O gato está desesperado: a sua dona, Zlabya, está grávida… O que irá acontecer?
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sexta-feira, 29 de outubro de 2021
Aí está mais uma novidade da Ala dos Livros!
O gato está desesperado: a sua dona, Zlabya, está grávida… O que irá acontecer?
Análise: Hercule Poirot - Os Crimes do ABC
A história deste Hercule Poirot - Os Crimes do ABC coloca Hercule Poirot, a personagem principal perante um vilão verdadeiramente curioso e original. Dá pelo nome de ABC porque associa os seus crimes às letras do abecedário num estranho e macabro modus operandi. Começa por assassinar uma vítima cujo nome começa pela letra “A” e numa cidade inglesa com o nome a começar, também, pela letra “A”. A seguir, faz o mesmo com a letra “B”. Depois, com a letra “C”. E por aí diante. Os crimes têm todos uma assinatura em comum: ao lado de cada cadáver é sempre deixado um livro-guia de transportes denominado “ABC”. Como se isto já não fosse macabro o suficiente, este assassino ainda trata de escrever uma carta dirigida a Hercule Poirot, desafiando-o e comunicando onde será feito o próximo crime, antes que o mesmo seja praticado. Uma ideia excelente em termos de argumento, diga-se.
Porém, também é verdade que, por vezes, a leitura torna-se um bocado difícil, por ter balões com muito texto. Diria que, se o livro tivesse mais páginas, o autor teria tido mais espaço para deixar a história respirar. No entanto, também não se entenda, por este meu comentário, que o livro não se lê bem ou que é chato. Nada disso. Lê-se muito bem e é fácil acompanhar a história, mesmo relembrando que há muitas personagens ao barulho: as personagens assassinadas pelas mãos do ABC e os familiares das vítimas com quem, depois, Hercule Poirot, tenta obter informações que ajudem à resolução do caso. Talvez sejam personagens a mais para um livro de bd com 64 páginas mas, volto a frisar, o autor fez um bom trabalho. Neste caso, não seria possível abdicar de algumas personagens, sob pena de arruinar a lógica e sequência alfabética.
Em termos de ilustrações, o trabalho é assegurado por Alberto Zanon. E posso dizer que os seus desenhos me conquistaram desde o primeiro momento! O autor é dono de um traço que junta o melhor do clássico com o moderno. Bastante franco-belga no género, mas a remeter para uma escola mais moderna, especialmente nas caras e expressões das personagens. Lembrou-me até, por vezes, o que Juan Cavia fez em Balada para Sophie.
Chega ao fim a série, da Levoir, Clássicos da Literatura em BD!
Passado pouco mais de um ano desde o lançamento do primeiro livro, a Levoir e a RTP terminam a série Clássicos da Literatura em BD, com a publicação do 14º volume da coleção!
Amor de Perdição, de João Miguel Lameiras e Miguel Jorge
Camilo Castelo Branco foi um dos maiores escritores portugueses do século XIX e o primeiro escritor profissional em Portugal. Os seus romances passionais fazem do escritor o representante típico do Romantismo em Portugal. A sua vida atribulada foi tema de inspiração para os seus romances. A sua produção literária é extensa, contando com mais de uma centena de obras. Escreveu poesia, teatro, historiografia, contos, romances e novelas históricas, de aventuras e passionais.
No entanto, a manipulação e a ficção, por parte de Camilo, são de tal forma livres, que o converteu na novela sentimental mais famosa do Romantismo português.
Miguel de Unamuno, filósofo e escritor espanhol, diz sobre Amor de Perdição: “a novela de paixão amorosa mais intensa e profunda que alguma vez se escreveu na península ibérica.”
Lançamento: Long John Silver #3 - Labirinto de Esmeralda
O tomo 3, intitulado Labirinto de Esmeralda, da mini-série Long John Silver, que é constituída por 4 volumes, chegou esta quarta-feira às bancas!
quarta-feira, 27 de outubro de 2021
Lançamento: O Fogo Sagrado
Já está disponível há uns dias o novo álbum do autor português Derradé que, a esse propósito, até já concedeu uma entrevista ao Vinheta 2020.
Num mundo cada vez mais individualista e
Cavalo de Ferro lança "Fome: Novela Gráfica"!
Já está disponível a nova aposta da editora Cavalo de Ferro (do grupo Editora 20|20), que dá pelo nome de Fome: Novela Gráfica.
Obra inaugural da grande literatura moderna, Fome, do prémio Nobel de Literatura Knut Hamsun, foi publicado há mais de um século.
terça-feira, 26 de outubro de 2021
Entrevista a André Diniz - "Foi com espanto que vi o Brasil de 1904 repetir-se em 2020"
1. A Polvo prepara-se para editar "Revolta da Vacina", livro já lançado no Brasil. Como está a ser a recepção a esta nova obra no Brasil?
7. Com a enorme quantidade de informação disponível que existe hoje em dia faz-te confusão a enorme onda de negacionismo que o Brasil (e tantos outros países) tem experienciado relativamente à Covid-19? Ou será essa mesma facilidade de informação – assente nas redes sociais - a causa maior do avanço da corrente de negacionismo?
Um olhar sobre Amadora BD 2021
Há um novo espaço e uma nova equipa na organização. A nova direção já organizou o festival em formato digital no ano passado e, agora, pela primeira vez, preparou um evento presencial. Portanto, por estes dois motivos, o novo local e a nova direção, considero este o "ano zero" do Amadora BD. E, por "ano zero", quero dizer que estamos num período de novidade, de transição. E há que ver, desde o início, se estamos a caminhar para o sítio certo ou não. E acho, honestamente, que estamos a caminhar para um bom porto. A nova equipa é jovial, acessível e parece-me ter vontade de fazer mais e melhor. Além de que - e isso talvez seja o melhor elogio que posso fazer à nova direção - esta nova equipa não parece ser teimosa e obtusa mas, antes, está de olhos e ouvidos abertos para saber o que não está tão bem para, depois, poder corrigir. A questão do problema das senhas nos autógrafos de sábado, é apenas um exemplo da disponibilidade da direção para melhorar o que não está bem, como falarei mais abaixo.
Portanto, mais abaixo, dou-vos a conhecer a minha opinião sobre o Amadora BD nos seus mais diversos vetores. Tento também, além disso, sugerir alternativas/ideias/dicas em relação àquilo que, em edições futuras, poderia ser melhor. As críticas são construtivas, naturalmente. Não o sei fazer de outro modo.
Sobre a nova localização do evento
Sim, isto é aquilo que salta mais à vista de todos. Depois de largos anos a vermos o Amadora BD a ocorrer no Fórum Luís de Camões, este ano decidiu-se que o festival de BD passaria a ser no antigo Ski Skate Parque, situado algures entre a Damaia e a Amadora.
Posso dizer que, de um modo geral, a mudança foi para melhor. Os acessos de carro são bastante fáceis (logo à saída do IC-19) e o estacionamento também é bem mais fácil do que no antigo espaço.
Em termos de transporte público, chegar ao Amadora BD não é tão simples como ir por transporte próprio, embora a organização tenha disponibilizado autocarros que saem a partir da estação de comboios da Reboleira. Coisa que aplaudo.
Acho que, em termos da nova localização, estamos bastante bem. Foi para melhor!
Sobre o espaço do Ski Skate Parque
O espaço divide-se agora em dois pavilhões: um pavilhão "fixo", que já lá estava, que é dedicado às exposições de banda desenhada, e um pavilhão móvel - uma grande tenda - onde podemos encontrar o auditório; um espaço para as sessões de autógrafos; e o espaço comercial.
Sobre o Pavilhão de Exposições
Quanto ao espaço das exposições, acho que a opinião unânime será que houve uma extrema e fantástica melhoria nesta edição. Ao contrário das edições anteriores, onde as exposições eram feitas num parque de estacionamento(!) sombrio e sem luz natural, este ano as exposições receberam o destaque e respeito que merecem. Se queremos que a banda desenhada seja tratada como uma forma de arte respeitável, também temos, todos nós, que começar por dar o exemplo. E foi isso que a Organização do Amadora BD fez, e muito bem. Este novo pavilhão comporta as 10 exposições e é um espaço bastante agradável. Ficamos com a ideia que estamos dentro de um museu dedicado à 9ª arte e não num mísero parque de estacionamento propenso à prática de atividades ilícitas.
Sobre as exposições, assinale-se ainda que decorrem, à margem do evento no Ski Skate Parque, 3 outras exposições: uma, dedicada à obra Desvio, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho, na Bedeteca da Amadora, e outras duas, dedicadas aos autores Jorge Miguel e a Marcello Quintanilha, no Auditório Artur Bual. Percebo a ideia da organização de tentar que se respire banda desenhada em vários pontos diversos da cidade e não apenas num só espaço. E também aplaudo o facto de se ter disponibilizado transporte gratuito entre estes 3 lugares. Mas, sinceramente, acho este um esforço inglório, sem grandes proveitos na prática, e que acaba por ser uma maneira de gastar energias e recursos, sem grande vantagem porque tenho sempre a sensação que 95% dos visitantes do certame (para não dizer 100%) não visita (e, por ventura, nem sabe que existem) estes espaços adicionais.
Sobre o Pavilhão do Auditório, Autógrafos e Espaço Comercial
No segundo pavilhão do Ski Skate Parque foi montada uma tenda que engloba todos estes espaços: o auditório, a zona de autógrafos e as lojas de bd.
Antes de tudo, compreendo e defendo que estas três vertentes devam coexistir no mesmo espaço. Porque, se separássemos o auditório da área comercial e da área dos autógrafos, teríamos, certamente, a plateia do auditório muito vazia em várias ocasiões. A organização decidiu então manter estas 3 áreas num só espaço e considero que foi uma boa ideia. O pavilhão tem uma parede com um "balcão" onde temos os autores a autografar e as outras 3 paredes são ocupadas por lojas de bd. No centro, em formato de ilha oval, temos um pequeno auditório com a capacidade para 20/30 cadeiras. É verdade que, por vezes, o ruído do espaço era um pouco mais elevado do que o esperado, complicando a possibilidade de ouvir aquilo que os autores, que estavam em palco, iam dizendo mas, entre ter um auditório barulhento que, desta forma, pelo menos, consegue captar muito mais gente do que aquela que captaria caso estivesse num local à parte, ou ter um auditório mais sereno, em que se ouve tudo muito bem, mas está "às moscas", prefiro a primeira opção. Aquela que a organização tomou. E bem. Talvez se possa melhorar as condições de som e colocação de colunas na próxima edição mas gostei.
Sei que as limitações do espaço eram algumas - já lá irei - mas acho que seria benéfico se os stands fossem um pouco maiores. Como fazê-lo? Aumentando o tamanho da tenda.
E aqui tenho que dar uma palavra de apreço à organização que teve o bom senso de ouvir os editores e demais intervenientes sobre como deveria alterar a situação no dia seguinte. E, sem surpresas, diga-se, no domingo a questão dos autógrafos decorreu com muito mais rigor e serenidade. Há um sistema de senhas - que me parece justo - que procura não sobrecarregar em demasia nenhum dos autores. Há alguma confusão, sim, mas parece-me ser esta a forma correta de fazer isto. Não será perfeito mas é, parece-me, o melhor possível. Bem jogado, organização.
Ah, e já agora, dupliquem ou tripliquem o número de casas de banho.
Sobre os autores
Acho que a programação deste ano me parece bem conseguida. Esta edição conta com nomes relevantes da banda desenhada internacional como Achdé (Lucky Luke), Marcello Quintanilha, Juanjo Guarnido (Blacksad), Philippe Thirault (Shanghai Dream), Mawil (Lucky Luke), Georges Bess (Drácula, O Lama Branco, Juan Solo), Lucio Oliveira (Edibar), Frank Pé (A Fera), Alain Ayrolles (O Burlão nas Índias), Marc Bourgne e Benjamin Benéteau (Michel Vaillant), entre outros. E mais um bom número de autores portugueses relevantes como Luís Louro, Jorge Miguel, Derradé, Penim Loureiro, Pedro Brito, João Fazenda, Osvaldo Medina, André Oliveira, Paulo Monteiro, entre muitos outros.
Se calhar já houve anos com um conjunto de nomes mais célebres mas acho que não podemos ser injustos dizendo que, neste cômputo, este foi um mau ano. Porque não o foi. Bom trabalho, intervenientes.
Sobre os prémios PGDA
Caso ainda não saibam, os vencedores dos PBDA (Prémios Nacionais de Banda Desenhada da Amadora) foram:
- Melhor Obra de BD de autor português: Balada para Sophie, de Filipe Melo e Juan Cavia
- Melhor Obra Estrangeira de BD: O Burlão nas Índias, de Ayroles e Guarnido
- Melhor fanzine/publicação independente: Bestiário de Isa, de Joana Afonso
- Prémio Revelação: Planeta Psicose, de Ricardo Santo
- Melhor Edição portuguesa de BD: Procura-se Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme, pela editora A Seita
Sobre a "cerimónia" dos prémios
Esta "cerimónia" decorre no auditório dos Recreios da Amadora. Mais uma acontecimento à margem do Ski Skate Parque. O que faz, naturalmente (obviamente! expetavelmente! indubitavelmente!) com que o auditório esteja vazio para assistir a esta "cerimónia", que devia ser um dos pontos altos do evento. Acho que é fácil de compreender que não faz qualquer sentido ter-se o Ski Skate Parque no seu horário nobre, a um domingo, cheio de gente, com apresentações a acontecerem, e promover-se, à mesma hora, num outro lugar, que pressupõe a utilização de um transporte, uma "cerimónia" de entrega de prémios. Seria o mesmo se a SIC transmitisse os seus Globos de Ouro na mesma altura em que decorria a cerimónia dos Oscars. Incompreensível por mais compreensivo que eu tente ser.
O apresentador da "cerimónia", coitado, entre vários erros que deu (nomeadamente em nomes mal pronunciados ou em troca de autores de obras) lá repetia as mesmas piadas secas sobre o facto da sala estar vazia, sublinhando, ainda mais, o momento constrangedor. O próprio vereador andava ali para a frente e para trás sem muita noção do que estava ali a fazer. Mas há mais! O autor vencedor do concurso de BD não estava presente quando o seu nome foi anunciado porque estava a trabalhar... (imagine-se!) no Ski Skate Parque! A culpa não é do rapaz. É da organização. Só pode ser. Não faz qualquer sentido organizar esta "cerimónia" de uma forma tão pouco profissional, que em nada dignifica a banda desenhada ou o Município. Se é para isto, mais vale anunciar os vencedores dos prémios através de uma nota de imprensa e não fazer qualquer "cerimónia"! Senti-me num filme dos Monty Python ou num sketch dos Gato Fedorento. Parte de mim queria rebentar em risos enquanto a outra parte estava em estado de choque. Acredito que a associação de estudantes de uma escola preparatória organize melhores "cerimónias" do que esta.
Em primeiro lugar, esta cerimónia não pode acontecer durante a tarde de um domingo!!! Não pode, não funciona, esqueçam! Se a Organização quer manter o espaço do auditório, que é simpático, admito, tem forçosamente de organizar este evento numa outra altura. Quando? É muito fácil. Um dia antes do arranque oficial do festival. Em vez de se fazer aquele tri-evento de inauguração às 18h no Auditório Artur Bual, seguido de um evento às 19h, com jantar, na Bedeteca, e o evento de inauguração no Ski Skate Parque às 21h, porque não fazer, na véspera da inauguração do Ski Skate Parque, um evento direcionado a um público profissional? E em que a parte da Inauguração do Ski Skate Parque era substituída pela cerimónia de prémios?
Dois pontos positivos: gostei do trio de jazz que deu à "cerimónia" alguns momentos musicais interessantes e a sala também é acolhedora. Pouco mais de positivo há a dizer desta iniciativa, desculpem a sinceridade.
Sobre o site
A organização deste evento precisa de saber que quanto mais depressa conseguir anunciar e publicar o evento, bem como os autores presentes e o respetivo programa, mais potenciais interessados conseguirá atingir e, consequentemente, terá mais visitantes no evento.
De qualquer maneira, tenho que dizer que, possivelmente, este é o melhor website de que me lembro do Amadora BD. Está simples, apelativo, intuitivo, de fácil utilização e consegue reunir a informação que interessa, de forma bastante clara. Por favor, repliquem este site em edições futuras. Está ótimo!
Uma última nota
Por fim, e o meu texto já vai longo, gostaria de dar os parabéns à nova direção do evento que demonstra a predisposição para ouvir sugestões e melhorar o seu trabalho. Como "ano zero", acho que podem estar orgulhosos do seu trabalho. Há coisas a melhorar (especialmente a "cerimónia" dos prémios) mas acho que, de forma global, este é um evento bem conseguido.
Quem ainda não foi lá, tem até ao dia 1 de Novembro para o fazer. E olhem que, para quem gosta de banda desenhada, é mais que obrigatório!