sexta-feira, 29 de abril de 2022

Este sábado realiza-se um evento sobre Rita Alfaiate!

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1TEmM2jcHIuzsDH9OfptdHKi6uHNZm5X-

É já amanhã que acontecerá, pelas 10:30 da manhã, uma apresentação das obras "No Caderno da Tangerina" e "Tangerina", de Rita Alfaiate. 

O evento decorrerá na Biblioteca Municipal da Lourinhã e é promovido pela editora Escorpião Azul.

Diria que é uma excelente oportunidade para conhecer melhor o trabalho da autora portuguesa!

Aproveitem! 


quinta-feira, 28 de abril de 2022

Barreiro Ilusta Bd arranca no próximo sábado!



No próximo sábado arranca o Barreiro Ilustra BD!

As exposições desta iniciativa ficam disponíveis durante um mês e o evento de inauguração, marcado já para o próximo sábado, reveste-se ainda de mais interesse pois contará com a participação de vários autores de banda desenhada portuguesa!

A entrada é gratuita!

Sabe mais, abaixo:

Barreiro Ilustra BD
De 30 de abril a 29 de maio
Parque da Cidade do Barreiro – Auditório Municipal Augusto Cabrita

A Exposição Barreiro Ilustra BD está de volta. Esta estará patente, no Parque da Cidade do Barreiro e no Auditório Municipal Augusto Cabrita, do dia 30 de abril até 29 de maio de 2022. Vem visitar as inúmeras exposições de mais de uma dezena de autores nacionais.

Este “encontro” de BD e Ilustração surge mais uma vez com o intuito de proporcionar a todos os amantes e interessados nesta área um contacto privilegiado com os artistas que fazem o mundo da BD e Ilustração.


Autores em Exposição
Ana Pais, Carlos Rocha, Daniel Maia, Diogo Carvalho, Henrique Gandum & Duarte Gandum, João Gordinho, João Raz, Luis Louro, Osvaldo Medina, Patricia Costa, Paulo Monteiro, Pedro Brito, Quico Nogueira, Ricardo Reis, Rita Alfaiate, Sérgio Santos

Apresentações - 30 de Abril
O Ilustra BD conta com a presença de vários autores e um programa que inclui, além das exposições, apresentações e novidades bedéfilas.

Apresentações:

14:35 - Daniel Maia - CoBra: Operação Goa
14:50 - Osvaldo Medina - Kong the King 2
15:10 - Patrícia Costa e João Raz - Crónicas de Enerelis Volume 3
15:30 - Paulo Monteiro - Museu de Banda Desenhada de Beja
15:50 - Luis Louro - Conversa com o autor
16:10 - Quico Nogueira e Bruno Pinto - O Jogo das Alterações Climáticas
16:30 - Henrique e Duarte Gandum - Amélia: Uma História do Congo
16:50 - Coletivo Tágide - Aurora Boreal e Outras Bandas

Análise: Monstros

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
Monstros, de Barry Windsor-Smith

Se quando anunciei o lançamento desta obra há umas semanas, referi que Monstros, de Barry Windsor-Smith, publicado em Portugal pela G. Floy Studio, se assume como o "peso-pesado" da editora em termos de obras editadas em 2022, é porque, mesmo sem ainda ter ligo a obra, já conhecia bem a sua reputação e, até, grande parte das suas ilustrações. Por isso, eu já “namorava” este livro, na sua versão em inglês, há vários meses, só não tendo cedido à compra dessa edição quando soube que a obra seria editada por cá.

E, meus amigos leitores, este é um daqueles livros que podem comprar “às cegas” pois, garanto-vos eu, facilmente vos deixará maravilhados!

Barry Windsor-Smith demorou 37 anos a fazer esta obra. Não foi um ano, nem dois, nem três. Nem sequer 10 anos. Este livro demorou exatamente a minha idade desde a conceção até ao produto final! Estávamos em 1984 quando o autor planeou fazer uma banda desenhada sobre o célebre Hulk, da Marvel. O projeto acabou por não vingar – por motivos vários, estou certo – mas Windsor-Smith não desistiu da ideia e continuou, ao longo dos anos, a planear, a desenhar, a escrever esta obra-prima da banda desenhada mundial.

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
Custa a acreditar que a conceção de um livro de banda desenhada demore tanto tempo, mas posso dizer-vos que o resultado mais do que valeu a pena e é notória a forma como, dá para perceber, cada vinheta, cada nuance da história, cada pormenor, teve tempo de ser maturado. O intuito? É claro! Fazer a melhor obra possível que Windsor-Smith conseguisse fazer. E, claramente, e mesmo tendo em conta o enorme contributo do autor para a banda desenhada, é este Monstros que o define e eterniza enquanto autor. A sua obra-prima.

Monstros tem um enredo bastante intrincado que nos dá muita coisa. Um pouco de história e política, até ao tempo da Segunda Guerra Mundial e respetivas atividades macabras dos Nazis; um pouco de drama familiar; um pouco de ficção científica e, até mesmo, um pouco de uma realidade algo metafísica. Dito assim, pode parecer “too much”, mas devo dizer que o autor conseguiu embrulhar muito bem todas estes subgéneros numa só obra que acaba por ser coesa, muito bem construída e nada forçada. Quer dizer, só talvez na parte mais metafísica deste enorme conto é que poderei considerar o intuito do autor como mais forçado. Mas já lá irei.

A história é passada em dois tempos. O tempo presente, nos anos sessenta, quando o protagonista Bobby Bailey é um jovem adulto e o tempo passado, vinte anos antes, quando Bobby é apenas uma criança.

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
Quando, em 1964, Bobby se alista nas forças armadas americanas, está longe de imaginar que vai ser introduzido, enquanto cobaia, no projeto Prometheus. Este projeto é baseado nos estudos e desenvolvimentos levados a cabo pelos nazis 20 anos antes, e consiste na alteração genética dos humanos, com o objetivo de os tornar “super-humanos”. Super-soldados, portanto. Isto parece-vos familiar? E é. O que já não será tão familiar é toda a envolvente, carregada de mistério, que deixa o leitor sem respostas, à medida que vai avançando na leitura e conhecendo as personagens que habitam esta história.

Conhecemos o sargento McFarland e a sua família bem como, mais à frente, começamos a conhecer o passado de Bobby Bailey e de como ele e a sua mãe foram vítimas de violência física e psicológica por parte do seu pai. O seu pai que era um homem carinhoso e bondoso antes de ser convocado para a Segunda Guerra Mundial. Quando regressa a casa, volta outra pessoa, completamente modificada. O que terá acontecido no processo? Barry Windsor-Smith vai levantando o véu com muita subtileza, à medida que nos afunda, sem volta a dar, numa trama profunda que nos leva a não "desgrudarmos" os olhos das páginas da obra.

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
O autor revela-se, nesta obra, enquanto argumentista de exceção. Constrói a história em várias camadas que, mesmo parecendo independentes ao início, se unem todas ao longo da narrativa, deixando-nos de “papo cheio” em relação a uma boa história.

Outra coisa que muito gostei foi de que as tais 360 páginas permitem que a história seja convenientemente desenvolvida. Se esta história se poderia contar em 120/150 páginas? Talvez. Mas aí não teríamos certamente o fantástico desenvolvimento - com carinho, com cuidado - que permite que cada momento, cada situação, cada diálogo, seja convenientemente explanado de forma a criar momentos inesquecíveis. E sim, este é um livro cheio de momentos inesquecíveis. Cenas fortes que nos marcam já bem depois de finalizada a leitura. Estão a ver aquele filme que tem tantas cenas que ficam na nossa memória? Este é um livro que tem esse tipo de momentos.

E, desses momentos, os que mais me marcaram foram, sem sombra de dúvida, os dramas familiares que são vividos pelas personagens que aqui desfilam. Verdadeiramente impactantes e, quase sempre, tristes, com o poder de nos porem a refletir sobre o sentido da vida.

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
No final as interpretações são várias. Quem são, afinal de contas, os Monstros? As pessoas que foram geneticamente modificadas de tal forma que perdem as suas componentes humanas e passam a ser monstros hediondos? Ou estaremos a falar de homens abusadores? Que maltratam as suas próprias famílias e que são consumidos pelos seus próprios demónios? Os Homens que criam a guerra que traz consigo a criação de seres povoados por monstros mentais que os atormentam até ao fim das suas vidas? Os nazis, que tinham planos científicos verdadeiramente maquiavélicos? Ou, no final de tudo isto, os verdadeiros monstros somos todos nós enquanto sociedade que, de uma forma ou de outra, somos, simultaneamente, os culpados e as vítimas dos nossos próprios atos?

O autor explora todos os tipos de dor: a dor sentimental nas relações humanas, sejam elas relações entre pai e filho, entre marido e mulher, entre amantes que não o podem ser, entre irmãos e entre família. Mas, igualmente, a dor implementada pelo Estado – pelo todo – no indivíduo – no uno. E como é desigual essa mesma relação. Ou, também, e também, a dor de, aos olhos de todos os outros, uma pessoa não passar de um monstro e, por essa diferença do foro físico apenas, ser excluído e ostracizado. Quantas minorias da nossa sociedade não verão em Bobby Bailey um espelho para as suas amarguras da vida real? Há ainda a dor histórico-política, não só dos crimes horripilantes perpetrados pelos alemães na Segunda Guerra Mundial, mas também pelos americanos que, vendendo o seu sonho americano de justiça e de "luta pelo bem", são, também eles, autênticos perseguidores de qualquer coisa que se oponha ao seu próprio ideal.

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
Enfim, poderia estar aqui a escrever sobre Monstros durante horas. E talvez seja essa a magia desta obra magnânima: a de nos pôr a pensar, a de nos fazer questionar, a de nos fazer refletir. Sempre com uma ligeira amargura na mente. Mas também a vida é, tantas, tantas vezes, amarga, não?

O ponto mais relevante será este: no final da leitura deste livro ganhamos, certamente, algo. Mesmo sendo uma leitura densa e pesada que pressupõe um certo estado de espírito para que seja bem absorvida. E nesse ponto até me lembrou, com as devidas diferenças, o igualmente genial O Relatório de Brodeck, de Manu Larcenet.

Não querendo dar mais pistas sobre a história do livro, gostaria apenas de dizer que acho que o argumento viveria bem sem a questão metafísica. Essa questão é dada pelo Sargento McFarland e a sua filha. Compreendo que sabendo o autor, de antemão, que esta seria a obra da sua vida, tenha tentado dar tudo de si (e deu mesmo!) na execução da mesma. Tal como quando se está a fazer um cozinhado e se tenta adicionar o máximo de coisas boas com o propósito de um bom resultado final. Ainda assim, é a única coisa mais forçada da história, quanto a mim. Não a estraga, nem nada que se pareça, e até é nesse ponto que, no final, o livro encontra o silver lining possível, mas, na minha opinião, está um pouco a mais. Entre a ficção científica, os eventos históricos, os crimes, as relações humanas e familiares e o lado metafísico… considero este último como a parte menos forte da obra. Mas é uma questão subjetiva, reconheço.

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
Mas se até aqui, e o texto já vai longo, ainda não falei sobre as ilustrações desta obra não é porque as mesmas não estejam ao nível da fantástica história e narrativa de Monstros. Porque estão.

Os desenhos a preto e branco, com um traço realista que vai beber à banda desenhada mais clássica as suas influências, mas que, paralelamente, também consegue ser moderno nas opções narrativas que nos dá, é verdadeiramente sublime. Fantástico! Se por vezes se diz que “aqueles desenhos são demasiadamente bons para aquele argumento” ou que “aquele argumento é demasiadamente bom para aqueles desenhos”, neste caso, desenhos e argumento fazem um casamento perfeito. 

De resto, o domínio técnico do autor é bastante conhecido pelos leitores de banda desenhada e posso dizer que está no máximo das suas capacidades. Mesmo que se possa considerar que alguns desenhos, por vezes, estão mais simplistas do que o super-realismo que o autor revelou em trabalhos anteriores, considero que é um estilo de desenho mais evoluído e maturado. Talvez menos comercial mas, sem dúvida, mais gourmet, por assim dizer. E verdadeiramente irrepreensível. Momentos de ação, personagens, veículos, cenários, ambientes, o jogo de luz e sombra… tudo está desenhado com virtuosismo, detalhe e precisão. Um autêntico banquete para os olhos!

Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal
Sendo uma obra a preto e branco, é uma daquelas que sabe alimentar-se disso mesmo, criando momentos verdadeiramente belos que exploram bem a tónica do preto e do branco. Apreciei especialmente a técnica com tramas que enriquece os desenhos que já de si eram ricos.

A edição da G. Floy Studio, num coeso objeto-livro com mais de 360 páginas, é verdadeiramente impressionante, também! Com capa dura, papel de qualidade superior e ótimos acabamentos na encadernação, é um livro que impõe respeito. Nada a apontar!

Devo dizer que considero a capa deste livro demasiado redutora e, por ventura, até dissuadora para aquilo que o livro nos oferece. É que, convenhamos, o título “Monstros” e aquela ilustração de Bobby Bailey enquanto monstro, rementem-nos automaticamente para o horror, o terror, os “zombies”, certo? Mas o livro é muito, muito, muito mais do que isso. Há tanto mais nesta história e nestas ilustrações do que a ilustração da capa. É por isso que, mesmo não considerando esta capa necessariamente como má, considero-a como extremamente redutora. Se fosse eu o editor original da obra, teria sugerido ao autor uma capa diferente. Mais em linha com toda a história da obra. De qualquer maneira, convém realçar que este meu comentário não é direcionado à G. Floy Studio, que simplesmente replicou a capa da versão americana da obra e que, por esse motivo, não merece qualquer apontamento negativo. É um comentário à edição original, portanto.

Em suma, posso dizer que embora eu goste muito de certas obras que a G. Floy Studio já editou por cá (Criminal, Roughneck, Wolverine: Origem, Southern Bastards, The Fade Out, Dois Irmãos, ou Afirma Pereira serão apenas alguns exemplos) torna-se fácil para mim considerar Monstros como a melhor, mais ambiciosa, mais marcante e mais espetacular banda desenhada de todo o catálogo da editora! Um livro que roça a perfeição e que se assume como um dos melhores álbuns do ano! Façam um favor a vós mesmos e corram para comprá-lo!


NOTA FINAL (1/10):
10.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Monstros, de Barry Windsor-Smith - G. Floy Studio Portugal

Ficha técnica
Monstros
Autor: Barry Windsor-Smith
Editora: G. Floy Studio Portugal
Páginas: 368, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Março de 2022

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Spy X Family avança para o terceiro volume!




A Devir continua bastante ativa no lançamento de mais volumes para as suas várias séries. Desta vez, é Spy X Family, uma série relativamente nova, cujo primeiro volume já foi analisado aqui no Vinheta 2020, que recebe o seu terceiro número pelas mãos da editora portuguesa.

Deverá chegar às livrarias a partir de amanhã, quinta-feira, 28 de Abril.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.


Spy X Family #03, de Tatsuya Endo

Crepúsculo superou muitos desafios para reunir a família Forger, mas todo o seu árduo trabalho pode ser desfeito pelo irmão mais novo de Yor, que aparece para uma visita surpresa!

Conseguirá Crepúsculo ser mais esperto do que Yuri?


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Ficha técnica
Spy X Family #03
Autor: Tatsuya Endo
Editora: Devir
Páginas: 196, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
PVP: 9,99€


terça-feira, 26 de abril de 2022

A Porto Editora acaba de lançar um novo livro de BD!



É com gosto que vejo que a Porto Editora de volta aos lançamentos de banda desenhada! E, desta feita, com a obra À Procura de Anne Frank, da autoria de Ari Folman e Lena Guberman.

Ari Folman já tinha adaptado O Diário de Anne Frank, juntamente com David Polonsky, numa obra, também editada pela Porto Editora em 2017, que muito me agradou, na altura. Considerei mesmo que tinha momentos absolutamente sublimes.

Portanto, devo dizer que estou bastante curioso com esta nova abordagem ao tema.


À Procura de Anne Frank, de Ari Folman e Lena Guberman
À Procura de Anne Frank é uma história apaixonante, que foi lançada simultaneamente em formato de novela gráfica e em filme de animação, e que chega hoje aos escaparates das livrarias nacionais.

No seu famoso diário, Anne Frank criou uma amiga imaginária, Kitty. Agora, Ari Folman, juntamente com Lena Guberman, dão-lhe vida.

Quando uma estranha tempestade se abate sobre Amesterdão e quebra o vidro que protege o diário guardado na Casa de Anne Frank, Kitty irrompe daquelas páginas e vai viver uma verdadeira aventura em busca da sua amiga.

Acompanhada pelas memórias dos dias passados no anexo secreto, Kitty percorre as ruas da capital holandesa de hoje e com a ajuda de amigos inesperados irá descobrir o que foi o Holocausto, o que isso significou para Anne e o que, por sua vez, o seu diário continua a representar para as crianças de todo o mundo.

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Ficha técnica
À Procura de Anne Frank
Autores: Ari Folman e Lena Guberman
Editora: Porto Editora
Páginas: 160, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 18,80€

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Já se sabe a data, bem como os autores e exposições presentes no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja!



Paulo Monteiro, responsável pela organização do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja já deu a conhecer boas informações sobre o certame que, este ano, volta a ter data no mês de Maio.

O festival é organizado pela Câmara Municipal de Beja e realiza-se entre os dias 27 de Maio e 12 de Junho. Como habitualmente, será entre os dias 27, 28 e 29 - o primeiro fim de semana - o momento mais concorrido do festival, pois é durante este período que ocorre o maior número de atividades - incluindo lançamentos de livros - e, claro, que estarão presentes os autores das exposições.

Posso dizer que no ano passado tive o prazer de visitar o certame e fiquei muito agradado com a organização e com o ambiente de bd que ali se vive e respira!

Entre os autores presentes na edição deste ano, tenho que referir que estou extremamente satisfeito com a presença de Jean-Louis Tripp, que é um dos autores de Armazém Central, uma das minhas séries preferidas de banda desenhada! E claro, a presença de Antonio Altarriba e Keko, autores das grandes obras Eu, Assassino e Eu, Louco, também me deixaram muito satisfeito!

Mais abaixo, deixo-vos com as exposições e a lista dos autores que estarão presentes no primeiro fim de semana do evento.



XVII FESTIVAL INTERNACIONAL DE BANDA DESENHADA DE BEJA
Casa da Cultura de Beja
De 27 de maio a 12 de junho


AS EXPOSIÇÕES

AFONSO & CHICO - LES PORTUGAIS – França

ANDREA FERRARIS & RENATO CHIOCCA – Itália

ANDREW SMITH – Inglaterra

ANTONIO ALTARRIBA & KEKO – Espanha

ARTUR CORREIA – Portugal

AVENIDA MARGINAL – Portugal

BERNARDO MAJER – Portugal

CHLOÉ WARY – França

CRISTÓBAL SCHMAL – Chile

DANIEL HENRIQUES – Portugal

DAVID RUBÍN – Espanha

JAYME CORTEZ – Portugal/Brasil

JEAN-LOUIS TRIPP – França

JOANA ROSA – Portugal

RODOLFO MARIANO – Portugal

TOUPEIRA – HÁ MOVIMENTO DEBAIXO DA TERRA – Portugal



OS AUTORES DAS EXPOSIÇÕES PRESENTES EM BEJA NOS DIAS 27, 28 E 29 DE MAIO

AFONSO & CHICO

ANDREA FERRARIS & RENATO CHIOCCA

ANDREW SMITH

ANTONIO ALTARRIBA & KEKO

Autores da coletiva AVENIDA MARGINAL

BERNARDO MAJER

CHLOÉ WARY

CRISTÓBAL SCHMAL

DANIEL HENRIQUES

DAVID RUBÍN

JEAN-LOUIS TRIPP

JOANA ROSA

RODOLFO MARIANO

Autores da coletiva TOUPEIRA – HÁ MOVIMENTO DEBAIXO DA TERRA

A Sendai Editora prepara-se para lançar o seu quarto livro!



A jovem editora Sendai Editora prepara-se para lançar o seu quarto livro!

Trata-se da obra A Ilha dos Gatos, da autoria de Tokushige Kawakatsu, e deverá ser lançada no próximo FIBDB - Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

Nota positiva para o facto da editora anunciar que vai passar a disponibilizar os seus livros para os leitores da Galiza.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.

A Ilha dos Gatos, de Tokushige Kawakatsu

Num dia de verão, um grupo de amigos está a aproveitar o mar quando descobre uma ilhota.


Um velhote diz-lhes que não existe lá nada, além de um altar para gatos.


Excitados pela descoberta, começam a explorar a ilha, mas o pior acontece!


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Ficha técnica
A Ilha dos Gatos
Autor: Tokushige Kawakatsu
Editora: Sendai Editora
Páginas: 88, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
PVP: 7,90€





Análise: CO.BR.A. – Operação Goa

COBRA – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia - Ala dos Livros

COBRA – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia - Ala dos Livros
CO.BR.A. – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia

Sei agora que este livro já andava a ser preparado há bastante tempo. No entanto, só tive conhecimento dele no Amadora BD, em Outubro, quando o editor da Ala dos Livros, Ricardo M. Pereira, o anunciou entre as várias novidades que a editora tinha em mente para 2022. Da autoria de Marco Calhorda, que se estreia enquanto autor de banda desenhada, e do já bem mais experiente e conhecido, neste meio, Daniel Maia, posso dizer que CO.BR.A. – Operação Goa é uma das belas surpresas do ano!

Este é um livro de cariz histórico-bélico que nos coloca no Portugal dos anos 60, que se aproximava, sem volta a dar, de um processo de descolonização dos seus antigos territórios espalhados pelo mundo. E tudo começou na Índia, alguns anos antes de Portugal iniciar a Guerra do Ultramar. Até então, Portugal tinha estado presente, durante mais de 450 anos, na Índia, com os territórios de Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar Aveli. Começo até por dizer que este tema dos militares portugueses na Índia até é um assunto que, com alguma pena minha, poucas vezes é abordado. E não me refiro apenas à banda desenhada. Refiro-me a todos os media, na verdade. Um dos meus tios foi um dos militares que esteve na Índia durante este tempo, vivendo todos estes eventos na primeira pessoa, portanto até posso dizer que, por motivos pessoais, também é um tema relevante para mim.

COBRA – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia - Ala dos Livros
Ainda sob a égide de Salazar, tornou-se impossível para o governo português assegurar Goa enquanto colónia e isso culminou na invasão deste território por parte do exército indiano. Os militares portugueses acabaram por não ter alternativa senão renderem-se, tendo sido feitos prisioneiros. À margem da atuação oficial do Estado Português, entra em cena Jorge Jardim, um autêntico agente secreto a la 007, ao serviço de sua majestade, Salazar, que teria como objetivo a negociação da repatriação de milhares de prisioneiros portugueses que estavam detidos em condições precárias.

Se o assunto é fresco em banda desenhada, o argumento da autoria de Marco Calhorda prima por conseguir reunir um bom conjunto de eventos que antecedem a Operação Goa. Assim, o autor tenta oferecer-nos uma contextualização dos eventos político-militares que eram vividos por esta altura, em 1961, bem como uma visita à base de operações do CO.BR.A cujo nome, para passar despercebido, tinha o significado de “Comissão Contra a Brutalidade Animal”. 

COBRA – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia - Ala dos Livros
O ritmo da narrativa assume o andamento de um filme de espiões, com bastante política e ação à mistura. Um guisado bem conseguido – e não tão comum assim na banda desenhada nacional. Gostei da forma utilizada embora me pareça que, mantendo este registo, talvez um maior número de páginas tivesse sido benéfico para dosear melhor a informação e os eventos que aqui decorrem. Fica, portanto, a sensação que vemos a ação desfilar apenas diante dos nossos olhos sem que a relação entre leitor e livro se possa estreitar. E como a história está constantemente a saltitar entre inúmeros locais – Luanda, Goa, Vimieiro, Sacavém, Madrasta, Nova Deli, Mumbai, Lisboa, Lourenço Marques, Estoril – por vezes o leitor anda ali, de cabeça à roda, como se estivesse a assistir a uma partida de ténis. Ainda estamos a ambientarmo-nos a um local e Marco Calhorda já está a agarrar em nós e a transportar-nos para outro local, com outros intervenientes. 

Não é que a trama esteja mal ligada, mas é um daqueles casos em que acredito que uma voz off, de um qualquer personagem, mesmo que fictício, que pudesse contar-nos a história e o que se passa de um local para o outro, teria feito a narrativa mais fluída e elevado este livro a um nível (ainda) melhor. E não digo isto para puxar a obra para baixo. Pelo contrário, digo-o para puxá-la para cima. Já é um excelente livro mas acredito que com algumas melhorias do ponto de vista do argumento, seria ainda melhor. No entanto, não me espanto se este livro for considerado com uma das obras mais interessantes da banda desenhada portuguesa dos últimos anos.

Até porque não dá para falar deste CO.BR.A. – Operação Goa sem mencionar o mais óbvio e aquilo que está mais presente assim que folheamos o livro: é que os desenhos de Daniel Maia são soberbos e uma verdadeira maravilha para os olhos! Não é, aliás, exagero nenhum afirmar que Daniel Maia se encontra entre os melhores ilustradores de Portugal!

COBRA – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia - Ala dos Livros
Com um traço realista certeiro, confiante, a tinta, que me fez lembrar, com as devidas distâncias, o igualmente belíssimo trabalho de Sébastien Verdier na obra Orwell, também publicada pela Ala dos Livros, os desenhos de Daniel Maia apresentam-se como belíssimos, da primeira à última vinheta. A caracterização das expressões, da linguagem corporal das personagens, dos cenários, das cenas de ação, dos enquadramentos, do jogo de sombra e luz... enfim tudo... roça a perfeição. São desenhos maravilhosos.

E se a abordagem imagética parece clássica, remetendo-nos para algumas bandas desenhadas dos anos oitenta, a planificação da história, com ilustrações que suplantam os limites das vinhetas; o próprio modo de organização das pranchas, com vinhetas bastante dinâmicas na forma e dimensão; ou, até, a existência das páginas 22 e 23, que são páginas com texto corrido e que até têm um QR code para que melhor possamos pesquisar sobre o assunto em questão, revelam-nos a faceta moderna e cuidada, não só de Daniel Maia como, também, de Marco Calhorda. Ou seja, em termos gráficos parece que este livro nos consegue dar o melhor do clássico e do moderno.

Se me posso queixar de algo nos desenhos desta obra é que, por vezes, tive alguma dificuldade em perceber que personagem era quem. E para isso até contribuem algumas coisas que são alheias ao ilustrador. O facto de ser um livro a preto e branco, que anula logo a cor enquanto elemento diferenciador de personagens; o facto de ter um grande número de personagens; e, especialmente, o facto de ser um livro cujo argumento é, por vezes, algo rápido demais para que possamos estabelecer uma relação prolongada com as personagens. 

COBRA – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia - Ala dos Livros
É verdade que isto não é um grande “problema”, pois o livro continua a ser bastante acessível para acompanhar. E, diga-se em abono da justiça, até me fui dando conta da meticulosa preocupação de Daniel Maia em diferenciar as personagens. Lembro-me que no meio de uma cena de ação me perdi, sem saber quem eram os portugueses e quem eram os indianos. Mas depois percebi que me bastaria ver as diferenças nos capacetes dos militares para perceber quem era quem. Portanto, uma certa dificuldade em diferenciar as personagens será um pequeno ponto fraco, mas nada que abale a fantástica experiência gráfica que é CO.BR.A. – Operação Goa. Porque se não é perfeito, não anda muito longe disso.

A Ala dos Livros está, portanto, de parabéns por esta aposta de qualidade. Depois de passar a editar um autor tão relevante para a banda desenhada nacional como Luís Louro, é com bons olhos que vejo esta segunda aposta em banda desenhada nacional, por parte da editora. 

De resto, a edição deste  CO.BR.A. – Operação Goa tem uma qualidade acima da média, relativamente às edições de autores portugueses que costumamos encontrar por cá. A capa é dura e coberta por tecido e, para além disso, ainda é guarnecida por uma sobrecapa. Tem, também, papel de excelente gramagem e com boa qualidade na encadernação e nos acabamentos. Há ainda espaço para um prefácio de autor, por parte de Marco Calhorda, quatro páginas com esboços e vinhetas descartadas de Daniel Maia, bem como uma página com testemunhos de homens que viveram de perto os eventos relatados na obra. Há ainda (mais) uma belíssima ilustração com a legenda: “CoBrA regressa em Operação _____” deixando no ar a ideia de que os autores vão voltar a este tema. Que assim seja! E tão depressa quanto possível!

Em suma, CO.BR.A. – Operação Goa é uma autêntica passerelle para o enorme talento de Daniel Maia enquanto ilustrador de banda desenhada. Diria que só pelos seus lindos desenhos, este álbum já merecia ser comprado. Mas há mais do que isso! Há também um tema da história recente de Portugal que muitas vezes parece esquecido e que é oportunamente trazido à tona por Marco Calhorda. Um livro que merece ser apreciado por todos os fãs de banda desenhada em Portugal. E não só. Sem dúvidas de que é uma obra que se recomenda vivamente! Será posta à venda a partir do próximo dia 25 de Abril. Data mais que ajustada pelo seu simbolismo.


NOTA FINAL (1/10):
8.9


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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COBRA – Operação Goa, de Marco Calhorda e Daniel Maia - Ala dos Livros

Ficha técnica
CO.BR.A. – Operação Goa
Autores: Marco Calhorda e Daniel Maia
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 72, a preto e branco
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Dezembro de 2021

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Editora A Seita inaugura uma nova série que tem tudo para ser um sucesso!



Já se encontra disponível a nova aposta d' A Seita! Trata-se de Nevada e o primeiro volume intitula-se A Estrela Solitária. É da autoria dos autores Fred Duval, Jean-Pierre Pécau e Colin Wilson e é uma espécie de mistura entre o western, o pulp e o policial. Uma mistura que, quanto a mim, pode funcionar muito bem.

Sim, é verdade que ainda não li a série. Mas já folheei o livro e fiquei muito agradado com os belos desenhos. Conhecendo o mercado português, que aprecia uma boa (e bem desenhada) série em estilo franco-belga, diria que, se a história e argumento forem bons, este Nevada tem tudo para ser um sucesso comercial! A ver vamos.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa e com algumas imagens promocionais da obra.
Nevada #1 - A Estrela Solitária, de Fred Duval, Jean-Pierre Pécau e Colin Wilson

Nevada Marquez oscila entre dois mundos: o das recordações das conquistas do Oeste, e um outro, mais impiedoso, de Hollywood e da indústria cinematográfica acabada de nascer. Encarregado das missões difíceis e dos negócios sujos dos Estúdios, Nevada parte para o México em busca de uma estrela do western desaparecida, durante uma escapadela bem regada pela outra margem do Rio Grande…

O primeiro volume de uma nova série de BD franco-belga que nos transporta para um mundo de aventuras pulp no Oeste americano, nos primórdios da indústria do cinema, nos anos anteriores aos da Grande Depressão.
Nevada é uma série que joga com duas atmosferas e dois géneros distintos: aventuras policiais ou com um toque de thriller, ao estilo dos pulps antigos, mas ambientadas num cenário distintamente western, que nos leva aos vastos espaços do Oeste americano. 

Depois de uma abertura em que vemos índios a cavalo numa paisagem clássica do western, o nosso olhar desliza subitamente para a imagem de uma pitoresca personagem montada numa motorizada, e ao longo das primeiras páginas do álbum viajamos directamente de uma vila mexicana empoeirada, até às mansões de luxo da Berverly Hills dos primeiros anos da fortuna de Hollywood. Um policial e thriller dos Anos Loucos disfarçado de western moderno! Uma série que se articula à volta de histórias auto-conclusivas, que podem ser lidas separadamente umas das outras, embora tenham pistas que passam de álbum para álbum.
“Aventura, sim, e na grande tradição da banda desenhada de acção, mas aventura temperada com verdades históricas palpáveis, com uma atmosfera real, que dá vida à intriga em que os autores se divertem a misturar os géneros, e com o desenho excelente de Colin Wilson, como sempre.”
Jacques Schraûwen - ActuaBD

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Ficha técnica
Nevada #1 - A Estrela Solitária
Autores: Fred Duval, Jean-Pierre Pécau e Colin Wilson
Editora: A Seita
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,85€


Gradiva lança um livro dedicado à bela deusa Atena



A Gradiva não dá descanso aos seus leitores e acaba de lançar mais um álbum de banda desenhada! Desta vez, trata-se de mais um título para a sua coleção Sabedoria dos Mitos, após o recente lançamento de Apolo.

Os autores desta Atena, que tem uma bela capa, são Luc Ferry, Clotilde Bruneau, Carlos Rafael Duarte e Didier Poli e o livro já se encontra disponível nas livrarias.


Abaixo, deixo-vos com as habituais imagens promocionais e sinopse da obra.


Atena, de Luc Ferry, Clotilde Bruneau, Carlos Rafael Duarte e Didier Poli
Deusa da sabedoria e da guerra, protetora das artes e das técnicas, Atena é a filha preferida de Zeus, mas também é uma das divindades mais poderosas do Panteão do Olimpo. 

Nunca se separa dos seus atributos: a lança, o elmo, o escudo e a coruja - uma ave cuja visão penetrante, que enxerga tanto nas trevas como para lá das aparências, simboliza a inteligência. 

Por vezes benfazeja, muitas vezes impiedosa, Atena auxilia o pai na luta contra o ressurgimento das forças destrutivas do caos original. 

É nesta qualidade que concede ajuda a numerosos heróis - Jasão, Teseu, Héracles, Ulisses… - e toma parte ativa na Guerra de Tróia. 

Aliada leal do rei dos deuses, Atena é também patrona de várias cidades gregas, a começar por Atenas, que lhe deve o nome.
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Ficha técnica
Atena
Autores: Luc Ferry, Clotilde Bruneau, Carlos Rafael Duarte e Didier Poli
Editora: Gradiva
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,50€

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Assassination Classroom chega ao 20º volume!



A editora portuguesa Devir prepara-se para lançar, a partir do próximo dia 28 de Abril, o 20º volume do mangá Assassination Classroom, da autoria de Yusei Matsui.

Mais abaixo, deixo-vos com algumas imagens promocionais e com a sinopse da obra.


Assassination Classroom #20, de Yusei Matsui

A hora da formatura

O cientista louco Yanagizawa e o seu ex-protegido, o Segundo Shinigami, tornam ainda mais difícil a batalha pela vida do professor. 

Mas um aluno da turma E é fatalmente atingido e as apostas mudam abruptamente.

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Ficha técnica
Assassination Classroom #20
Autor: Yusei Matsui
Editora: Devir
Páginas: 184, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
PVP: 9,99€

terça-feira, 19 de abril de 2022

Análise: O Grande Gatsby - Romance Gráfico

O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham - Relógio D'Água

O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham - Relógio D'Água
O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham

O Grande Gatsby – Romance Gráfico é o primeiro livro de banda desenhada que a editora Relógio d’Água lança em 2022, depois de nos últimos anos ter apostado no lançamento de adaptações de clássicos da literatura, como Mataram a Cotovia, 1984 ou Fahrenheit 451 - O Romance Gráfico.

Desta vez, a editora optou, então, por lançar a obra-prima de F. Scott Fitzgerald, cuja adaptação ficou a cargo da dupla de autores Aya Morton – nas ilustrações – e Fred Fordham, na adaptação do argumento original para banda desenhada.

Quando soube que Fred Fordham fazia parte da dupla de criadores, fiquei entusiasmado pela positiva, já que gostei mesmo muito do seu trabalho na já supramencionada Mataram a Cotovia. Livro esse que recomendo totalmente. Nesse caso, o autor assume quer a adaptação da obra, quer as belas ilustrações e cores da mesma, obtendo um resultado muito gratificante. No caso deste O Grande Gatsby, e lamentavelmente, Fordham apenas faz a adaptação da obra original para banda desenhada. Melhor seria se também tivesse sido responsável pelas ilustrações. Mas já lá irei.

O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham - Relógio D'Água
E começando por isso, pelo argumento, esta adaptação faz um trabalho que considero aceitável e eficiente. Mesmo aqueles que nunca tenham lido a obra – ou visto o, relativamente recente, filme de Baz Luhrmann, com Leonardo DiCaprio – podem, com esta novela gráfica, ficar com uma boa ideia geral da boa trama e do belo texto montados por F. Scott Fitzgerald.

A história é relativamente simples e linear. Estamos nos loucos anos 20 nova-iorquinos e Jay Gatsby é um bilionário que vive em Long Island. Nick Carraway, que nos conta a história na primeira pessoa, muda-se para a casa ao lado de Gatsby e passa a ficar fascinado com a estranha, misteriosa e peculiar forma de vida de Gatsby. E, gradualmente, passam a ficar amigos. Mas, pelo meio, a prima de Carraway, Daisy, (re)aproxima-se de Gatsby, reatando, dessa forma, uma paixão antiga mal curada por ambos. Para complicar mais as coisas, o marido de Daisy, Tom Buchanan, que (também) mantém uma vida dupla, não fica nada satisfeito com o aparecimento de Gatsby na vida da sua mulher.

Basicamente, esta é uma história onde F. Scott Fitzgerald critica subtilmente a alta sociedade e as suas falsidades, as buscas incessantes pelo prazer hedonista e demais frivolidades que giram em torno da alta sociedade. No fundo, a alta sociedade até é a classe social que mais alicerça a sua vida em aparências e em falsidades. E muitas vezes os seus membros até são os mais infelizes, apesar do seu aparente sucesso e riqueza. Mas já todos sabemos que “o dinheiro não compra felicidade”, certo? Se as críticas de F. Scott Fitzgerald à alta sociedade eram certeiras  em 1925, data da primeira publicação do romance, passados praticamente 100 anos, todas essas críticas continuam "na mouche".

Olhando agora para esta banda desenhada, embora seja verdade que, por vezes, exista algum excesso de texto a habitar esta adaptação, acho que Fred Fordham faz um bom trabalho a "separar o trigo do joio" e a dar-nos o principal da obra original nesta adaptação. Tendo em conta o texto delicado e inspirado do autor original, também compreendo esse tal excesso de texto aqui e ali. Mas não é nada que estrague a experiência de leitura, quanto a mim.

O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham - Relógio D'Água
O que estraga a experiência de leitura é, nada mais, nada menos, que as ilustrações de Aya Morton. Mas, comecemos pela parte boa. As ilustrações da autora até têm a capacidade de nos transportar para o universo glamoroso de O Grande Gatsby. Está cá tudo: as festas, os vestidos, os penteados, os automóveis, as diferentes mansões, a célebre luz verde. E também é verdade que as ilustrações da autora, por vezes, funcionam bem. Especialmente a nível cénico, mas igualmente na audácia de algumas pranchas originais que (des)constroem, com clareza, certas verdades certas da narração em banda desenhada. Por último, também apreciei a coragem e a diversidade de planos e perspetivas – algumas complexas – com que a autora nos brinda. Mas, tirando isso, o trabalho da autora é manifestamente pobre. Até o poderá não ser tanto em termos de “ilustração” – até porque isso abrirá a porta da subjetividade de cada um – mas, certamente, se a obra procura ser uma arte sequencial, traz consigo vários problemas.

O primeiro e, talvez, o que mais me incomodou, é a caracterização facial das personagens. Vamos ser sinceros: Aya Morton não sabe desenhar caras. Não ao nível das expressões, pois as personagens não conseguem passar de forma conveniente qualquer emoção. E, muito menos, ao nível da diferenciação entre personagens. As principais figuras masculinas desta obra, Jay Gatsby, Nick Carraway e Tom Buchanan, são exatamente iguais em termos de desenho! As únicas coisas que fazem com que, a custo, as consigamos distinguir são as cores do cabelo e as cores da roupa que vestem. Exatamente a mesma maneira de diferenciar as personagens que eu usava, quando tinha 7 anos e desenhava no ATL. 

O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham - Relógio D'Água
É claro que reconheço que posso estar a ser um pouco duro em relação às ilustrações da autora que, tal como comecei por referir, até apresenta algumas ideias interessantes. Mas, caramba, chega a ser risível a forma pobre como representa as caras das personagens. E não me parece que o seu traço infantil e pouco desenvolvido, o seja por opção.

E, claro, se tivermos em conta que o universo criado por F. Scott Fitzgerald é, todo ele, muito rico, detalhado, glamoroso e requintado, os desenhos de Morton acabam por não se adequar à obra original. A própria nota introdutória de Blaze Hazard pareceu-me que tentava justificar a “bela escolha” que foi Aya Morton para esta adaptação. Como se fossem necessários argumentos para a escolha. Se esses argumentos fossem óbvios, não seria preciso que o editor da obra os referisse com tanto afinco. Digo eu! Aya Morton pode ser uma bela ilustradora ao nível cénico ou mesmo em termos de livro ilustrado, mas os seus dotes e técnica não chegam para a arte sequencial, vulgo banda desenhada.

Em termos de edição, a Relógio d’ Água, não fugindo ao seu catálogo de banda desenhada em capa mole, brinda-nos com mais uma edição em capa mole, com bom papel e boas encadernações. O único extra é a nota introdutória de Blaze Hazard que referi mais acima.

O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham - Relógio D'Água
Há umas semanas este livro também causou algum rebuliço nas redes sociais pela sua capa que comete alguns dos erros mais primários na conceção de capas. Como já tive oportunidade de opinar, consigo pensar em muitas, muitas capas piores do que esta. É fraca, sim, mas pareceu-me que também houve uma certa histeria com a mesma. No entanto, é claro que esta capa apresenta erros difíceis de compreender. Não tanto na ilustração – pode não ser a mais bela de sempre, mas também não a considero minimamente má –, mas sim no grafismo, isto é, nos elementos que foram, depois, introduzidos em cima da ilustração. E se a versão original americana já é má, a portuguesa ainda consegue ser pior. Especialmente na forma mal-amanhada e amadora como o título foi colocado na capa. Até me faz ter arrepios de dor ao pensar como alguém disse: “Sim, a capa está boa e pronta para ir para a gráfica”. Não sou designer, mas até tive duas cadeiras de produção gráfica na universidade e, baseando-me no finito conhecimento que daí retirei, digo-vos que havia tantas e tantas formas de salvar esta capa. Mas nada disso foi feito. Tivesse eu mais tempo em mãos e até fazia uns exemplos no photoshop, só para demonstrar que a minha crítica não é gratuita ou fácil, mas sim construtiva.

Em suma, e embora eu goste muito da obra original de F. Scott Fitzgerald, tenho que dizer que este livro fica bastante aquém da minha expetativa. Fred Fordham ainda consegue salvar a honra do convento, com uma adaptação do argumento convincente, mas Aya Morton não consegue oferecer a esta adaptação a beleza, a vivacidade, a dinâmica, a riqueza e a qualidade narrativo-visual  que este livro merecia.


NOTA FINAL (1/10):
5.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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O Grande Gatsby - Romance Gráfico, de Aya Morton e Fred Fordham - Relógio D'Água

Ficha técnica
O Grande Gatsby - Romance Gráfico
Autores: Aya Morton e Fred Fordham
Editora: Relógio d’Água
Páginas: 216, a cores
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Março de 2022