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quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

À Conversa Com: Kingpin Books - Novidades para 2023




O início de cada ano (e de cada semestre) leva-me, já por tradição, a conversar sempre com as principais editoras de banda desenhada em Portugal. 

Desta vez, falei com Mário Freitas, autor, editor e proprietário da Kingpin Books, que me elucidou sobre os projetos futuros da editora.

Falámos igualmente um pouco sobre a utilização da Inteligência Artificial na Banda Desenhada e de como o autor convive com isso.

Convido-vos, pois, a ficar a saber mais acerca dos projetos da Kingpin para os próximos meses. Para isso, basta ler a seguinte entrevista.


Entrevista

1. Ainda que, no ano de 2022, a Kingpin nos tenha brindado com o lançamento de duas obras (A Polaroid em Branco e Kong The King 2), a verdade é que, comparativamente com outros anos, a Kingpin teve um ano parco em novos lançamentos de BD. Mesmo assim, consideras que foi um ano positivo para a Kingpin, enquanto editora?

Na realidade, até editei mais que nos dois anos anteriores. Em 2020, fiquei-me pelo Mindex, e em 2021 pelo Pescador de Memórias. Mas sim, foi positivo, sobretudo voltar a um ambiente de lançamentos e promoção de livros, como aconteceu no Amadora BD.


2. E como olhas para 2023? Como um ano de contenção editorial da parte da Kingpin, de continuidade ou de novas apostas?

Novas apostas, claro. Se tudo correr bem, até devo editar o dobro deste ano, entre coisas pendentes do ano passado e novas incursões no meu selo Mário Breathes Comics.


3. Como está a ser a adesão do público em termos comerciais, ao novo livro de Osvaldo Medina?

Razoável. Merece vender muito mais.


4. E em relação ao teu livro, A Polaroid em Branco, como estão a correr as vendas?

Muitíssimo bem. Ajuda bastante ser um pequeno livro barato. E o facto de ter muito bom aspecto, claro :D. É provável que faça uma 2ª edição este ano.


5. Sendo esse um livro em que recorreste à IA para a produção das ilustrações, achas que isso pressupõe, a priori, uma reação negativa por parte do público ou, por oposição, até permite que o livro conquiste uma maior franja de público, devido à inovação que traz consigo?

Há reacções para tudo, mas tem havido muito mais curiosidade e real interesse, do que o resto. A IA foi um meio para ajudar a contar uma história, porque é isso que sempre faço: contar histórias. 

A inovação que referes traz sempre isso, interesse e desconfiança, mas em última instância é o que se faz com as ferramentas que conta.


6. Tenho visto posições muito fortes (e extremadas) relativamente às questões éticas que a utilização da IA levanta na criação da banda desenhada. Mesmo achando que conheço, em traços gerais, a tua posição sobre o tema, gostaria que elucidasses os que nos lêem em relação à tua opinião sobre este assunto.

A grande polémica com a IA centra-se na desconfiança que "rouba" imagens a autores humanos. Na realidade, o que faz é usar a arte existente como inspiração e é isso que serve para se "treinar". 

A questão ética mais duvidosa é a falta de contrapartida para os autores vivos, mas isso seria matéria para longa discussão. Todos temos imagens espalhadas pela net através das redes sociais e dos motores de busca. Como humanos, podemos pesquisar e inspirarmo-nos nisso, mas é claro que não temos a capacidade de sintetizar em segundos (nem em anos, muitas vezes) tudo o que absorvemos; e é isso que assusta mais na IA. 

De resto, afirmar "tout court" que a IA não produz arte é reducionista e até tacanho. Com franqueza, já vi inúmeros exemplos de arte produzida por IA que deixa a um canto muitas e muitas ilustrações feitas por humanos. Falando apenas de BD: quantos ilustradores humanos não se limitam a reciclar imagens e conceitos criados por outros muito mais capazes e originais? Se se acusa a IA de produzir obras sem alma, que dizer então desses humanos?


7. Com A Polaroid em Branco também inauguraste uma nova chancela: a Mario Breathes Comics. Na última conversa que tivemos, disseste que tinhas alguns novos projetos pessoais, pensados com vários ilustradores, mas não desenvolveste muito mais o assunto. Queres dar-nos mais detalhes sobre as próximas aventuras de Mario Breathes Comics?

Posso dar, sim senhor. 

O projecto mais adiantado é o "Há quem queira que a luz se apague", com desenhos do Dário Duarte aka Derradé, mas, correndo tudo bem, ainda conto lançar mais dois até final do ano. 

Mas desses só vou falar quando estiverem efectivamente a serem produzidos, sendo que um deles será com uma ilustradora do camandro que por ora não é conhecida no mundo da BD.


8. Voltando ainda a essa última conversa, tinhas projetado também dois outros livros para serem lançados em 2022: a reedição de Miracle Worker, de André Oliveira e a edição integral de A Fórmula da Felicidade, de Nuno Duarte e Osvaldo Medina. Infelizmente, esses dois livros acabaram por não ser lançados em 2022. Portanto, pergunto: em que "pé" está o lançamento destes livros? Quando é que ambos deverão chegar ao mercado?

O Miracle Worker atrasou-se graças a um prefácio que nunca mais vinha, mas está agora pronto e vai seguir para a gráfica. Há de chegar em Fevereiro ou Março.

A reedição da Fórmula está a andar e espero que seja para este ano. Mas eu disse reedição? Se calhar não será só isso...


8. E que outras obras tem a Kingpin agendadas para lançar durante o primeiro semestre de 2023?

Salvo qualquer coisa estranha, só o Miracle Worker.


9. E para o segundo semestre? Podes levantar o véu em relação a alguma(s) obra(s)?

O que referi atrás: mais curtas escritas por mim e, quem sabe, o integral da Fórmula.





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