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quinta-feira, 7 de julho de 2022

À Conversa Com: Gradiva - Novidades para o 2º Semestre de 2022



Hoje é dia de vos dar a conhecer as novidades da Gradiva para o segundo semestre de 2022!

Numa muito interessante e relevante conversa com o responsável máximo da editora, Guilherme Valente, fiquei a conhecer quais os novos livros que a editora prepara para os próximos seis meses! 

E o ritmo de novos lançamentos por parte da editora promete continuar a ser muito intenso!

Não deixem de ler a entrevista, mais abaixo!


Entrevista


1. Agora que voltámos a uma certa normalidade, semelhante à que vivíamos em 2019, sente que isso está a ter um impacto positivo em relação às vendas da editora?

Os nossos livros são, como sabe, para leitores exigentes. Que cada vez são mais raros. Porque a escola tem vindo a deixar de ensinar a ler e a maior parte dos professores (também nas universidades) deixou de ter a paixão de ler e, por isso, deixou também de a poder transmitir. 

A anormalidade que refere não atingiu muito, por isso, o género de livros que editamos.


2. Dos livros já lançados pela Gradiva neste primeiro semestre, já se destaca, em termos de aclamação do público e crítica, ou em termos de vendas, algum livro que tenham lançado?

Todos qb. Quanto a vendas, já conseguimos mesmo reeditar alguns deles, agora o Darwin.

Esperamos agora um êxito significativo para o incontornável A Bomba. Admirável de rigor científico e histórico. Que devia ser lido por toda a gente e lido e discutido... na escola. 

Eu aprendi a ler e cresci com as histórias aos quadradinhos. Por isso, achei que uma maneira de os jovens voltarem a iniciar-se e a praticarem a leitura seria a BD. BD que quis sempre editar e que deixou felizmente de ser vista como só para miúdos. 

Por isso, começámos a fazer o que eu sempre desejei fazer e cheguei mesmo a tentar, mas então sem sucesso. Tivemos o cuidado de editar, como sabe, vários géneros, para jovens e para jovens e adultos. E temos tido o êxito suficiente. 

E só um título foi um fracasso absoluto: uma obra-prima de desenho, e um humor brilhante Monty Python, Gus. Eu já previa, mas quis testar.


3. Se há coisa que me tem deixado embasbacado - mas igualmente feliz! - tem sido o incrível e forte ritmo de lançamentos de banda desenhada por parte da Gradiva, durante esta primeira metade de 2022. Se não me engano, creio que já foram lançados mais de uma dezena de livros de bd! O que é apreciável e, aos meus olhos, uma certa mudança editorial na Gradiva. Podemos contar com um número semelhante de lançamentos para o segundo semestre de 2022?

Sim. Não é uma mudança, é um alargamento.


4. Entre as muitas séries que a Gradiva tem vindo a editar durante 2022 (O Guardião, Nestor Burma, Tango, Alix Senator, Lonesome, entre outras), destacam-se duas obras que acabam de ser lançadas e que assinalam, de certa forma, dois tipos diferentes de aposta editorial, por parte da Gradiva. Por um lado, o lançamento da série de mangá City Hall. Um género que a editora nunca tinha lançado. Por outro lado, a aposta em A Bomba, uma banda desenhada de enorme dimensão e que tem sido muito aclamada por leitores e crítica no estrangeiro, e que até já conquistou vários prémios. São, portanto, estas duas novas apostas, um passo em frente na tentativa de alcançar novos leitores?

Sobre A Bomba já respondi em parte na resposta ao ponto 2. 

Sobre o mangá, começou por ser uma curiosidade minha e já estávamos para começar há… dois anos! Depois li muito sobre o fenómeno, percebi o que era e o êxito que vem tendo também na Europa. 

Vivi no Extremo Oriente dez anos em períodos separados e assisti aí ao sucesso que é. Aqui, julgo perceber também o êxito que a Devir teve e tem. E quis ser agora o primeiro da avalanche de mangás que outros editores se preparam para lançar.


5. Falando ainda em A Bomba, têm surgido muitas opiniões e conjeturas acerca do porquê do lançamento da obra em dois volumes e em capa mole, contrariamente ao seu lançamento original, que foi num só volume e em capa dura. Pode elucidar-nos acerca da razão desta aposta da Gradiva? Prendeu-se apenas com a tentativa de redução de custos editoriais?

Sim, publicámos em dois volumes pelas razões que o Hugo refere, e de maior conforto a ler e a manusear.

Mas também por uma razão, menos visível, digamos, um contributo meu: achei que com os títulos que escolhi para cada um dos tomos - frases retiradas do livro, ambas - e que os autores acharam muito bem - tornámos visível uma das mensagens porventura mais fortes do livro: Tomo 1: “No princípio era o nada” (estou a citar de memória, mas é mais ou menos isto); Tomo 2: “A Sombra”. Sabe a que se refere? A sombra de uma pessoa , a única coisa que restou de Hiroxima no momento da explosão, que por um estranho fenómeno físico-químico ficou gravada em pedra num degrau da escadaria do banco… não me ocorre agora o nome. Uma sombra. Arrepiante!


6. Que obras tem a Gradiva agendadas para lançar durante o segundo semestre de 2022?

Vamos iniciar várias novas séries. Agora acabámos de lançar um fantástico Marco Polo! Se houvesse escola, faria maravilhas também com ele. Uma lição de História, Antropologia, Etnologia, Relações Inter-Culturais e… aventura e viagem! 

[As outras obras a lançar durante o segundo semestre serão:]

As Guerras de Einstein - Vol. 1, de Éric Chabbert


As Guerras de Einstein - Vol. 2, de Éric Chabbert
 

Nestor Burma #3 - O Afrontoso Cadáver da Plaine Monceau, de Léo Malet e Moynot


Tango #5 - O Último Condor, de Philippe Xavier e Matz


City Hall #2, de Rémi Guérin e Guillaume Lapeyre


Marco Polo #2 - Na Corte do Grande Khan, de Christian Clot e Fabio Bono


Alix Senator #5 - O Uivo de Cibele, de Thierry Démarez e Valérie Mangin


Alix Senator #6 - A Montanha dos Mortos, de Thierry Démarez e Valérie Mangin


As Novas Aventuras de Bruno Brazil #3, Aymond e Bollée


City Hall #3, de Rémi Guérin e Guillaume Lapeyre



As Grandes Batalhas Navais - Jutlândia, de Jean-Yves Delitte


Mimi e Rogério — O Festival das Bruxas, de Valerie Thomas e Korky Paul


Capitão Cuecas e a Maquiavélica Maquinação do Professor Borracuecas #4, de Dav Pilkey



7. Em termos da sua opinião pessoal, qual é o seu livro preferido daqueles que foram lançados por vós no primeiro semestre? E qual o seu preferido daqueles que serão lançados no segundo semestre deste ano?

No primeiro trimestre, o clássico do policial negro (o polar na França) de Tardi e Malet, Nestor Burma. Dei-me ao luxo de o editar porque…. o queria ler e ter a série toda. Curiosamente - oremos! - está a vender o suficiente para ter já pago a despesa!

No segundo semestre vários, mas talvez sobretudo As Guerras de Einstein.

Obrigado!

3 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho Hugo Pinto, leio muito dos seus artigos e gosto bastante.
    Sobre esta conversa com o responsável da editora gradiva, as respostas desse Guilherme Valente são no mínimo irritantes... Deu-se ao "luxo" de publicar Nestor Burma, que diz ser do Tardi e Malet, mas nenhum dos tomos publicados tem desenhos do Tardi. Que mais...ahh, dizer que GUS é uma obra prima de desenho e com um humor brilhante é simplesmente ridículo (e eu que comprei o livro e o li...e o vendi por ser mau de mais para sequer merecer ocupar espaço na minha coleção de BD). E conclui dizendo que já sabia que ia ser um fiasco mas quis testar...parece resposta de gente parva. Que mais?!...quis dar um contributo seu, no projecto A BOMBA, com os subtítulos!!...UAU!!...mas que contributo fantástico....e depois conclui a perguntar se o entrevistador sabe o que é a Sombra?...deve achar-se mais inteligente do que os outros. Que mais?!...ah, diz que os livros da Gradiva são para leitores exigentes...sim é verdade, mas depois cometem falhas, seja de legendagem, tradução, ou mesmo de design que, aos olhos de um público exigente como nós somos e devemos ser, transmitem sinais de amadorismo. Até o ridículo logotípo inicial da Gradiva BD só foi alterado após inúmeras reclamações...e mesmo com a mudança, o Gradiva BD tem que ficar grande nas capas, maior até que os nomes dos autores dos livros...enfim, podia dizer muito mais mas já deu para perceber a ideia.

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    1. o GUS é genial e os desenhos são muito, muito bons! - tenho pena de não ter vendido o suficiente para permitir continuar a edição.

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  2. Mais uma vez a Gradiva dá provas de desorientação no plano editorial. O senhor se reclama como 1) "responsável máximo da editora" dá poucos sinais de "responsabilidade" e 2) de "editor" idem, idem , aspas, aspas. Como entender que alguém verdadeiramente empenhado numa obra (Gus) pura e simplesmente demonstre uma total leveza na sua edição? Houve um compromisso da editora na conclusão da série? Foi devidamente promovida e divulgada? Alguma vez a Gradiva soube o que tinha nas mãos ou limitou-se a "atirar o barro á parede" a ver se cola? Continuo a dizer a Gradiva precisa de um verdadeiro editor/a de BD, assim não vai lá..

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