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sexta-feira, 24 de junho de 2022

Análise: Armazém Central (Série Completa)

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp

Quando na apresentação do último volume de Armazém Central, que inclui os últimos tomos da série, As Mulheres e Notre-Dame-des-Lacs, e que ocorreu na última edição do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, a editora da Arte de Autor, Vanda Rodrigues, contou o porquê da aposta nesta série, fiquei de boca aberta e, mesmo sem lágrimas, com um brilho especial nos olhos, certamente. Dizia a editora que, por altura da publicação em França, no Festival de Angoulême, do último volume de Armazém Central, ficou apaixonada pela capa do álbum e, mesmo sem conhecer o livro ou a série, o decidiu comprar, embora várias pessoas lhe tivessem dito que esta era uma série longa e que não a perceberia lendo apenas o último álbum. Foi, mais tarde, ao ler um artigo meu sobre as bandas desenhadas que lamentavelmente tinham sido abandonadas por cá, e em que Armazém Central era uma das séries apontadas por mim, que Vanda Rodrigues ganhou novo ímpeto para apostar na série! Caramba! Nem imaginam o prazer e orgulho que me deu saber isto pela editora da Arte de Autor. Porque mesmo que eu tenha tido apenas 1% (ou menos) de responsabilidade em trazer a série para Portugal, é um autêntico prémio pessoal saber que contribui um pouco para que tal acontecesse, acreditem. Claro que para um "crítico de banda desenhada" como eu é fácil dizer que certas coisas são boas. No entanto, e para além dos autores, logicamente, são os editores é que merecem os nossos agradecimentos pelas boas apostas que fazem. E, portanto, acho que todos os leitores de (boa) banda desenhada deverão estar gratos à Vanda Rodrigues, pela sua bela aposta.

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Já muito escrevi sobre Armazém Central e, por esse motivo, convido os leitores do Vinheta 2020 a revisitarem, pelo menos, as duas primeiras análises que fiz à série. Quer aqui, como aqui. Mas agora que, há poucas semanas, foi publicado, pela Arte de Autor, o último volume da série, da autoria de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp, é tempo de fazer uma última análise à série.

E pego na frase que aqueles que me seguem já me ouviram dizer/escrever muitas vezes e da qual eu não fujo: "Armazém Central está entre as minhas três séries de banda desenhada preferidas de sempre!" Não comparo as séries com os álbum one-shot. Desses, também há tanta, tanta coisa que eu adoro e onde se calhar até terei mais dificuldades em fazer um top 3. Mas, em termos de séries de bd, que necessitam de um sentido de continuidade sempre cativante e impactante… então coloco Armazém Central no meu TOP 3, incluindo Blacksad, de Juanjo Guarnido e Juan Diáz Canales, que adoro da mesma forma. Qual será a minha outra terceira série a figurar neste top 3? Bem, normalmente esse lugar é mais mutável. O que até pode ser compreendido como a certeza de que Armazém Central e Blacksad são as minhas duas séries preferidas de sempre.

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Bem, mas falando menos de mim e mais da série Armazém Central, que posso ainda dizer sobre esta fantástica obra-prima da banda desenhada mundial? Pode uma banda desenhada mudar uma vida? Ensinar-nos o que é a aceitação do outro? Isso, de aceitar os outros, que ainda parece ser tão difícil para todos nós? Armazém Central anda lá perto! E fá-lo com subtileza, com maturidade e de uma forma despretensiosa. Não é, por isso, uma daquelas obras que assume uma função pregadora, de nos estar sempre a (tentar) incutir maneiras de pensar ou de ver as coisas de uma ou outra forma. E, também por isso, todas as belas mensagens que aqui nos são dadas, são através dessa forma, que todos deveríamos usar nas nossas vidas, que é a de colocar em perspetiva todo o tipo de preconceitos que ainda temos em nós. E só assim, alcançaremos um mundo mais humano, onde cada um de nós, seja uma mulher livre, um padre inseguro quanto à sua vocação, um doente mental, um homossexual, um adultero, um homem amargurado, um ex-soldado desfigurado, um conjunto de homens rudes ou um conjunto de mulheres presas à sua devoção religiosa… neste mundo há – só pode haver e tem de haver! – espaço para todos. E nesta vida passageira, que devíamos encarar como um único bilhete num carrossel que, dando voltas durante alguns anos, depressa chega ao fim. Não temos tempo suficiente neste mundo para o gastar a odiar os outros. Ou, como diria Matthew Bellamy, dos Muse, “don’t waste your time or time will waste you”.

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Esta é uma história maravilhosa sobre a vida e as pequenas (grandes) insignificâncias que a tornam humana. Que fazem de nós animais racionais e emotivos. Passando-se no ano de 1926 e sendo localizada em Notre-Dame-des-Lacs, uma pequena aldeia pertencente ao Quebeque, no Canadá, Armazém Central conta-nos a história das gentes desta aldeia. A personagem principal é Marie que, após perder o seu marido, que era o responsável pelo Armazém Central – uma loja que fornecia à aldeia todo o tipo de produtos que possamos imaginar - se vê confrontada com necessidade (obrigatoriedade?) de continuar com a sua vida. Da melhor forma que puder e conseguir. Acaba, pois, por ter que trocar de vida. Mesmo que até não o quisesse fazer. A partir daqui, surgem novas personagens na aldeia que a vão alterando. Porque, afinal de contas, a vida não é algo que seja imutável, certo? Pelo contrário, estamos sempre a mudar, mesmo que não demos conta disso. As mudanças são graduais, naturalmente, mas estão sempre à acontecer. E mesmo havendo resistência à mudança, porque há um enorme medo nos humanos perante o diferente e perante tudo aquilo que coloca em causa a normalidade reinante, a verdade é que, mais cedo ou mais tarde, de forma mais ou menos voluntária, todos acabamos por o fazer.

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Embora esta seja uma série com uma dimensão considerável de 9 tomos, a meu ver é apenas uma história longa com princípio, meio e fim. Não há aqui fillers para encher, só porque sim. Não. O que aqui há é uma história contada no ritmo certo, que não é muito rápido, é certo. Mas compreende-se o porquê disto se pensarmos que esta é uma história sobre a mudança numa sociedade. E uma mudança a sério na sociedade nunca acontece de um dia para o outro, certo? Portanto, nunca penso nesta série em volumes. Nunca penso algo como: “ah, aquele tomo é espetacular e aquele é mais fraco”. Não, nada disso. Olho sempre para Armazém Central como uma história apenas. É, pois, justo, analisá-la, descrevê-la, catalogá-la e mencioná-la sempre como um todo. Por isso, compreendam que falar de um tomo ou de outro será sempre muito semelhante para mim e é por isso que transcrevo o que escrevi na análise ao volume duplo Confissões e Montreal e que é transmissível a toda a série:

"Como sintetizar a vida humana, as relações que criamos, os medos que desenvolvemos, a necessidade de aceitação, a construção de valores - e respetivo reajuste dos mesmos? E como ultrapassar o luto com que nos vamos deparando ao longo das nossas vidas? E a propensão de ultrapassar as barreiras que se vão colocando na nossa jornada? Como adocicar a existência de vidas amargas? O que é que nos diferencia verdadeiramente dos animais? Será (apenas) a inteligência ou, também, o facto de criarmos relações intensas entre nós? Qual é, então, o papel de cada pessoa numa sociedade? Armazém Central propõe-nos, senão uma resposta a todas estas questões, pelo menos, um cuidado vislumbre para que, na pele de algumas personagens fictícias inesquecíveis, possamos ver o reflexo de nós mesmos. Esta é uma rara e singular obra-prima da banda desenhada. Como que um poema em que os versos são vinhetas e os sonetos são pranchas. O coração enche-se, o nó na garganta instala-se e o resultado desta leitura é algo que, dificilmente, deixará leitores insatisfeitos. Diria que, para conseguir apreciar este portento da 9ª arte, apenas é solicitado uma coisa aos leitores: que tenham sensibilidade e maturidade. Sem isso, talvez esta banda desenhada não possa ser apreciada. Afinal, aqui não há uma ação rápida. Nem pensar! As coisas vão acontecendo de forma lenta, suave e subtil. Assim são as mudanças numa sociedade, certo?

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Não me interessa, portanto, falar mais sobre a história que nos é dada pois acho que não é nos eventos que eu aqui poderia expor que está o maior interesse da série. É nas entrelinhas. Nas mensagens sempre presentes, embora mascaradas no quotidiano, aparentemente, mundano, daquilo que é vivido por estas personagens. Como escrevi previamente, “é nas entrelinhas, naquilo que fica por dizer, que Armazém Central sobe ao Olimpo das melhores bandas desenhadas que já li. Afinal, esta é uma história magnífica, adulta, profunda, madura e que se pode comparar a uma boa telenovela ou série de tv, daquelas em que criamos uma relação profunda com as personagens. E onde o enredo é tecido de forma magistral pelos autores Loisel e Tripp. O ritmo de ação é lento e comedido, convidando o leitor a mergulhar naquilo que aqui se passa. E o que se passa é de tudo um pouco: temas como a emancipação das mulheres, o desafio dos valores impostos, as opções sexuais, os problemas de foro psicológico, a luta entre homens e mulheres, o papel da religião, a solidão, etc.”

Olhando para o desenho, encontramos uma coisa bastante rara em banda desenhada. O álbum é escrito e desenhado por Loisel e Tripp "a meias". Já algumas pessoas me têm dito que isto é uma coisa bastante comum na banda desenhada, uma vez que há um autor que esboça e outro que arte-finaliza. Discordo. E discordo porque não é bem isso que aqui temos. O que aqui temos são dois autores que, unindo esforços, criam um novo autor. Um "Régis Tripp". Ou um "Jean-Louis Loisel", como preferirem. Isto porque os belos desenhos que aqui temos não são bem o desenho tipo de Loisel (embora o seu estilo se faça notar) nem são bem o desenho tipo de Tripp (embora, também neste caso, o seu estilo se faça notar). Portanto, há toda uma simbiose nas ilustrações dos autores que nos dá algo fresco, belo e único e envolto em muitas camadas gráficas que dão profundidade aos desenhos.

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
"O resultado é uma ilustração bastante detalhada, embora muito “riscada”, numa base de esquisso, que acentua as sombras de forma muito demarcada e rabiscada, conseguindo obter uma aura muito artística. E a este processo magnífico e cuidado de ilustração ainda se juntam umas cores suaves [da autoria de François Lapierre] que atenuam a força das sombras dos desenhos. É um estilo de ilustração que serve perfeitamente o tom humanizante e dramático das situações que habitam esta narrativa. O universo rural está magnificamente retratado. O estilo de desenho, típico na arte de Loisel, acentua as feições da cara, oferecendo-lhes um aspeto algo caricatural, mas sério no trato. Como se fosse um próprio mundo, extraído da mente dos autores. A forma como as emoções das personagens são tratadas é verdadeiramente excecional. Se um olhar diz muitas coisas, os olhares destas personagens dizem-nos mil coisas e, muitas vezes, um simples silêncio está repleto de muitas nuances e significados. E isso só é conseguido quando a arte da ilustração se transcende."

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Quanto à edição, a Arte de Autor fez um belo trabalho em toda a série. As capas são duras e com uma bela textura aveludada, tão suava ao toque. Bom papel, boa encadernação e boa impressão. Tudo bem feito. Vou ser sincero… quando a obra é excecional, como é o caso, mesmo que fosse impressa em papel de mercearia e em capa mole, eu já ficaria satisfeito. Mas, como uma cereja no topo do bolo, a edição da Arte de Autor para este Armazém Central está muito bem conseguida. 

Bem, talvez eu desejasse que a obra tivesse sido lançada em três volumes que reunissem os 9 tomos. Mas também compreendo que houve alguns riscos com esta coleção. A editora viu-se forçada a começar a publicar a série a partir do quarto e quinto volume (porque os primeiros três volumes já haviam sido publicados há uns anos pela ASA, relembro) e isso foi a forma conseguida para uma aposta algo arriscada. Felizmente, é com prazer que vejo que a série está a vender bem. 

Ainda falando na edição, apraz-me ver que, tratando-se de 4 álbuns duplos (mais o primeiro) que, logicamente, havia duas hipóteses para cada uma dessas quatro capas. E, felizmente, a editora (quase)  sempre escolheu a melhor capa. A capa do segundo volume é melhor do que a do terceiro e foi essa a escolhida; a capa do sexto volume é melhor do que a capa do sétimo volume e foi essa a escolhida; e a capa do nono volume é melhor do que a capa do oitavo volume e foi essa a escolhida. Bem, só mesmo a capa do quinto volume, Charleston, é, quanto a mim, melhor do que a capa do quarto volume, Confissões. Bem, mas isto sou eu a ser picuinhas e a emitir uma opinião meramente subjetiva. 

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Finalmente, tenho que dizer ainda que o último livro da série, As Mulheres e Notre-Dame-des-Lacs é complementado, no final, por um álbum de fotografias que sintetiza alguns dos momentos vividos ao longo da história e que, para além disso, ainda nos dá fotografias legendadas de eventos futuros que acontecem após o final do álbum! Mas que ideia tremenda dos autores e que bom tacto da Arte de Autor em ter incluído este importantíssimo extra, que vale quase como se houvesse um 10º volume da obra! Admito que me emocionei a ler este álbum de fotografias.

Voltando ao parágrafo inaugural desta análise, deixem-me ainda dizer que é com grande satisfação que vejo que duas das três séries que eu mais lamentei por não terem sido integralmente publicadas em Portugal, num dos primeiros artigos que fiz no Vinheta 2020, se encontram finalmente publicadas! Falo de Peter Pan, também de Loisel, que no ano passado foi integralmente publicada pela ASA por cá, e deste Armazém Central que agora também está integralmente publicada por cá. Dos meus três desejos, apenas falta a publicação integral da fantástica série Sambre, de Yslaire. Quem se chega à frente?

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor
Enfim, o meu texto já vai longo, portanto deixem-me concluir desta forma: que mais posso dizer sobre esta série? É autêntica poesia. Saibamos nós termos a sensibilidade, experiência de vida e maturidade para poder absorver essa poesia. “Estamos perante uma série maravilhosa, uma autêntica carta de amor à sensibilidade de cada um de nós e que merece ser (re)conhecida por mais leitores de (boa) banda desenhada. Sendo magnífica nas ilustrações, no argumento e nas questões que levanta, é uma obra fantástica que (também) nos ensina a ser mais humanos, tolerantes e a saber aproveitar e guardar as coisas boas da vida. E de quantas bandas desenhadas podemos dizer isso, afinal?

É uma série perfeita. Perfeita na sua feitura, perfeita nos seus intentos narrativos, perfeita na sua mensagem, perfeita nas suas personagens que todos parecemos conhecer sem, no entanto, conhecermos. Perfeita no seu todo, portanto. Uma série que sempre terá um lugar de honra na minha coleção. Tenha eu 38, 48, 58, 68, 78 ou a idade a que conseguir chegar nesta vida. Mudou a minha vida para melhor. Obrigado, Loisel. Obrigado, Tripp. E obrigado à Arte de Autor, nomeadamente à editora Vanda Rodrigues, por ter publicado na íntegra esta obra-prima da banda desenhada mundial.


NOTA FINAL (1/10):
10.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens dos álbuns. www.instagram.com/vinheta_2020



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Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor

Fichas técnicas
Armazém Central #1 - Marie
Autores: Régis Loisel e Jean-Louis Tripp
Editora: Arte de Autor
Páginas: 80, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 227 x 302 mm
Lançamento: Março de 2021

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor

Armazém Central #2 e #3 - Serge | Os Homens
Autores: Régis Loisel e Jean-Louis Tripp
Editora: Arte de Autor
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 227 x 302 mm
Lançamento: Julho de 2021

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor

Armazém Central #4 e #5 - Confissões | Montreal
Autores: Régis Loisel e Jean-Louis Tripp
Editora: Arte de Autor
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Outubro de 2020

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor

Armazém Central #6 e #7 - Erneste Latulippe | Charleston
Autores: Loisel e Tripp
Editora: Arte de Autor
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 227 x 302 mm
Lançamento: Setembro de 2021

Armazém Central – Série Completa, de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp - Arte de Autor

Armazém Central #8 e #9 – As Mulheres | Notre-Dame-des-Lacs
Autores: Régis Loisel e Jean-Louis Tripp
Editora: Arte de Autor
Páginas: 194, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 227 x 302 mm
Lançamento: Maio de 2022

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