quinta-feira, 12 de maio de 2022

Análise: The Mighty Gang #1

The Mighty Gang #1, de Joana Rosa - Djinn

The Mighty Gang #1, de Joana Rosa - Djinn
The Mighty Gang #1, de Joana Rosa

Embora esta seja uma banda desenhada que começou a ser feita, pela autora portuguesa Joana Rosa, há longos anos, quando a mesma ainda se encontrava no secundário, e que, entretanto, parte da obra tenha até sido publicada no jornal de manga Jankenpon, só recentemente é que a série The Mighty Gang foi publicada em formato de livro pela jovem editora portuguesa Djinn. E ainda bem que o foi!

Numa altura em que são muitos os jovens portugueses (e não só) que lêem mangás de todo os tipos e feitios, acho muito positivo que os autores portugueses possam também dar cartas neste subgénero da banda desenhada. Aliás, o próprio exemplo claro de que há público para este tipo de bd é que a autora tenha lançado uma campanha de crowdfunding para a publicação da obra em formato livro e que acabou bem-sucedida. Este livro, que é o primeiro volume de uma série que se espera longa, compila os primeiros 12 capítulos da série.

The Mighty Gang #1, de Joana Rosa - Djinn
A história começa em 1998 e tem como personagens principais, Sarah, Johanna e Andre, que têm poderes especiais que lhes permitem controlar vários elementos diferentes. Conhecem-se por acaso e acabam juntos a lutar contra uma ameaça comum que são os Daimonics. Mais tarde, ainda se juntam a estes três heróis mais duas heroínas que, embora pouco amigáveis ao princípio, acabarão por lutar ao seu lado contra as mesmas ameaças.

Este é acima de tudo um mangá que se destina mais a um público juvenil, já que nos apresenta uma história bastante inocente e linear. Por esse motivo, não se pode esperar que o argumento seja muito denso ou levante muitas questões. Com efeito, sendo uma história de ação e aventura, com espaço para alguns momentos de humor – também ele bastante naïve –, acredito que os próprios eventos e demandas pensados para as personagens ganhariam mais, se fossem delineados com mais densidade. Por exemplo, achei que, logo no início, quando as personagens se conhecem, toda a justificação para que isso aconteça, é bastante ténue, para não dizer inexistente. E mesmo a própria "luta contra o mal" é-nos dada de mão beijada, de forma algo gratuita, o que, mais uma vez, não permite um desenvolvimento muito profundo da trama. Parece que o argumento acaba por funcionar mais como um mero pretexto para o desenvolvimento de muitos momentos de ação, que se ancoram em grandes batalhas entre o gangue e os Daimonics.

The Mighty Gang #1, de Joana Rosa - Djinn
Não há nada de errado com um argumento mais "levezinho" e menos explanado, e diria até que isso até invoca a clara noção de que The Mighty Gang é uma série que sabe bem para onde quer ir e auto-afirma-se como sendo mais virada para um público infantil. Não obstante, isso também não quer dizer que um público mais adulto, especialmente o público do mangá, não encontre aqui mais do que razões suficientes para ler esta série com prazer.

Até porque, convenhamos, os desenhos de Joana Rosa são absolutamente fantásticos! Com uma raiz clara nos mangás e animés oriundos do Japão, a autora tem o mérito de nos dar ilustrações que, com várias influências de comics americanos, conseguem, ainda assim, ter um cunho pessoal. As expressões das personagens e a sua linguagem corporal são uma verdadeira maravilha para observar, e até a noção de movimento das mesmas, aquando os momentos de ação nas batalhas, estão perto da perfeição. 

Olhando para as páginas previamente publicadas no jornal Jankenpon e para as deste livro, também se observa que houve uma clara melhoria nas expressões de algumas personagens, no lettering e legendas, na utilização de uma escala de cinzentos mais ampla e na própria noção narrativa da história. Em termos de trabalho ilustrativo ao nível do mangá, se não estamos perante a perfeição, não andamos muito longe, já que se vê claramente a grande experiência, gosto e talento com que Joana Rosa ilustra esta sua série. E até vou mais longe, há mangás com enorme sucesso mundial que, pelo menos relativamente à beleza dos desenhos, não estão ao nível deste mangá made in Portugal. Tal não é a qualidade ilustrativa de Joana Rosa.

The Mighty Gang #1, de Joana Rosa - Djinn
A edição da obra, que marca o início de atividade da Djinn enquanto editora, apresenta capa mole, bom papel e uma boa qualidade na impressão e encadernação. Nota para o facto de a obra ter edição em português e em inglês, certamente com o intuito de tentar internacionalizar a série. Apreciei bastante a textura e qualidade do papel utilizado para a capa.

Falando na capa, devo dizer que este livro me deixou um pouco perplexo pelo simples facto de não haver qualquer texto na capa. Nem o nome da autora, nem o nome da série, nem o número do volume. Nada. Apenas uma bela ilustração. E isso fez-me confusão porque, simplesmente, não é algo muito comum de encontrar para alguém como eu, por quem passam tantos livros pelas mãos. Mas, se me fez uma certa espécie que a capa não tivesse texto algum, devo confessar que o livro começou por aguçar o meu interesse por essa mesma razão. Às vezes, ser diferente, pode causar estranheza mas decerto também causa impacto e, por esse motivo, acabo por aplaudir a opção da autora e editora. E, claro, para que a capa seja tão bonita, também ajuda a fantástica ilustração, ao nível do melhor que se faz em manga.

Nota positiva, ainda, para a inclusão de duas pequenas histórias como extra intituladas Daimonic Take Over e A Hard Day’s Late Night.

Em suma, com The Mighty Gang, Joana Rosa prova, acima de tudo, não só que também se faz mangá em Portugal, como, ainda por cima, se faz com excelente qualidade. Os adeptos do género não poderão deixar passar este livro!


NOTA FINAL (1/10):
7.2



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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The Mighty Gang #1, de Joana Rosa - Djinn

Ficha técnica
The Mighty Gang #1
Autora: Joana Rosa
Editora: Djinn
Páginas: 302, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Dezembro de 2021

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