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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Análise: Hercule Poirot - Jogo Macabro

Hercule Poirot - Jogo Macabro, de Marek - Arte de Autor

Hercule Poirot - Jogo Macabro, de Marek - Arte de Autor
Hercule Poirot - Jogo Macabro, de Marek

Se há série de banda desenhada grande (em quantidade de volumes) que a editora Arte de Autor tem publicado entre nós, essa série é a Coleção Agatha Christie que adapta para a 9ª arte os clássicos da literatura da célebre autora. Com efeito, este Hercule Poirot – Jogo Macabro, o mais recente livro publicado por cá, já é o 13º tomo da coleção, o que faz com que esta seja a série mais comprida da Arte de Autor.

Admito que, devido a existirem naturais e expectáveis pontos em comum entre as diversas obras desta série, talvez o lançamento de mais um álbum (já) não seja uma notícia que nos faça rejubilar de alegria. Ainda assim, a verdade é que a leitura de cada volume acaba por ser sempre bastante agradável. O entretenimento é garantido. Como é o caso deste Jogo Macabro, da autoria de Marek.

Hercule Poirot - Jogo Macabro, de Marek - Arte de Autor
Desta vez, a ação passa-se numa ampla e nobre propriedade, onde é organizada uma festa com muitos jogos tradicionais e, em especial, um jogo estilo “escape room”, onde se procura descobrir o responsável por uma morte. Mas é tudo a fingir! É um género de misto entre um jogo “Cluedo”, jogado ao ar livre, e um peddy paper. Hercule Poirot é convidado pelos organizadores do concurso para entregar o prémio ao vencedor. Porém, as coisas começam por se complicar e tornarem-se mais reais quando acontece, de facto, um homicídio verdadeiro. Após a descoberta desse assassinato, também desaparece a esposa do dono da propriedade, o que aumenta ainda mais o mistério dos acontecimentos ali vividos. Como sempre, caberá a Hercule Poirot decifrar todo o mistério a envolver este estranho caso. E, também como sempre, nem tudo é o que parece, ficando a cargo do astuto investigador a capacidade para encontrar provas irrefutáveis nos mais leves e aparentemente insignificantes detalhes.

Se Encontro com a Morte, a outra obra desta coleção igualmente adaptada pelo mesmo autor Marek, até foi, quanto a mim, um dos volumes mais fracos da coleção, foi com satisfação que encontrei neste Jogo Macabro uma bela adaptação. Os textos originais de Agatha Christie para serem bem adaptados para banda desenhada, e tendo especialmente em conta o contido número de páginas para tal empreitada, precisam de retirar tudo aquilo que é acessório e assegurar, que o leitor fica "confundido" e "perdido" perante quem são os culpados pelos crimes que acontecem. E, claro, a "dificuldade", passa por conseguir embalar bem, ou não, em termos narrativos, o leitor.

Hercule Poirot - Jogo Macabro, de Marek - Arte de Autor
Marek dá-nos aqui um trabalho muito convincente, pois consegue fazer esta adaptação muito bem. Nunca senti que a história estivesse demasiado apressada nem, tampouco, demasiado superficial. Penso que as coisas são feitas na medida certa, conseguindo o equilíbrio necessário.

É, portanto, uma boa adaptação e acho que é daqueles casos em que (quase) podemos dizer que a banda desenhada cumpre tão bem o objetivo da narrativa original, que nem é preciso ler o original. Mas utilizo o termo “quase”, claro, porque, já se sabe, ler o original traz-nos sempre algo mais em comparação com aquilo que uma adaptação nos oferece.

Confesso que o final desta obra, me pareceu um pouco rebuscado e rocambolesco demais. Até mesmo para os padrões de Agatha Christie. E, claro está, essa a minha afirmação não se destina, portanto, à adaptação de Marek, mas sim ao próprio texto original de Agatha Christie.

Hercule Poirot - Jogo Macabro, de Marek - Arte de Autor
Abordando a parte visual desta obra, Marek volta a ser fiel ao que nos deu em Encontro com a Morte, se bem que também me parece que este novo álbum acaba por ser um pouco mais bonito em termos de ilustrações. 

Mas isso talvez se deva ao facto da paisagem e cenários deste Jogo Macabro serem mais verdejantes e apelativos do que a aridez de cenário onde decorre Encontro com a Morte. Mas, de resto, o estilo mantém-se fiel, por isso recupero o que já havia escrito na análise que fiz a esse primeiro livro de Marek: "o autor oferece-nos desenhos em linha clara, com uma boa dose de elegância, onde as caras das personagens apresentam traços "cartoonizados". Normalmente funciona sempre bem, mas, noutros casos, senti que essas caras mais "abonecadas" não estavam tanto em linha com o resto das ilustrações e, especialmente, com o tom da história."

Quanto à edição da Arte de Autor, não há muito a afirmar. O livro apresenta capa dura com verniz e, no interior, bom papel baço, boa impressão e boa encadernação. Esta tem sido uma boa aposta da editora portuguesa. No início, com o primeiro livro O Expresso do Oriente, até não fiquei especialmente bem impressionado com esta série, mas, passados já mais de 10 álbuns, tenho que dar o braço a torcer e admitir que estamos perante uma boa coleção.

Em suma, Jogo Macabro é uma adaptação para banda desenhada bastante competente de mais um dos clássicos da literatura da autora Agatha Christie. É óbvio e natural que esta coleção tenha alguns livros que são melhores do que os outros e, concretamente, olhando para este caso, acho que Jogo Macabro consegue entrar para a seleção dos melhores.


NOTA FINAL (1/10):
8.0

Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Hercule Poirot - Jogo Macabro, de Marek - Arte de Autor

Ficha técnica
Hercule Poirot - Jogo Macabro
Autor: Marek
Editora: Arte de Autor
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
Lançamento: Julho de 2023


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