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sexta-feira, 2 de abril de 2021

Análise: Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás

Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás, de Hermann e Yves H. - Arte de Autor


Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás, de Hermann e Yves H. - Arte de Autor
Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás, de Hermann e Yves H.

Tal como referi há uns dias, quando analisei os primeiros 4 tomos da série Duke, da autoria do veteraníssimo Hermann e de Yves H., seu filho, hoje é altura para uma análise ao número 5 da série, intitulado Pistoleiro é o que Serás.

Devo dizer que este volume continua de forma coerente a história já traçada nos números anteriores. Portanto, as minhas considerações, quer relativamente à história, quer relativamente à arte ilustrativa de Hermann, umas vezes majestosa, outras vezes bem mais desinspirada, mantêm-se em linha com o que já escrevi na análise aos primeiros 4 tomos.

Não obstante, e especialmente em termos da história, propriamente dita, este 5º tomo traz alguma frescura para o todo da série. Por esta altura, continuamos a acompanhar a demanda de Duke, que se faz acompanhar por Swift, e que procura entregar os 100 000 dólares ao consórcio Soakes & Sears, tal como lhe fora previamente solicitado por Mullins. Porém, enquanto viajam pelo sudoeste do deserto americano, em direção ao Estado da Califórnia, os dois cowboys são perseguidos por um esquadrão da unidade dos Buffalos Soldiers, todos afro-americanos, que se rebelaram face à tirania do "Homem Branco" e que procuram agora conquistar tudo aquilo que lhes tem sido retirado. O objetivo deste esquadrão, liderado pelo Sargento Blair, passa pois por matar Duke e Swift e apoderar-se do dinheiro que eles carregam. Até que Duke, compreendendo que está numa grande desvantangem numérica face aos seus perseguidores, refugia-se num rancho esquecido no meio do deserto, que pertence a um homem que, desde o passado, deve um favor a Duke.

Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás, de Hermann e Yves H. - Arte de Autor
Paralelamente à ação principal, vamos acompanhando também o percurso de Peg, a amada de Duke, que, estando cativa do misterioso Sr. King, será, concerteza, utilizada por este como engodo para atrair Duke e o dinheiro que o mesmo transporta.

A frescura que, tal como referi acima, este quinto tomo nos traz é o regresso ao passado, às memórias de criança que ainda atormentam Duke e que nos fazem compreender a sua maneira de ser, as experiências que passou com o irmão, Clem, e como o homem que deu guarida aos dois irmãos no passado, quando em crianças, pode agora, passados tantos anos, ser o maior inimigo de sempre de Duke. Já para não falar que esteticamente, com uma tónica de sépia que dá cor a estes flashbacks do passado, estas partes são das minhas preferidas na série.

Em termos de arte visual, Hermann mantém coerência com aquilo que tem feito na série Duke. Tal como nos álbuns anteriores, este Pistoleiro é o que Serás oferece-nos vinhetas maravilhosas e poéticas, tais como aquelas em que somos transportados para a aridez dos desertos americanos; em que vemos cavalos a cavalgar de forma majestosa; ou em que somos presenteados com paisagens nocturnas belas, que nos revelam Duke a navegar nos seus próprios fantasmas e memórias que não cessam de o atormentar. E as cores, aplicadas sobre a forma de aguarela, são belas e impactantes.

Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás, de Hermann e Yves H. - Arte de Autor
Esse é o lado bom da ilustração de Hermann. Depois há o lado menos bom. Que são as caras das personagens que parecem demasiadas feitas à pressa; os problemas com a fisionomia e linguagem corporal - em que certas personagens parecem ter cabeças demasiado grandes para o corpo que possuem; e, claro, as mulheres que são do mais masculino que vi em banda desenhada. Hermann parece não saber desenhar caras femininas ou mesmo crianças.

Note-se que dizer isto não é, de forma alguma, dizer que não há piores desenhos do que os de Hermann. Claro que os há e reconheço que é um mestre da banda desenhada que merece todo o respeito. Mas é, justamente por isso, que esta série – e outros trabalhos recentes do autor - me faz um pouco de confusão. Porque não tem harmonia em termos de ilustração. Tem vinhetas que são nota máxima em termos de qualidade de desenho e relativamente a inspiração; e depois, tem outras ilustrações, que simplesmente ficam a anos-luz das primeiras. Parece quase um capricho de autor, ter uma diferença tão significativa na ilustração, dentro de um mesmo álbum.

Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás, de Hermann e Yves H. - Arte de Autor
Não quero muito “bater no ceguinho” neste ponto. Acho que já fundamentei bem isto na análise aos outros tomos de Duke. Só fico mais desapontado porque, se não fosse isto, Duke poderia estar entre os melhores westerns da banda desenhada. Assim, desta forma, está “apenas” entre os bons westerns.

Porque, de facto, estamos perante uma história que vai ficando gradualmente mais interessante e de um fábula do faraoeste que, a momentos, é grandiosa e memorável.

Quanto à edição da Arte de Autor, esta apresenta uma qualidade já comum aos lançamentos da editora portuguesa. Que é como quem diz que o objeto-livro é apetecível e extremamente apetecível. Nada de errado a apontar.

Em suma, este Pistoleiro é o que Serás, à semelhança da restante série Duke, é uma obra bastante interessante, embora não isenta de erros, e indicada para os amantes do faraoeste, bem como do autor Hermann.


NOTA FINAL (1/10):
8.4



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020




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Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás, de Hermann e Yves H. - Arte de Autor

Ficha técnica
Duke #5 - Pistoleiro é o que Serás
Autores: Hermann e Yves H.
Editora: Arte de Autor
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Fevereiro de 2021

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