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terça-feira, 30 de abril de 2024

Um Olhar sobre o Coimbra BD 2024



Este ano tive a oportunidade de ir ao Coimbra BD 2024. No ano passado, não tive a hipótese de o fazer e, portanto, estava muito curioso com uma coisa: o novo espaço. Do qual já tinha ouvido muitos elogios.

Desde a última edição, que o evento passou da Casa Municipal da Cultura para o Convento São Francisco. E, meus caros, e sem desprimor para a Casa Municipal da Cultura - ou para a FIAT -, pode-se dizer que o evento trocou um Fiat Uno por um BMW M3! Digo isto porque o novo espaço é tudo aquilo com que um evento deste tipo pode desejar: tem boa localização, tem parque de estacionamento gratuito, tem instalações modernas e equipadas, é arejado, é espaçoso, é moderno. Até há um restaurante/café dentro do próprio edifício.
Enfim, nada falta a este espaço. 

Posso dizer que gostei muito da forma como a área comercial está organizada. Num espaço amplo e comprido, encontramos livros de todas as editoras nacionais e ainda a zona denominada Artists' Alley. É simples o conceito deste espaço comercial, mas funciona muito bem. E acaba por ser aqui que se concentra o maior número de pessoas. O ponto de encontro do Coimbra BD.



Depois, se contei bem, há três auditórios onde decorrem apresentações e workshops. Um no primeiro piso e dois no segundo piso. Quanto a mim, parece-me que não são necessários tantos auditórios. Porque não existe tanta coisa a acontecer em simultâneo (tirando os workshops e as apresentações de livros) e porque acaba por fazer com que se torne um pouco confuso de perceber o que está a decorrer e em que sítio. Talvez fosse melhor confinar um auditório apenas às apresentações de BD e outro apenas aos workshops. Mas já lá irei.



Em termos de exposições, estiveram patentes as exposições dedicadas aos 30 anos de O Corvo, de Luís Louro; à BD Umbigo do Mundo, que reunia interessantes contributos de outros autores, que prestaram homenagens visuais às persoangem Alma criada por Carlos Silva e Penim Loureiro; ao trabalho a preto e branco de André Caetano; à obra Mensagem, de Susa Monteiro e Pedro Vieira de Moura; à obra A Norte de Sul Nenhum, com pranchas originais de João Mascarenhas; e à obra A Revolução Interior: À Procura do 25 de Abril, com pranchas originais de José Carlos Fernandes. Boas e interessantes exposições que estavam colocadas no segundo piso, viradas para o átrio do Convento. 

Em termos cénicos, e por causa do sítio onde estavam expostas, não houve grande possibilidade para um tratamento semelhante ao que é dado às exposições em eventos como o Amadora BD ou como o Festival de Beja, onde são ricos os detalhes cénicos em torno das obras expostas, mas, ainda assim, posso dizer que gostei das exposições. Simples, mas interessantes.

Nota ainda, positiva, para o número muito interessante de autores nacionais presentes no evento. Ao todo, foram mais de 30 os autores que marcaram presença, ora nas sessões de autógrafos, ora nas apresentações que ocorreram. 



Para além da banda desenhada, havia uma sala de retrogaming que esteve sempre muito concorrida; uma grande sala com espaço para os jogos de tabuleiro, que também me pareceu ser um sucesso; e vários eventos destinados aos mais jovens e aos cosplayers

Não são iniciativas que eu procure especialmente, mas considero-as importantes para chamar público novo para o evento. Há muita gente que se opõe às coisas "não BD" num festival de BD. Quanto a mim, considero que, desde que essas coisas "não BD" não retirem espaço e força à BD mas, em sentido contrário, até promovam que mais pessoas possam ir ao evento e, consequentemente, possam tomar contacto com a banda desenhada, é algo bastante positivo.



Infelizmente, só consegui estar no Coimbra BD num só dia, no 25 de Abril. E pareceu-me que havia um número interessante de visitantes, embora as apresentações de livros estivessem muito vazias (já lá irei, também).

Desta vez, marquei presença no evento enquanto convidado da Organização para apresentar o meu livro Muitos Anos a Virar Páginas e para apresentar o novo livro da série Undertaker

Devo dizer que fui muito bem tratado pela Organização, nas pessoas do meu amigo João Miguel Lameiras e, também, do Pedro Cardoso, do António Quintanova e da Elsa Marques. Uma equipa de pessoas disponíveis, empáticas, profissionais e com avidez para fazer mais e melhor. Foi um prazer!



Como desafios ou coisas a melhorar, porque acredito que isso também é importante, deixo apenas algumas sugestões com esse mesmo intuito de tentar fazer mais e melhor na próxima edição.

1) Parece-me que fará mais sentido utilizar um só piso para a banda desenhada. Ficando o segundo piso para os videojogos, jogos de tabuleiro, cinema e cosplay e o primeiro piso para a banda desenhada, com o espaço comercial, a sala de sessões de autógrafos e um auditório. 

Desta forma, facilmente se resolve a questão das apresentações terem os auditórios vazios. Não são necessários vários auditórios para falar sobre BD - poque o excesso de auditórios até acaba por causar entropia. Basta um. E se for aquele situado no primeiro piso, entre o espaço comercial e a sala para sessões de autógrafos, melhor. 



2) Por outro lado, acho que é importante que se anuncie através de um sistema audio, localizado no espaço comercial, o que está a acontecer no auditório ou quem está a dar autógrafos. 

Por vezes, as coisas que estão a acontecer até podem ser interessantes para o público, mas se o mesmo não souber que as mesmas estão a acontecer, acaba por perdê-las. E é mau para todos os envolvidos: para a Organização, para os autores/editores e para os próprios visitantes. 

É verdade que havia vários cartazes com a programação espalhados pelo espaço mas, ainda assim, acho que é necessário que se faça esta chamada para os eventos. E é muito fácil corrigir isto já na próxima edição.



3) Fica também o desafio para que a Organização consiga trazer nomes internacionais ao evento. Não sei se haverá orçamento para isso e, portanto, é muito fácil para mim estar aqui a "mandar postas". Mas creio que é esse o passo que falta para que o evento se revista ainda de maior relevância. Nem serão precisos muitos nomes internacionais... mas se forem dois ou três nomes de peso, certamente o evento encher-se-á de mais pessoas e de maior notoriedade.


-/-

Em suma, fiquei muito bem impressionado com aquilo em que o Coimbra BD já se tornou e, ainda melhor do que isso, com o forte potencial de crescimento que ainda tem.

Espero voltar nas próximas edições!


3 comentários:

  1. Inteiramente de acordo. Vi na primeira pessoa, gente "nova" de todas as idades que confessaram na fila de autógrafos que foram à zona gamming e ao passar pelas exposições decidiram ver as obras e comprar.
    Quantos mais melhor queremos mais público.
    Também posso dizer que sei que não foi permitida a instalação de sistema de som, nem pendurar, colar ou pregar fosse o que fosse nas paredes. Afinal é um monumento histórico, daí as estruturas de metal que viste.
    No sábado esteve a abarrotar e o espaço é enorme como viste.
    Quanto ao orçamento por alguns "zumzuns" é super pequenininho.
    Esta organização quis mesmo mostrar trabalho para que a BD por si só mostre que vale a pena a continuação deste evento.
    Acho que isso ficou mais do que provado 👍

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    1. Obrigado pelo comentário! Sim, soube que não era permitido afixar nada nas paredes do espaço e, nesse ponto, até acho que as estruturas de metal para suster as obras expostas, foram uma boa opção. Relativamente ao sistema de som, é algo simples de fazer: basta alugar/comprar um sistema de som PA, com uma pequena mesa e duas colunas e mais um microfone... e colocá-lo na zona comercial. É tudo amovível e não é necessário que se toque nas paredes para o fazer. De resto, é bom saber que o evento teve muita gente! E concordo que a equipa está a fazer um bom trabalho! Venha a próxima edição!

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  2. *perdão: gente "nova" de todas as idades que confessou 🙂

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