as minhas preferências pessoais, mas acredito que interesse a muita gente, tendo em conta que é uma obra de culto.

Portanto, as obras em causa, são:


Patos
de Kate Beaton
(Vencedor Eisner Award, Best Graphic Memoir)




Duna II
de Brian Herbert, Kevin J. Anderson, Raúl Allén e Patricia Martín



Admirável Mundo Novo
 de Fred Fordham

À Conversa Com: Gradiva - Novidades para 2024!


Para finalizar este périplo em que falei com as principais editoras de banda desenhada em Portugal, termino com uma entrevista à Gradiva para vos dar nota das novidades ao nível da BD que a editora prepara para 2024.

À semelhança do que aconteceu com a editora A Seita, também aqui foram vários os pedidos de informação que os leitores do Vinheta 2020 me enviaram acerca das novidades da Gradiva para 2024. O que revela a crescente relevância da editora enquanto uma das mais importantes editoras de banda desenhada em Portugal.

Conversei com a muito simpática e interessante Helena Rafael, responsável da editora, que me informou de algumas das apostas da Gradiva para o próximo ano. E são várias as obras que me deixaram bastante empolgado!

Ora, como tal, convido-vos a ler a entrevista mais abaixo.