quarta-feira, 6 de abril de 2022

Análise: Sete para a Eternidade – Livro Dois

Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña - G. Floy Studio

Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña - G. Floy Studio
Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña

A G. Floy Studio lançou recentemente este Sete para a Eternidade – Livro Dois que, sendo, também, um álbum duplo, conclui a saga criada por Rick Remender e Jerome Opeña.

E, sinceramente, a minha análise não podia ser mais igual em relação à análise que fiz ao Livro Um de Sete para a Eternidade. Aliás, se eu simplesmente fizesse copy/paste desse texto, a análise serviria igualmente bem para explicar os meus sentimentos perante este segundo e último volume.

Bem, por um lado, isso até revela que houve uma clara e autêntica sensação de continuidade e de unidade, do primeiro para o segundo volume. Esse será o lado bom. Quem adorou o primeiro livro certamente adorará este segundo. Por outro lado, tudo aquilo que os autores não fizeram, quanto a mim, tão bem no primeiro álbum, permanece, neste segundo livro, na exata mesma maneira. Com a agravante deste novo livro me ter deixado algo desiludido com o não aproveitamento de algumas pontas soltas que eu esperaria que tivessem sido mais bem fechadas neste livro.

Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña - G. Floy Studio
Neste Livro Dois de Sete para a Eternidade, uma saga de fantasia épica, acompanhamos novamente Adam Osidis na sua luta contra tudo o que está de errado nas terras de Zhal, onde o Deus dos Sussurros reina de forma absoluta controlando até aquilo que os habitantes destas terras pensam. Mas os acontecimentos decorridos no Livro Um levaram a que, de alguma forma, o Deus dos Sussurros e Adam Osidis tivessem que construir uma estranha aliança entre o bem e o mal, de forma a conseguirem alcançar os objetivos que ambos almejam. 

O protagonista, Adam Osidis, estando doente, com pouco tempo de vida, sente-se divido entre honrar os valores de liberdade que o pai lhe passou e o seu desejo de viver (com saúde) mais tempo, junto da sua mulher e filhos. Mas, num mundo à beira do colapso generalizado, Osidis terá que enfrentar tragédia atrás de tragédia, bem como tomar decisões verdadeiramente impossíveis já que, trazem sempre, alocadas a si, algo de muito mau. Entre ele e a cura para a sua doença está o pirata do céu Volmer, o filho do Deus dos Sussurros, que fará tudo para se vingar do seu odiado pai. Para que a traição e o sacrifício de Adam não sejam em vão, o nosso herói terá pois de salvar o assassino do seu pai.

Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña - G. Floy Studio
A história é assim meio rocambolesca e, em certos pontos, algo rebuscada, pois pareceu-me muitas vezes que não era muito claro para onde Rick Remender queria levar a narrativa. Bem, se calhar, o autor até poderia saber para onde queria que a narrativa fosse, mas talvez não soubesse bem o “como”. Isto porque me parece que há um clima de tensão injustificado (essa tensão é mais referida pelas personagens do que sentida pelo leitor); cenas de ação que, mesmo que visualmente encham o olho, acabam por ser demasiado vazias, do ponto de vista narrativo; e há, também, um enorme rol de personagens, com quem Adam Osidis uniu forças no Livro Um que pouca ou nenhuma importância têm para o enredo neste Livro Dois.

Mas se a história em si me deixou algo desapontado, devo dizer que este é um livro verdadeiramente maravilhoso do ponto de vista da qualidade da escrita. Remender é um verdadeiro talentoso com as palavras, dando-nos um texto belo e filosófico, e proporcionando elementos de pura reflexão. 

Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña - G. Floy Studio
O que me leva a uma questão que nem sempre é tida em conta, quando se fala da parte não ilustrativa de um livro de banda desenhada. É que, uma coisa é o argumento, a história que se cria, e outra coisa é a qualidade do texto onde essa história se alicerça. Não considero o argumento de Sete para a Eternidade grande coisa, mas considero a qualidade do texto de Remender como verdadeiramente magistral. Pode parecer que me estou a contradizer, mas o que é certo é que são coisas muito diferentes. Uma coisa é ter uma boa ideia para uma história, e para um conjunto de personagens, e outra coisa é a capacidade para usar um texto belo e “quotable” para acompanhar essa narrativa. Se Remender não me cativa muito na primeira opção, na segunda é um verdadeiro mestre! Talvez por isso, as páginas de texto em prosa que abrem cada capítulo sejam, também, verdadeiramente impactantes e tornem a leitura de Sete para a Eternidade em algo bastante profundo e cheio de reflexões.

Relativamente à arte ilustrativa, o trabalho de Opeña também é verdadeiramente genial. Tudo o que foi fantástico nos seus desenhos no livro anterior, volta a sê-lo nesta conclusão da obra. Como escrevi a propósito do Livro Um, “diria que, por muito bom que o trabalho de Remender seja nesta obra, é a arte de Opeña que a torna em algo majestoso. (...) O desenho do autor é muito estilizado, com muita personalidade, excelentes enquadramentos, diversidade na planificação das pranchas e sabe ser impressionante em cada coisa que retrata. Seja uma cena introspetiva do protagonista a pensar, seja uma batalha com muitos guerreiros numa frenética cena de ação, ou seja, na conceção - quer gráfica, quer criativa – das personagens, que são muito originais, embora familiares.

Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña - G. Floy Studio
Cada ilustração é verdadeiramente uma obra de arte. Sinceramente, acho que em nada esta obra poderia ser melhorada em termos de ilustrações. Com efeito, a juntar aos magníficos desenhos de Opeña, ainda temos as belas cores que Matt Hollingsworth oferece a esta obra. Tudo feito de forma perfeita.

A qualidade da edição por parte da G. Floy Studio volta a estar em grande. Este robusto livro é composto por uma capa bem grossa, bom papel brilhante, bom grafismo, boa encadernação e boa impressão. E, no final, ainda há espaço para, nada mais, nada menos, do que 24(!) páginas de extras, onde nos são mostradas capas alternativas, esboços e artes-finais, a preto e branco, de Opeña. Fantástico!

Portanto, em conclusão, é com bons olhos que vejo a aposta da G. Floy Studio nesta obra épica de fantasia. Com um texto muito inspirado de Rick Remender, com ilustrações sublimes de Opeña e com uma edição de ótima qualidade, diria que o único lado menos positivo da obra é o argumento algo difuso e complexo, que muitas vezes aparenta ser aleatório nos eventos que nos oferece. Não obstante, estou certo que os fãs do género vão adorar.


NOTA FINAL (1/10):
8.3



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Sete para a Eternidade – Livro Dois, de Rick Remender e Jerome Opeña - G. Floy Studio

Ficha técnica
Sete para a Eternidade – Livro Dois (de 2)
Autores: Rick Remender e Jerome Opeña
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 240, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Fevereiro de 2022

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