Rubricas

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Análise: Wolverine: Preto, Branco & Sangue



Wolverine: Preto, Branco & Sangue, de vários autores

Este era um livro que apimentou o meu interesse desde que ouvi falar dele. Talvez porque Wolverine é uma das minhas personagens preferidas da Marvel. Ou talvez porque gostei, à partida, do conceito de apenas utilizar 3 cores para contar as histórias de uma personagem. Ou porque a capa e as imagens promocionais me pareceram aliciantes. Bem, o mais provável é que tenham sido todas essas questões que despertaram o meu interesse para este Wolverine: Preto, Branco & Sangue.

E agora que já li e reli este livro, editado pela G. Floy Studio, posso dizer que estamos perante um banquete visual, carregado de virtuosas ilustrações que são, também, vertiginosamente viscerais.


Contextualizando, esta é uma iniciativa da Marvel que convida vários autores – uns mais conceituados do que outros – a reinterpretar a personagem de Wolverine num universo a 3 cores (o branco, o preto e o vermelho) através de uma curta e breve mini-história. O mesmo conceito “Black, White & Blood” também foi feito pela editora americana para as personagens Deadpool e Carnage. Este último deverá ser publicado pela G. Floy nos próximos meses, conforme já aqui dei conta. Sem confirmação da editora, acredito também que Deadpool: Preto, Branco & Sangue venha igualmente a ser publicado no próximo ano.

Na prática, este Wolverine: Preto, Branco & Sangue trata-se de uma antologia que reúne 12 histórias da autoria de Gerry Duggan e Adam Kubert; Matthew Rosenberg e Joshua Cassara; Declan Shalvey, Vita Ayala e Greg Land; Saladin Ahmed e Kev Walker; Chris Claremont e Salvador Larroca; John Ridley e Jorge Fornes; Donny Cates e Chris Bachalo; Jed MacKay e Jesus Saiz; Kelly Thompson e Khary Randolph; Ed Brisson e Leonard Kirk; e, finalmente, Steven S. DeKnight e Paulo Siqueira.


Há estilos e gostos para toda a gente, face a um rol tão grande de autores envolvidos. Diria que, de um modo geral, esta foi uma leitura agradável que, à semelhança de uma antologia de bd, apresentou várias boas ideias e conceitos, obedecendo aos critérios em comum para cada uma das histórias - a presença de 3 cores apenas. 

A violência impera em quase todas as histórias, o que permite muitas ilustrações de enorme fulgor de ação. Acredito até que seria muito bom – e talvez ainda mais marcante – se, em vez de várias histórias neste formato a 3 cores, tivéssemos uma só história. Se o argumento fosse bom, poderia até vir a ser das minhas histórias preferidas de Wolverine, tal não é este tipo de ilustração bonito e marcante.

Assim, em termos de arte ilustrativa, tirando uma outra exceção, até posso dizer que gostei de todas as histórias. Considero aliás, essa a maior valência deste livro: o facto de ser impressionante em termos gráficos em muitos e variados momentos. Preparem-se para ficar de boca aberta face a algumas ilustrações que, sendo na sua raiz a preto e branco e, depois sarapintadas com o vermelho do sangue (e não só), ganham uma nova dimensão. Não é bem "preto e branco" e não é bem "a cores". É algo diferente, por ventura mais refrescante, e que se torna muito agradável à vista.


É, porém, na questão do argumento, onde a grande maioria das histórias me parecem um pouco mais pobres. Bem sei que conseguir construir uma boa história em tão poucas páginas é uma tarefa difícil. Mas isso não invalida que não seja possível. Veja-se, por exemplo, o fantástico trabalho ao nível do argumento que a dupla portuguesa formada por Nuno F. Cancelinha e Raquel Costa, fez na curta de bd, Mise en Abyme, com apenas 4 páginas, que foi recentemente publicada no segundo volume de Ditirambos.

Seja como for, também há algumas boas ideias de argumento nestas 12 histórias. Olhando, por isso, para o todo, isto é, juntando uma boa arte e um bom argumento, diria que as minhas histórias preferidas deste livro foram O Monstro Dentro Deles, de Gerry Duggan e Adam Kubert, O Lobo Que Sou, de Matthew Rosenberg e Joshua Cassara (a melhor de todas elas, a meu ver); 32 Guerreiros e Um Coração Partido, de John Ridley e Jorge Fornés e a descomprometida e divertida Paus e Pedras, de Steven S. DeKnight e Paulo Siqueira.

A edição da G. Floy Studio apresenta a boa qualidade a que a editora já nos habituou nos seus lançamentos: capa dura, papel brilhante de boa qualidade, boa impressão e boa encadernação. No final, há uma galeria com as diferentes capas criadas pelos autores que melhora, ainda mais, a qualidade da impressão.

Em jeito de conclusão, este é um livro daqueles que "enche o olho", com várias ilustrações verdadeiramente impressionantes e que vai fazer muitos adeptos de Wolverine - e do universo Marvel -  felizes. Talvez algumas histórias pudessem ter recebido um argumento mais original ou mais bem trabalhado mas acho que, ainda assim, de um modo geral, as histórias são bem pensadas para nos proporcionar eventos de ação visceral, entre Wolverine e os seus inimigos. E com muito sangue à mistura, claro! Gostei.


NOTA FINAL (1/10):
7.3


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


-/-


Ficha técnica
Wolverine: Preto, Branco & Sangue
Autores: Vários
Editora: G. Floy Studio
Páginas: 152, a preto, branco e sangue
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Julho de 2021

Eis mais uma aposta da Arte de Autor que promete surpreender muita gente!




Chama-se La Vengeance du Comte Skarbek e é um dos livros que a Arte de Autor nos vai trazer em 2022!

Trata-se de um álbum duplo, da autoria de Yves Sente (Blake e Mortimer, O Guardião, Thorgal, XIII) e Grzegorz Rosinski (Thorgal), mas que a editora portuguesa editará num só volume integral.

A obra foi originalmente publicada pela Dargaud em 2004 e assume-se como um thriller histórico, de cariz erótico (com classificação "Para Adultos") e transporta-nos para uma Paris romântica e em rebuliço, bem ao género das obras dos autores clássicos da literatura francesa Alexandre Dumas ou Victor Hugo.

Não conheço a obra mas devo dizer que, olhando para os nomes envolvidos, e, acima de tudo, para as fantásticas pranchas originais que disponibilizo abaixo, fico com água na boca para este livro!

Ainda não há data para o lançamento da obra. Sabe-se apenas que será lançada no próximo ano.

 

 

 





 



Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China

Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China


Hoje regresso com mais um comparativo.

Desta feita, com duas edições diferentes da mesma obra portuguesa. Falo de Comer/Beber, de Filipe Melo e Juan Cavia, originalmente lançado pela editora Tinta-da-China, que já aqui foi analisado, e que acaba de receber uma nova edição por parte da Companhia das Letras (Grupo Penguin Random House).

Este lançamento traz com ele duas boas notícias para os leitores portugueses:

1) O legado criativo de dois dos autores mais relevantes na banda desenhada portuguesa volta a estar disponível no mercado. Tendo em conta a qualidade da obra, considero impensável que a mesma não esteja (sempre) disponível nas lojas para os interessados. E não falo apenas deste Comer / Beber, Já aconteceu com Balada para Sophie, que já se encontra disponível no mercado através de uma nova edição - que também já aqui analisei - e acontecerá, expetavelmente ainda em 2021, com a obra Os Vampiros. Quanto a Dog Mendonça e Pizza Boy ainda não há certezas quanto a datas ou opções de edição mas sei que uma edição integral (com os 3 volumes + o volume das mini-histórias) estaria no intento dos autores. Embora não haja ainda qualquer confirmação relativamente a isso. Portanto, aguardemos, para já. 

2) E, claro, a segunda boa notícia é que, tratando-se de Comer / Beber, a grande novidade é que, finalmente, muitos leitores poderão apreciar convenientemente este livro, muito interessante, que é composto por duas histórias: Majowski e Sleepwalk. A edição original da editora Tinta-da-China foi bem conseguida em termos de qualidade de encadernação e materiais mas a verdade é que a dimensão do livro era demasiado pequena.

Passemos, então, para o comparativo entre ambas as edições. 

A coisa que saltará mais à vista é a diferença nos formatos. Por muito cute e original que a edição da Tinta-da-China possa ter sido, a verdade é que, em termos de legibilidade, apresentava alguns problemas, já que as bonitas ilustrações de Juan Cavia não sobressaiam tanto dessa forma e o próprio texto era muito pequeno para ler. Não tendo eu - até agora - dificuldades de visão, tinha que enfiar o livro quase nos olhos para o conseguir ler. Agora, isso já não acontece. O formato tornou-se bem mais amplo e é fácil ler e acompanhar estas duas belas histórias.

Para além da diferença de tamanho, outra coisa que salta à vista é a mudança de papel. O papel das duas edições é de boa qualidade mas, na nova versão, e ao contrário da versão original onde era brilhante, o papel passou a ser baço. Ora, este é um assunto que quase sempre divide os leitores, bem sei. Uns preferem o papel brilhante, outros preferem o papel baço. No meu caso, e tendo em conta o tipo de história, bem como o tipo de arte visual, tenho preferência pelo papel baço. O que também não quer dizer que não considere que o papel brilhante poderia ter funcionado bem. São gostos. Mas deixo a nota. 

Para além do tipo de papel, o papel também foi mudado em termos cromáticos. Na primeira versão, cada folha tinha um aspeto amarelado e envelhecido. Na atual versão, as páginas passaram a ser simplesmente brancas. É verdade que gostei do tal aspeto envelhecido que dava um teor de documento perdido - que fazia ainda mais sentido se tivermos em conta o primeiro conto Majowski - mas compreendo que talvez se coadunasse mais com o formato pequeno dessa primeira edição que sempre me remeteu para o famoso diário do pai do Doctor Jones, em Indiana Jones. Ou, mais recentemente, no igualmente famoso diário de Nathan Drake em Uncharted. Olhando para a nova versão da Companhia das Letras, talvez este aspeto de diário envelhecido não ficasse tão bem devido à dimensão maior do formato. Portanto, aceito bem esta alteração, tendo em conta que o tamanho do livro foi bastante aumentado. Não se pode ter tudo.


Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China


Faço ainda uma nota positiva para o facto da ilustração que figurou numa segunda edição, em capa mole, por parte da Tinta-da-China, tenha aqui sido resgatada e recuperada nesta nova edição da Companhia das Letras, conforme podem ver abaixo. É um plus simpático.


Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China


Olhando, agora, para o exemplo de duas páginas de banda desenhada, é facilmente veificável como a edição em maior formato ganha legibilidade e permite apreciar ao detalhe a arte de Juan Cavia. As cores também parecem ligeiramente mais claras na nova edição. 


Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China


Relativamente aos extras, são exatamente os mesmos.


Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China

A única diferença é que o prefácio da primeira edição, feito por Carlos Vaz Marques, deixa de constar na edição da Companhia das Letras. 

Em contrapartida, na nova edição há duas novas páginas dedicadas às biografias dos autores.

Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China

As lombadas são praticamente iguais mudando apenas, claro está, a altura das mesmas.

Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China

Finalmente, o texto da contracapa foi reescrito e aparece complementado por duas citações de Gonçalo Frota, do jornal Público, e de José Mário Silva, do jornal Expresso.

Comparativo: Comer / Beber pela Companhia das Letras e pela Tinta da China

Concluindo este comparativo, acho que é justo e consensual dizer-se que esta edição melhora em muito a leitura deste bom livro que é Comer / Beber e a sua compra é recomendada para todos: os que ainda não leram devido à edição anterior se encontrar esgotada; e também aqueles que adquiriram a primeira edição mas que tiveram uma certa "luta ótica" com o livro devido ao reduzidíssimo formato dessa versão.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Análise: Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler

A chancela Fábula, pertencente ao grupo editorial 20|20, lançou recentemente a adaptação em banda desenhada do romance Ana dos Cabelos Ruivos, originalmente publicado por Lucy Maud Montgomery. A adaptação para bd é feita por Mariah Marsden, ao nível dor argumento. Brenna Thummler, por sua vez, assegura as ilustrações desta obra.

A história será conhecida por muitos. Mesmo aqueles que nunca leram a obra original. Lembro-me que durante a minha infância os desenhos animados Ana dos Cabelos Ruivos que passavam no Canal 2 (RTP), no programa Agora Escolha, que era apresentado por Vera Roquette, tinham bastante sucesso entre as crianças portuguesas. Sendo uma história direcionada para um público mais feminino, diria, assume-se não obstante como um bonito conto sobre a infância, sobre o amadurecimento e o crescimento da idade jovem para a idade adulta. E, portanto, considero que pode e deve ser uma leitura para todos. Para um público feminino e para um público masculino. Para um público jovem e para um público adulto.

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

A história desenrola-se no século XIX, numa paisagem rupestre do Canadá. Ana Shirley, uma órfã de 11 anos, com umas compridas tranças ruivas, a quem a vida não tem corrido propriamente bem, é enviada para a quinta Green Gables, da família Cuthbert. Mas há um equívoco neste envio. Porque a ideia original da família Cuthbert – constituída unicamente pelos dois irmãos, Marilla e Matthew Cuthbert – era adotar um rapaz, de forma a que este pudesse ajudar com o trabalho na quinta. 

Quando verificam que lhe foi enviada uma rapariga, em vez de um rapaz, a primeira reação de Marilla, é fazer uma devolução de Ana. E chega mesmo a encetar essa demanda. Mas depois, movida por compaixão e, quiçá, um palpite que esta Ana poderá ser especial para a vida desta família, Marilla decide não devolver a rapariga. E é então que rapidamente Ana Shirley passa a ocupar um lugar de destaque na vila de Avonlea. 

Sendo uma autêntica enfant terrible, que diz aquilo que pensa, sem pensar nas consequências, depressa Ana Shirley tomará de assalto todos aqueles que a rodeiam. Mas, ao mesmo tempo, e é isso que mais aprecio no romance original e nesta adaptação, Anne começa a conquistar tudo e todos. Primeiro os leitores que lêem as suas aventuras. E, depois, as próprias personagens que navegam à volta da meninas dos cabelos ruivos.

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Afinal de contas, Ana é uma clara e bela representação daquilo que é ser-se criança: os dramas, os sonhos, a imaginação, as travessuras, a alegria, o contentamento, a tristeza, o desapontamento, a ingenuidade e a pureza. Sendo pai de duas crianças meninas, devo dizer que olhei para esta história com todo um novo gosto e paixão pela infância, mas vista pelos olhos de uma menina.

Mariah Marsden adapta de forma convincente a obra original, sabendo dividi-la e ritmá-la a seu belo prazer. Acho, pois, que os momentos desta história estão muito bem conseguidos. O ritmo é lento e vai permitindo que o leitor comece a estabelecer uma relação com as personagens. É um caso claro em que o número - bastante generoso - de 232 páginas, ajuda a que isto aconteça. Esta história talvez até pudesse ser contada em 60 páginas de banda desenhada. Mas não seria a mesma coisa e dificilmente se alcançaria esta tal relação que refiro entre leitores e obra.

Quanto à arte ilustrativa, o estilo é moderno e parecendo derivar mais do álbum ilustrado do que da banda desenhada. Mas, à medida que vamos lendo a obra, isso não será de todo verdade. Porque a autora, Brenna Thummler, até demonstra bastante talento em contar uma história por sequência visual, recorrendo a vários planos criativos de detalhe e uma boa – embora simples – utilização de câmara. 

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Dito isto, tenho porém que admitir que seria difícil desenhar Ana Shirley, a protagonista, mais feia. Bem sei que a personagem se sente feia mas, a meu ver, baseado na interpretação que faço da obra, nunca é dito que Ana era feia mas sim que se sentia feia. E há uma enorme diferença nisso, pois estamos a falar de uma criança que se observa com todas as inseguranças próprias da infância. Portanto, acho que não seria necessário desenhar Ana de forma tão feia. As outras personagens não são muito bonitas mas Ana, com olhos inexpressivos que mais parecem duas ervilhas e um nariz que parece aqueles que utilizamos no carnaval, consegue atingir um marco de “feiura” grande. É um "estilo de desenhar", bem sei, e alguns até poderão adorar. No meu caso, que até me considero bastante liberal em abordagens visuais fora da caixa, foi um pouco penoso aceitar uma protagonista tão deliberadamente feia.

Todavia, também é verdade que há depois muitos momentos onde a autora Thummler se destaca pela positiva nas ilustrações com que nos brinda. Que são as vinhetas que ocupam toda uma página. Que rapidamente remetem para um livro ilustrado mas que são de uma beleza muito agradável aos olhos. Nas expressões faciais, na sensação de movimento, na linguagem corporal ou nos próprios personagens, a autora até pode não fazer um trabalho que considero bom mas, na ilustração de belas paisagens campestres, que nos fazem viajar para toda essa ambiência bucólica onírica, tenho que dar a mão à palmatória e admitir que este é um livro muito bem conseguido. E, lá está, quando se termina a leitura da obra, talvez até sejam estes ambientes que ficam na nossa retina. E não o nariz e os olhos feios de Ana Shirley.

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

A edição da Fábula (20|20 Editora) está muito bem conseguida. O livro tem uma encadernação bastante consistente, com capa dura e bom papel brilhante. Talvez o papel baço pudesse funcionar melhor para o tipo de banda desenhada, e respetiva arte visual, que temos em mãos. Todavia, digo isto sem conhecer a edição original que até pode já ter sido editada em papel brilhante. Seja como for, e gostos à parte, a edição da obra apresenta especial cuidado e aprumo.

Em conclusão, este foi um livro que me foi conquistando aos poucos. E depois de ultrapassada uma certa incapacidade (ou opção estética?) de Brenna Thummler para ilustrar as expressões faciais das personagens – em especial, as de Ana – até estamos perante um livro bem conseguido. Enquanto adaptação funciona bem, traçando-nos a personalidade e aventuras de Ana Shirley de forma inequívoca. E como novela gráfica, livro de banda desenhada, também é uma aposta interessante. Ao início torci o nariz, é certo, mas acabei a leitura desta obra com um sorriso na cara e uma boa sensação. Primeiro estranha-se. Depois entranha-se.


NOTA FINAL (1/10):
7.6



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



-/-

Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica, de Mariah Marsden e Brenna Thummler - Fábula (20|20 Editora)

Ficha técnica
Ana dos Cabelos Ruivos: Novela Gráfica
Autoras: Mariah Marsden e Brenna Thummler
Adaptado a partir da obra original de: Lucy Maud Montgomery
Editora: Fábula (20|20 Editora)
Páginas: 232, a cores
Encadernação: capa dura
Lançamento: Setembro de 2021

A nova série Tango já tem o segundo volume à venda!




O primeiro volume de Tango só chegou a Portugal há pouco mais de um mês e a editora Gradiva já publicou o segundo tomo da série! Verdadeiramente incrível o pouco espaço que separa o lançamento dos tomos 1 e 2!

Este segundo volume intitula-se Areia Vermelha e continua as aventuras de John Tango que parece levar os problemas atrás de si, seja qual for o destino que escolha.

Abaixo, fiquem com as imagens promocionais e sinopse da obra.


Tango Vol. 2 - Areia Vermelha, de Philippe Xavier e Matz
«Vai sempre tudo bem até ir tudo mal e já ser tarde para recuar.»

Desta vez Mário sentira bem o golpe...

Tango visita o avô num pequeno paraíso das Caraíbas. Mas nem tudo é cor-de-rosa sob o sol.

Não há como os dias correrem tranquilos num local cobiçado por traficantes dispostos a tudo. Para onde quer que vá, a violência persegue Tango.

E, aparentemente, a coisa é de família.


-/-
Ficha técnica
Tango Vol. 2 Areia Vermelha
Autores: Philippe Xavier e Matz
Editora: Gradiva
Páginas: 72, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 16,50€

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook


Chega hoje à bancas, com o jornal Público, a nova aposta na banda desenhada da ASA que dá pelo nome de Long John Silver, dos autores Xavier Dorison (Undertaker, O Castelo dos Animais, O Terceiro Testamento) e Mathieu Lauffray (Raven).

E ainda que Long John Silver seja uma série que, lamentavelmente, permanecia inédita em Portugal até a ASA ter a excelente ideia de a lançar agora, a verdade é que alguns leitores portugueses (incluindo a minha pessoa), sabendo da qualidade da obra, já a tinham adquirido numa outra língua. No meu caso, comprei há uns anos Long John Silver na sua versão em inglês, da editora britânica Cinebook.

E como são vários os leitores que têm essa versão, faço aqui um comparativo entre essa edição e a portuguesa da ASA. Se dúvidas houvesse sobre a obrigatoriedade de comprar a edição portuguesa, as mesmas acabam dissipadas neste comparativo.

Em primeiro lugar, o que salta mais à vista entre estas duas edições é a diferença nas dimensões, bem como o tipo de encadernação. A versão portuguesa tem um generoso formato de 240 x 320 mms o que é bem maior do que o formato da Cinebook de 217 x 287 mms. Pode parecer pouca coisa, olhando para os valores. Mas se olharmos para a foto que coloquei mais acima, em que cada livro aparece lado a lado, fica óbvia a diferença entre ambas as edições. E, claro, a versão da ASA sai muito a ganhar com o seu formato de dimensões mais generosas.

Para além disso, o livro da ASA apresenta capa dura, enquanto que o da Cinebook possui capa mole. O design da capa é praticamente igual mudando, claro está, o logótipo das editoras e a cor do subtítulo, que na versão da ASA tem a cor branca. 

A ilustração da contracapa também é a mesma, sendo que a versão da ASA apresenta as quatro capas da mini-série.

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook

A espessura dos livros é bastante díspar. O que faz sentido, se tivermos em conta que um apresenta capa dura e o outro apresenta capa mole. Além de que o papel do livro da Cinebook, sendo baço, é bastante fino, enquanto que o papel da edição da ASA é de melhor qualidade, bem mais espesso, e brilhante.

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook

Não esquecendo que a ASA teve a boa ideia de formar, com os quatro tomos da mini-série uma ilustração na lombada aumentando, na minha opinião, o cariz colecionável da série e aproximando-a de uma edição de luxo e de colecionador. Na edição da Cinebook não há nada disso.

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook

Olhando agora para o interior dos livros, para além da diferença de papel, que já referi, a edição da ASA apresenta mais páginas do que a edição da Cinebook.

Portanto, é natural que as páginas de guarda da edição da ASA nos presenteiem com uma ilustração, em tons vermelhos, que não aparece na edição britânica. 

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook


Virando a primeira página, encontramos na versão portuguesa a ilustração fantástica de Long John Silver, que é seguida por uma outra página a branco com uma transcrição de parte da obra de Robert Louis Stevenson que criou a personagem de Long John Silver na sua célebre obra A Ilha do Tesouro

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook

Virando a página, a versão da ASA ainda nos apresenta, à esquerda, uma página a branco com os agradecimentos dos autores. Só depois disso é que o livro arranca, de igual para igual, em ambas as versões.

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook

Em termos de cores, acho que há uma bastante proximidade entre ambas as edições. Já fiz referência ao papel, que é diferente. Embora eu confesse que tenha uma certa preferência por papel baço que se torna, na minha opinião muito pessoal, mais agradável ao toque e mais agradável à vista, tenho que reconhecer que o papel brilhante também tem a capacidade de puxar mais pelas cores, que ganham novos brilhos e profundidade. Isto já nem referindo a enorme diferença entre gramagem no papel utlizado pela ASA e pela Cinebook, que é completamente diferente, com uma enorme vantagem para a editora portuguesa.

Relativamente ao tipo de letra utilizado, ambas as edições apresentam semelhanças. Confesso que, nas legendas do narrador, até prefiro o tipo de letra da edição inglesa. Não obstante, nos balões de fala, o tipo de letra é tão parecido que, honestamente, não me permite ter alguma preferência. Funciona bem em ambas as versões.

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook

Nota ainda para o facto da edição da ASA, como tem um formato mais amplo, permitir que possamos aproveitar a arte de Lauffray em toda a sua extensão. 

As páginas que coloco abaixo são apenas um dos vários exemplos em que, na edição da Cinebook, as ilustrações ficam mais claustrofóbicas e vilmente cortadas. Repare-se como, na primeira vinheta das páginas abaixo, as gaivotas na edição da Cinebook são cortadas sem lei nem agravo. Felizmente, a ASA teve um cuidado especial para que a arte fosse preservada.

Comparativo: Long John Silver pela ASA e pela Cinebook


Em conclusão, este é um comparativo fácil de fazer. Uma edição é um BMW M5 e a outra edição é um Fiat Uno. Tal como ambos os carros nos permitem viajar do ponto A para o ponto B, também ambas as edições nos permitem ler e apreciar esta fantástica série de BD. No entanto, há uma clara qualidade superior entre uma e outra coisa. Por isso, é fácil atestar que a versão da ASA dá 10-0 à versão da Cinebook.  

Resta-me dizer que esta é uma obra fantástica, numa ótima edição por parte da ASA - a que se lhe junta um bom preço - que merece ser comprada por todos: os que não conhecem a série, os que já ouviram falar mas nunca leram, os que têm a edição inglesa, espanhola ou francesa.

Uma das melhores apostas editoriais do ano em Portugal! Long John Silver é obrigatório!



segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Amadora BD anuncia programação!



A organização do Festival Internacional de Banda Desenhada - Amadora BD apresentou a sua programação ao nível das exposições e workshops que estarão patentes no certame, naquela que será a 32ª edição e que decorre entre os dias 21 de Outubro e 1 de Novembro.

Para além disso, revelou que a edição deste ano será marcada por uma forte aposta em exposições com uma base curatorial, uma área comercial consolidada e especializada, sessões de autógrafos, lançamentos de livros, encontros com autores nacionais e internacionais e uma programação paralela de oficinas e ateliers temáticos.

A principal novidade, para já, é que o evento mudará de lugar, conforme já aqui foi revelado. Em vez de ocorrer no Fórum Camões, como já era tradição nos últimos anos, o Amadora BD contará com um espaço renovado, com um núcleo central no Ski Skate Amadora Park, e dois núcleos paralelos, na Bedeteca da Cidade e na Galeria Municipal Artur Bual.


AMADORA BD 2021
21 outubro 2021 a 1 novembro 2021


EXPOSIÇÕES

NÚCLEO CENTRAL | SKI SKATE AMADORA PARK




80 Anos de Diana, a Mulher-Maravilha: Guerreira e Pacifista

Oito décadas depois da sua criação pela imaginação do psicólogo estadounidense, William Moulton Marston, a Princesa Diana da Ilha de Themyscira, mais conhecida como Mulher-Maravilha, continua tão ou mais relevante do era quando apareceu, em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial. Desde cedo, o aspeto conflituante e paradoxal da sua origem tornou-se numa marca indelével de difícil escrutínio. Diana (uma das maiores guerreiras do universo fictício da DC Comics) era uma Amazona
incumbida, pelos deuses da mitologia grega e pelas suas irmãs, de trazer a paz e fraternidade ao Mundo Patriarcal e de defender os princípios democráticos e pacifistas da cultura helenística e da sociedade feminista da sua terra-natal. Esta natureza dicotómica, que serviu de inspiração a muitos artistas de banda desenhada para explorar a sua personalidade ambivalente e determinação na sua missão utópica, foi essencial para preservar a personagem ao longo de oito décadas. Graças à matriz criada por Marston, vários autores foram (com diferentes graus de sucesso e respeito pela matriz) adicionando camadas à mitologia e à personalidade de Diana. O que era uma estranha mistura de Guerra e de Paz, transformou a Mulher-Maravilha num dos mais poderosos arquétipos do Universo DC, ao lado do SuperHomem e do Batman, perfazendo a Santíssima Trindade da editora de BD dos EUA. A acompanhar esta exposição retrospetiva, marcam presença no Amadora BD 2021 alguns dos mais conceituados ilustradores da DC Comics que se destacam pelo trabalho desenvolvido com a personagem: o catalão Álvaro Martínez Bueno e os portugueses Miguel Mendonça e Daniel Henriques.




75 Anos de Lucky Luke. Os Herdeiros de Morris

No ano em que comemora o seu 75º aniversário, o cowboy mais popular da história da banda desenhada
regressa ao Amadora BD com uma exposição que homenageia os autores que tiveram a “ingrata” missão de suceder ao criador do personagem. Após o falecimento de Morris em 2001, Achdé deu
continuidade ao desenho da série clássica e outros criadores (como Matthieu Bonhomme, Bouzard e Mawil) desenvolveram abordagens mais pessoais do cowboy que dispara mais rápido do que a sua própria sombra. São estas diferentes visões do icónico personagem que irão estar em destaque nesta exposição que trás ao Amadora BD 2021 Achdé e Mawil.




A História do Mangá

Originalmente Japonês, o termo “mangá” refere-se a todo o universo da banda desenhada. No entanto, no Ocidente, a designação é utilizada para identificar uma categoria de banda desenhada de características muito próprias: a banda desenhada criada ao estilo japonês. De facto, as primeiras histórias desenhadas em sequência foram criadas no Japão, no século VIII, utilizando rolos de pintura que se iam desenrolando para contar histórias com textos e imagens. Mais tarde, ainda no Japão mas já no século XVIII, a essência da Banda Desenhada ganha forma com o aparecimento dos kibyoshis (livros ilustrados – com o tradicional estilo de pintura e estamparia japoneses – com narrativas cómicas / satíricas ou românticas que misturavam-se desenhos em sequência com palavras para contar histórias). Em meados do século XIX, Charles Wirgman (inglês residente no Japão), cria o jornal satírico The Japan Punch e introduz pela primeira vez balões de fala nas suas histórias em sequência. Influenciados pelas publicações do The Japan Punch, dois artistas japoneses (Kanagaki Robun e Kawanabe Kyosai) criam a primeira revista de mangá em 1874: a Eshinbun Nipponchi. A partir desta data, a presença de artistas europeus no Japão (e a consequente difusão da banda desenhada de origem europeia e estadunidense) contribuiu decisivamente para a formação de uma série de autores nipónicos e “nasce” a banda desenhada japonesa, criada na tradição ocidental, mas sem esquecer as suas características tradicionais: o ocidental e tradicionalmente denominado, “mangá”.



Michel Vaillant: o (próximo) desafio

Michel Vaillant é, desde 1957, um nome incontornável no universo da banda desenhada europeia e no mundo do automobilismo. O seu criador, Jean Graton, concebeu um universo verosímil em torno de uma grande família de construtores automóveis, de que Michel é o seu mais destacado elemento, por ser também o principal piloto da escuderia com o mesmo nome. Por isso, o percurso de Michel Vaillant e de Jean Graton confundem-se e são, muito justamente, inseparáveis. Mas Michel Vaillant é também motivo de grande interesse dos seus novos autores, como Benjamin Beneteau e Marc Bourgne, que
este ano marcam presença no Amadora BD. A presente exposição dá-nos ainda a conhecer as particularidades que justificam a designação, por Miguel Gusmão, do “aportuguesamento” da série durante algum tempo no Estado Novo (de que Major Alvega é o exemplo mais paradigmático). As aventuras de Michel Vaillant passadas no nosso país, como Rally em Portugal, O Homem de Lisboa ou Encontro em Macau (território chinês então sob administração portuguesa), bem como as publicações e as editoras que deram à estampa as suas aventuras (Editorial Ibis, Livraria Bertrand, Distri Editora, Meribérica-Liber, AutoSport e Edições ASA) fazem parte desta exposição que marca o regresso do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora ao modo presencial.



Corvo V: Inimigos Íntimos

Luis Louro – vencedor do Prémio de Melhor Obra de BD de Autor Português, na edição de 2020 do Prémios de Banda Desenhada da Amadora – apresenta-nos nesta exposição o quinto volume das aventuras do seu mais icónico personagem, criado em 1994: o Corvo. O Corvo V – Inimigos Íntimos é uma viagem (intensa e surpreendente) pela (sub)consciência de Vicente e que nos conta como personagens e traumas do passado fizeram nascer o herói mais inconsciente de todos os tempos. (Quase) sempre com a noite da sua Lisboa como cenário, o Corvo combate os seus temíveis inimigos alados e os malfeitores mais inesperados. Será Vicente capaz de encontrar ajuda para enfrentar os seus
próprios demónios? Conseguirá ele escapar à tentação? Vamos finalmente descobrir o segredo das chamuças do Corvo?



Verões Felizes

Todos os anos o mesmo ritual: Pierre (o pai), a sua esposa e as 4 crianças põem-se a caminho do sul… para um verão feliz. Durante este mês, é para esquecer o quotidiano, no entanto, o casal passa por uma crise conjugal e a doença da tia Lili também não ajuda… Momentos preciosos que tornam a vida desta família mais bonita. Rumo ao sul!





André Diniz e Marcello Quintanilha: visões brasileiras

Exposição retrospetiva do autor e ilustrador brasileiro, André Diniz (Rio de Janeiro, 1975), e do autor Marcello Quintanilha (Niterói, 1971). Argumentista e desenhador de Banda Desenhada e autor e ilustrador de livros infantojuvenis, André Diniz já viu o seu trabalho ser alvo de mais de uma dezena de prémios, de entre os quais se destaca o de Melhor Roteirista, Melhor Graphic Novel, Melhor Edição de Quadrinhos, Melhor Site de Quadrinhos, entre outros. Em 2012, conquistou o conceituado prémio HQ MIX, na categoria Melhor Roteirista Nacional, com o álbum Morro da Favela, editado em Portugal pela Polvo, em 2013. Nesse mesmo ano e em exclusivo para Portugal, editou (também pela Polvo), Duas Luas, com desenhos de Pablo Mayer. Marcello Quintanilha é um autodidata, que se tornou autor de banda desenhada ainda adolescente, nos anos 80, ao desenhar personagens e pequenas histórias de terror e de artes marciais para a editora Bloch. Nos anos 1990, passou a publicar as suas BD em revistas como a General, General Visão, Nervos de Aço, Metal Pesado, Zé Pereira e a Heavy Metal. Em 1991, foi premiado no Salão do Humor de Ribeirão Preto. Ainda nesse ano foi premiado na 1ª Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro. E voltou a ser premiado na segunda edição da Bienal, em 1993. Em 1999, pela editora Conrad, lançou o seu primeiro livro de BD: Fealdade de Fabiano Gorila. 




Hoje não, de Ana Margarida Matos

Vencedor do concurso Toma Lá 500 Paus e Faz Uma BD (2021) promovido pela Associação Chili Com Carne, “Hoje Não” é um projeto autobiográfico que acompanha o registo diário desde o dia 16 de janeiro de 2021 até ao dia 26 de junho de 2021. Com o aumento dos números e um novo confinamento a chegar, o livro começa com a premissa de não se voltar a perder a noção do tempo, documentando tudo e qualquer coisa que aconteça no dia e resumindo o mais importante em apenas cinco linhas. Cada página corresponde a um dia onde se capturam os limites da identidade pessoal num momento tão atípico na história da nossa existência, através das rotinas diárias, das recorrentes crises existenciais, do que se vê passarse na sociedade, e de tudo aquilo que torna uma pessoa quem é. A realidade que conhecíamos era apenas uma ilusão, muito persistente. Entretanto, existimos.





Drácula de Bram Stoker, de Georges Bess

Veterano desenhador francês, conhecido sobretudo em Portugal pelas suas colaborações com Jodorowsky, Georges Bess atira-se à espinhosa missão de dar a sua visão em Banda Desenhada de um clássico da literatura que já tinha sido objecto das mais diversas interpretações, o Drácula de Bram Stoker. Recorrendo a um notável jogo de sombras e a uma assombrosa técnica de preto e branco, Bess cria uma versão que é simultaneamente extremamente fiel ao texto original e profundamente pessoal. Uma adaptação singular que transcende o Drácula de Stoker, transformando-o no Drácula de Georges Bess.




Comic Heart. Uma coletiva de autores portugueses.

O selo editorial Comic Heart nasceu do encontro de duas visões que criaram esta que é uma das marcas mais vitais da BD nacional. Bruno Caetano, editor de fanzines e comics, e com anos de experiência e trabalho com os maiores nomes da BD portuguesa (na sua actividade na área da animação) e José de Freitas, um dos mais experientes editores do mercado nacional da BD, que juntaram forças em 2017. Projecto generalista, capaz de editar primeiras obras ou livros de autores consagrados, obras comerciais ou mais alternativas, a Comic Heart já venceu cinco Prémios PNBD e cinco Galardões Comicon.




GALERIA MUNICIPAL ARTUR BUAL

O bom filho à casa torna. Retrospetiva de Jorge Miguel.

Nascido na Amadora, Jorge Miguel construiu a sua carreira na banda desenhada e ilustração. Desde 2012 – fruto da sua colaboração com a editora Humanöides Associés – o trabalho do desenhador é mais conhecido em França e nos E.U.A. do que no seu próprio país pelo que esta primeira exposição retrospetiva, na terra que o viu nascer, vem corrigir essa lacuna. Apresentar as diferentes facetas do trabalho de Jorge Miguel em artes gráficas, banda desenhada, ilustração e pintura é o objetivo desta mostra bem representativa da quantidade e qualidade da obra de Jorge Miguel. Na exposição, destaque para os seus dois últimos trabalhos para o mercado francês: Shanghai Dream (editado em Portugal em 2020) e Sapiens Imperium (a lançar no decorrer do Festival).




Marcello Quintanilha: Chão de Estrelas.

Marcello Quintanilha nasceu no Rio de Janeiro (Brasil) e iniciou a sua carreira em 1988 assinando, desde então, bandas desenhadas em publicações como O Estado de São Paulo, Le Monde, Heavy Metal, Internazionale, entre outras. Diretor de animação, colabora regularmente como ilustrador em jornais e revistas (como La Vanguardia, El País ou Playboy) e assina igualmente desenhos da série Sept Balles pour Oxford. É autor dos álbuns Fealdade de Fabiano Gorila, Tungstênio (obra também adaptada ao cinema), Talco de Vidro, O ateneu, Hinário Nacional, Luzes de Niterói, Folia de Reis lançados em Portugal pela editora Polvo Em 2021 lança Escuta, Formosa Márcia (Polvo Editora) e marcará
também presença na atual edição do Festival Amadora BD.




BEDETECA DA AMADORA | BIBLIOTECA MUNICIPAL FERNANDO
PITEIRA SANTOS



Desvio, de Bernardo P. Carvalho e Ana Pessoa
Obra vencedora do Prémio para Melhor Ilustrador Português, da edição de 2020 dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora, promovidos pelo Amadora BD.
É verão. Os pais foram de férias e os seus amigos também… A namorada pediu-lhe um tempo e Miguel tem a casa só para si. Vê televisão, joga computador, lê o livro de código e o mundo parece suspenso no meio do calor. “Tudo o que quero é que nada aconteça. Que tudo permaneça como está. O planeta muito quieto. Com a sua lei da gravidade, as suas regras de trânsito.” Onde irá dar este desvio?









SINOPSES | WORKSHOPS

- Workshop de Papier Mâché, pela artista plástica Ana Sofia Gonçalves
Neste workshop, vamos criar uma forma em três dimensões através da técnica de papier mâché, com jornal e fita cola. Um workshop para dar uso à imaginação e descobrir uma técnica diferente de construção e modelação de volumes tridimensionais.

- Workshop de Ilustração 3D, pela artista plástica Ana Sofia Gonçalves.
Este workshop procura simular a tridimensionalidade através da ilustração e de técnicas de ilusão de ótica, com recurso a colagens de materiais e suportes diversificados.

- Workshop “O teu fanzine”, pela ilustradora Patrícia Guimarães 
O fanzine, enquanto publicação não profissional, (livre de restrições criativas ou editoriais), foi sempre objecto de experimentação. Um veículo para abordar vários temas, comunicar ideias, contar histórias, resultando em exemplares muito diferentes e inventivos. Nesta oficina vamos criar um fanzine e explorar um pouco essa liberdade criativa quer em termos de formato, quer em termos de conteúdo.

- Workshop “Que Monstro é esse?”, pela ilustradora Patrícia Guimarães
A Banda Desenhada é a arte de contar histórias através da imagem e da palavra. Na véspera do “Dia das Bruxas / Halloween” vamos descobrir a vida secreta das figuras fantásticas que assombram o nosso imaginário. Como será a bruxa quando ninguém a está a ver? Será que gosta de ouvir heavy metal ou bossa nova? E o zombie? Será que passa os dias sem fazer nada, ou entretém-se a jardinar? Vamos imaginar um outro lado destes monstros? Partindo de um conjunto de personagens e objectos, vamos dar asas à imaginação e criar a nossa banda desenhada!

- Workshop I – MANGÁ: uma introdução à banda desenhada japonesa, pela ilustradora Daniela Viçoso
A banda desenhada japonesa (ou mangá) tem vindo a ficar cada vez mais conhecida fora do Japão, e aqui não é exceção. A BD japonesa corresponde a um mercado variadíssimo e contém em si múltiplos estilos, públicos alvo, linguagens visuais e narrativas. Neste workshop será dada uma pequena introdução à mesma, passando pela sua história e culminando num exercício prático.

- Workshop II – O festival dos youkai, pela ilustradora Daniela Viçoso
Youkai são criaturas sobrenaturais do folclore japonês, semelhantes a espíritos, fantasmas, monstrinhos e demónios. Tomam muitas formas e assumem muitas caras, sendo alguns muito assustadores! Neste
workshop vamos aprender um pouco sobre alguns youkai mais famosos e aprender a desenhá-los.

- Oficina It’s a Book" ABC de Máscaras", pela ilustradora Carolina Celas 
Assustadoras, Brilhantes, Caricatas, Descomunais, Enfadonhas, Felizes, Grandes, Hipnóticas, Improváveis, Janotas, Lingrinhas, Monstruosas, Narigudas, Obscuras, Populares, Queridas, Radiantes,
Sábias, Tradicionais, Únicas, Versáteis, Xistosas, Zelosas Assim é o ABC das máscaras e assim vamos criar máscaras nesta oficina, através de recortes coloridos e geométricos.