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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Análise: Édipo

Édipo, de Luc Ferry, Clotilde Bruneau e Diego Oddi - Gradiva

Édipo, de Luc Ferry, Clotilde Bruneau e Diego Oddi - Gradiva
Édipo, de Luc Ferry, Clotilde Bruneau e Diego Oddi 

Édipo é mais um dos livros lançados pela Gradiva, a propósito da sua coleção A Sabedoria dos Mitos. E tal como em álbuns anteriores, dos quais já foram aqui analisados, Prometeu e a Caixa de Pandora e As Desventuras do Rei Midas, também neste Édipo temos um argumento competente e didático que nos permite uma abordagem leve sobre as lendas da mitologia grega. 

Ideal para aqueles que pretendem saber algo mais sobre o tema, sem terem que fazer uma análise muito profunda ou exaustiva, e à semelhança dos outros títulos da série, esta é uma banda desenhada que um adulto pode ler e apreciar mas que, por causa do caráter educativo da obra, é muito recomendável para crianças e adolescentes. Como que uma maneira divertida de aprender. E isso é algo que considero de extrema importância. 

A história é escrita por Luc Ferry mas é Clotilde Bruneau quem transforma o trabalho de Ferry em guião de banda desenhada. Quanto às ilustrações, têm sido sempre autores diferentes a serem os reponsáveis pelas obras desta coleção. No entanto, é impressionante que, embora os ilustradores se vão alterando, haja um ambiente e um estilo de desenho muito harmonioso entre os vários livros da coleção. Não diria que as ilustrações sejam rigorosamente iguais entre si, de livro para livro, mas é verdade que têm um fio de coerência estético muito harmonioso. E isso beneficia a coleção, claro. 

Édipo, de Luc Ferry, Clotilde Bruneau e Diego Oddi - Gradiva
E, portanto, este Édipo não é exceção. Os desenhos, a cargo de Diego Oddi, são bastante agradáveis. Têm um estilo moderno, embora com algumas características clássicas da bd franco-belga. Cores agradáveis, desenho competente, planificação das pranchas dinâmica. Nada de muito profundo ou maravilhoso do ponto de vista estético. Mas nada de errado a apontar também. Poderá ter o problema de ser uma obra “morna”. Que arrisca pouco. Mas, se tivermos em conta o objetivo da mesma, creio que não se pretende que seja uma bd demasiado profunda. Nem no texto, nem na arte. E é isso que aqui é feito. 

Relativamente à história de Édipo, sobejamente conhecida por todos, especialmente com base no Complexo de Édipo, popularizado pelo psicanalista Sigmund Freud, esta obra conta-nos a trágica vida de Édipo que depois de, ainda em recém-nascido, ser abandonado pelos seus pais, o rei Laio e a sua mulher Jocasta, acaba por ser salvo e acolhido por outro rei - Corinto - que, não conseguindo ser pai juntamente com a sua mulher, adota Édipo, não lhe revelando a sua origem. Édipo cresce então como príncipe mas, desconfiando que os seus pais lhe escondem algo, decide que quer conhecer as suas raízes. O Oráculo de Delfos revela-lhe então que Édipo acabará por matar o seu pai e casar-se com a sua mãe. Aterrorizado com esta revelação, Édipo foge então dos pais para que a profecia não se cumpra. A partir daqui, a história ainda dá inúmeras voltas, que transformam Édipo numa personagem muito complexa. É igualmente muito interessante e intrincada a forma como a história está criada e acaba bastante bem adaptada à banda desenhada, a meu ver. 

Édipo, de Luc Ferry, Clotilde Bruneau e Diego Oddi - Gradiva
No final, o livro tem um dossier de extras sobre o verdadeiro significado do mito de Édipo que oferece mais informação pertinente. Acho que a informação presente neste dossier de extras, acaba por ser densa e complexa demais, quando comparada com a forma como a história - em bd - nos é dada. Poderão dizer-me: “mas é justamente por isso. Se a história de BD é leve, os extras são mais pesados para aprofundar essa leitura leve”. E sim, isso até faz sentido para mim. Porém, acho que o tal jovem que lê a bd, desistirá facilmente da leitura dos extras. E o indivíduo adulto que lê e compreende os extras, acaba por achar, por ventura, leve demais a banda desenhada em si. Ou seja, e resumindo, há um abismo na forma de comunicação entre a bd e os texto dos extras. E, na minha opinião, ambas as coisas poderiam estar mais bem equiparadas entre si. Mas, seja como for, não considero que isto seja nada de grave e fica apenas a minha chamada de atenção. 

Em conclusão, reitero que Édipo mantém a qualidade das outras obras constantes na coleção Sabedoria dos Mitos, da Gradiva. Olho com muito bons olhos para este tipo de coleção pois tem a capacidade de trazer mais leitores para a banda desenhada e permite que, através da ajuda dos desenhos, os próprios jovens possam ser expostos ao hábito da leitura, tão relevante no nosso desenvolvimento intelectual. Não sendo, seguramente, uma banda desenhada espantosa que muda a nossa vida, é uma bd bem encetada, que nos ajuda a ter um breve conhecimento sobre um tema clássico da mitologia grega. E nesse ponto, alcança o seu objetivo com distinção. 


NOTA FINAL (1/10): 
8.3 


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020 


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Édipo, de Luc Ferry, Clotilde Bruneau e Diego Oddi - Gradiva
Ficha técnica 
Édipo 
Autores: Luc Ferry, Clotilde Bruneau e Diego Oddi 
Editora: Gradiva 
Páginas: 56, a cores 
Encadernação: Capa dura 
Lançamento: Setembro de 2019

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