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segunda-feira, 4 de julho de 2022

À Conversa Com: Ala dos Livros - Novidades para o 2º Semestre de 2022



Hoje é dia de ficarmos a conhecer as novidades editoriais que a Ala dos Livros ainda tem preparadas para o segundo semestre de 2022!

Numa conversa com o sempre simpático Ricardo M. Pereira, um dos responsáveis da editora portuguesa, fiquei a saber que ainda podemos esperar excelentes propostas para alegrarem os nossos dias de ávidos leitores de banda desenhada. 

O editor fala ainda da Ala Infantil, bem como da aposta da Ala dos Livros em autores portugueses. Temos, ainda, a confirmação de que o Prémio Jorge Magalhães de Argumento para Banda Desenhada avança para a sua segunda edição!

Convido-vos, por isso, a lerem esta interessante entrevista.



Entrevista


1. Agora que voltámos a uma certa normalidade, semelhante à que vivíamos em 2019, sentes que isso está a ter um impacto positivo em relação às vendas da editora?

Sim, no sentido em que voltou a haver um mercado “aberto” para os livros.

Temos lojas a funcionar, temos novamente festivais e maior dinamismo junto dos leitores.

Mas há também uma grande quantidade de títulos a chegarem ao mercado ao mesmo tempo, o que tem reduzido a duração do ciclo das novidades. Existem além disso limitações criadas pela incerteza no mercado e o clima de instabilidade em termos de produção e fornecimento, com o impacto que todos começamos já a sentir nos preços e no custo dos bens, o que não ajuda. Diria que a semelhança com os momentos pré-pandemia de 2019 tem por isso de ser vista com bastantes reservas.
Para a Ala dos Livros, até porque continuamos numa fase de crescimento de oferta com o que consideramos boas propostas, tem sido um início de ano positivo.


2. Dos livros já lançados pela Ala dos Livros neste primeiro semestre, já se destaca, em termos de aclamação do público e crítica, ou em termos de vendas, algum livro que tenham lançado?

Como sabes, é ainda cedo para se perceber os resultados em termos de vendas dos títulos lançados este ano.

Mas livros como Little Tulip, Matteo -5ª Época, o segundo tomo da série Wild Bill e as propostas nacionais que lançámos (“CoBrA: Operação Goa” e “Dante”) destacaram-se.


3. O ritmo de lançamentos da Ala dos Livros tem sido bastante bom neste primeiro semestre. Assim, por alto, diria que já passaram a dezena de novos livros. Podemos contar com um número semelhante de lançamentos para o segundo semestre de 2022?

Este ano temos realmente lançado mais obras - lançámos um total de 12 títulos, sendo 11 novidades e 1 segunda edição (O Burlão nas Índias).

Em parte, isso acontece porque queremos colocar em dia vários títulos que acabaram por sofrer adiamentos com os dois anos de pandemia e também para aumentarmos o ritmo de publicação das séries em curso.

Mesmo assim, continua o clima de incerteza que já referi e temos sido obrigados a vários ajustes de lançamentos devido a alterações dos prazos previstos nas gráficas e até de disponibilidade pontual de algumas matérias-primas.

Gostaríamos que o ritmo no segundo semestre fosse semelhante, para recuperar esses atrasos. Vamos fazer o que for possível. No entanto, retornando a um quadro normal, não pensamos aumentar o número de publicações/ano.


4. Neste primeiro semestre, a Ala dos Livros lançou Amani, de Miguelanxo Prado, um livro ilustrado e destinado aos mais novos. Como surgiu a ideia e que desenvolvimentos poderão surgir, em termos de novos lançamentos, para esta vossa coleção "Ala-Infantil"? É vossa ideia manter a aposta num público infantil? Com livros ilustrados ou com banda desenhada?

Sim. Numa ala de livros, tal como numa ala de música, cabem diversos públicos e géneros. Desde o início que era um objectivo nosso criar várias “Alas” dentro da Ala dos Livros. Foi aliás um dos pressupostos na escolha do próprio nome da editora. A “Ala Infantil” é a primeira a assumir como sua essa marca própria, mas na verdade já fazemos essa divisão internamente com outras obras que, aos poucos, irão assumir o seu lugar, mais ou menos identificado e distinto, quer pelo carácter das obras quer pelo tipo de apresentação distinta que iremos seguir para algumas. Essa diferenciação de colecções tem, no nosso entender, de ser algo facilmente perceptível para o público alvo e em conteúdo/identificação para fazer sentido.

A “Ala Infantil” surgiu em primeiro lugar por uma junção de coincidências: pelo facto de ser uma área que queremos explorar por considerarmos uma parte importante da BD (eu próprio sempre referi que gosto muito da simplicidade das obras mais “infantis”); e porque, havendo uma obra infantil do Miguelanxo Prado que tínhamos possibilidade de editar – e o Miguelanxo é alguém que nos é muito próximo e dispensa apresentações – achámos ser uma boa aposta para fazer a ligação entre o público mais novo e o público já mais conhecedor. A Ala Infantil é isso: livros de que gostamos, de autores de que gostamos, para um público infantil. A opção não é feita em função de ser banda desenhada ou ilustração, mas de acordo com as premissas anteriores.


5. São muitos os leitores que me escrevem a perguntar se eu sei quando serão lançados os álbuns Blacksad 1 e Undertaker 3. Podes adiantar uma data aproximada para quando deverão ser lançadas estas obras?

O Blacksad 1 é uma das nossas edições de Julho, e inclui “A História das Aguarelas” (que foi objecto, em diversos países, de uma edição separada). Undertaker 3 está em gráfica e previsto para Setembro.


6. E, já agora, que obras tem a Ala dos Livros agendadas para lançar durante o segundo semestre de 2022?

Ao contrário do que era esperado por muitos, no último festival da Amadora anunciámos vários títulos para serem lançados durante este ano de 2022. A continuação da série “O Mercenário”, a reedição de Blacksad, a continuidade da aposta na produção nacional com CoBrA: Operação Goa e Dante – uma obra incontornável de Luís Louro que era uma surpresa já prometida - ou o seguimento de Mattéo e Undertaker foram algumas dessas obras já anunciadas e esperadas. Das restantes obras previstas, ainda faltam algumas e haverá também mais surpresas.

As edições de BD que podemos anunciar como certas para o segundo semestre são:

- Blacksad 1 – Algures entre as Sombras, de Juan Díaz Canales e Juanjo Guarnido


- O Mergulho, de Séverine Vidal e Victor Pinel


- Undertaker 3, de Xavier Dorison e Ralph Meyer


- Pássaro, de Diogo Campos e Hugo Teixeira (capa indisponível)


- Bootblack, de Mikael


- Também já foi anunciada a edição de Les Portugais, para o Festival da Amadora que contará com a presença dos autores, que também estiveram em Beja.

- Les Portugais, de Afonso e Chico


7. Só neste primeiro semestre de 2022, a Ala dos Livros já lançou 3 obras de autores portugueses (Dante e Covidiotas 2, de Luís Louro, e CO.BR.A, de Marco Calhorda e Daniel Maia). A aposta na banda desenhada portuguesa é para continuar? Podemos esperar o lançamento de outros autores portugueses para além dos atuais?

A publicação de autores portugueses foi um dos motivos que esteve na origem da Ala dos Livros. É para continuar com naturalidade e sem outra obrigação que não seja a qualidade das obras em si. Ou seja, o que vemos como “Ala Nacional” não surge de uma qualquer necessidade ou vontade de mostrar que publicamos muitas obras de autores portugueses ou de que a Ala do Livros se apresente como uma defensora da produção nacional. Para nós, as obras dos autores nacionais – conhecidos ou desconhecidos - têm o mesmo valor que encontramos em obras de autores estrangeiros. É por isso que decidimos publicar uma obra de um autor, seja nacional ou estrangeiro.

Continuamos, com a Catherine Labey, a trabalhar nas obras do nosso avô. Não há material de reprodução, vai levar o seu tempo. Vamos fazendo.

Posso avançar-te que lançaremos no segundo semestre deste ano mais um livro de autores Portugueses. Chama-se Pássaro e é uma obra muito particular que tem a assinatura do Diogo Campos e do Hugo Teixeira.


8. Em termos da tua opinião pessoal, qual é o teu livro preferido daqueles que foram lançados por vós no primeiro semestre? E qual o teu preferido daqueles que serão lançados no segundo semestre deste ano?

É sempre difícil pedires para escolhermos um livro. Há sempre particularidades e desde o início que admitimos que fazemos livros de que gostamos e, por isso, gostamos realmente de todos. Diria talvez que os livros de autores nacionais têm a particularidade de nos permitirem um trabalho de edição mais aprofundado. Se por um lado nos dão mais trabalho (e algumas dores de cabeça no processo…), também é muito interessante podermos acompanhar o nascimento da obra desde a sua ideia ao livro final com todas as mudanças, planeadas e não só, que forçosamente acontecem pelo caminho. Nesse sentido, dos livros que lançámos CoBrA: Operação Goa e, claro, Dante destacam-se pela atenção e cuidado que dedicámos a esses títulos e, felizmente, também pela muito boa aceitação por parte do público e da crítica.

Dos títulos a lançar, estamos muito entusiasmados com o Les Portugais e com a ligação e dinâmica que felizmente se criou com os autores. É uma obra muito especial a vários níveis e acho que isso foi evidente para todos os que estiveram na conversa com os autores, neste último Festival de Beja.

PS – Entretanto, gostaria de anunciar aqui, em primeira-mão, a 2ª edição do Prémio Jorge Magalhães de Argumento para Banda Desenhada. É uma iniciativa que lançámos o ano passado e sobre a qual aguardávamos ainda uma resposta, pelo que as candidaturas estarão a partir de agora abertas.

Obrigado!

4 comentários:

  1. Blacksad, Undertaker e Bootblack :) não há orçamento que resista :)

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  2. Contrariamente ao comentador acima, nada daqui me entusiasma particularmente. Um catálogo muito, muito conservador e até, arriscaria a dizer, hermético nas referências gráficas. Esperava mais da Ala dos Livros...

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    1. Eu acho que é uma aposta em qualidade, António.

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