A Ala dos Livros lançou recentemente o segundo e último livro da série Covidiotas, de Luís Louro. Intitulado Segunda Vaga, este livro volta a apresentar-nos divertidos gags, que abordam a forma como todos nós fomos lidando com a Covid-19, e que o autor foi publicando nas redes sociais em tempos de pandemia.
Dado que já fiz uma extensa análise ao primeiro volume desta série – e que convido os meus leitores a (re)lerem através deste link – não me vou alongar muito nas palavras sobre este segundo Covidiotas. Isto porque está bastante em linha com aquilo que já foi feito no primeiro volume. Continua a ser uma compilação das tiras humorísticas que o autor foi publicando ao longo do último ano e em que o tema é a pandemia de Covid-19.
É claro que tendo em conta que é composto por pequenos gags que reagem à realidade com que nos fomos deparando, é natural que surjam aliados ao tema central da covid-19, outros subtemas que foram sucedendo em 2021, tais como a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos da América, o aparecimento da vacina contra a Covid-19 (e toda a polémica na prioridade de administração da mesma a que assistimos em Portugal), a proibição de livros nos quiosques, os restaurantes em regime de take-away, o novo confinamento que tivemos que fazer logo no início do ano, entre outros.
Mesmo assim, é um livro cuja matriz obedece àquela que tivemos no livro anterior. Ou seja, e tal como já escrevi previamente, “sendo um "humor de reação" é caracterizado por ser rápido, simples e direto, sem grande trabalho de argumento por parte do autor. Não há, pois, uma construção de script, propriamente dita, mas uma criação humorística que se apoia nas notícias que vão chegando ao autor sobre o tema em questão. Isto, na minha opinião, leva a que não seja um humor muito sofisticado, mas que, por oposição, também seja algo muito fluído e orgânico, que nos consegue surpreender, arrancando-nos uma gargalhada, aqui e ali, por não haver, propriamente, uma fórmula que o autor explore. O método de Luís Louro é agarrar numa situação real e, a partir daí, retratá-la em tom jocoso, fazendo normalmente uma interpretação exagerada do tema. Por vezes, até é um humor que põe o dedo na ferida, falando de temas algo sensíveis".
Apreciei particularmente que o humor de Luís Louro esteja mais refinado em certos pontos, neste segundo livro. Quer dizer, continua a ser Luís Louro e o tipo de humor que lhe associamos. Contudo, parece-me que, devido à consciência que o covid-19 também nos fez ir ganhando com a natural passagem do tempo, obrigando-nos a todos nós a “aprender a viver” com esta pandemia, parece-me que também Luís Louro acabou por ter uma consciência mais clara da sociedade e, por isso, ser mais assertivo, com piadas mais certeiras.
E vejo também, com prazer, que muitas das piadas de Louro se começaram a dirigir mais ao Governo e às instituições públicas, aumentando desta forma o seu tom jocoso de crítica política. É um humor leve, mas pontiagudo. Certeiro. Por estas razões, considero que mesmo que este Covidiotas 2, à partida, possa parecer “mais do mesmo”, em relação ao que o autor havia encetado com o primeiro livro da série, a verdade é que que há aqui uma subtil melhoria das rábulas em relação ao primeiro livro. É subtil, mas sente-se bem.
Quanto aos desenhos, o trabalho também está em linha com aquilo que o autor nos deu no livro anterior. As ilustrações aqui presentes têm, pois, a linguagem pictórica característica de Luís Louro, com as personagens a apresentarem traços bastantes retilíneos e "cartoonizados". As raparigas, quando aparecem, têm sempre aquelas formas voluptuosas e abundantes a que o autor já nos habitou e que eu tanto aprecio.
Quanto à edição, este não será o livro habitual que a Ala dos Livros nos costuma oferecer. Aqui, e tal como no volume anterior de Os Covidiotas, temos uma edição em capa mole, no formato horizontal, com um papel ajustado ao tipo de edição. Olhando para o cariz light e despretensioso da obra e respetiva leitura, já não mencionando o simpático preço do livro, penso que esta opção, em termos de edição física, continua a fazer sentido.
Além disso, tenho que fazer uma menção ao brinde que acompanha este livro. Se, no livro anterior, era uma máscara cirúrgica e alguns pedaços de papel higiénico carimbados, numa clara alusão, à loucura que foi a compra desenfreada de papel higiénico por parte de alguma da população mundial, neste segundo livro o autor e a editora foram ainda mais longe, adicionando à edição um cotonete que – reza a lenda – foi efetivamente testado pelo autor. Além disso, há um cartão de vacinas com menção à obra e um QR Code que remete para um simpático desconto de 10% em futuras compras da editora. Portanto, a Ala dos Livros continua a apostar no chamado "marketing de guerrilha" em que, com um pequeno investimento, consegue espicaçar o mercado de forma divertida e original. E isso merece mil louvores porque às vezes o importante não é fazer mais… é fazer melhor. Portanto, espero que o editor Ricardo M. Pereira continue com as suas boas ideias para destacar ainda mais os livros que edita. As minhas vénias para ele.
No final, e em conclusão, Os Covidiotas encerram com humor e boa disposição esta série humorística que permitiu a Luís Louro desbravar (com sucesso) o universo do cartoon. Altamente recomendável para todos os que quiserem relembrar a fase louca que vivemos (e ainda estamos a viver) da Covid-19.
NOTA FINAL (1/10):
7.3
Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020
-/-
Os Covidiotas #2 - Segunda Vaga
Autor: Luís Louro
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 80 páginas, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Fevereiro de 2022
-/-
Mais abaixo, deixo o convite para a leitura da análise ao álbum anterior da série:
Sem comentários:
Enviar um comentário