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quinta-feira, 28 de março de 2024

Análise: A Viagem do Elefante

A Viagem do Elefante, de João Amaral - Porto Editora

A Viagem do Elefante, de João Amaral - Porto Editora
A Viagem do Elefante, de João Amaral

Com primeira edição em 2014, esta adaptação para banda desenhada, levada a cabo por João Amaral, de A Viagem do Elefante, de José Saramago, caminhou, em 2022, para a sua terceira edição. Ou reimpressão, vá. E isso explica bem, quanto a mim, a importância desta obra em BD. Devo até dizer que será A Viagem de Elefante o melhor e mais relevante livro de João Amaral. Não é perfeito, mas é um livro que faz muitas coisas bem. E tratando-se da adaptação para BD de uma das obras do único prémio Nobel da Literatura portuguesa, José Saramago, foi particularmente oportuno este trabalho de João Amaral.

O livro original de José Saramago foi publicado em 2008 e assume-se como um romance histórico em que se explora, de forma ficcional, um evento real que foi a jornada do elefante Salomão, presenteado pelo Rei de Portugal ao Arquiduque Maximiliano da Áustria, no século XVI. Neste romance que acabou por ser uma das últimas obras publicadas por José Saramago, o elefante Salomão é a personagem principal, e a sua jornada através da Europa, numa longa viagem terrestre, é uma metáfora para explorar temas mais profundos, como a condição humana, o poder político, a religião e a liberdade.

A Viagem do Elefante, de João Amaral - Porto Editora
Um dos aspetos mais marcantes da obra, é a forma como Saramago permite que o elefante seja representado como uma testemunha silenciosa e, ao mesmo tempo, eloquente das vicissitudes da humanidade. Através dos olhos de Salomão, o leitor é levado a uma viagem filosófica e introspetiva sobre a natureza humana e as complexidades do mundo. A narrativa é, pois, rica e multifacetada, continuando a ressoar em quem mergulha pela primeira vez na obra.

Ora, a adaptação para BD com que João Amaral nos brinda - e assinalo que não me parece de todo uma obra fácil de adaptar - consegue fazer justiça ao texto original de Saramago e ser, além disso, uma boa forma de entrada na obra do escritor português. Diria mesmo que, em termos de enredo, João Amaral soube condensar bem o texto original, deixando a perceção no leitor de que são poucas as coisas que se perderam na adaptação. E isso é um mérito de João Amaral, sem dúvida.

O que acho mais louvável nesta obra, é que fica bem presente o modo apaixonante e de total respeito de João Amaral para com a obra original. Talvez por isso, o processo criativo de Amaral tenha durado cerca de dois anos. Gosto especialmente que o próprio José Saramago apareça na obra, enquanto personagem, servindo-nos na função de narrador que nos convida a mergulhar no relato de viagem.

A Viagem do Elefante, de João Amaral - Porto Editora
Em termos de ilustração, também fica claro que, neste A Viagem do Elefante, João Amaral procurou elevar a sua arte a um patamar superior. É certo e sabido que, em termos de expressões faciais e alguma da linguagem corporal das personagens, os desenhos de João Amaral deixem, por vezes, algo a desejar. No entanto, não menos verdade é que, a certos momentos, o autor se consegue transcender. E esses momentos mais gloriosos no que à ilustração dizem respeito, pululam várias vezes neste livro. Destaca-se também a planificação em que o autor tentou ter a máxima dinâmica, com várias soluções narrativas diferentes, de modo a que a leitura se tornasse mais escorreita e mais apetecível.

Nota ainda para a capa, muito bem conseguida. Se muitas vezes acho que um livro vende mal devido a não ter a capa certa, no caso deste A Viagem do Elefante, acho que o livro começa a vender-se assim que olhamos para a sua capa. A ilustração é simples, em sombra, mas funciona perfeitamente, e o grafismo dos elementos também está bem executado. Sendo simples, é uma capa perfeita e inteligente.

A edição da Porto Editora é em capa dura baça. No miolo, o papel é de boa qualidade, embora me pareça que a opção por um papel (tão) brilhante não tenha sido a melhor escolha. O livro abre com um prefácio de Pilar Del Rio, viúva de José Saramago, o que granjeia a esta obra uma clara aceitação, promoção e importância por parte da pessoa que mais privou com Saramago. E, claro, dá mais algumas luzes sobre a feitura da obra em BD.

Em suma, este A Viagem do Elefante, a par de A Voz dos Deuses, é o livro que mais e melhor define João Amaral enquanto autor de banda desenhada. É uma boa adaptação da obra original de Saramago e, com todo o cariz de relevância que, também por isso, traz consigo, é fácil de compreender que já tenha merecido uma terceira reimpressão.


NOTA FINAL (1/10):
7.9



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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A Viagem do Elefante, de João Amaral - Porto Editora

Ficha técnica
A Viagem do Elefante
Autor: João Amaral
Editora: Porto Editora
Páginas: 128, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Novembro de 2014

Análise: Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo

Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau - ASA - LeYa

Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau - ASA - LeYa
Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau

Se há livros mornos, daqueles que não aquecem nem arrefecem, os da nova coleção de Michel Vaillant são ótimos exemplos dessa estirpe. E dizer isto não é afirmar que estas novas aventuras de Michel Vaillant são livros mal concebidos ou que nos dão uma má experiência de leitura. Nada disso. Cumprem. Mas, cumprindo, parecem fazê-lo com os serviços mínimos.

Toda a premissa da série, já nos tempos de Jean Graton, sempre foi, naturalmente, as corridas de carros. E, para os fanáticos pelo desporto automóvel, nas suas mais diferentes vertentes, esta série acaba por ser apelativa, com desenhos de carros variados a alta velocidade, que conseguem agradar. Mesmo assim, se tirarmos essa valência, encontraremos argumentos bastante simplistas, com histórias muito lineares e personagens que pecam por serem algo unidimensionais.

Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau - ASA - LeYa
Hoje falo-vos dos dois mais recentes volumes da série: Cannonball e O Alvo.

Começando pelo primeiro, Cannonball coloca Michel Vaillant a fazer uma corrida em estrada aberta que atravessa os Estados Unidos. Desde Nova Iorque a Los Angeles. Tudo começa quando POG, um famoso youtuber, desafia Michel para a referida corrida. Primeiro, Michel hesita, mas depois acaba por aceitar fazer parte desta corrida à margem da lei. Mas logo se torna percetível que alguém pretende sabotar o carro de Michel.

Embora tenha apreciado a tentativa de fazer um álbum de Michel Vaillant que não fosse “mais do mesmo”, devo dizer que este livro apresenta bastantes problemas. Em primeiro lugar, a premissa parece-me demasiado fraca e até mesmo forçada. As razões para levarem Michel a fazer parte da corrida Cannonball, bem ao género de um videojogo Need For Speed ou de um filme Velocidade Furiosa, parecem-me completamente despropositadas e que em nada se adequam à personagem de Michel. Nem sei bem como é que esta ideia foi aceite pelos responsáveis pela série.

Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau - ASA - LeYa
Não estou a dizer que as personagens clássicas devem obedecer sempre às mesmas premissas unilaterais que as caracterizam. Uma alteração nos comportamentos e atitudes das personagens até pode ser vantajoso, mas, para tal, é necessário que, em termos de argumento, essa nova premissa se torne sustentada e sustentável. Não me parece que seja o que acontece em Cannonball.

Em O Alvo, já temos uma história que me parece bem mais viável e bem conseguida. A trama segue alguns dos acontecimentos do anterior Cannonball, mas, desta feita, somos remetidos para o universo mais clássico de corridas da série. 

O senador Warson, amigo de Michel, anuncia que deixará a política após as eleições presidenciais para se dedicar totalmente às corridas de automóveis. Talvez por isso, um grupo de extremistas começa a preparar o seu assassinato em plena corrida Le Mans. Aqui o exercício narrativo acaba por ser interessante, pois o leitor sabe de antemão que Warson é o alvo e que se prepara um atentado contra si nos bastidores. E isso torna a leitura mais aliciante. É verdade que o relato, argumento e desenvolvimento das personagens nunca são espetaculares, mas este O Alvo acaba por ser, ainda assim, uma leitura interessante e que remete para alguns dos melhores álbuns da série clássica de Graton. É especialmente melhor, quando comparado com Cannonball.

Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau - ASA - LeYa
Quanto ao desenho, o trabalho apresentado nestes dois álbuns mantém-se fiel aos restantes álbuns da série. É um desenho moderno e eficiente que, não sendo fantástico, tem bons momentos. Especialmente nas cenas em que os carros protagonizam o que se passa nas vinhetas.

Importa dizer que também na questão do desenho, o trabalho de O Alvo supera o de Cannonball. Neste último, o desenho é feito por Marc Bourgne e Olivier Martin, enquanto que em O Alvo, Marc Bourgne volta a ser o desenhador mas, neste caso, une forças aoo trabalho de Benjamin Benéteau.

De resto, e recuperando o que já escrevi para análise a outros volumes da série: “a planificação da história tenta ter alguma dinâmica, com a introdução de vinhetas de vários tamanhos e formas, o que possibilita especialmente que tenhamos a sensação de velocidade e urgência durante as corridas. Em suma, em termos gráficos, é um trabalho que cumpre, mas sem distinção. Está longe de ser mau, mas também lhe falta várias coisas para, a meu ver, ser verdadeiramente especial.”

Falando da edição, ambos os livros apresentam capa dura brilhante, bom papel brilhante, boa encadernação e boa impressão. Tudo feito à imagem do que a editora ASA nos tem habituado nesta coleção.

Concluindo, Cannonball e O Alvo são mais dois álbuns para a nova série de Michel Vaillant que apresentam uma diferença qualitativa entre si, sendo que o primeiro é bastante mais fraco - a todos os níveis - do que o segundo, que se apresenta mais em linha com aquilo (de bom) a que esta série clássica da banda desenhada europeia nos habituou.


NOTAS FINAIS (1/10):

Michel Vaillant – Cannonball: 6.5
Michel Vaillant – O Alvo: 7.6



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau - ASA - LeYa

Fichas técnicas
Michel Vaillant - Cannonball
Autores: Denis Lapière, Marc Bourgne e Olivier Marin
Editora: ASA
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Outubro de 2022

Michel Vaillant - Cannonball e O Alvo, de Lapière, Bourgne, Marin e Benéteau - ASA - LeYa

Michel Vaillant – O Alvo
Autores: Denis Lapière, Marc Bourgne e Benjamin Benéteau
Editora: ASA
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Outubro de 2023

Booksmile lança nova BD de O Bando das Cavernas!



E já que estamos a conversar sobre banda desenhada direcionada para os mais novos, a Booksmile (uma chancela da Penguin Random House) prepara-se para lançar a nova banda desenhada de O Bando das Cavernas, do português Nuno Caravela.

Este terceiro volume da série chama-se Olhos de Manga e deverá chegar às livrarias no próximo dia 1 de Abril.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


O Bando das Cavernas Novela Gráfica 3: Olhos de Manga, de Nuno Caravela

À terceira incursão no género novela gráfica, O Bando das Cavernas decidiu olhar para o universo da BD com Olhos de Manga. É claro que nas mãos do Nuno Caravela isto vai dar pano para mangas, ou seja, muitos trocadilhos, piscares de olhos a miúdos e graúdos, e muita diversão na leitura.

A coleção que já fez 10 anos, e passou em 2023 a marca de 1 milhão de livros vendidos, continua a inovar e já está a conquistar a próxima geração de leitores e fãs.

Numa aventura em que algumas coisas só podem ser vistas se as personagens tiverem olhos como os dos heróis da Manga (os mais estilosos da BD, como toda a gente sabe), vamos conhecer o mágico Nada na Manga, a tribo das Mangas Arregaçadas, o Maganão e o Mangueira, e as Meninas dos Olhos…

Alguém escondeu todos os livros de Manga no lugar mais distante e desconhecido da BD. Mas porquê? E que lugar será esse? Para lá ir, o Bando teve de atravessar o curioso Caminho dos Cinco Sentidos. 

No final, ficou a saber que certas coisas só se conseguem ver com… olhos de Manga. Por isso, abre bem os olhos e diverte-te com esta aventura doida, onde não vão faltar gargalhadas e loucuras inesperadas. 

Já sabes como é… Junta-te ao Bando!


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Ficha técnica
O Bando das Cavernas Novela Gráfica 3: Olhos de Manga
Autor: Nuno Caravela
Editora: Booksmile
Páginas: 96, a cores
Encadernação: Capa mole
PVP: 10,95€

Planeta Tangerina lança BD para os mais novos!



Ainda no último fim de semana, quando estive no LouriBD, este foi um tema que veio à baila num dos debates: porque é que há pouca BD para os mais novos lançada por cá?

Ora, quase como respondendo à questão, mesmo sem o saber, a editora portuguesa Planeta Tangerina prepara-se para lançar uma banda desenhada direcionada para os mais novos, que dá pelo nome de O Sr. Gato Mágico e que é da autoria do autor brasileiro Henrique Coser Moreira.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da mesma.

O Sr. Gato Mágico, de Henrique Coser Moreira

Depois de O primeiro dia, cujo estilo a crítica comparou a Miyazaki, Henrique Coser Moreira está de volta com mais uma banda desenhada invulgar e poética, destinada aos leitores mais novos.

Temos novamente uma personagem que sai de sua casa, mas desta vez trata-se de um gato, um senhor gato, habitante de um mundo vazio e silencioso, que decide explorar as redondezas e… fazer das suas.

Uma história sem palavras, à qual não falta humor, sensibilidade e imaginação.

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Ficha técnica
O Sr. Gato Mágico
Autor: Henrique Coser Moreira
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 180 x 155 mm
PVP: 13,90€

quarta-feira, 27 de março de 2024

Alix Senator está de regresso!


A pouco e pouco, a Gradiva aproxima-se de ter todos os volumes de Alix Senator publicados em Portugal!

Por agora, é a vez da editora portuguesa publicar por cá o 11º volume da série - que, atualmente, conta com 14 tomos.

Intitula-se O Escravo de Khorsabad e os autores continuam a ser Valérie Mangin e Thierry Démarez. O livro deverá chegar às livrarias durante o mês de Abril.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais da mesma.


Alix Senator #11 - O Escravo de Khorsabad, de Valérie Mangin e Thierry Démarez

Roma, ano 11 a.C.

O imperador Augusto é todo-poderoso. Alix tem mais de cinquenta anos e é senador.

Regressando ao território do seu passado, Alix é raptado por um grande senhor parto. Para reacender a guerra com Roma, o governante precisa de ouro, na verdade, de muito ouro.

Segundo acredita, Alix será a última pessoa a conhecer o esconderijo do tesouro perdido em Khorsabad, a cidade onde o gaulês foi excravizado no início das suas aventuras.

Alix, com a ajuda de um companheiro que se parece com Enak, mais jovem, consegue escapar. Forçado a refugiar-se nas ruínas de Khorsabad, tornar-se-á ele o último escravo da cidade amaldiçoada?

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Ficha técnica
Alix Senator #11 - O Escravo de Khorsabad
Autores: Valérie Mangin e Thierry Démarez
Editora: Gradiva
Páginas: 56, a cores
Ecnadernação: Capa dura
Formato: 23,30 x 31,30 cm
PVP: 20,99€

As ilustres personalidades que aparecem no "Muitos Anos a Virar Páginas"!


O meu livro com conversas com os principais editores de banda desenhada em Portugal, intitulado Muitos Anos a Virar Páginas, do qual já aqui falei, não é apenas um livro com texto.

Para além de conter 10 ilustrações inéditas, feitas por alguns dos mais marcantes autores que editaram obra na editora Escorpião Azul, o livro, que deverá chegar às livrarias nos próximos dias, está bem cheio de fotografias do acervo pessoal de cada um dos entrevistados que, no total, contabilizam o aparecimento de quase uma centena (!) de autores, editores e personalidades relevantes da banda desenhada! Não só nacional, como internacional!

Nomes célebres como Brian Azzarello, Benoit Peeters, Dave McKean, Edmond Baudoin, François Schuitten, Lewis Trondheim, Mauricio de Sousa, Mauro Boselli, Paco Roca, Reinhard Kleist ou Umberto Eco são apenas algumas das celebridades mundiais que aparecem no Muitos Anos a Virar Páginas!

Mas há mais e, como tal, partilho convosco, mais abaixo, a longa lista de personalidades, nacionais e estrangeiras, que aparecem no Muitos Anos a Virar Páginas!

Ora vejam:

Gradiva lança BD sobre Napoleão!


A editora Gradiva prepara-se para lançar, na próxima semana, o primeiro tomo de uma trilogia biográfica sobre Napoleão. A autoria deste trabalho pertence a Jean Tulard, Noël Simsolo e Fabrizio Fiorentino.

Esta obra, que já tinha sido anunciada na conversa que tive com a Gradiva há uns meses, pertence à coleção Eles Fizeram História, da qual a editora portuguesa já lançou os livros dedicados a Mao Tsé-Tung, Estaline, Lenine ou Churchill.

Nota para o facto desta biografia sobre Napoleão estar dividida em três volumes, o que me faz achar que há potencial para que a história do célebre Imperador tenha espaço suficiente - leia-se páginas - para ser bem contada.

A ver vamos.

Por agora, deixo-vos a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.

Napoleão - Volume 1 (de 3), de Jean Tulard, Noël Simsolo e Fabrizio Fiorentino


Como pôde um pequeno militar corso tornar-se NAPOLEÃO I, imperador dos Franceses, entre 1804 e 1815? 

Sucessivamente general, cônsul e imperador, este ambicioso filho do Ancien Regime, formado na República, foi um reformador sem tempo a perder, o fundador do Estado moderno e o génio militar que subjugou, durante algum tempo, as monarquias europeias. 

Este primeiro volume centrado no período 1793-1799 acompanha a ascensão do jovem general e as suas primeiras campanhas militares, desde a tomada de Toulon à campanha de Itália e ao seu regresso do Egito.

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Ficha técnica
Napoleão - Volume 1 (de 3)
Autores: Jean Tulard, Noël Simsolo e Fabrizio Fiorentino
Editora: Gradiva
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 23,30 x 31,30 cm
PVP: 20,99€

terça-feira, 26 de março de 2024

Planeta Tangerina lança nova BD de Joana Estrela!


Aos poucos, vão surgindo no mercado as novas obras de autores portugueses de banda desenhada para este ano!

Desta feita, é a vez da editora Planeta Tangerina voltar aos lançamentos de banda desenhada, com o novo livro de Joana Estrela, intitulado Gato Comum, de quem a editora já havia publicado Pardalita ou Miau!.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra.


Gato Comum, de Joana Estrela

Considerada pela crítica dona de «uma voz narrativa avassaladora», Joana Estrela regressa à BD com uma história que acompanha os últimos dias da vida de um gato e as difíceis decisões que pesam sobre a família que o acolhe.

Um livro comovente sobre o luto, que celebra também a vida de um gato no seio de uma família humana: as cumplicidades, os sustos, os hábitos e as manias — e, por fim, os dias que obrigam à despedida.

«É sábado de manhã. O gato ainda está vivo. Mas também ainda está a morrer.»

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Ficha técnica
Gato Comum
Autora: Joana Estrela
Editora: Planeta Tangerina
Páginas: 104, a preto e branco (algumas em papel amarelo)
Encadernação: Capa dura
Formato: 150 x 215 mm
PVP: 16,90€

BD "Saga" está de volta!



A G. Floy Studio acaba de lançar o mais recente volume da série de enorme sucesso Saga, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples!

Já aqui falei sobre os belíssimos primeiros 10 volumes da série e, como tal, recomendo uma leitura a essa análise feita à obra.

O livro já se encontra em livrarias e deverá chegar às bancas amanhã.

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Saga #11, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples

Da galardoada equipa criativa de FIONA STAPLES e BRIAN K. VAUGHAN, vencedores de múltiplos Eisners, SAGA é a arrebatadora história de uma menina chamada Hazel e a sua família de caminhos cruzados com o destino.

Nesta nova "temporada", a mãe solteira Alana e os seus filhos fazem o que podem para sobreviver, enquanto os ricos e poderosos formam novas alianças na infindável guerra do seu universo.

Reúne os números #61-66 de Saga.

"Saga está de volta e, logo à partida, mostra o porquê de ser considerado o melhor comic da sua geração, continuando a história das aventuras de Alana e Hazel numa história que é tão comovente, violenta e repleta de sexo como os leitores dela esperam."
- SCREEN RANT

"Mais uma bem-sucedida continuação de narrativa em comic após um hiato, bem como um dos mais directos lembretes do que uma guerra interminável significa, aparentemente influenciado pela erupção de novas guerras no nosso mundo."

- THE BEAT

"Saga é uma das mais belas histórias de romance de todos os tempos. A arte de Fiona Staples dá vida a um mundo de personagens e cenários belos que qualquer tipo de adaptação acharia impossíveis de recriar."

- WASHINGTON SQUARE NEWS


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Ficha técnica
Saga #11
Autores: Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 148, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 22,00€

Análise: A Viagem

A Viagem, de Agustina Guerrero - Dom Quixote - LeYa

A Viagem, de Agustina Guerrero - Dom Quixote - LeYa
A Viagem, de Agustina Guerrero

A Viagem é uma obra da autora argentina Agustina Guerrero que foi lançada em Setembro de 2023 pela editora Dom Quixote, uma chancela do grupo LeYa.

Trata-se de um livro de viagem, em banda desenhada, com uma tónica forte na viagem interior que a personagem principal faz sobre si mesma.

A viagem, propriamente dita, tem como destino o Japão e leva Agustina e a sua melhor amiga, Loly, a percorrer longos quilómetros para esse destino que ambas desejavam conhecer. Sendo muito diferentes entre si, uma muito nervosa com tudo e todos, e em constante estado de ansiedade, e a outra muito positiva e entusiasmada com tudo, Agustina e Loly acabam por encontrar um bom equilíbrio na relação de amizade que têm. Se o destino é longínquo, a viagem que a protagonista acaba por empreender ao âmago do seu ser, é ainda mais longa e profunda.

A Viagem, de Agustina Guerrero - Dom Quixote - LeYa
Agustina é extremamente ansiosa, sofre de profundas insónias, está sempre em constante risco de meltdown, quer controlar, agendar e combinar qualquer pequeno detalhe do seu dia a dia, não abrindo espaço ao improviso e, claro, tenta superar a difícil fase de um aborto que fez recentemente. Analisando assim, de repente, Agustina está longe de ser uma pessoa perfeita ou cuja vida seja um exemplo para os demais. Mas, pergunto eu, quem de nós é perfeito e um exemplo para os demais?

Nesse ponto, bem como na sinceridade com que a autora nos abre a sua própria existência, este A Viagem é um relato que vale bem a pena conhecer.

Por outro lado, e também com sinceridade, devo dizer que não fiquei tão encantado assim, como alguns dos meus conhecidos que me tinham dito maravilhas deste livro. Foram mais de cinco as pessoas que me recomendaram o livro. Que me diziam que o tinha de ler. E as análises estrangeiras da obra também são bastante positivas. Concordo que o tema é interessante e as ilustrações são bonitas, mas o argumento em si, parece-me algo pobre, rebuscado e cheio de lugares comuns. E, por isso, senti que o relato acaba por ser algo imberbe, com uma reflexão algo simplista e pueril. Mas pode isto também ser resultado das altas expetativas que eu tinha para este A Viagem.

A Viagem, de Agustina Guerrero - Dom Quixote - LeYa
Ainda que o drama da perda de um bebé, por opção, refira-se, possa e deva afetar muito uma pessoa – e não apenas uma mulher como é comummente aceite, mas sim uma pessoa -, a verdade é que a personagem principal do livro me pareceu algo imatura e infantil até nesse próprio drama pessoal. Que caminha apenas à superfície. Poderá ser um retrato da Mulher atual e ter o seu valor por isso, mas, do ponto de vista narrativo, em que se procura passar uma mensagem impactante para o autor, não me parece que a autora tenha conseguido "tocar na ferida" devidamente. Ou de forma madura.

Ou seja, sendo um livro simpático e que se lê bastante bem, acaba por ser algo inócuo, quer enquanto livro de viagem ao Japão, quer enquanto viagem pessoal ao centro de si mesmo. Se formos ao âmago do argumento, parece que os dramas pessoais são colocados de forma algo forçada na história de viagem que, por si só, embora nos apresente muitas palavras japonesas e informações avulsas, também não parece ser um real relato de viagem relativamente ao nível da cultura, da vivência e dos profundos costumes japoneses. É tudo muito superficial. A parte da viagem ao Japão e a parte da viagem pessoal.

A Viagem, de Agustina Guerrero - Dom Quixote - LeYa
Em termos visuais, este é um livro bastante bonito e que sobressai. O estilo de desenho da autora é bastante “cartoonesco”, com uma planificação bastante livre e anárquica que raramente apresenta limites nas suas vinhetas. A cor que, para além do preto e do branco, abunda nos desenhos de Agustina Guerrero, é o cor de rosa que não é uma escolha assim tão frequente em banda desenhada. O resultado acaba, pois, por se refrescante, moderno, feminino e bastante gracioso, contribuindo para uma boa experiência visual.

Não são desenhos particularmente complexos, especialmente na caracterização das personagens, que apresentam expressões abonecadas, mas são ilustrações agradáveis à vista. Falando na caracterização das personagens, aponto apenas um “problema” que, infelizmente, decorre ao longo da história: é que Agustina e Loly são exatamente iguais em termos visuais. Têm a mesma altura, o mesmo tipo de corpo, a mesma cor de cabelo, a mesma cara, a mesma postura corporal e vestem o mesmo tipo de roupa. E quase sempre estão juntas ao longo de todo o livro. O único traço que as distingue é o penteado: Agustina usa sempre o cabelo apanhado com “totó” e Loly usa o cabelo apanhado, mas com uma espécie de bandolete em trança (perdoem-me, mas não domino muito bem a nomenclatura para penteados). Ora, em várias vezes dei comigo a tentar perceber qual era a personagem que falava. Imagino que as personagens reais possam ser semelhantes, mas em termos de banda desenhada, a sua demasiada semelhança acaba por ser um problema de fluidez narrativa.

A Viagem, de Agustina Guerrero - Dom Quixote - LeYa
Por vezes, a autora dá-nos desenhos de página inteira que são marcados por uma bela e sedutora poesia visual e esses são os melhores momentos do livro. Mesmo não saindo do género “cartoonesco”, a autora consegue imprimir uma beleza visual ímpar em que os exóticos ambientes do oriente se fundem com o estado de espírito volátil e complexo da personagem principal. São belos momentos que conseguem tocar o autor.

Noutros casos, as páginas aparecem carregadas de texto, o que torna a noção de espaço ao nível da planificação das páginas, algo claustrofóbica. Embora se aceite que isso também encaixa bem na própria mente da autora que parece assoberbada com as suas próprias angústias e dramas pessoais.

A edição da Dom Quixote é muito bela. O livro, com um bom grafismo, apresenta capa dura em tecido, com detalhes dourados. No interior, o papel tem boa qualidade e a impressão e encadernação são boas. É uma daquelas edições que chama à atenção pela positiva.

Em suma, este é um livro agradável, que se lê muito bem, e que mesmo tendo um aspeto bastante refinado e bem conseguido ao nível das ilustrações, não chega a ter a profundidade que eu esperaria. Especialmente ao nível da narrativa que, querendo matar dois coelhos de uma só cajadada, sendo um livro de viagem e um livro de viagem interior, acaba por não ser excelso em nenhum desses vetores. Mesmo assim, é um livro leve e que pode agradar a todos os que procuram uma leitura desse gabarito.


NOTA FINAL (1/10):
7.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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A Viagem, de Agustina Guerrero - Dom Quixote - LeYa

Ficha técnica
A Viagem
Autora: Agustina Guerrero
Editora: Dom Quixote
Páginas: 232, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 20,3 x 24,7 cm
Lançamento: Setembro de 2023

segunda-feira, 25 de março de 2024

ASA lança BD sobre o Feminismo!



Chega amanhã às livrarias a nova aposta da ASA em banda desenhada, que dá pelo nome de Feminists in Progress - Vamos Abrir os Olhos sobre o Sexismo.

O livro é da autoria da francesa Lauraine Meyer e trata várias questões da ordem do dia, referentes aos preconceitos existentes perante as feministas e o sexismo nas suas mais diversas formas.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Feminists in Progress - Vamos Abrir os Olhos sobre o Sexismo, de Lauraine Meyer

O ensaio gráfico Feminists in Progress, de Lauraine Meyer vê o mundo sob o prisma do feminismo alegre e inclusivo e com um toque de bom humor.

Amargas, Peludas, Agressivas, Misândricas, Lésbicas, (ou pior ainda Solteiras). É muito difícil acabar com os clichés, quando o tema é o feminismo. Mas o que significa «ser feminista», hoje?

Em forma de ensaio gráfico colorido, divertido e descomplexado, este álbum convida-nos a desconstruir, uma após outra, normas e ideias pré-concebidas, para nos abrir os olhos a todes! Do sexismo comum ao movimento #MeToo, da carga mental ao consentimento, do Body Positive à reinvenção da heterossexualidade, passando pelo eco feminismo e pela sororidade, Lauraine Meyer procura revisitar alguns temas e conceitos fundamentais, no cerne do feminismo pós #Metoo.

Lauraine Meyer é ilustradora e diretora artística de publicidade. Acima de tudo, adora contar histórias, num estilo sempre divertido e animado.
Apesar de uma aparente leveza, os seus desenhos e histórias convidam os seus leitores e as suas leitoras a pensar no mundo de hoje e a agir, cada qual à sua maneira. Ex-parisiense, Lauraine mora atualmente em Amsterdão. 

Feminists in Progress é o seu primeiro álbum.

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Ficha técnica
Feminists in Progress - Vamos Abrir os Olhos sobre o Sexismo
Autora: Lauraine Meyer
Editora: ASA
Páginas: 248, a cores
Encadernação: Capa mole, com badanas
Formato: 15 x 22 cm
PVP: 22,90€