quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Análise: Balada para Sophie




Balada para Sophie, de Filipe Melo e Juan Cavia

Nota introdutória: para tentar fazer a análise mais sóbria e menos “a quente” possível, dei-me ao cuidado de ler este livro duas vezes. Portanto, tenham os meus leitores noção que esta análise é “a frio” e da forma mais ponderada que me é possível.

Dito isto, penso que há uma afirmação justa, fácil e verdadeira a fazer: Balada para Sophie é o melhor livro de banda desenhada na história da bd portuguesa! Vou repetir-me: Balada para Sophie é o melhor livro de banda desenhada na história da bd portuguesa! E até acrescento mais a isso: é um dos melhores livros de banda desenhada que já li. E já levo 30 anos disto. Aludindo ao meu tom trágico, se a minha estante, que tem centenas de livros de banda desenhada, estivesse em chamas e eu só pudesse salvar 20 livros… Balada para Sophie seria um dos escolhidos, por mim.

Mas vamos por partes, porque esta obra merece-me uma análise cuidada.

Estão a ver aquele filme especial que vos marcou para a vida? Ao qual estão sempre a regressar em memória? Estão a ver aquele livro, cujas frases, a história, o argumento, vos tocou no âmago do vosso ser? Estão a ver aquele prato que a vossa avó, a vossa mãe, o vosso pai ou um qualquer cozinheiro de um restaurante, mais ou menos famoso, preparou e que vocês não mais esqueceram? Estão a ver aquela pessoa que vos olhou de uma forma que mais nenhuma outra olhou? Bem, estes exemplos servem para demonstrar que, ao longo das nossas vidas, de formas mais ou menos parecidas, todos nós vivenciamos momentos de grandeza que nos tocam para o resto da vida. Balada para Sophie, do português Filipe Melo e do argentino Juan Cavia, será um desses momentos grandiosos da banda desenhada mundial (sublinho: mundial!) que, certamente, arrebatará grande parte das pessoas – senão todas – que tiverem a oportunidade de ler tamanha obra-prima. Sim, deixemo-nos de rodeios: esta é uma obra-prima da banda desenhada.


Sobre Filipe Melo, e mesmo podendo desviar-me um pouco daquilo que eu deveria estar aqui a analisar, eu tenho que admitir que o homem é um génio. Génio porque o fruto da sua criação – e agora, não me refiro apenas à banda desenhada – é de uma qualidade que faz os demais criadores parecerem medíocres. Não posso dizer que o conheça bem pessoalmente, mas é verdade que já nos cruzámos algumas vezes, muito por conta dos lançamentos dos Dog Mendonça 1 e 3 e nos corredores e salas de exposição do Amadora BD. Também - e deixo aqui esta pequena trivia aos interessados – até mesmo musicalmente, os nossos caminhos já se podiam ter cruzado, não fora a indisponibilidade do Filipe Melo, para participar no meu disco do projeto |UGO| - Leap of Faith, que lancei há uns anos. Sempre humilde e respeitoso, o Filipe declinou amavelmente o meu convite, por falta de disponibilidade. Isso também me mostrou que ele é um autor que sabe bem o que quer fazer e o que é preciso ser feito para alcançar os seus objetivos. Tem noção da sua obra, do seu output criativo. E portanto, trabalha em função dos seus standards que são elevadíssimos. Coisa típica de um génio. É lógico que os amantes de banda desenhada muito respeitam o Filipe Melo; também é óbvio que os fãs de cinema o respeitam enquanto realizador de cinema independente (I’ll See You In My Dreams, Um Mundo Catita ou Sleepwalk são obras que merecem ser referenciadas). E nem vale a pena mencionar a importância que Filipe Melo tem na música, sendo dos melhores pianistas portugueses e um professor inesquecível para tantos músicos – alguns deles, amigos meus – que o tiveram enquanto professor. É por isso que falo de genialidade. Não porque o precise de fazer para ganhar a simpatia de Filipe Melo – ele já é simpático, por natureza – mas porque considero justo que lhe seja dada a merecida admiração. A meu ver, são pessoas como o Filipe Melo que elevam a arte para um patamar superior. Já o admiro verdadeiramente há bastantes anos, mas após este Balada para Sophie, a minha admiração e respeito pelo autor ainda aumentou exponencialmente. 

Debrucemo-nos então em Balada para Sophie, essa obra-prima, esse clássico instantâneo da banda desenhada mundial. A história é certamente muito pessoal para os autores, ou não fossem ambos muito ligados à música e, em especial, ao piano. 

A obra, coloca-nos na pele de Julien Dubois, um pianista que, desde tenra idade, é educado e formado para vir a ser um pianista de renome mundial. Oriundo de uma família privilegiada, e ainda durante os tempos de criança, Julien Dubois cruza-se, num concurso musical, com François Samson, o filho do responsável pela limpeza do teatro, onde o referido concurso toma lugar. Estamos em 1933 e a história passa-se em Cressy-la-Valoise, França. Independentemente do resultado desse concurso musical, que um dos jovens pianistas acaba por vencer, Julien nunca mais será o mesmo depois de escutar François a atuar. O misto de admiração e raiva por François consome Julien ao longo da sua vida. 70 anos mais tarde, após a visita de uma jornalista, Julien decide finalmente abrir-se e contar a história da sua vida. E a viagem, meus caros leitores, é um deleite para quem gosta de um bom argumento, bigger than life, que nos acompanhará muitos anos. Já para não falar da magnífica arte visual com que Juan Cavia ilustra esta belíssima história. Mas, quanto a isso, já lá irei.


Mais do que oferecer-nos um conto clássico em que o protagonista é confrontado com um problema ou um obstáculo e depois opera algum tipo de atitude quanto a isso, aquilo que Balada para Sophie nos dá, é uma história de vida com as devidas reflexões sobre a procura de redenção, a (in)capacidade humana de saber lidar com a rivalidade e, acima de tudo, a busca por algo maior do que nós, na arte. Não é, pois, uma daquelas histórias que se resumem em duas linhas: “a personagem x encontra o problema y e resolve ultrapassar isso através da seguinte ação, e, no final, consegue ter sucesso (ou não)". Neste caso, à semelhança do clássico do cinema, que agora me vem à memória, Era uma Vez na América, de Sergio Leone, em que o argumento assenta mais na história de vida do personagem principal do que, propriamente, na atitude do mesmo em superar determinadas barreiras, para um fim melhor ou pior, também em Balada para Sophie, o que interessa não é bem o destino mas sim a viagem. 

Eu podia estar aqui a resumir os principais acontecimentos que sucedem ao protagonista da história. Mas não é isso que farei. O que interessa aqui, é a jornada toda. E a jornada é feita de pequenas coisas, de pequenos momentos. Há conversas de 5 minutos que temos nas nossas vidas, que nos mudam para sempre. Há filmes, livros, ou quadros que transformam a nossa vida. O tema Childhood and Manhood, do recentemente falecido génio Ennio Morricone, só tem 2 minutos e 15 segundos, e não é por isso que não mudou a minha vida, na primeira vez que o ouvi. Penso que esta capacidade de certas coisas em evocarem o nosso espírito é comum a todos nós. No final, as nossas vidas, sem exceção, não passam de mantas de retalhos que tiveram o condão de nos marcar, moldar, alterar, transformar e fazerem-nos ser quem somos. E claro, no final deste livro, a sensação de uma vida, por vezes bem, por vezes mal, vivida, com desencontros, desilusões, tristezas, glória, felicidade, amor, paixão… é aquilo que Balada para Sophie nos dá. A interpretação é aberta: agarramo-nos aos bons momentos? Aos maus? Ao que vivemos? Ao que podíamos ter vivido? Às nossas escolhas? Fazemos um apanhado de tudo? E depois disso, ficamos com um sorriso feliz ou com um travo amargo na boca? No derradeiro final, que teremos nós para dizer ou para relembrar? Deixamos este mundo com a música (AKA vida) que absorvemos ou partimos deste mundo criando nova música para outros? A música acabará alguma vez? Caberá a cada um a própria reflexão sobre esta obra. Os autores colocam as cartas em cima da mesa. E nós só temos que reagir às mesmas consoante o “jogo” (ou vivências pessoais) que temos em mãos. 

Julien Dubois tem em si todos os sonhos de glória mas encontra em François Samson uma nuvem negra para a sua vida. Entretanto, a Segunda Guerra Mundial acontece e a vida de ambos acaba por sofrer repercussões disso. Que desenlace terá a vida do inconformado Julien? Não me peçam para contar mais detalhes sobre a história. Há que lê-la. 


As personagens são extremamente bem esculpidas por Filipe Melo. Até mesmo as mais secundárias nos deixam saudade quando terminamos a história. Uma outra coisa que também merece destaque é a grande sensibilidade que Melo coloca neste argumento. Como se cada uma das personagens que aqui aparecem lhe fossem entes queridos, o autor consegue criar empatia entre elas e o leitor. Parece-me também, que Filipe Melo é, provavelmente, o primordial leitor de si mesmo. Uma leitura atenta da nossa parte, faz-nos perceber que há um cuidado cirúrgico com o argumento, por parte do autor. Com o que é dito, como é dito, o que se revela, o que não se revela. E em que alturas. As peças encaixam na perfeição, de forma fluída e consistente. E também são inúmeros os exemplos em que a obra parece ter consciência de si mesma, isto é, como o autor, atento àquilo que o leitor poderá sentir, tem a iniciativa de fazer as perguntas e dar as respostas, rapidamente anulando qualquer fissura narrativa que poderia surgir. Um exemplo claro disto é a caracterização, com cara de Bode - a fazer lembrar a igualmente genial banda desenhada Blacksad, de Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido - da personagem de Hubert Triton. Lembro-me que ainda estava a franzir a testa pensando de forma céptica: “hmmm… um bode? Que foste tu fazer, Filipe Melo?” e, já duas vinhetas abaixo, o autor me dava a resposta com um simples: “É assim que me lembro dele”, dito por Julien Dubois. Mas que maravilha! Não deu para não sorrir com a forma como o autor me "fintou", narrativamente. Não é para todos esta agilidade no argumento, definitivamente. 

O cuidado estético de ambos os autores é tanto que o próprio fumo dos cigarros é uma personagem, per si, nesta obra. O que revela bem, de forma quase extrema, que nada é deixado ao acaso. Como o compositor de uma música, movida a crescendos, a pausas, a silêncios, a eloquência, a drama, Filipe Melo é um autêntico maestro no argumento. Outra coisa extremamente bem conseguida é a cinematografia da obra. Enquanto lia Balada para Sophie, sentia-me a ver um filme. E aqui o responsável não é apenas Melo. Cavia, sabe dar vida a uma planificação diversa, com uma excelente utilização de “planos de câmara”. Vê-se claramente que ambos os autores são experientes no cinema. 

Há outra coisa que quero realçar, e que já vai sendo algo recorrente aqui no Vinheta 2020. Para que a banda desenhada deixe definitivamente de ser catalogada como “livros para miúdos” e que possa evoluir e tornar-se mais adulta, é necessário que os argumentos tenham tempo (quando falo de “tempo”, refiro-me a páginas) para maturar ideias e aprofundar personagens, tornando os livros mais intensos, densos e inesquecíveis. E isso, felizmente, também é muito bem feito em Balada para Sophie. Se não fosse tão grande em dimensão, esta obra não conseguiria ser tão profunda e inesquecível, mesmo que o argumento e a arte fossem igualmente bons. Por muito boa que uma curta-metragem possa ser, uma longa-metragem, igualmente boa, vai deixar mais marcas na nossa vida. Também é assim na banda desenhada. Felizmente, livros grandes são, cada vez mais, uma tendência comum na banda desenhada que vai sendo lançada.

Quanto à arte de Juan Cavia, é uma maravilha para os olhos! Já o é desde o primeiro livro de Dog Mendonça e continua a melhorar, de livro para livro. A maneira como consegue dar vida às personagens é maravilhosa. Exímio na caracterização facial das personagens – esse calcanhar de Aquiles para tantos bons autores de banda desenhada -, Juan Cavia consegue criar um laço com o leitor logo nas primeiras pranchas. Não há uma única personagem que não seja carismática. O seu traço é elegante e descomprometido, ao mesmo tempo. A forma como deixa, propositadamente, as linhas-guia na arte final das personagens é uma característica singular que funciona tão bem. Os ambientes, os detalhes dos objetos nos cenários, a utilização de planos com perspetivas algo complexas e audazes, a diversidade nas pranchas para acentuar determinado tipo de sentimento… bolas! Está tudo bem feito! Existem ainda magníficas ilustrações abstratas que acompanham o período mais narcótico de Julien, que são um gáudio para os olhos. Também a paleta de cores, variando consoante a situação retratada, com tons que são alterados entre os amarelos torrados, os azuis fortes e os vermelhos baços, acrescentam identidade artística à obra. Este é o melhor livro de Juan Cavia, também.

Como se isto não fosse já suficientemente perfeito, a edição da obra, por parte da Tinta-da-China não poderia ser melhor, também. Com uma edição de luxo, capa dura, papel baço de excelente gramagem e uma fita de tecido marcadora, a obra apresenta um design magnífico e não há aqui quaisquer defeitos a apontar. Até coisas simples (mas importantes) como a lombada do livro, a fonte escolhida para o título ou a magnífica ilustração da capa, com um teclado de piano a emergir do fumo do cigarro de Julien Dubois, são magníficas.


Tenho lido alguns comentários na blogosfera e redes sociais manifestando desagrado pelo preço, alegadamente elevado da obra (36€). Ora, considero isto uma “não-discussão”, mas, ainda assim, teço um pequeno comentário pessoal: o valor até pode ser avultado, reconheço, mas há que ter em conta as características do produto em si. 5 dias de férias num resort também são mais baratos do que 15 dias nesse mesmo resort, certo? Da mesma forma que um Dacia também é mais barato do que um Porsche. Uma noite no Hotel Ibis também é mais barata do que uma noite no Ritz. Um piano digital Yamaha também é mais barato do que um piano de cauda Steinway & Sons. Um bife do pojadouro também é mais barato do que um bife da vazia. Podia estar aqui o dia todo. Se queremos quantidade e qualidade, há um preço a pagar. Mais ainda: para um livro com esta qualidade de edição, com 320 páginas impressas a cores, num papel de excelente gramagem, este preço parece-me ajustado. E muito mais preferível e, curiosamente, “mais em conta”, do que se a editora dividisse estas 320 páginas por 5 livros , com 60 páginas, e os lançasse a 15€ no mercado. Ou se os dividisse em 3 livros com 100 páginas e os lançasse a 20€. Já fizeram as contas? Parece-me, pois, uma “não-discussão” esta do livro ser "caro".

Não escondo que sou muito admirador da obra de banda desenhada que, até agora, Filipe Melo e Juan Cavia já nos deram: Dog Mendonça foi divertido e excitante; Os Vampiros foram uma abordagem intensa e séria; e Comer/Beber, já analisado no Vinheta 2020, foi a afirmação do amadurecimento dos autores, enquanto bons contadores de histórias de banda desenhada, com cariz cinematográfico. No entanto, parece-me agora que todas essas obras, por boas que sejam, foram meros degraus que os autores percorreram para se conseguirem tornar nos autores de Balada para Sophie. Naturalmente, faço votos para que a colaboração criativa de Filipe Melo e Juan Cavia continue por muitos longos anos, de forma a dar-nos muitos mais livros de banda desenhada com esta qualidade. Mas também considero que, se por ventura, (batam na madeira!), a dupla se retirasse da BD, teria aqui um livro perfeito, um final feliz, um portento da banda desenhada para o fazer. Não me parece possível ultrapassar Balada para Sophie em qualidade. Mas claro, a qualidade da obra talvez possa – e deva - ser igualada. Até mesmo para outros criadores de banda desenhada – nacional ou internacional – esta deverá ser uma obra de referência a ter em conta. Acho até que este trabalho, se bem promovido internacionalmente nas versões inglesa e francesa da obra, pode sonhar com prémios internacionais ao nível dos Eisners ou do Festival de Angoulême

Uma coisa é certa: a parceria de Melo e Cavia é como que um match made in heaven

Os críticos de banda desenhada parecem ter sempre aquela capacidade para, até mesmo nas obras mais magníficas, encontrarem alguma pequena coisa ínfima para apontar negativamente. Mas vou-me deixar de tretas: esta obra é perfeita. À luz dos meus olhos não tem defeitos. Com enorme capacidade de alcançar – e conquistar – o mercado internacional, com hipóteses de chegar a ter uma versão no cinema (se eu fosse um produtor de Hollywood com dinheiro, já teria certamente comprado os direitos da obra para cinema), este é um daqueles livros que vai ficar no pedestal das melhores obras de banda desenhada e que vai vencer o teste do tempo. Daqui a 10, 20, 50, 100 anos continuará uma obra maravilhosa e inolvidável. E é isso que acontece com as obras-primas. Ultrapassam o teste do tempo. Dickens, Twain, Dumas, Cervantes, Shakespeare, Lewis Caroll, Saint-Exúpery e outros tantos, na literatura. Tchaikovsky, Schubert, Chopin, Wagner, Mozart, Beethoven, Bach, Dvořák, John Williams, Ennio Morricone e outros tantos, na música. Balada para Sophie estará, certamente, na lista de melhores bandas desenhadas de sempre. Este não é daqueles "simplesmente recomendados”. Se uma pessoa que se diz amante de banda desenhada não tiver este livro nas suas estantes, não me merece respeito. Qual recomendado, qual quê, este livro é obrigatório.


NOTA FINAL (1/10):
10.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020




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Ficha técnica
Balada para Sophie
Autores: Filipe Melo e Juan Cavia
Editora: Tinta-da-China
Páginas: 320, a cores
Encadernação: capa dura
Lançamento: Setembro de 2020

4 comentários:

  1. Tal como o livro é uma obra prima, como referido, também esta opinião está perfeita. Concordo com tudo o que aqui foi dito. Para mim Balada para Sophie é o melhor livro de BD que alguma vez li (e eu pensava que a qualidade de Os Vampiros era difícil de ultrapassar!).
    Parabéns também pela opinião tão minuciosa e assertiva que aqui foi escrita.

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário! Estamos de acordo quanto à enorme qualidade desta obra prima da banda desenhada. Um abraço.

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  2. Concordo plenamente que o preço desta obra-prima é uma não-discussão. Vale cada cêntimo e até mais. Há jogos de consolas que custam 60, 70 e 80 euros e que não valem um décimo do valor deste livro. Nem têm sequer metade do seu impacto. Nem pouco mais ou menos. O reconhecimento que este livro tem tido é mais do que merecido. E agora que esta magnífica obra irá ser adaptada a série nos EUA, espero que chegue a muitos mais públicos e seja traduzida em muitas línguas!

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