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terça-feira, 31 de maio de 2022

O meu olhar sobre o Festival de Beja 2022


Depois de terminado o primeiro fim de semana do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, uma ideia persiste: a de que ali se passa algo de especial. É sempre assim com as coisas intangíveis, não é? Aquele certo je ne sais quoi que, ainda assim, nos faz gostar de algo. Estas tais coisas intangíveis na nossa vida são difíceis de explicar mas a sua força acaba, quase sempre, por ser mais marcante, mais absorvente, do que as coisas tangíveis. Afinal de contas, "o essencial é invisível aos olhos", já dizia O Principezinho de Antoine de Saint-Exupéry.

E, naturalmente, o Festival de Beja (também) está carregado de coisas tangíveis: temos várias e boas exposições, temos um programa repleto de ecléticas apresentações e temos uma loja dedicada à banda desenhada. Entre muitas outras coisas. Mais abaixo, falarei um pouco sobre elas e sobre as coisas mais palpáveis. 

Mas, por agora, interessa-me partilhar aquilo que é o mais intangível, isto é, a verdadeira memória coletiva que o Festival de Beja cria em todos os que têm o prazer de o visitar.

Como já o disse no ano passado, o sentimento que tenho em Beja não é bem o de estar num Festival de Banda Desenhada. Assemelha-se mais a uma Concentração de Bedéfilos (semelhante às concentrações de motards, em Faro) pois é um sentimento de partilha, de amizade, de camaradagem aquilo que mais e melhor impera em Beja. Sim, certamente, as exposições, os autores e as apresentações são importantes. Mas é aquele sentimento que se vive por debaixo das arcadas, situadas à porta da Casa da Cultura, que faz deste evento algo tão especial. É simples, é despretensioso, é verdadeiro. Onde o autor e o leitor tomam uma cerveja e onde o autor emergente troca dois dedos de conversa com o autor consagrado. Onde o editor conhece propostas de novos autores que dão os primeiros passos na criação de banda desenhada. Onde se fala português, espanhol, francês e inglês. Enfim, é ali que este sentimento especial que todos nutrimos individualmente pela banda desenhada, ganha uma vertente coletiva, por tantas experiências, histórias e opiniões partilhadas. Toda a gente sai do Festival de Beja mais rica do que quando entrou. 

Ali pude falar com tantas pessoas que já me são queridas como o Paulo Monteiro, o Luís Louro, a Luísa Louro, o João Lameiras, o José de Freitas, o Rui Cartaxo, o Rui Brito, a Vanda Rodrigues, a Maria José Magalhães, o Abílio Pereira, o Ricardo Pereira, o Nuno Neves, o João Mascarenhas, o Jorge Deodato, a Sharon Mendes, o Mário de Freitas, o Carlos Cunha, a Alexandra Sousa, o Diogo Carvalho… e tantos, tantos outros que são em número demasiado grande para aqui estarem a ser todos mencionados. Até porque, para além de todas as pessoas que já admiro e conheço, também ali pude conhecer ou aproximar-me mais de tantas outras: autores, editores, leitores, divulgadores. Podia estar aqui o dia inteiro a falar de muitas mais pessoas, mais ou menos conhecidas do meio, com quem pude estar durante estes dois dias. O tema constante? A BD, claro. Mas, não se fica apenas pela 9ª arte. Fala-se de muitas mais coisas. No fim, o que ali temos já é uma amizade partilhada. Mesmo que tudo isto seja intangível. Mas vamos, agora, às coisas palpáveis. 


As Exposições
A área de exposição deste ano inclui um bom número de interessantes exposições. Em termos cénicos, o espaço está bastante bem conseguido, sendo fácil de ali circular. A iluminação é boa e o próprio design do espaço é apelativo pois, sendo verdade que o edifício da Casa da Cultura já apresenta algumas marcas da idade, ficamos com a sensação de que estamos num museu moderno, tendo em conta a iluminação, as paredes pretas ou brancas, os painéis impressos nas mesmas, o emolduramento das pranchas de bd, etc. Está tudo feito com bom gosto. 

Outra coisa que aprecio quando estou num museu ou numa exposição, é ter uma certa privacidade e serenidade para poder visualizar e apreender aquilo que é exposto. E a área de exposição do Festival de Beja também possibilita isso. Mesmo que haja muita gente no evento, a parte da exposição nunca está a "abarrotar", o que, pelo menos para mim, é uma coisa muito boa.

Falando nas exposições deste ano, concretamente, devo dizer que me deixaram bastante satisfeito. Há uma boa variedade de estilos e géneros, mas destaco, como as minhas preferidas, a de Jean Louis Tripp (autor de Armazém Central), a de Antonio Altarriba e Keko (autores de Eu, Assassino, Eu, Louco e o mais recente livro Eu, Mentiroso) a de Olivier Afonso e Chico (autores de Les Portugais), a de Andrea Ferraris e Ranato Chiocca (autores de Cicatriz e de Churubusco, no caso de Ferraris) e a da portuguesa Joana Rosa, que inclui belas pranchas do seu projeto mangá The Mighty Gang. Mas todas as outras exposições que aqui não menciono – para não ser exaustivo – tiveram coisas que me agradaram.


O Programa de Apresentações

E o que também me agradou foi o programa que, uma vez mais, é bastante condensado e cheio. Isto é, está bastante preenchido desde o início da manhã de sábado até ao final da tarde do dia seguinte. 

Devo dizer que isso, como tudo na vida, tem um lado bom e um lado menos bom. O lado bom é que se ganha diversidade, pois são muitos os temas, obras e autores a serem apresentados, dando-se até espaço aos projetos emergentes. Coisa que sempre defendo. O lado menos bom é que me parece que o tempo atribuído para cada autor, projeto ou livro é apenas de, regra geral, 15 minutos, o que acaba por ser pouco. Sim, é verdade que as apresentações nunca se tornam cansativas, mas também é verdade que, por vezes, é pouco tempo demais. Chega a parecer o “speed dating” da bd. Isto acaba por não ser uma crítica (pois compreendo o reverso da medalha) mas mais uma observação para aqueles que me lêem e não conhecem os moldes destas apresentações.

Infelizmente, falhei algumas apresentações onde queria estar presente, mas posso dizer que das muitas apresentações que, ainda assim, consegui ver, gostei especialmente das apresentações de: Luís Louro e dos seus livros Dante e Os Covidiotas 2; Armazém Central (mesmo sem a presença dos autores); e Olivier Afonso e Chico (Les Portugais). No entanto, devo afirmar também que o melhor momento, relativamente às apresentações a que pude assistir, foi, sem dúvida alguma, aquele que foi protagonizado por Antonio Altarriba e Keko, que ofereceram uma masterclass aos presentes de como bem apresentar um livro (ou melhor, três livros!) de forma sucinta, interessante e bem-disposta. São dois autores que adorei conhecer de perto. Talentosos, cultos, interessantes e carregados de bom humor. Fartei-me de rir com os comentários certeiros e bem-humorados de Keko! Que sejam presença assídua em futuros festivais em Portugal é o meu desejo!


As Ausências

Lamentavelmente, houve duas ausências de peso neste festival. As de David Rubín (autor de Beowulf) que, tanto quanto pude apurar, se encontrava doente. E a de Jean-Louis Tripp, autor de Armazém Central, que, com muita pena minha e de muitos, não conseguiu embarcar de França para Portugal, devido a questões burocráticas de documentação insuficiente para o voo. 

Foram más notícias para os leitores, mas nada há a dizer já que a Organização está inteiramente alheia a estas questões, que não pode controlar. Sei que todos os esforços e opções foram postos em cima da mesa para tentar trazer Jean-Louis Tripp a Beja – nomeadamente, a possibilidade de o autor viajar de Paris para Beja de carro ou de comboio – mas que se acabou por perceber que tal não era possível. É pena, mas são coisas que acontecem.


Os novos lançamentos
Houve um bom conjunto de obras a serem lançadas em Beja.: o último volume da série Armazém Central, de Loisel e Tripp, da Arte de Autor, (composto pelos dois tomos As Mulheres e Notre-Dame-des-Lacs); Eu, Mentiroso, de Antonio Altarriba e Keko, que termina a trilogia “Eu” (Ala dos Livros); Dante, de Luís Louro (Ala dos Livros); Cicatriz, de Andrea Ferraris e Renato Chiocca (Escorpião Azul); Estes Dias, de Bernardo Majer (Polvo); O Caderno da Tangerina – Total, de Rita Alfaiate (Escorpião Azul); Ilha dos Gatos, de Tokushige Kawakatsu (Sendai Editora); Quaresma, o Decifrador – O Caso do Quarto Fechado, de Mário André (Kustom Rats); bem como os lançamentos das antologias Ditirambos #3, Umbra #3, Aurora Boreal em Reflexos Partilhados H-alt #11 (versão digital e impressa).


O espaço para Autógrafos
Desta vez optou-se por colocar a zona de autógrafos noutro local, mais perto da tenda do Mercado de BD. Isto permite mais espaço para as filas de leitores que, caso sejam longas, não deixam uma aglomeração de pessoas tão grande junto ao palco e tendas de comes e bebes, como acontecia anteriormente. 

A mim pareceu-me uma ótima ideia que acho que deve ser mantida em edições futuras.


O Mercado de BD
O evento disponibiliza uma generosa tenda onde há espaço para a mais variada banda desenhada. Novidades, algumas obras mais antigas e onde, se não estou em erro, estão presentes obras de todas as editoras nacionais. Há ainda espaço para algumas excelentes edições espanholas, francesas e inglesas. Muito apetecível. 

Do ponto de vista comercial, acho apenas que seria mais apetecível se se fizessem algumas promoções mais agressivas. Claro que “é fácil falar” e os editores saberão melhor do que eu aquilo que, comercialmente falando, pretendem fazer com os seus livros. No entanto, estou muito certo que os leitores de bd acabam por ficar permeáveis a boas ofertas e, por vezes, até abrir mão de mais dinheiro. Por exemplo, oferecer uma campanha "2 por 1", um desconto de 50% no segundo livro ou destacar um livro com algum tempo de vida, colocando-lhe um preço excelente, aumentará seguramente as vendas de forma direta e indireta. Fica a sugestão.


A Comunicação
Na edição do ano passado sugeri que seria conveniente que, na edição seguinte do evento, o programa completo fosse disponibilizado com maior antecedência. 

E a verdade é que, em 2022, ainda faltava uma semana para que o Festival arrancasse e já conhecíamos quais eram as exposições, quais eram os artistas presentes e as apresentações e lançamentos que ocorreriam no festival. 

Isto é importante porque pode fazer a diferença entre entusiasmar os leitores ao ponto de eles irem (ou não) ao Festival. Ora, quanto mais cedo se conhece o programa, melhor se pode organizar uma ida a Beja. Saem todos a ganhar. 

Portanto, dou os meus parabéns aqui à boa organização do festival.



Sugestões:

Nada de muito dramático da minha parte, já que considero que o festival se desenrolou bastante bem, sem nada de grave a objetar. A única coisa mais negativa foi a ausência dos autores Jean-Louis Tripp e David Rubin mas, como já disse, não é a Organização que é responsável por essas situações. 

- Acho que os soundchecks de preparação para os concertos animados terão forçosamente de passar a ser feitos à hora do almoço ou do jantar, quando não há atividades a decorrer no auditório. Isto porque, mesmo que seja um soundcheck rápido para testar instrumentos e voz, interfere negativamente na harmonia que há na sala das apresentações. Não diria que isto seja o "fim do mundo em cuecas" mas refiro-o porque é uma daquelas coisas que me parece bem fácil de resolver futuramente.

- Creio também que as apresentações deveriam  passar a ser filmadas para memória posterior. Esta não é uma sugestão que veio da minha cabeça. Na verdade, foram várias as pessoas que mencionaram esta ideia. E concordo em absoluto com ela. Pois, se as apresentações forem filmadas, a própria organização terá, futuramente, um vasto acervo de documentação criado por si mesma. 

Não considero, todavia, que seja benéfico fazerem-se live streamings, ou seja, transmissões em direto das apresentações, pois isso pode afastar algumas das pessoas que normalmente se deslocam a Beja. Pode suscitar aquela ideia do: "Ah... se as apresentações, que é o que mais me interessa, são transmitidas em direto, então não vou a Beja e fico em casa a ver tudo no computador". Cuidado com esta possibilidade. Não obstante, acho que, passados uns dias/semanas/meses das apresentações ocorrerem, faz todo o sentido que as mesmas sejam colocadas online, para que todos possam ter acesso a elas, aumentando desta forma o público do festival, mesmo que seja de uma forma virtual. Já todos bem vimos que o futuro e o presente (também) passam por se ter presença online. E a organização do Festival tem aqui uma possibilidade reforçada para o fazer.

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Ainda que o espírito e vida do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja se sinta no primeiro fim de semana do certame, em que ocorrem as principais atividades do mesmo, a verdade é que a exposição estará patente até ao próximo dia 12 de Junho

Portanto, deixo o convite para aqueles que ainda não visitaram Beja, o façam nas próximas semanas. Não tenho dúvidas de que ficarão agradados!

Por último, agradeço ao Paulo Monteiro - e a toda a equipa da Organização do Festival- pela simpatia e amizade, bem como pelo convite que me foi endereçado para marcar presença no evento.

Até para o ano!

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Gradiva inicia-se no mangá!


É mais uma notícia fantástica para os amantes portugueses do mangá! A Gradiva, que este ano não pára de surpreender os amantes de banda desenhada, inicia a sua aposta no género, com a publicação de City Hall, da dupla de autores franceses formada por Rémi Guérin e Gullaume Lapeyre.

O livro já está disponível nas livrarias.

Abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e algumas imagens promocionais.


City Hall #1, de Rémi Guérin e Gullaume Lapeyre

Um mundo onde se acabou com o papel. Porque o papel criou uma ameaça terrível para a humanidade: o que se escrevia manualmente podia transformar-se em realidade! 

E as «personagens» criadas ganhavam vida e, em certos casos, até «vontade própria» (como robôs avançados).Estão a ver o que começou a acontecer? Coisas horríveis!

Então, internacionalmente foi tomada a decisão de eliminar o papel e vestígios do mesmo. Passou apenas a ser permitida a escrita digital. Só que nem sempre o que se julga acabado teve realmente um fim...

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Ficha técnica
City Hall - #1
Autores: Rémi Guérin e Gullaume Lapeyre
Páginas: 192, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Formato: 13,00 x 18,00 cms
PVP: 12,00€

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Polvo prepara-se para lançar um novo livro!



Chama-se Estes Dias e é da autoria de Bernardo Majer, que já coloborou com André Oliveira enquanto ilustrador de Toutinegra, também lançado pela Polvo.

A obra será apresentada no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, amanhã, sábado, dia 28, pelas 15h15, e terá uma exposição dedicada a ela e a Toutinegra, no certame.

O livro deverá chegar às livrarias na segunda quinzena de Junho. 

Devo dizer que estou bastante curioso com este trabalho.

Mais abaixo, deixo-vos algumas imagens promocionais e sinopse da obra.

Estes Dias, de Bernanrdo Majer

Carolina vê-se envolvida com um homem perigoso, de intenções duvidosas. Rui sente-se perdido com o anúncio do divórcio dos pais. Sofia deixa-se encantar pelo namorado de uma amiga, E Flor é intolerante à lactose.

Estas são algumas das histórias que compõem “Estes dias”, uma antologia de seis Bandas Desenhadas que falam sobre monotonia, relações e dores de crescimento na vida moderna.

Depois de “Toutinegra”, com argumento de André Oliveira, Bernardo Majer aventura-se aqui, pela primeira vez, como autor completo.


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Ficha técnica
Estes Dias
Autor: Bernardo Majer
Editora: Polvo
Páginas: 80, a preto e branco e a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 24,5 x 17,5 cm
PVP: 13,90€

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Coletivo Tágide lança 7º número de Outras Bandas!




O Coletivo Tágide prepara-se para lançar o fanzine Outras Bandas #7 – Heróis Portugueses II, que inclui um vasto número de autores proeminentes da banda desenhada nacional.

Este é mais um dos lançamentos que ocorrerá já no próximo fim de semana, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

Mais abaixo, deixo-vos com algumas imagens promocionais e com a nota oficial deste lançamento.

Outras Bandas #7: Heróis Portugueses II

Após ter realizado entre 2020-2021 a iniciativa inédita Heróis Portugueses, em que os autores do colectivo informal Tágide ilustraram tributos aos 100 principais personagens da banda desenhada portuguesa, compilada posteriormente no fanzine Outras Bandas #5 (Setembro de 2021), o grupo retomou o mesmo desafio no 1º semestre, com uma 2 a ronda do projecto, desta vez celebrando outras 50 das mais famosas personagens da BD nacional, que são reunidas no Outras Bandas #7.

Com personagens bem conhecidas do público, entre figuras clássicas e criações contemporâneas, houve ainda espaço para recordar alguns heróis desaparecidos, assim se procurando cultivar uma memória viva da Arte Sequencial portuguesa e prestar uma justa homenagem aos autores, que desde o século passado trouxeram o sector da BD lusitana até aos mais auspiciosos dias de hoje.

Definitivamente, com 150 heróis de quadrinhos destacados, já não se pode argumentar que a banda desenhada portuguesa não é feita de heróis, como noutros países, ou de que estes pecam em carisma suficiente para se implementar no mercado. Tal como antes, os critérios de selecção passaram por escolher personagens clássicos, modernos e contemporâneos, e privilegiar o destaque a heróis de apresentação icónica e não tanto a protagonistas de novelas gráficas; razão porque ficaram de fora certas obras fundamentais da BD nacional. Tanto quanto possível, procurou-se ainda seleccionar heróis que tenham constituído uma colecção ou sido publicados/reeditados em vários títulos, assim se legitimando a sua popularidade.

O projecto contou com contributos pela quase totalidade dos membros do colectivo informal: António Coelho, Daniel Maia, Filipa Lopes, Henrique Gandum, João Raz, Jorge RoD! Rodrigues, José Bandeira, Maria João Claré, Mário André, Nuno Dias, Patrícia Costa, Rafael Marquês, Rui Serra e Moura, Sérgio Santos, Susana Resende, Shania Santos e Yves Darbos.

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Ficha técnica
Outras Bandas #7: Heróis Portugueses II
Autores: António Coelho, Daniel Maia, Filipa Lopes, Henrique Gandum, João Raz, Jorge Rodrigues, José Bandeira, Maria João Claré, Mário André, Nuno Dias, Patrícia Costa, Rafael Marquês, Rui Serra e Moura, Sérgio Santos, Shania Santos, Susana Resende e Yves Darbos
Páginas: 32, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
PVP: 3,00€





Antologia a ser lançada no FIBDB conta com alguns nomes ilustres da BD nacional!



Irá ser apresentada no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja a antologia Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, que conta com a paticipação de vários autores portugueses como José de Matos-Cruz, José Ruy, Daniel Maia, Fernando Vilhena de Mendonça, João Raz, José Bandeira, Nuno Dias, Renato Abreu e Susana Resende.

Trata-se de uma co-edição Kafre / Arga Warga.

Mais abaixo, deixo-vos com algumas imagens promocionais e a nota oficial desta lançamento.


Aurora Boreal em Reflexos Partilhados, de vários autores
Aurora Boreal em Reflexos Partilhados é uma antologia de banda desenhada, em coedição de Kafre/Arga Warga. A personagem literária foi criada em 2012 por José de Matos-Cruz, com transfiguração original de Susana Resende. Participam nesta colectânea de obras curtas, inéditas ou já divulgadas como conteúdo extra, Daniel Maia, Fernando Vilhena de Mendonça, João Raz, José Bandeira, Nuno Dias, Renato Abreu e Susana Resende, também autora da capa e do grafismo, além de mestre José Ruy, numa colaboração especial.

A apresentação de Aurora Boreal em Reflexos Partilhados decorre no Domingo, 29 de Maio, às 16h30, no 17º FIBDB.

Aurora Boreal surgiu no universo romanesco/ilustrado d’O Infante Portugal (As Tramóias Capitais; 2007, A Íntima Capitulação; 2010, As Sombras Mutantes; 2012, pela editora Apenas Livros), concebido por José de Matos-Cruz, tendo nascido de uma relação efémera e sensual entre Oktobraia, uma heroína soviética exilada em Lisboa, e o Malsão, um portento cósmico que avassala o marasmo lusitano.

Menina e loira, emancipada em tríptico imaginado/literário (O Princípio Infinito; 2017-2018, O Eterno Paradoxo; 2019, O Círculo Imperfeito; 2020, por Apenas Livros), logo uma auspiciosa Aurora Boreal - irradiando além das luzes e das trevas - rompe os ciclos da infância e da identidade, pelo capricho súbito e intenso de uma libertação… Nessa aprendizagem mágica e germinal, Aurora Boreal suspende as coordenadas sobre o tempo e o lugar em que decorrem tais derivas e interferências. Do passado ao futuro, ou em actualidade virtual, a sua aparência torna-se então Presente - ainda adolescente, adulta ou idosa -, desafiando todas as rotinas, como um fenómeno telúrico e transfigurador!

Entretanto, Aurora Boreal compareceu no clímax pelos quadradinhos d’O Infante Portugal em Universos Reunidos (2017), com desenho de Daniel Maia, também coautor da história com José de Matos-Cruz, que elaborou o texto. Esta banda foi distinguida pelos XVI Troféus Central Comics, na categoria Melhor Obra Curta (2018).

Aurora Boreal em Reflexos Partilhados culmina, assim, uma incursão fantástica pelos meandros da realidade e em dimensões alternativas. Afinal, com mais simbólica ênfase de reinvenção - ao conferir, pela banda desenhada, uma abordagem múltipla e propícia às expectativas de cada criador artístico.

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Ficha técnica
Aurora Boreal em Reflexos Partilhados
Autores: José de Matos-Cruz, José Ruy, Daniel Maia, Fernando Vilhena de Mendonça, João Raz, José Bandeira, Nuno Dias, Renato Abreu e Susana Resende
Páginas: 52, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
PVP: 10,00€

Uma adaptação para BD de Fernando Pessoa prepara-se para ser lançada!



Mário André, autor de A Implosão, prepara-se para lançar, em edição de autor, o seu mais recente trabalho. Trata-se de uma adaptação de uma nova de Fernando Pessoa e intitula-se O Caso do Quarto Fechado.

O lançamento será feito no próximo dia 29, pelas 15h, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja. Simultaneamente será lançado o fanzine “Doce Emese Canibal”/WARS do mesmo autor e que será oferecido na compra de cada um dos seus livros.

Mais abaixo deixo algumas imagens promocionais e o texto que acompanha o lançamento deste livro.

O Caso do Quarto Fechado, de Mário André
Numa altura em que é lançada a biografia mais completa de Fernando Pessoa a apresentação desta novela policiária poderá ser a “ponte” para o conhecimento mais alargado da obra do artista em que as novelas policiárias representam o seu lado menos divulgado. 

Dr. Abílio Quaresma, o Decifrador, um médico “sem clinica e decifrador de charadas da vida real”. Personagem criada por Pessoa há cerca de cem anos (1988-1935), protagonista de novelas policiárias desenvolvidas pelo famoso poeta; um género muito popular nas primeiras décadas do séc.XX, e que era secretamente seu favorito. 

A escrita das mesmas deu-se durante várias décadas, num conjunto de treze contos – uns mais concluídos e longos do que outros, nos quais a personagem central foi transformada em figura complexa, digna do seu panteão de alter egos.
Em “O caso do quarto fechado”, Quaresma é chamado a consultar um cenário perplexante, onde está em causa o suicídio aparente mas difícil por degolação, por alguém cuja personalidade ninguém suspeitaria capaz de tal, num quarto fechado por dentro. Esta adaptação para BD é o volume inicial de um conjunto de novelas policiárias da autoria de Fernando Pessoa

O Vingador fala-nos sobre a juventude de Tex Willer!


aqui dei conta de que A Seita lançou recentemente o 4º volume da sua coleção dedicada a Tex.

Menos recentemente mas, ainda assim, há pouco tempo, a editora também lançou o terceiro volume dedicado ao mais célebre herói da Sergio Bonelli Editore.

Trata-se de O Vingador, dos autores Mauro Boselli e Stefano Andreucci, e a primeira vez que vi o livro à venda foi no Festival Coimbra BD. Depois disso, o livro esteve em venda nas bancas e é a partir do próximo mês de Junho que deverá chegar às livrarias generalistas do país. Até lá, o livro já pode ser encomendado diretamente através da editora ou adquirido nas livrarias portuguesas dedicadas à bd.

Relembro que este volume 3 forma, juntamente com o volume 4, Justiça em Corpus Christi, um díptico sobre a juventude de Tex. E mesmo que as histórias funcionem bem de forma independente, recomenda-se a leitura conjunta dos dois volumes.

Mais abaixo, deixo-vos com algumas imagens promocionais e com a nota de imprensa da editora.


Tex #3 - O Vingador, de Mauro Boselli e Stefano Andreucci

“...mataram o meu pai... vão todos pagar com a vida!”

Tex atravessou o Rio Grande em busca de justiça para os assassinos do seu pai. Mas um rancheiro poderoso alia-se com um bando de ladrões de gado, e coloca a sua cabeça a prémio. Procurado por pistoleiros fora-da-lei e xerifes corruptos, Tex Willer procura a ajuda de Juan Cortina, um desperado que, tal como ele, decidiu fazer justiça pelas suas mãos, numa aventura sem tréguas, que nos leva de volta à juventude do herói!
Criado em 1948 por Gianluigi Bonelli e Aurelio Galleppini, Tex é um dos mais antigos cowboys da banda desenhada europeia, e a mais popular personagem dos fumetti italianos. Nesta colecção, alguns dos maiores desenhadores da BD italiana e mundial têm oportunidade de desenhar Tex em histórias criadas expressamente para a cor e para o formato mais ambicioso dos álbuns de BD franco-belga.

O Tex de Boselli e Andreucci cavalga a grande velocidade numa clássica narrativa western de vingança, onde o leitor vai encontrar o herói ainda muito jovem, atormentado pela violenta perda do pai. Os autores relatam-nos os eventos que vieram transformar um Tex vingador num fora-da-lei, uma oportunidade de reviver o passado do herói e compreender melhor toda a expressividade e psicologia da personagem, os valores que a moldaram, os homens que o formaram, no fundo a identidade de um justiceiro no seio de um Oeste colossal e épico.
Ritmado, frenético e preciso, O Vingador apresenta-nos mais um capítulo do jovem Tex, comprovando que a sua juventude é um território com muito por explorar e cheio de potencial narrativo.

Mais uma vez, a edição portuguesa de O Vingador apresenta um caderno de extras exclusivo, com uma entrevista a Stefano Andreucci e diversos esboços e estudos enviados expressamente pelo próprio desenhador.

“Não se deixem fascinar pelo álbum só porque é um belo objecto, bem cuidado e acabado: dêem-lhe uma hipótese também por representar de forma impecável a vitalidade e a frescura de uma personagem com mais de setenta anos, mas cuja juventude está bem longe de ter terminado.”
- Gli Audaci (blogue italiano de BD)

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Ficha técnica
Tex #3 - O Vingador
Autores: Mauro Boselli e Stefano Andreucci
Editora: A Seita
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 20 x 28 cms
PVP: 14,00€

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Análise: O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira

O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita

O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita
O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas

A editora A Seita, em parceria com o Centro Artístico Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira, lançou recentemente O Perigoso Pacifistauma biografia em banda desenhada da vida de Adriano Correia de Oliveira. Este trabalho marca o regresso de João Mascarenhas ao lançamento de banda desenhada e assinala a estreia de Paulo Vaz de Carvalho, como argumentista de bd.

Adriano Correia de Oliveira foi um músico de sobeja importância para Portugal. Não só ao nível cultural, através da sua música, como também ao nível político. Até porque, especialmente no final do Estado Novo, qualquer ímpeto político ver-se forçado, pelas condições impostas, a ter que se mascarar de ímpeto cultural e artístico. 

O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita
Assim, desde a sua tenra infância em Avintes, até aos tempos de estudante ativista na Universidade de Coimbra, passando pela sua afirmação e desenvolvimento enquanto músico de craveira, O Perigoso Pacifista procura dar ao leitor um quadro geral da vida de Adriano. Tudo de uma forma bastante despretensiosa, que aprecei, e com vários momentos divertidos, em que nos aproximamos tanto do artista como da pessoa que foi Adriano. E de como o mesmo era profundamente estimado por todos aqueles músicos e autores com que conviveu. Falo de José Niza, José Cid, Almada Negreiros, Zeca Afonso, Vitorino, Fausto, Carlos Alberto Moniz, Carlos Paredes e tantos outros nomes relevantes, não só do mundo universitário coimbrense da época, como da moderna cultura portuguesa. E isso é de uma relevância inestimável que, em boa hora, o lançamento deste livro recupera.

A história da vida de Adriano Correia de Oliveira é-nos dada em breves episódios que procuram ser um breve vislumbre para a pessoa – e músico – que foi Adriano. Desta forma, a leitura acaba por ser fácil e acessível, embora pouco profunda, a meu ver. E creio que a divisão da história por episódios poderia ter sido feita de forma mais estanque. Explico: quando falava com o simpatiquíssimo João Mascarenhas a propósito deste livro, o autor fez referência ao facto de a história ser contada por episódios, mais ou menos, independentes entre si. Até referiu os livros do Gaston Lagaffe como exemplo. Mas, num Gaston Lagaffe, os episódios – ou capítulos, ou pranchas, ou "gafes", conforme lhes quisermos chamar – são-nos apresentados de forma estanque. Quase sempre têm a dimensão de uma prancha e há um princípio, meio e fim. São mini-histórias, vá. Isso não acontece em O Perigoso Pacifista. Neste caso, a história, mesmo estando dividida por pequenos capítulos na vida do músico português, apresenta-se como um todo. O que faz, a meu ver, com que a experiência acabe por ficar a meio caminho entre ser uma história completa e ser uma história dividia em pequenos episódios. É que, como história completa, parece-me, que, narrativamente falando, não consegue encaixar em si mesma os vários episódios de uma forma tão fluída assim, ficando, no fim, demasiado compartimentada. Por outro lado, também não adota o género do Gaston Lagaffe (e de tantas outras bandas desenhadas) em que se opta, intencionalmente, por apresentar capítulos independentes entre si.

O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita
Diria que esta será mesmo a minha crítica menos positiva ao livro, pois este meio-termo torna o argumento demasiado compartimentado e menos coeso, do ponto de vista narrativo. Exemplificando o que acabo de escrever, é comum que nos seja apresentada uma cena da vida de Adriano e que, logo a seguir, passemos para outra cena, noutro tempo e noutro lugar, e que sintamos que a cena anterior não ficou convenientemente fechada. Paulo Vaz de Carvalho serve-se bastante das legendas temporais para tentar dar-nos uma sensação de continuidade, mas nem sempre isso é usado da melhor forma, quanto a mim. Por exemplo, na página 17, na primeira vinheta temos uma legenda que nos diz “De volta a casa…” e, logo na vinheta seguinte, temos a legenda “tempos depois”. Ou seja, apenas nos é dada uma vinheta para apresentar um evento e logo estamos a saltitar para outro tempo e para outro lugar. No entanto, também são vários os eventos que ocupam várias páginas. Há, portanto, uma noção de tempo e de ritmo muito aleatória.

O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita
Olhando para as ilustrações de João Mascarenhas, tenho que dizer que são inúmeros os belos momentos que as mesmas me proporcionaram. O autor é detentor de um estilo de ilustração muito heterogéneo e carregado de diferentes soluções gráficas, que é difícil definir e/ou catalogar. Parece que há espaço para tudo! Por momentos, temos um Adriano bebé completamente "abonecado" em termos de ilustração, noutros momentos temos uma fantástica ilustração citadina, num estilo mais realista. Em certos casos temos um plano das personagens numa perspetiva arriscada, noutros casos temos o desenho meio disforme dos edifícios da cidade, que me remetem para Gaudí, e, noutros casos ainda, somos brindados com uma perseguição policial a relembrar Frank Miller em Sin City! E tudo isto num livro com meras 56 páginas! Numas vezes o seu desenho é muito adulto, noutras vezes parece muito imberbe. 

Há, portanto, toda uma dicotomia latente na arte de João Mascarenhas que, possivelmente, também deixará em dois pólos diferentes as opiniões dos leitores. Uns adorarão e outros, nem tanto assim. No meu caso, devo dizer que, sendo verdade que, em alguns desenhos, admito que gostaria de ver um traço mais cuidado nas expressões e linguagem corporal das personagens - bem como na noção de movimento das mesmas -, por outro lado, também admito que fico rendido perante muitas e muitas ilustrações com que o autor nos brinda. Há toda uma poesia e uma musicalidade – que fica sublinhada pela inclusão de elementos gráficos que navegam em segundo plano pelas vinhetas – que muito me atraiu em O Perigoso Pacifista. Portanto, não achando que o trabalho do autor é perfeito, acho que me posso assumir como fã da originalidade e ecletismo dos seus desenhos.

O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita
Nota positiva, também, para a forma como o autor conseguiu desenhar de forma facilmente percetível tantas figuras conhecidas. Todas elas são automaticamente reconhecíveis. O que até, sendo algo bom, me leva a uma consideração: é que, se me posso queixar de algo, concretamente n’O Perigoso Pacifista é que, por vezes, me fez uma certa confusão que o estilo de ilustração mais realista das personagens secundárias fosse tão díspar do desenho - mais caricatural - da personagem de Adriano. Quando as mesmas convivem na mesma vinheta, admito que achei que ficava uma experiência pouco natural.

Julgo que uma grande palavra de apreço tem que ser dada à forma como este livro foi lançado. Não só a edição do livro, em si, apresenta a qualidade a que A Seita já nos tem habituado recentemente, como capa dura baça, bom papel mate, boa impressão e boa encadernação, como o livro vem complementado com belos extras que ajudam a que esta obra consiga ter uma relevância verdadeiramente biográfica e com um cariz de documento histórico, também. Assim, temos, no final do livro, um conjunto de notas breves sobre cada uma das personagens que marcaram presença na vida de Adriano Correia de Oliveira. Temos ainda um prefácio de duas páginas escrito por José Barata-Moura, três páginas dedicadas à biografia – em prosa – do músico e uma página que lista a discografia completa de Adriano. 

O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita
Se a informação já estava bem trabalhada, toda esta edição sai a ganhar com a inclusão de um cd com sete dos maiores êxitos do músico português, nomeadamente, as canções Minha Mãe, Trova do Vento que Passa, Cantar de Emigração, Canção com Lágrimas, E Alegre se Fez Triste, Tejo que Levas as Águas e Vira Velho. Acho que foi uma cartada de mestre por parte d’A Seita e do Centro Artístico Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira. Se estamos a ler a biografia em BD de um importante músico português, porque não termos também o acesso a músicas do mesmo? Aplaudo incansavelmente esta ideia. E acho até que faz com que o produto possa almejar públicos maiores: não só o "público da bd" pode passar a ser "público da música", por ter acesso ao cd num livro que compra para ler; como o "público da música" pode igualmente passar a ser "público da bd", por ter acesso a uma banda desenhada num cd que compra em primeira instância para ouvir. E faço ainda uma ressalva: há muito que a música de Adriano Correia de Oliveira não era lançada em cd, o que ainda dá mais relevância a esta bela iniciativa de lançar como bónus do livro, este cd de Adriano Correia de Oliveira.

Em suma, O Perigoso Pacifista é uma aposta ganha enquanto belo produto que, não só presta uma bela homenagem a uma das vozes que cantou o 25 de Abril e que, lamentavelmente, é muitas vezes esquecida, como nos oferece um conjunto de episódios que marcaram a vida de Adriano Correia de Oliveira e que foram testemunhados por todos aqueles que tiveram o privilégio de conviver consigo. Olhando para a banda desenhada em si – e não tanto para o lançamento enquanto "produto" – creio que algumas coisas, especialmente ao nível do argumento, poderiam ter sido melhor limadas para que o livro alcançasse uma maior grandeza. Seja como for, é uma justa e digna homenagem que vale a pena conhecer.


NOTA FINAL (1/10):
7.2



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira, de Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas - A Seita

Ficha técnica
O Perigoso Pacifista: Histórias de Adriano Correia de Oliveira
Autores: Paulo Vaz de Carvalho e João Mascarenhas
Editora: A Seita
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 215 x 285 mm
Lançamento: Março de 2022

A Antologia DITIRAMBOS está de volta!


O terceiro volume da Antologia de Banda Desenhada Portuguesa Ditirambos prepara-se para ser lançado no próximo fim de semana, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

Esta é uma antologia que resulta do esforço conjunto de autores portugueses. Uns são emergentes e outros são premiados. E em cada volume há um tema comum a todas as histórias. Se no primeiro e segundo número os temas foram, respetivamente, o Êxtase e o Abismo, nesta terceira empreitada o tema é a Fauna.

Devo dizer que só no número dois pude conhecer esta antologia e fiquei muito bem impressionado com este colectivo de autores. Não só com as pessoas acessíveis e simpáticas que são como, também, pelo enorme talento que têm.

E se a qualidade estiver ao nível do volume dois (o volume um não consegui ler, infelizmente), e certamente estará, devo dizer que recomendo totalmente a compra deste terceiro volume. Aproveitem porque a edição é (bastante) limitada.

Posso dizer ainda que a ilustração deste novo livro três, da autoria de André Caetano, está verdadeiramente espetacular!

A apresentação do Ditirambos #3 ocorrerá no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja no sábado, dia 28 de Maio, pelas 17h15, seguida de uma sessão de autógrafos às 20h30.

Abaixo, deixo-vos com a nota oficial sobre este lançamento e mais algumas imagens promocionais.

Ditirambos #3 Fauna, de vários autores

Um ditirambo é um canto coral exortativo que nos chega da antiguidade grega. Nele, uma multitude de vozes une-se em homenagem ao deus Dioniso.
É também uma antologia de banda desenhada de autores portugueses, cujas distintas técnicas e vozes narrativas obedecem, para além do mote, a um único requisito: 4 páginas.

O primeiro volume explorou o conceito de “Êxtase”, com as contribuições de Ricardo Baptista, Nuno Filipe Cancelinha, Diogo Carvalho, Raquel Costa, Francisco Ferreira e Sofia Neto.

No segundo volume - "Abismo", juntaram-se as as novas vozes dos autores e ilustradores Joana Afonso, André Caetano e Carlos Drave e a autora Sónia Mota. Esta edição foi agraciada com dois prémios nos XIX Troféus Central Comics: Melhor Publicação Independente e Melhor Obra Curta para a história "Fissuras" de Diogo Carvalho. Está também nomeado aos Prémios Bandas Desenhadas 2021 nas categorias de Melhor Antologia e Melhor BD Curta editada em Antologia, com a história "Mise en Abyme" de Nuno Filipe Cancelinha e Raquel Costa.
O terceiro volume apresenta-nos 8 histórias de 10 autores nacionais, subordinadas ao tema “FAUNA”.

A diversidade técnica, narrativa e estilística faz deste volume um verdadeiro tesouro a descobrir, juntando nomes já consagrados da banda desenhada nacional a talentos emergentes. Neste terceiro volume – “Fauna” a colaboração de Carlos Drave dá lugar à da autora e ilustradora Carla Rodrigues.

A tiragem é limitada a 200 exemplares numerados.

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Ficha técnica
Ditirambos #3 - Fauna
Autores: Joana Afonso, Ricardo Baptista, André Caetano, Raquel Costa, Nuno F. Cancelinha, Diogo Carvalho, Francisco Ferreira, Sónia Mota, Sofia Neto e Carla Rodrigues

Edição de Autor
Páginas: 52, a cores e a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Formato: 168 mm x 258 mm
PVP: 12,00€

NOTA: Venda directa por encomenda para o email ditirambosbd@gmail.com

Venda em eventos de apresentação e festivais de banda desenhada

Venda em livraria: Tinta nos Nervos (Lisboa), Mundo Fantasma (Porto), Dr.Kartoon (Coimbra), Convergência (online e eventos), MES (online)