quinta-feira, 17 de junho de 2021

Comparativo: Balada para Sophie, pela Tinta da China e pela Companhia das Letras


Esta semana chegou às livrarias uma nova edição (a terceira) da obra-prima da banda desenhada portuguesa, Balada para Sophie, da autoria de Filipe Melo e Juan Cavia, que já se encontrava esgotada há vários meses, depois da editora original, a Tinta da China, que sempre tinha trabalhado com a dupla de autores até à presente data, ter lançado uma segunda edição da obra. Que também esgotou rapidamente.

Os autores mudaram então de editora, entrando no grupo editorial Penguin Random House e, mais concretamente, na chancela Companhia das Letras.

Como não podia deixar de ser, faço aqui um comparativo entre ambas as edições.

E convém, em primeiro lugar, dizer que o objetivo primeiro desta nova edição é, acima de tudo, vir preencher uma necessidade subjacente: a de colocar novamente a obra Balada para Sophie nas lojas. E isso serão boas notícias pois, como desde cedo afirmei, considero esta a melhor obra portuguesa de banda desenhada de sempre! Obrigatória em todas as estantes dos que adoram bd. E, também - porque não? - nas estantes daqueles que até não ligam muito a banda desenhada. De qualquer maneira, este fantástico livro já foi devida e exaustivamente analisado por mim no artigo que escrevi há uns meses. Portanto, para mais informações sobre a obra em si, aconselho uma (re)visita a esse artigo.

Assim, e tendo presente que o real objetivo deste lançamento é a recolocação de uma obra obrigatória no mercado, posso dizer que esta é uma fantástica notícia para todos nós!

Mas, claro, como houve uma mudança de editora, denotam-se algumas alterações entre as edições.


Em primeiro lugar, e talvez o que chama mais a atenção, o novo livro apresenta uma dimensão mais pequena como, aliás, é verificável nas imagens que aqui coloco. A nova edição, da Companhia das Letras, é mais pequena em cerca de 1 cm. Quer na altura, quer na largura. Não tenho presentes quais terão sido as razões para esta mudança. Pode ter que ver com custos (embora me pareça que sendo um diferença tão pequena talvez não seja essa a razão da alteração) ou pode estar relacionado com a vontade da nova editora em utilizar um formato mais estandardizado. Como não tive informações sobre o porquê desta alteração, estou apenas a especular. E tenho que ser sincero: para mim, quanto maior o formato, melhor a experiência de leitura de uma banda desenhada. 

Não nego que há certos tipos de banda desenhada - ou artes ilustrativas - que até podem funcionar melhor num formato mais pequeno. Mas, quase sempre, prefiro a versão grande. A maior possível. Portanto, acho que talvez tivesse funcionado melhor se se tivesse mantido exatamente o mesmo formato. Mas dizendo isto, também não posso afirmar que seja uma alteração que estrague ou dificulte a experiência de leitura. Nada disso. É uma alteração ínfima. Aceita-se.

Depois, e ainda na capa, salta a vista a alteração do lettering. Do tipo de letra utilizado quer para o nome dos autores, quer para o título da obra. E, se no caso do nome dos autores, a mudança do tipo de letra quase não se percebe, em relação às letras do título a mudança é mais notória. E, devo dizer, foi uma mudança para melhor. Eu já gostava da primeira versão mas esta segunda versão do lettering, com um tipo de letra mais clássico e com a ideia muito feliz e inspirada de inverter uma clave de sol para, com isso, formar o "S" de "Sophie" foi mais que bem conseguida. Um detalhe delicioso e que consegue melhorar algo que já roçava a perfeição.

O logótipo da Companhia das Letras, sendo mais horizontal do que o da Tinta da China não fica tão bem "arrumado" nesta segunda versão da capa. Mas esta é mais uma coisa ínfima, diria.

Finalmente, o amarelo desta nova capa é ligeiramente diferente do da capa original. Um pouco mais claro.


Rodando o livro, encontramos uma lombada ligeiramente diferente. Temos o lettering que, naturalmente, também é diferente entre edições. E temos o fundo da lombada que é de um tom de castanho mais escuro do que o da primeira versão. Mais uma vez, também prefiro a nova versão. Já era bom mas ficou ainda melhor.

A tira de tecido que serve como marcador de livro também mudou de cor. Passou de preto para vermelho/cor de vinho. É mais uma mudança mínima mas, atendendo às minhas escolhas futebolísticas, prefiro a versão vermelha, está claro!



Na contracapa, o texto foi alterado. Aqui não tenho a certeza de qual das versões gosto mais. Talvez até prefira o texto da primeira edição mas acho que o desta nova versão também está apelativo.

Existem também mais citações de análises e artigos que foram escritos sobre a obra. Sendo de publicações de prestígio (Expresso, Público e Time Out), considero que já li melhores comentários sobre esta obra fantástica. Blink, blink.



Todo o resto do livro é basicamente igual. O mesmo número de páginas e o mesmo preço de venda ao público. O papel, se não é o mesmo, é extremamente semelhante e cada uma das páginas é igual, até mesmo no dossier de extras. 

E por falar em dossier de extras, neste ponto é que gostaria que tivesse sido introduzida alguma coisa adicional para valorizar ainda mais esta edição. Mais alguns esboços do Juan Cavia, ou uma entrevista do Filipe Melo sobre a obra, ou mais citações da imprensa ou até mesmo uma nova ilustração original de Cavia para esta edição, teriam sido excelentes ideias.

Sei que sempre se diz: "em equipa que ganha, não se mexe". Se a primeira edição da Tinta da China estava sublime, porquê alterar o que quer que fosse? Verdade. Mas acho que teria sido simpática a introdução de algo mais. Mesmo que fosse uma pequena coisa. Mais duas ou quatro páginas já seria muito bom.

Seja como for, volto ao cerne do meu texto: sendo o objetivo primordial desta nova edição, a disponibilização da obra em loja novamente, então são excelentes notícias para os leitores de banda desenhada.

Se ainda não compraram, aqui têm uma excelente oportunidade. Se, enquanto leitores de bom gosto que são, já têm um Balada para Sophie nas vossas estantes, então podem sempre aproveitar para oferecer esta obra a uma pessoa que vos é querida.

Balada para Sophie continua maravilhoso e, não me canso de repeti-lo, a merecer o estatuto, atribuído por mim, de melhor livro de banda desenhada na história da bd portuguesa!

Indispensável!

6 comentários:

  1. Apenas se me oferece dizer, ainda bem que adquiri a edição original....

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mais que não seja porque será uma raridade num futuro próximo! :)

      Eliminar
  2. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar
  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar
  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar
  5. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

    ResponderEliminar