Hoje trago-vos as novidades de banda desenhada que a Penguin Random House prepara para o próximo ano!
Falei com a simpática Rebeca Bonjour, responsável pelo Marketing e Comunicação da Penguin, que, não abrindo muito o jogo quanto às novas obras que a editora prepara para o próximo ano, deu, ainda assim, respostas muito interessantes às minhas perguntas que merecem ser lidas mais abaixo.
Como notícias positivas, destaca-se o aumento de autores nacionais a publicar pela editora!
Não deixem de ler, mais abaixo, a entrevista.
ENTREVISTA
1. A Penguin Random House, através das suas mais diversas chancelas que editam BD, como a Iguana (especialmente focada nessa vertente), mas também a Topseller, a Fábula, a Cavalo de Ferro, a Companhia das Letras, a Elsinore, a Nuvem de Letras, a Booksmile, e outras, parece estar, cada vez mais, a apostar na banda desenhada. A que se deve esta crescente aposta? A diretivas da casa-mãe internacional ou à perceção de uma oportunidade de negócio no mercado nacional?
As novelas gráficas e livros ilustrados sempre fizeram parte do catálogo da Penguin Random House, mas é verdade que nos últimos meses, por uma maior vontade e procura do leitor português, temos intensificado a publicação deste tipo de livros, inclusive criando uma chancela específica, a Iguana, para editar sobretudo novelas gráficas, BD e livros ilustrados de autores nacionais e internacionais.
Além do seu público central, muito conhecedor e entusiasmado, a BD tem-se aberto a novos públicos e também a leitores mais jovens, por ser uma excelente porta de entrada na leitura.
2. Falando da Iguana, em particular, a editora começou a lançar banda desenhada de forma um bocado tímida mas, nos últimos meses, o número e a qualidade das propostas editoriais desta chancela tem aumentado. Podemos esperar que haja ainda um maior aumento no número de obras de BD publicadas no próximo ano?
A Iguana começou a editar apenas no final de 2022, e é natural que após os primeiros passos a aposta vá crescendo em qualidade e quantidade.
2023 foi um ano bem recheado de apostas de qualidade na área da BD, e em 2024 prosseguiremos esse caminho, tanto com autores internacionais como com autores nacionais.
A Iguana é uma chancela de obra gráfica e o nosso plano não se resume à BD; mas a BD será sempre um dos seus eixos principais, que queremos que venha a ter cada vez mais protagonismo.
3. Igualmente positiva é a aposta da Penguin no lançamento de autores nacionais de banda desenhada, com as obras Manual de Instruções, de Nuno Markl e Miguel Jorge, E agora?, de Raquel Sem Interesse, da chancela Iguana, ou na reedição das obras de Filipe Melo pela Companhia das Letras. Poderemos esperar que mais autores nacionais sejam editados pelo grupo editorial no próximo ano? Que nomes já podem ser avançados?
Em 2024 teremos autores nacionais como a Joana Mosi, a Filipa Beleza, que se irá estrear na BD, depois de dois livros ilustrados (Somos Mesmo uma Merda a Crescer e Entalados), a dupla Marta Teives e Pedro Moura.
Estes são alguns dos nomes que já podemos avançar e que estamos muito felizes por poder publicar.
Novo livro, ainda sem nome, de Joana Mosi, autora de O Mangusto, My Best Friend Lara, Nem Todos os Cactos têm Picos, entre outros.
(Ainda sem capa e sem pranchas disponíveis)
Prancha do novo livro, ainda sem nome, de Filipa Beleza, autora dos livros de cartoons Somos Mesmo uma Merda a Crescer e Entalados
(Ainda sem capa e sem pranchas disponíveis)
4. Em 2023, a Iguana também lançou uma obra clássica que é Mafalda, do argentino Quino. Passará pela estratégia da editora para o próximo ano relançar outros autores considerados clássicos na banda desenhada mundial?
Decidimos publicar a Mafalda porque houve uma oportunidade editorial e porque achamos que, sendo um clássico do género que completa 60 anos em 2024, é uma obra totalmente atual, tão irreverente e necessária hoje como quando surgiu.
Neste momento não temos nenhum outro clássico contratado, mas é uma área que iremos explorar.
5. Considero curioso que, no meio de tantas chancelas, aquela que, aparentemente, é apenas destinada a banda desenhada, a Iguana, edite também álbuns ilustrados e que, depois, haja outras chancelas mais generalistas da Penguin que também lancem banda desenhada. Esta opção deve-se mais à seleção do público-alvo ao qual as obras de destinam, em detrimento do estilo de uma obra ser de banda desenhada ou não?
Antes da existência da Iguana, a Penguin Random House Portugal já editava Banda Desenhada e livros ilustrados. Esses autores, que já pertenciam a outras chancelas (como a Cavalo de Ferro ou a Companhia das Letras) continuam a ser publicados nessas chancelas, por vezes pela relação que existe entre os autores e os seus editores ou pelo facto de se tratar de adaptações de clássicos que já figuram do catálogo de uma determinada chancela.
Cada chancela tem liberdade para contratar as obras gráficas que considere interessantes para o seu catálogo. Esta política também nos permite ter uma maior diversidade de gostos, registos e abordagens no catálogo de obra gráfica.
6. O ano de 2023 ainda não terminou e estou ciente que os resultados das vendas dos livros acabam por só ser percebidos vários meses depois. De qualquer maneira, e tendo em conta a sua própria sensibilidade do mercado, que livro de BD considera ter sido o vosso campeão de vendas de 2023?
7. E em que livro é que as vendas ficaram aquém do esperado em 2023?
O mercado de BD e livros ilustrados é bastante diferente do mercado de ficção e não ficção, pelo que as expectativas e os ritmos são outros.
Ainda não temos dados suficientes para tirar esse tipo de conclusões.
8. Até ao final do ano 2023, ainda serão lançadas algumas novas obras de banda desenhada? Quais?
No dia 20 de novembro lançámos o último título do ano da Iguana: A Espera, da autora coreana Keum Suk Gendry-Kim, uma obra comovente sobre o trauma familiar causado pela divisão da Coreia e pela guerra, e as suas dolorosas consequências.
A Espera, de Keum Suk Gendry-Kim
No próximo ano teremos um novo livro, premiado, desta autora, [Erva]
Erva, de Keum Suk Gendry-Kim
9. E que novas obras poderemos, então, esperar para 2024?
Daremos continuidade a alguns autores que publicámos este ano e guardamos algumas surpresas que iremos revelar em breve.
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NOTA POSTERIOR DE HUGO PINTO:
Tal como sucedeu com a entrevista da ASA, também Rebeca Bonjour foi vaga ao nível das obras a que a editora "dará continuidade" em 2024.
Como tal, dei comigo a fazer o trabalho de casa de forma a tornar este artigo mais aliciante para os leitores do Vinheta 2020 e eis as séries que, expectavelmente, uma vez que estão em curso, a Penguin deverá continuar a publicar em 2024:
Sapiens #3, de Yuval Noah Harari, David Vandermeulen e Daniel Casanave
Let’s Play: Volume 3, de Leeanne M. Krecic
Let’s Play: Volume 4, de Leeanne M. Krecic
Lore Olympus - Volume 2, de Rachel Smythe
[NOTA: Provavelmente, à semelhança do que foi feito no primeiro volume da série, este segundo volume será dividido em dois livros)
Lore Olympus - Volume 3, de Rachel Smythe
[NOTA: Provavelmente, à semelhança do que foi feito no primeiro volume da série, este terceiro volume será dividido em dois livros)
The Books of Clash - Vol. 3, de Gene Luen Yang, Kendall Goode e Alison Acton
Um Dia na Vida... Volume 2, de de Mike Barfield e Jess Bradley
Um Dia na Vida... Volume 3, de de Mike Barfield e Jess Bradley
Aproveitando ainda este espaço para especular um pouco - não tendo qualquer confirmação por parte da editora - gostaria que - agora que a Iguana publicou o fantástico Mau Género, de Chloé Cruchaudet, tendo, portanto, passado a ter a autora no seu catálogo - a gigante editorial publicasse mais obras de Cruchaudet. Até porque a sua mais recente série, Celeste, tem estado a conquistar leitores e crítica em França. Espero, portanto, que esta seja uma das "surpresas" mencionadas por Rebeca Bonjour. Mas, pelo menos para já, não passa de um "desejo lógico" da minha parte. A ver vamos.
De qualquer maneira, informar-vos-ei à medida que forem sendo conhecidas mais novidades da Penguin para 2024.
Celeste - Volume 1, de Chloé Cruchaudet
Celeste - Volume 2, de Chloé Cruchaudet
A Penguin Random House nacional é um caso de estudo verdadeiramente singular. Pergunta-se o porquê da existência de (pelo menos) 8 editoras não-BD a colocar colocar obras de forma aleatória e irregular no mercado quando existe um selo/chancela supostamente criado e vocacionado para o efeito, a Iguana?. A dispersão de obras, autores e qualidade de propostas não só prejudica o grupo editorial e o leitor como compromete qualquer intenção minimamente séria de ter um catálogo estruturado com relevância. Bastaria seguir o trabalho que a congénere vizinha espanhola desenvolve (a Salamandra graphic) para vermos diferenças a breve prazo. Estarão para aí virados?…
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