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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Análise: Stumptown - Vol. 4

Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill - G. Floy Studio

Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill - G. Floy Studio

Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill

Stumptown tem um efeito interessante em mim. É uma daquelas séries que, à partida, até não aparenta ser nada de extraordinário, mas que, aos poucos, vai-se “entranhando” e, quando dou por mim, estou fã da série. Não tendo ficado logo maravilhado com a série, devo dizer que a mesma me foi conquistando com o tempo. Hoje posso ainda não estar "maravilhado" mas há que admitir que estou "claramente agradado" com Stumptown.

Como disse acima, não é que a arte ou o argumento tenham algo de espetacular. Mas, o que é certo é que a sensação de leitura acaba por ser muito gratificante. Este é, por isso, mais um daqueles casos em que primeiro "se estranha", mas que, ao longo do tempo, se vai "entranhando". Sendo este o quarto e último volume da série de Greg Rucka e de Justin Greenwood/Matthew Southworth, devo dizer que até tenho alguma pena que a série fique por aqui. Gostaria que os autores preparassem mais histórias no futuro.

Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill - G. Floy Studio

E pela mesma razão: já estava a habituar-me a Dex Parios, a detetive privada de Portland. Sendo que este quarto volume é um dos melhores, sem dúvida.

A história, intitulada O Caso da Chávena de Café, não poderia ser mais inusitada – e talvez seja até isso que a torna mais interessante e convidativa a ler – e coloca-nos num caso de investigação que envolve… café. Sim, leram bem, café. Neste livro a história não se debate sobre um caso de investigação de um assassinato, de tráfico de droga, de casos de violência maquiavélica… não, nada disso. Aqui, Dex Parios terá como missão garantir a segurança do fornecimento de um tipo extremamente raro de café que, por esse motivo, é extremamente valioso. O trabalho é bem pago e parece fácil, mas quando começa a ser seguida pela Máfia Barista, percebe que há muitos interessados naquele carregamento de café. A protagonista é então trazida para uma luta entre "barões do café" (nunca esperei escrever esta expressão!) que deixa o leitor meio desamparado ao longo da história. Mas é uma boa sensação esta de "se estar desamparado", pois não sabemos para onde nos levará a história. Tendo em conta que já li tantos e tantos livros, esta sensação da história de determinado livro não ser óbvia é sempre algo que valorizo

Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill - G. Floy Studio

Acho, portanto, que Greg Rucka é muito eficaz e original na narrativa que nos monta. E, além disso, introduz neste quarto volume uma nova personagem que é a irmã de Dex, Fuji, que está de visita à casa da protagonista. Mas, em vez de ser uma visita para ajudar com Ansel – o irmão com deficiência intelectual de ambas – Fuji, será uma fonte de problemas para Dex Parios.

Acaba por haver uma boa dose de momentos bem humorados e divertidos, que nos cativam, enquanto desejamos descobrir aonde nos levará toda esta trama que envolve o negócio do café.

E não ficamos por aqui. Porque, na verdade, este livro tem duas histórias. A primeira a envolver o café, que já referi, e uma segunda, intitulada O Caso da Noite Que Nunca Mais Acabava, onde temos um registo bastante diferente. A história é quase totalmente muda e o destaque vai para o ambiente tenso, que nos prende à leitura, que se cria. Uma história curta e muito bem executada por ambos os autores e que ajuda a melhorar ainda mais este livro que acaba por ser o melhor da série.

Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill - G. Floy Studio

Em termos ilustrativos, relembro que no volume 3 Matthew Southworth havia sido substituído por Justin Greenwood enquanto ilustrador da série. E, quanto a mim, foi uma mudança com alterações positivas para a série. É certo que o traço mais realista de Southworth tinha os seus bons momentos (honra seja feita à espetacular cena de perseguição automóvel no volume 2) mas também é verdade que o seu trabalho me parecia algo “preguiçoso” noutras vinhetas, com muitas camadas de sujidade, uma paleta de cores que não funcionava particularmente bem e expressões das personagens não muito bem conseguidas. Com Greenwood tudo se alterou. O desenho passou de realista a muito mais "cartoonesco" e as cores passaram a assumir um destaque muito significativo (e positivo) para o todo.

Compreendo que muitos leitores que gostavam do trabalho de Southworth se tenham sentido algo defraudados a partir do volume 3, já que o tipo de ilustração mudou tão drasticamente. No entanto, reitero que para mim a série melhorou neste cômputo. As ilustrações de Greenwood sendo, por ventura, mais simples e diretas, acabam por criar uma maior relação de empatia do leitor perante as personagens e ajustam-se melhor às histórias que Rucka fabrica para esta série. Além de que dão alguma identidade própria à série que, na minha opinião, com o autor Southworth, se colavam (de forma não necessariamente satisfatória) ao estilo de Sean Phillips, em Criminal

Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill - G. Floy Studio

A juntar a isso, considero a paleta de cores – da autoria de Ryan Hill – uma grande mais-valia da obra. Ou seja, os esforços combinados dos três autores, encaixam muito bem, contribuindo para uma boa experiência de banda desenhada. É simples, mas é bom.

A edição da editora G. Floy Studio desta série - que é mais uma que a editora publica na íntegra e que merece os devidos louvores por isso - foi, desde o início, muito boa. E o volume 4 mantém os mesmos níveis de qualidade. Capa dura, bom papel baço, prefácio e ainda uma entrevista de 10(!) páginas aos três autores, que aparece complementada por esboços de Greenwood. Muito interessante! O grafismo desta série é muito bem conseguido, também, embora eu considere que o texto do prefácio e entrevista mereciam ter uma melhor leitura. Para isso bastaria que o tipo e tamanho de letra fosse outro ou, pelo menos, que o fundo não tivesse tanto ruído visual que dificulta a leitura. Mesmo assim, é uma “queixa” pequena e acredito que a G. Floy apenas se tenha limitado a reproduzir aquilo que havia sido feito no lançamento original.

Em conclusão, devo dizer que, relativamente a Stumptown, o meu conselho para os meus leitores é o seguinte: experimentem. Há forte probabilidade de virem a ficar fãs! Além disso, há que dizer que este 4º e último volume encerra a série de forma muito airosa, com duas histórias que estão entre as mais interessantes que esta série já nos deu. Se ainda não leram nenhum volume de Stumptown, bem que podem começar por este. O melhor de todos.


NOTA FINAL (1/10):
8.6


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Stumptown Vol. 4, de Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill - G. Floy Studio

Ficha técnica
Stumptown - Vol. 4
Autores: Greg Rucka, Justin Greenwood e Ryan Hill
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Junho de 2021

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