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quinta-feira, 19 de maio de 2022

Portugueses fazem história nos Prémios Eisner!



Ontem rebentou a bomba no universo da banda desenhada nacional! Os portugueses Filipe Melo, Filipe Andrade e Inês Amaro estão entre os nomeados para os prémios Eisner!!! Sim, leram bem, os "oscars" da banda desenhada norte-americana!

Filipe Melo e Juan Cavia, autores de Balada para Sophie, receberam 4 nomeações, com a sua edição da obra por parte da Top Shelf (IDW): melhor álbum de banda desenhada, melhor edição americana de material estrangeiro, melhor argumentista (Filipe Melo) e melhor ilustrador/artista de multimédia (Juan Cavia). Não são umas nomeações quaisquer! Estamos a falar das nomeações para as categorias mais apetecíveis dos prémios. Encho-me de orgulho e felicidade perante o nosso Filipe Melo - e, também, perante o "nosso" Juan Cavia - e considero que estas nomeações são mais que fundadas!

Aliás, isto fez-me reler a minha "polémica" análise a Balada para Sophie, aqui no Vinheta 2020, que tanto burburinho causou nas redes sociais - e não só. E mesmo admitindo que, em determinadas frases, talvez a minha eloquência perante "o melhor livro de banda desenhada na história da bd portuguesa" tenha sido extasiante demais, passado todo este tempo, subscrevo toda a globalidade daquilo que escrevi na altura. E quando, aliás, escrevi esta frase: "acho até que este trabalho, se bem promovido internacionalmente nas versões inglesa e francesa da obra, pode sonhar com prémios internacionais ao nível dos Eisners ou do Festival de Angoulême", parecia que eu estava a perspetivar alguma coisa, não?

Dito por outras palavras, e apesar da perseguição pessoal (mas ridiculamente inofensiva) a que fui alvo, por causa desse polémico artigo, a verdade é que, afinal de contas, talvez eu tenha sido mais certeiro nas minhas palavras do que aquilo que muitos queriam admitir, não? E que terão a dizer, agora, esses inúmeros críticos ao meu texto? O (seu) silêncio será a resposta mais concordante possível em relação à qualidade inigualável de Balada para Sophie, estou certo.

Lembro ainda, com sentido de dever cumprido, que Balada para Sophie foi, expetavelmente, o grande vencedor da primeira edição dos VINHETAS D'OURO, em 2020. É com um certo gosto pessoal que recordo que, na aceitação desses prémios, quer Filipe Melo, quer Juan Cavia, referiram que o VINHETA D'OURO era o primeiro prémio que recebiam para esta obra e que não poderiam estar mais felizes! Ora, o Vinheta 2020 e os prémios que aqui se desenvolvem não terão sequer um átomo da importância de uns Prémios Eisner mas, lá está, foi neste pequeno canto da web mundial que a maravilha que é Balada para Sophie foi primeiramente enaltecida. E isso ninguém nos pode tirar e constitui também uma vitória para mim e para todos os membros do painel de jurados dos VINHETAS D'OURO 2020. Poderão rever os vídeos da aceitação dos prémios para Melhor Álbum de Autor Português e Melhor Argumento de Autor Português, aqui e aqui.

Por último, e para aqueles que, injustificadamente, têm menosprezado a obra-prima da banda desenhada mundial (sim, mundial!) que é Balada para Sophie, dizendo coisas como: "ah e tal... se o Filipe Melo não fosse conhecido de outras áreas, onde tem muitos contactos e tal... não conseguiria vender tão bem os seus livros como vende...", acho que cada vez mais vêem os seus pseudo-argumentos a ser invalidados. Não me parece que o Filipe Melo tenha uma amplitude de influências tão grande que atravesse o oceano. Sabem porque é que Balada para Sophie está nomeado a 4 Eisners, meus caros? Porque é uma obra-prima. Não é preciso mais do que dois olhos, um coração e um cérebro para se perceber isso. E os jurados daqueles que são os principais prémios do continente americano, concordam comigo.

Mas, pondo agora de parte o Filipe Melo, o Juan Cavia e o seu fabuloso Balada para Sophie, há que dizer que as boas notícias para a bd nacional, relativamente à edição 2022 dos Prémios Eisner não se ficam por aqui e se estendem a mais um (ou, melhor dizendo, dois) dos nossos principais artistas da 9ª arte! 

Falo de Filipe Andrade que, com a sua obra The Many Deaths of Laila Starr, escrita por Ram V e editada pela BOOM! Studios, recebe 3 nomeações para um Eisner: Melhor Série Curta; Melhor Desenho e Melhor Cor. Esta última nomeação é repartida com a portuguesa Inês Amaro que também coloriu a obra!

Que fantásticas notícias!

Neste caso concreto, ainda não conheço a obra The Many Deaths of Laila Starr mas não posso deixar de estar muito feliz com a aclamação do trabalho de Filipe Andrade, que considero sublime. Lembro-me por exemplo que no meu, também polémico, TOP 15 das melhores bandas desenhadas portuguesas de sempre, considerei BRK, de Filipe Andrade e Filipe Pina, como a minha segunda bd portuguesa de sempre. Filipe Andrade é um autor maravilhoso, pojado de um enorme talento, que recebe assim a aclamação internacional dos Prémios Eisner. E acho, portanto, que face às nomeações que The Many Deaths of Laila Starr acaba de arrecadar, a edição por cá da obra em português já não é apenas justificável, mas sim um imperativo editorial. Não deixem escapar esta oportunidade, caros editores portugueses.

A entrega dos prémios acontecerá em Julho, na próxima edição da San Diego ComiCon. Desejo os meus sinceros parabéns e boa sorte aos portugueses a concurso mas, sublinho que, para mim, eles já são vencedores neste dia histórico para a banda desenhada nacional.

Ok, se pensarmos nos prémios, propriamente ditos, ainda nada foi ganho. No entanto, e como sempre digo, tendo em conta que ocorrem tantos lançamentos de banda desenhada por esse mundo fora e há tanto por onde escolher, estar entre os nomeados já é uma vitória. Feito que, salvo erro, para os portugueses apenas foi alcançado pela Kingpin, de Mário Freitas, para a categoria de melhor loja, intitulada Will Eisner Spirit of Retailer Award, que foi nomeada (e finalista) 5 vezes para esse prémio.

Parabéns a todos aqueles que contribuem para que a banda desenhada portuguesa possa ecoar lá fora e ser respeitada por esse mundo fora! Que saibamos nós, portugueses, louvar aquilo de bom que fazemos que, até aos olhos dos estrangeiros, é imensamente louvável.

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