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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Análise: Operação Overlord Vol: 2 - Omaha Beach



Operação Overlord Vol: 2 - Omaha Beach, de Bruno Falba, Davide Fabbri e Christian Dalla Vecchia

Depois de analisado o primeiro volume de Operação Overlord, a série mais recentemente publicada pela editora ASA com o jornal Público, e após algumas coisas menos bem conseguidas nesse primeiro tomo, foi com algum cepticismo que agarrei neste Omaha Beach. Mas, felizmente, as coisas melhoram (e muito!) neste segundo livro. 

E a principal razão para essa mudança positiva, prende-se com a alteração na equipa de autores que nos dá Operação Overlord. Enquanto que no primeiro tomo, Sainte-Mère-Église, o argumento era assegurado por Michaël Le Galli, neste Omaha Beach, o argumento fica a cargo de Bruno Falba, que passa a ser o responsável pela história até ao final da coleção, dividada em 6 volumes.

E se no primeiro volume a narrativa pareceu quase sempre parcamente explorada e insuficientemente aproveitada por Le Galli, neste segundo volume, Falba faz um melhor trabalho, com mais clareza e assertividade na forma como constrói a narrativa.

Desta vez, somos remetidos para aquele que será, certamente, o desembarque bélico mais conhecido na história da civilização, em Omaha Beach, que originou igualmente, uma sangrenta batalha entre alemães e americanos, com milhares de mortes. 

Os autores fazem uma coisa que considero muito positiva, que é mostrarem-nos não só o lado americano, como também o lado alemão, revelando que - expectavelmente! - o comum do cidadão que tinha que se alistar no exército, quase nunca tinha qualquer ódio pelo exército adversário. Não se tratava de uma escolha ou de uma ideologia. Tratava-se, antes, de uma obrigação ou uma necessidade e era isso que dava – ou tentava dar ânimo – aos soldados. Quer fossem americanos, ingleses ou alemães. E neste Omaha Beach, isto está muito bem conseguido. Tenta-se ser factual, sem se tomar partidos e isso, é coisa rara nos livros e filmes que se vêem sobre a Segunda Guerra Mundial. 

Esta opção de mostrar os dois lados foi, até, muito mais bem conseguida do que aquilo que foi feito no álbum anterior em que se tentou mostrar o background de 5 soldados americanos, oriundos de realidades muito díspares. A ideia até era interessante mais foi mal aproveitada, como referi nessa análise. Aqui, essa opção foi posta de lado e foi, portanto, uma escolha acertada.

Em termos narrativos, o livro também faz uma coisa muito interessante. É que a primeira parte do mesmo – sensivelmente metade da história – mostra-nos a preparação da operação, revelando-nos dificuldades inerentes a esta empreitada bélica e contextualizando muito bem os acontecimentos. E à semelhança do que, muitas vezes, é feito no cinema, esta demonstração da operação, aumenta o interesse e ansiedade(?) do leitor em relação aos acontecimentos que se avizinham. Depois, quando o desembarque é iniciado, temos ação total em muitas páginas, ora mostrando o lado americano, ora mostrando o lado alemão.

Quanto à arte ilustrativa, também houve alterações na equipa. Davide Fabbri passou a ser responsável pelo storyboard e os desenhos ficaram a cargo de Christian Dalla Vecchia. Neste cômputo as alterações não são tão significativas como na mudança de argumentista. O trabalho de ilustração mantém-se fiel ao primeiro volume. E também neste segundo livro, há alguns desenhos impressionantes mas também há outros que parecem "rabiscos" feitos meio à pressa. 

Quando um ilustrador nos dá umas ilustrações muito boas e outras que são "fraquinhas", só há uma de duas conclusões a tirar: ou o ilustrador não é assim tão bom e apenas teve um momento de inspiração para criar as tais ilustrações boas; ou então, e parece-me ser isso que se passa em Operação Overlord, o ilustrador é bom mas não teve tempo, inspiração ou força de vontade para fazer melhor. Infelizmente, isso acontece aqui. E tal como referi na análise ao volume anterior, "este é um livro que, à partida, pode enganar um pouco. É que, na verdade, e se folhearmos rapidamente, é fácil ficarmos seduzidos pela arte dos desenhos e das cores. No entanto, uma análise mais pormenorizada às ilustrações deste livro, permite-nos ver que, por vezes, a arte parece feita algo à pressa, delegando para o processo de arte final e cores, a função de “salvar” o desenho."

De referir ainda que neste Omaha Beach, aquele problema das personagens serem demasiado idênticas entre si, confundindo, por vezes, o leitor, não está tão presente. O que, naturalmente, é algo mais positivo para a fluidez da leitura.

Não sendo perfeito, é sobejamente melhor do que o primeiro volume da série. E para aqueles que apenas desejam conhecer Operação Overlord, diria que é por este volume que devem começar. Uma história mais bem explanada do que a anterior e um testemunho sólido em banda desenhada, duma das batalhas mais célebres de sempre.


NOTA FINAL (1/10):
8.5


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020

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Ficha técnica
Operação Overlord Vol: 2 -  Omaha Beach
Autores: Bruno Falba, Davide Fabbri e Christian Dalla Vecchia
Editora: ASA
Páginas: 48, a cores 
Encadernação: capa dura
Lançamento: Julho de 2020

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