Para lá da Pista é o nome do sexto volume da série Duke, de Hermann e de Yves H., que a Arte de Autor tem vindo a publicar. Lançado no início deste ano, a história deste sexto tomo da série, que se aproxima do fim - tendo em conta que é expetável que a mesma venha a terminar no próximo tomo - volta a mostrar-nos mais um pouco do background das personagens que continuam num jogo do gato e do rato, seguindo a famigerada "pista".
Diria até que essa será a coisa que de maior realce há neste Para Lá da Pista. É que, ao dar-nos mais informações sobre o passado das personagens, o argumentista Yves H., filho de Hermann, permite-nos o estreitamento da nossa relação com as referidas personagens, com especial destaque - mas não só - com Duke, o protagonista. Coisa que, a meu ver, é bem-vinda. No entanto, a sensação global quando se acaba de ler o livro é que, na realidade, não aconteceu rigorosamente nada neste sexto tomo. Pelo menos, relativamente à ação presente.
É claro que até nos são dados alguns momentos marcantes no passado de Duke e do seu irmão, mas, como a história do tempo presente é bastante monótona pois, apesar dos perigos e perseguições à distância que afetam as várias personagens na sua viagem, chegamos ao fim deste livro sem que nada de muito relevante aconteça. Uma mão cheia de nada. É óbvio que se fica igualmente com a ideia - e promessa - que a história se está a preparar para um encontro e embate mais marcantes entre todos os envolvidos. Mas essas emoções acabam por fica guardadas para um tomo posterior, lá está.
Relativamente à história que nos é dada neste sexto volume, Duke mantém a sua viagem com o intuito de entregar os 100 000 dólares ao consórcio Soakes & Sears, fazendo-se acompanhar por Swift. Por oposição, o sargento Blair e o seu comparsa, o cabo Copeland, que se puseram em fuga, tendo conseguido recuperar alguns homens para a sua causa, conseguem agora intercetar Duke e Swift, ficando com o dinheiro que o protagonista transporta consigo. Até que surge uma intervenção inesperada. Mais não conto, sob pena de vos contar tudo o que aqui se passa.
Tal como já referi na análise que fiz aos primeiros quatro volumes da série, recomendo que Duke seja lido de uma só vez. A leitura da soma do todo é muito mais marcante do que se os livros forem lidos de forma isolada. Isto porque cada tomo funciona como um capítulo para contar a história total. Isolados, estes livros não têm, quanto a mim, pelo menos, muita força, mas, lidos de forma seguida, contam uma história maior entre si, que nos oferece uma personagem, tão dura e tão marcada por um passado inóspito, como Duke.
Os desenhos de Hermann mantêm aquilo que o autor nos tem vindo a dar nesta série. Coisas muito boas e outras mais medíocres. Há vinhetas verdadeiramente belas que poderiam (deveriam?) ser impressas e comercializadas enquanto quadro! E para isso também contam as belas cores, a aguarela, com que o autor tão bem dá cor aos seus desenhos. O menos bom serão os rostos das personagens, principalmente as femininas, onde me parece haver até um certo desleixo do autor. Tendo em conta a idade avançada do mesmo, talvez a questão dos rostos retratados com tão pouco detalhe e aprumo se compreenda melhor. Não obstante, a verdade é que esta característica mancha um pouco a experiência de leitura.
Em oposição a isso, e conforme escrevi anteriormente, “onde Hermann brilha muito, convém realçar, é na caracterização das paisagens, nas imagens mais contemplativas (que, talvez por isso, abundam em Duke) e, claro, aqui e ali na boa caracterização das personagens. E o trabalho de cores é, todo ele, muito artístico e único no estilo. “
Em termos de edição, a Arte de Autor dá-nos mais do mesmo: capa dura, bom papel (com algum brilho) e uma boa encadernação e acabamento. Tudo bem feito, portanto, sem nada de negativo a apontar.
Em suma, o sexto volume de Duke dá-nos uma certa sensação de “enchimento de chouriços” no que à trama principal diz respeito, mas, por outro lado, também é verdade que permite um maior conhecimento e compreensão do passado das personagens. Por tudo isto, funciona, diria eu, como uma pausa para respirar antes do próximo tomo (expetavelmente agitado) que há-de resolver, finalmente, o destino sombrio destas personagens.
NOTA FINAL (1/10):
7.8
Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020
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Duke #6 - Para Lá da Pista
Autores: Hermann e Yves H.
Editora: Arte de Autor
Páginas: 56, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Fevereiro de 2022
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Mais abaixo, deixo o convite para a leitura das análises aos álbuns anteriores da série:
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