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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Análise: 1984 - Novela Gráfica

1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai - Minotauro - Almedina

1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai - Minotauro - Almedina
1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai

Desde que passaram os 70 anos da morte de George Orwell - o que implica que a sua obra passa a ser do domínio público e, portanto, livre de ser adaptada por qualquer pessoa que o pretenda - o seu mais célebre romance, 1984, recebeu, nada mais nada menos, do que seis(!) adaptações para banda desenhada! A de Fido Nesti (2020), considerada a "oficial", a que se seguiram as adaptações de Frédéric Pontarolo (2021), de Xavier Coste (2021), de Sybille Titeux de la Croix e Amazing Améziane (2021), de Jean-Christophe Derrien e Rémi Torregrossa (2021) e, mais recentemente, a do autor checo Matyás Namai, que a editora Minotauro publicou há poucos dias por cá.

Das seis versões, e contando com esta versão que vos trago hoje, já quatro livros foram publicados em Portugal. A esse propósito - e achando que dificilmente se lançaria uma quarta versão, até fiz um artigo sobre os três livros editados por cá, tentando apresentar os prós e os contras de cada um dos livros.

Mas, caramba, quatro adaptações para banda desenhada da mesma obra lançadas em Portugal com tão pouco espaçamento temporal entre si? 

Vamos lá por partes. 

1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai - Minotauro - Almedina
Sou um confesso adepto de 1984 e considero-o um dos melhores livros alguma vez escritos até hoje. Toda a distopia imaginada por George Orwell há tantas décadas parece-me verdadeiramente visionária e prova disso é que a obra continua a ser considerada - não apenas por mim - como uma das mais influentes e sombrias distopias da literatura moderna. É daqueles livros que considero que toda a gente os deve conhecer/ler. Portanto, enalteço adaptações para qualquer suporte. Para banda desenhada, ainda mais. Mas, convenhamos, seis adaptações da mesma obra para banda desenhada, das quais quatro delas são lançadas em Portugal? Não será demasiado, tendo especialmente em conta que o mercado nacional é pequeno e que há, em termos de banda desenhada, tanta coisa por editar ainda? Deixo a questão a bailar no ar...

Avançando para a versão que aqui vos trago hoje, de Matyás Namai, penso que é um trabalho bem conseguido e que recupera bastante bem a essência do livro de Orwell. 

Há sempre muito para dizer sobre um livro tão especial e complexo como este, mas vou-me centrar no mais relevante. Acompanhamos a história do protagonista Winston Smith, que se passa num futuro totalitário, numa sociedade em que o Estado exerce um controlo absoluto sobre todos os aspetos da vida dos cidadãos, incluindo os seus pensamentos. A figura que encabeça todo este regime totalitário, liderado pelo Partido, é o líder quase divino chamado Big Brother - O Grande Irmão. O Partido controla todas as esferas da vida social, política e económica, usando a vigilância constante e a repressão de qualquer forma de dissidência. A sociedade é dividida entre os Proletários (classe trabalhadora) e os membros do Partido, sendo estes últimos privilegiados, mas, ainda assim, controlados e vigiados.

1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai - Minotauro - Almedina
Winston Smith é um funcionário do Ministério da Verdade, que tem como principal tarefa alterar documentos históricos para que se ajustem à versão oficial do Partido. O Partido mantém, portanto, o poder por meio da manipulação da informação, criando uma realidade paralela e continuamente alterando o passado. 

Embora Winston seja um membro do Partido, começa a questionar o regime. Passa a ter um diário secreto onde escreve os seus pensamentos proibidos e, quando conhece Julia, o seu mundo torna-se em algo muito mais pleno de felicidade. Se é que a felicidade num mundo como estes é permitida. Não só Júlia é uma amante despudorada, como também tem pensamentos contra o regime, o que ajuda a que Winston não se sinta tão sozinho. Mesmo assim, o casal acaba descoberto tendo, depois, de se submeter às punições e torturas do Partido, que culminam numa profunda e irremediável lavagem cerebral.

A história, já se sabe, toca nos temas do totalitarismo, da opressão, da manipulação da linguagem e da verdade, da vigilância ininterrupta dos cidadãos, do controlo psicológico e da anulação de todas as liberdades que, na sociedade que vivemos, achamos garantidas.

1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai - Minotauro - Almedina
Mas isto tudo, já nós sabíamos com a leitura do livro original de George Orwell. Ficámo-lo a saber ainda melhor com a leitura das outras novelas gráficas, supramencionadas, que adaptaram a obra e, no caso deste livro de Matyuas Namai, vimos reiterada toda a mensagem do texto original de Orwell.

Texto esse que está, diga-se, bem captado por Namai nesta adaptação. O livro do autor checo prima por nos remeter de forma credível para o universo de Orwell. Capta muito bem a história e até me atrevo a dizer que, mesmo que um leitor não tenha lido o livro original, fica com uma ideia muito concisa e pertinente da obra se apenas tiver lido esta banda desenhada. A história, as personagens, os seus principais momentos, as peripécias que acontecem aos protagonistas e até a própria ideologia do livro - que é bastante complexa, relembre-se - aparece-nos bem explanada. E tanto assim é, que até peca por excesso, tendo informação a mais do que o necessário.

E isto leva-me a um tema que considero verdadeiramente lastimoso para este livro... há demasiado texto! Não me refiro ao texto dos balões, mas ao texto que nos é dado em prosa. Quando Winston começa a ler o livro que lhe é oferecido por Goldstein, o leitor desta banda desenhada tem acesso a longas e enfastiantes 19(!) páginas de texto corrido, super abstrato e super complexo. Se, na minha análise à adaptação de Fido Nesti, defendi que, dada a complexidade deste livro, algumas páginas com texto eram admissíveis e até bem-vindas, no caso deste livro de Matyás Namai, penso que 19 páginas, e ainda por cima a meio da trama, quase "matam" a pretensão da obra. Se o autor queria dar ao leitor todas estas informações, poderia tê-lo feito no final do livro, enquanto caderno de extras. Ou se quisesse colocar páginas de texto corrido no meio da história, poderíamos aceitar umas quatro ou cinco. Agora, 19 páginas de informação e assim, no meio da história, parece-me um erro capital. E custa-me a crer que ninguém da proximidade do autor lhe tenha dado este sábio conselho.

1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai - Minotauro - Almedina
Mas avancemos para o melhor: o desenho da obra. Gostei bastante da abordagem gráfica que Namai faz a 1984. No seu traço fino realista e, por vezes, estilizado, o autor oferece-nos um belíssimo trabalho a preto e branco onde, em muitos momentos, a cor vermelha também entra para emprestar algum dramatismo à trama. Por vezes, o traço do autor é tão fino que até faz os desenhos parecerem gastos e, consequentemente, vintage. A expressividade das personagens, a planificação com alguma dinâmica e a utilização de planos de câmara diversificados dão, por outro lado, um aspeto atual, cinematográfico e moderno ao todo.
No final, parece-me que há um equilíbrio gráfico bem conseguido.

Olhando para o trabalho de edição da Minotauro, editora não muito habituada à publicação de banda desenhada (tendo, no entanto, publicado "recentemente" as biografias em BD de Johnny Cash e de Nick Cave, de Reinhard Kleist), neste 1984 - Novela Gráfica somos presenteados com uma edição em capa mole, com badanas, e um papel decente no miolo. No final, há um muito generoso dossier de extras, onde podemos tomar contacto com os esboços de capas e personagens, dos Ministérios, dos uniformes, do processo de construção de uma página, entre outras informações úteis e interessantes. Se este extra acrescenta valor à edição, há dois problemas de edição que o livro apresenta e que devem ser referidos: por um lado, a legendagem apresenta algumas debilidades, especialmente na font escolhida; por outro lado, a mancha de impressão é demasiadamente grande para o formato e encadernação escolhidos para este livro, o que faz com que se percam muitos detalhes nas ilustrações - e até nas legendas - que aparecem situados na margem interior do livro. Coisas relativamente simples mas que, infelizmente, não foram asseguradas nesta edição.

Em jeito de conclusão, e tendo que assinalar que as editoras portuguesas estão a abusar na publicação de bandas desenhadas que adaptam o 1984 de George Orwell - o que pode ser lastimoso para a evolução positiva da própria BD em Portugal -, concedo que esta nova e quarta(!) adaptação da obra maior de Orwell cumpre bem os seus pressupostos, continuando a alertar-nos sobre os perigos do autoritarismo, da manipulação da verdade, da propaganda e da censura para a liberdade individual. E, não esqueçamos, especialmente nos dias que correm, 1984 mantém-se atual e obrigatório.


NOTA FINAL (1/10):
8.3



Nota: Por indisponibilidade de imagens das pranchas do livro em português, vi-me forçado a utilizar pranchas da versão em inglês do livro.



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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1984 - Novela Gráfica, de Matyás Namai - Minotauro - Almedina

Ficha técnica
1984 - Novela Gráfica
Autor: Matyás Namai
Adaptado a partir da obra original de: George Orwell
Editora: Minotauro
Páginas: 292 a preto e branco (com detalhes a vermelho)
Encadernação: Capa mole
Formato: 17 x 26 cm
Lançamento: Outubro de 2024

Escorpião Azul lança novo livro de Andrea Ferraris!



A editora Escorpião Azul editou recentemente o livro A Língua do Diabo, do autor italiano Andrea Ferraris. 

Tendo em conta que a editora portuguesa se foca especialmente no lançamento de banda desenhada com origem nacional, é bem perceptível o envolvimento que a editora tem com a obra deste autor, pois este já é o seu terceiro livro editado por cá pela Escorpião Azul. Os primeiros livros foram, recordo, Churubusco e A Cicatriz - Na Fronteira entre o México e os Estados Unidos.

Nas duas obras mencionadas, considerei que Andrea Ferraris apresenta um trabalho de qualidade, de cariz independente, que vale a pena conhecer. Como tal, estou bastante curioso em mergulhar neste novo livro.

Por agora, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

A Língua do Diabo, de Andrea Ferraris

Sciacca, Sicília, 1831. Os irmãos Salvatore e Vincenzo, órfãos, vivem da pesca e do trabalho no campo. Num dia de faina, vêem de repente, um vulcão a surgir do mar em plena actividade. Em poucos dias o material em erupção formou uma pequena ilha. Salvatore é o primeiro a lá chegar, convencido que, ao fazê-lo, se tornará o seu legítimo proprietário. Em vez disso, terá de lutar contra os britânicos, os franceses e os espanhóis. Na verdade, os espanhóis foram os últimos a intervir na disputa, nomeando Salvatore governador da ilha em nome de Fernando II.

Inspirado num facto histórico – a existência efémera da Ilha Ferdinandea – o autor tece uma história onde a aventura e o romance psicológico se entrelaçam.
Como um vulcão que emerge do Mediterrâneo, todos estão agitados, mas permanecem prisioneiros da ordem e das convenções sociais que acabarão por engoli-los. 

Esta é uma novela gráfica de grande fôlego que nos conta uma história mágica e bizarra sobre uma alucinação colectiva, uma natureza feroz e sonhos desfeitos. 

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Ficha técnica
A Língua do Diabo
Autor: Andrea Ferraris
Editora: Escorpião Azul
Páginas: 232, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Formato: 17 x 24 cm
PVP: 27,00€

Thorgal volta a ser lançado em Portugal!




Entre os vários lançamentos que a editora A Seita fez durante o Amadora BD, esteve este novo livro de Thorgal que se assume como um "Thorgal visto por" e que está a chegar às livrarias portuguesas nos próximos dias.

Trata-se de um álbum independente da continuidade narrativa da série principal. A autoria deste trabalho pertence a Robin Recht, sendo a obra apresentada numa edição luxuosa, que inclui um belo caderno gráfico como extra. Uma edição que ainda só pude folhear, mas que achei muito bonita.

Brevemente o livro será lido e analisado por aqui, como é prática comum.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

Thorgal Saga - Vol. 1 - Adeus Aaricia, de Robin Recht

Adeus Aaricia é o primeiro título de Thorgal Saga, uma colecção que permite a autores conhecidos criar a sua interpretação do universo de Thorgal. Histórias fora da continuidade da série original, mas que respeitam o espírito do mito construído por Jean van Hamme e Grzegorz Rosinski.

O tempo é o mais cruel dos deuses. Aaricia suspirou pela última vez. Sozinho na margem, no crepúsculo da sua vida, Thorgal observa o barco que transporta a sua amada para a sua última viagem, esmagado pela dor.
É nesse momento que Thorgal vê ser-lhe oferecido pelo seu velho inimigo, a serpente Nidhogg, o anel de Ouroboros... Se o colocar no dedo, poderá voltar ao passado e rever o amor da sua vida. Uma tentação terrível, à qual nem o herói mais sensato consegue resistir. Começa então para Thorgal uma perigosa aventura cujo desafio não será apenas a sua vida e a daqueles que amou, mas a própria existência do seu destino.

Robin Recht é uma das estrelas actuais da BD francesa. Nascido na geração que se estreou nos role-playing games, como Dungeons & Dragons, e na fantasia heróica, Recht adora Thorgal, uma das séries da sua infância, e criou com este álbum uma história que tem as suas raízes no amor que une o herói a Aaricia. Graficamente, o desafio de assinar um álbum desta personagem está mais que conseguido, seguindo nos passos de Rosinski, com um desenho talvez ainda mais majestoso.
Recht sai do formato clássico do álbum de 48 páginas franco-belga, libertando-se dessa limitação, com um livro que conta com cerca de cem pranchas belíssimas, no formato maior da BD franco-belga, com uma planificação generosa e imponente.

Quanto ao cenário, utiliza muitos elementos conhecidos, antes de virar para uma direcção inesperada. E o início não poderia ser melhor, dando-nos a ver um Thorgal idoso a contracenar com um Thorgal jovem, num enredo onde o amor e a aventura surgem interligados num maravilhoso cenário nórdico. A inclusão de uma viagem no tempo confere originalidade ao enredo e representa, de certa forma, um piscar de olhos à longevidade da saga. Jogando em dois espaços temporais diferentes, o autor permite contrapor um Thorgal solitário, no crepúsculo da sua vida, desgastado, mas mais maduro, com a essência da personagem, o Thorgal mais jovem, fresco e imaturo.

Quer gráfica, quer narrativamente, Adeus Aaricia destaca-se como um dos melhores títulos de Thorgal dos últimos anos. 

Tal como os álbuns mais recentes, este livro pode ser lido sem grande conhecimento prévio da série, e os fãs podem mergulhar directamente na leitura emocionante de uma narrativa que não se limita a copiar o original.

A edição portuguesa d’A Seita inclui um caderno final inédito na versão normal francesa, com uma dúzia de páginas, que inclui esboços e estudos gráficos, exemplos de planificação e ilustrações várias, e um conjunto de observações do autor.


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Ficha técnica
Thorgal Saga - Vol. 1 - Adeus Aaricia
Autor: Robin Recht
Editora: A Seita
Páginas: 120, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 340 mm
PVP: 28,00€

Arte de Autor lança BD natalícia!


A editora Arte de Autor prepara-se para lançar, já a partir da próxima semana, o seu mais recente livro da coleção dedicada à adaptação para banda desenhada dos Clássicos de Agatha Christie

Desta vez, a história é natalícia - embora tenha todos os ingredientes habituais de um conto de Agatha Christie - e tem, novamente, Hercule Poirot como personagem principal.

Os autores ao leme desta adaptação também são repetentes nesta coleção. Callixte ilustrou No Início, eram 10... e Morte no Nilo. Já Isabelle Bottier, foi responsável pelo argumento não só nesse mesmo Morte no Nilo, como também em A Morte Não é o Fim.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais. O livro já se encontra em pré-venda no site da editora.

Hercule Poitot - O Natal de Poirot, de Isabelle Bottier e Callixte

O que há de mais belo e romântico do que uma família reunida a poucos dias do Natal?

A oportunidade de se reverem, de compartilharem o calor de um lar enquanto a neve cai lá fora… 

Mas o velho Simeon Lee não é do tipo sentimental e, se reuniu os filhos à sua volta, é porque tem coisas para lhes anunciar, o que pode não agradar a toda a gente.

Não agradar a ponto de matar?

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Ficha técnica
Hercule Poitot - O Natal de Poirot
Autores: Isabelle Bottier e Callixte
Editora: Arte de Autor
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 210 x 285 mm
PVP: 19,50€

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Vem aí o novo Lucky Luke!


A editora ASA prepara-se para lançar, durante a próxima semana, o mais recente álbum de Lucky Luke.

O novo livro chama-se Um Cowboy Sob Pressão e tem argumento de Jul e ilustração de Achdé, como tem vindo a acontecer nos mais recentes álbuns da série.

O livro já se encontra em pré-venda no site da editora, mas deverá chegar às livrarias na próxima semana, a partir do dia 19 de Novembro.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Lucky Luke - Um Cowboy Sob Pressão, de Jul e Achdé

A atmosfera é sombria em Nova Munique, uma pequena vila em Dakota fundada por colonos alemães.

A razão? A escassez de cerveja causada pela greve geral que paralisa todas as cervejarias do país! 

Assim, Lucky Luke é chamado para o resgate, terá de ir a Milwaukee, a capital americana da cerveja, para aliviar as tensões entre os sindicalistas marxistas e os barões industriais. 

E se o nosso cowboy solitário já está dominado pelos espasmos do conflito social, isso sem contar com os Daltons que vêm se envolver no jogo.

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Ficha técnica
Lucky Luke - Um Cowboy Sob Pressão
Autores: Jul e Achdé
Editora: ASA
Páginas: 48, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 298 x 228 mm
PVP: 12,90€

Ala dos Livros lança "Verão Índio" de Hugo Pratt e Milo Manara!


É um dos clássicos da célebre parceria entre os Mestres autores Hugo Pratt e Milo Manara e vai voltar a ter uma edição portuguesa!

E tendo em conta a qualidade das edições da editora Ala dos Livros - e, em particular, a da coleção "Obras de Pratt" - não tenho dúvidas que estaremos perante uma bela edição definitiva de colecionador.

O livro já se encontra em pré-venda no site da editora e deverá chegar às livrarias durante a próxima semana.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Verão Índio, de Hugo Pratt e Milo Manara
Massachusetts, 1625. 

Dois jovens índios encontram Shevah, a bela sobrinha do reverendo Black, nas dunas à beira mar. A violação da jovem rapariga quebra a convivência existente entre colonos e índios. Escondido na vegetação, Abner, que assiste a tudo, acaba por abater os dois jovens e recolher a jovem rapariga na cabana isolada onde vive com a sua família.

Mas os acontecimentos precipitam-se: os índios querem vingar a morte dos seus. 

Entretanto, começa a época do ano conhecida como o verão índio, que fica assim tingido pelo sangue da vingança e da morte.
Assinada por dois grandes mestres da Banda Desenhada Mundial, Hugo Pratt e Milo Manara, Verão Índio é uma história simultaneamente sensual e violenta, cuja acção decorre na América puritana dos primeiros colonos, e que a Ala dos Livros apresenta (de novo) aos leitores portugueses, alargando a Colecção Obras de Pratt a obras que o grande mestre veneziano efectuou com outros autores.
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Ficha técnica
Verão Índio
Autores: Hugo Pratt e Milo Manara
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 235 x 320 mm
PVP: 33,00€

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

A Seita aposta em novo autor nacional de BD!


Um dos lançamentos, com algum destaque, no Amadora BD foi o da obra O Arauto, de Ruben Mocho, autor português que lança agora a sua obra de maior fôlego para o mercado nacional.

Este é o primeiro volume de um total de três volumes. Nota para o facto da obra contar com a colaboração de Allen Dunford no argumento.

Ainda não tive a oportunidade de ler este livro, mas já vos posso dizer que só de o folhear, fiquei bastante curioso para o ler.

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa da editora e com algumas imagens promocionais.


O Arauto #1, de Ruben Mocho (participação no argumento de Allen Dunford)

As planícies do Velho Oeste sempre foram palco das mais estranhas aventuras, e foram por vezes percorridas pelas criaturas e personagens mais surpreendentes e assustadoras... mas poucas tão estranhas e temíveis como as que seguem o Arauto, um pistoleiro sepulcral, e que incluem: o seu cavalo, Sombra, vindo de um tempo imemorial; um Corvo misterioso e que parece agir como observador e líder deste pequeno grupo; e um cão infernal e gigante, chamado Blasfémia. 

Este estranho cavaleiro percorre a vastidão da América, e tem um passado terrível, que mergulha na Antiguidade clássica e bíblica... e enfrenta inimigos quase sobrenaturais, e que se opõem à sua busca.

O que persegue? Que segredo intemporal, vindo da passado, é o seu? E quem é o inimigo que o confronta quando menos espera?
O Arauto é o primeiro álbum de Ruben Mocho, uma saga em três volumes com um visual arrojado e dinâmico, e que nos mergulha num mundo sobrenatural, que não é bem o nosso.

Ruben Mocho é um jovem artista de banda desenhada proveniente de Lisboa, com uma extensa experiência na produção visual de jogos de computador. Tem já vários trabalhos de BD publicados em formato comic nos Estados Unidos, nas séries Postmasters, com argumento de Garret Gunn e Christina Blanch, e Worlds Forgotten, escrito por John Schell. O Arauto, a lançado 35º FIBDA, é o seu primeiro trabalho a solo (com apoio de Allen Dunford), e o início de uma saga de fantasia contemporânea, ambientada no Velho Oeste (e não só!). Previsto inicialmente para publicação em mini-série de comic nos EUA, os primeiros capítulos foram reunidos e publicados em português pel’A Seita/Comic Heart. A série está prevista para um total de seis comics, e um total de três álbuns de capa dura, o segundo dos quais sairá no Outono de 2025.

A edição d’A Seita inclui também um caderno extenso de extras, desde capas variantes e ilustrações especiais, até uma secção de esboços e estudos criada pelo autor para esta álbum.

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Ficha técnica
O Arauto #1
Autor: Ruben Mocho (com a participação no argumento de Allen Dunford)
Editoras: A Seita e Comic Heart
Páginas: 72, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 18,5 x 27,5 cm
PVP: 18,95€

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Escorpião Azul publica o muito esperado novo livro de Paulo J. Mendes!



Foi ainda durante o último Amadora BD, no segundo fim de semana do evento, que a editora Escorpião Azul publicou o novo álbum de Paulo J. Mendes, autor que foi o grande vencedor da edição passada dos Prémios de Banda Desenhada da Amadora, com a sua obra Elviro.

Depois de O Penteador e de Elviro, ambos também publicados pela Escorpião Azul, surge-nos agora O Atendimento Geral.

Devo dizer que estou muito, muito curioso para ler este novo livro, já que sou um grande admirador da obra do autor!

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

O Atendimento Geral, de Paulo J. Mendes

Um tímido escriturário vê a sua vida virada do avesso ao ser encarregado de abrir uma sucursal em certa vila do interior. A mesma onde, na infância e na juventude, passava férias na quinta de uma tia até ao derradeiro ano em que algo corre mal e aquela lhe põe as malas à porta. 

De regresso forçado após três décadas a um meio pequeno e fechado que já não reconhece, irá defrontar amigos tornados inimigos, a elite local que o hostiliza, insaciáveis apetites imobiliários e a pressão para obter resultados que não consegue, enquanto se deixa capturar por um ressuscitado apego à velha casa, memórias e cultivos ancestrais. 

Pelo caminho, o reacender de uma antiga paixão estival acarreta outro factor jamais superado: Um total estado de paralisia que o atinge sempre que se envolve fisicamente com alguém...

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Ficha técnica
O Atendimento Geral
Autor: Paulo J. Mendes
Editora: Escorpião Azul
Páginas: 272, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Formato: 17 x 24 cm
PVP: 29,00€

Análise: Na Cabeça de Sherlock Holmes

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor
Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan

Quando, no início deste ano, vos apresentei uma lista com as obras que mais expetativa me estavam a criar para 2024, Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan, apareceu na segunda posição de uma lista de notáveis obras. Por algum motivo, eu sentia que este era um livro especial. Bem, por vários motivos, na verdade: pelas análises estrangeiras positivas da obra que já tinha lido, pelas pranchas do livro que eu já conhecia e pela premissa da história que tinha, quanto a mim, muito potencial.

Talvez por isso, e mesmo que me tenha custado fazê-lo, obriguei-me a esperar pela edição portuguesa da obra, já anunciada pelo esforço conjunto editorial d' A Seita e da Arte de Autor.

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor
E agora que, há poucas semanas, este Na Cabeça de Sherlock Holmes foi lançado no Amadora BD - e já depois de o ter lido duas vezes de seguida - posso dizer-vos, agora a frio, que este é um dos vários livros da minha vida. Uma obra prima! Um livro que reinventa a banda desenhada. Que é inteligente, que é audaz, que é inventivo, que é criativo, que faz diferente. E que é distinto de tudo aquilo que já tenhamos lido - mesmo que já tenhamos lido muita banda desenhada. 

O meu feeling de que este seria um livro especial estava, afinal de contas, certo. Apenas pecou por defeito. Pois achando que seria especial, não pude antever que fosse tão especial. Este é mesmo um daqueles livros que os muitos leitores do Vinheta 2020, a quem agradeço a confiança, podem comprar às cegas. Comprem-no hoje mesmo, peçam-no como prenda de natal, peçam-no emprestado, requisitem-no de uma biblioteca ou leiam-no à socapa numa FNAC... mas leiam-no. Repito: é uma obra prima da banda desenhada, algo que não podem deixar de ler.

Os responsáveis pela autoria de tamanho feito são os franceses Cyril Lieron e Benoit Dahan - que eram perfeitos desconhecidos para mim - que uniram esforços para criar uma história de investigação propícia aos poderes de dedução fantásticos do mais célebre detetive do mundo: Sherlock Holmes.

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor
A história arranca sem grandes cerimónias, quando o Dr. Watson, o inolvidável companheiro de Sherlock Holmes, presta assistência médica a um outro amigo e colega de profissão, que aparece a contar uma história rocambolesca, aparentemente sem grande sentido, que o levou a perdas de memória, a uma clavícula deslocada e a estranhos acontecimentos. É-lhe encontrado um pó misterioso nas suas roupas, bem como um bilhete para um espetáculo exótico. São estes os ingredientes e a ignição para que, analisando o caso, Sherlock Holmes nos faça mergulhar num intrincado jogo de caça ao rato, uma investigação complexa que nos leva ao sabor da inteligência da personagem, trazida à vida pela própria inteligência da história e, especialmente, do enredo e da forma visual como tudo nos é oferecido.

Acho até que nem vale a pena escrever mais nada sobre a história. Porque parte da diversão da leitura deste livro é mesmo descobri-la. Não só "o quê", como acaba, mas também o "como", o caminho feito até que se desvende o mistério. Diria apenas que um aviso à navegação deve ser feito: este é um livro que dá muito ao leitor, mas que também exige algo do mesmo: uma leitura atenta. Como já referi, a história é complexa e, por vezes, o leitor poderá sentir-se assoberbado ou achar que há demasiada informação para absorver. E há. Mas tendo em conta o livro que temos em mãos, que procura fazer-nos mergulhar numa personagem tão perspicaz como Sherlock Holmes, é natural e até bem-vindo, diria, que o livro exija de nós alguma inteligência e atenção em troca. Porque se a investigação fosse mais simples ou mais linear, toda a premissa do livro seria mais superficial e, consequentemente, menos impactante. 

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor
Mas, afinal de contas, porque é que Na Cabeça de Sherlock Holmes é assim tão especial?

A forma como os autores exploram o universo da banda desenhada é tão diferenciada que quase é justo afirmar que os mesmos criaram um subgénero dentro da própria BD, com algumas regras próprias. É, possivelmente, a planificação mais corajosa e inventiva que já pude encontrar num livro de banda desenhada. Dei-me ao trabalho de contar o número de páginas com uma planificação dita "mais clássica", com seis ou oito vinhetas retangulares por prancha, e sabem quantas páginas eu encontrei que respeitassem esse cânone? Zero. Em cada página há uma prancha que é diferente da anterior e da posterior. 

Dahan faz-nos viajar por pranchas verdadeiramente complexas mas que - qual milagre da BD! - não só são muito belas na conceção do desenho, como conseguem fazer com que não nos percamos, mesmo tendo em conta a complexidade da investigação. Para tal, também conta a inteligente ferramenta visual que não é mais do que uma linha vermelha, que percorre todo o livro, de página a página, e que simboliza o próprio fio condutor das deduções de Sherlock Holmes. Sentimo-nos como se estivéssemos verdadeiramente dentro da cabeça do célebre detetive. Daí que o título da obra também seja muito feliz.

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor
Por falar em ferramentas visuais, há tantos exemplos que o difícil mesmo é referi-las a todas. Mesmo assim, posso apenas assinalar que em várias vezes o leitor se vê compelido a colocar o seu livro contra a luz de um candeeiro, ou de uma janela, para ver o desenho oculto (!) que está naquela página; ou, noutros casos, é-lhe sugerido que dobre as folhas do livro (com cuidado, para não as deixar vincadas, digo eu) para encontrar algo que, à primeira vista, não estava lá. Magnífico, criativo, inovador, genial!

Note-se que, antes de ler o livro, e já sabendo de algumas destas ferramentas visuais interativas, tive algum receio que a obra se perdesse em demasia nestes artifícios, afastando-se do tema principal que é a história e a investigação decorrente. Mas em momento algum isso aconteceu. Há um enfoque total na trama e na narrativa e estes "stunts bedéfilos" procuram apenas servir a obra da melhor forma possível. 

Também o desenho, propriamente dito, de traço caricatural e profundamente estilizado e moderno, captura muito bem a estética vitoriana, ao mesmo tempo que é rico e carregadíssimo de detalhes. A própria capa, assombrosamente bela (mesmo sem contar com o recorte na mesma) nos pede uma observação atenta. Mas esta riqueza de desenho não acontece apenas na capa. Espraia-se por todo livro, com cada vinheta a revelar-se cheia de detalhes e, em alguns casos, de informações que os olhares incautos poderão descurar. Nada parece ter sido deixado ao acaso neste livro e talvez também seja essa a razão da sua concepção magnífica. A própria paleta de cores, de tons a sépia, é perfeita para nos fazer sentir que estamos a ler um livro vintage, de época.

Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor
Em termos de edição, temos um trabalho notável das editoras A Seita e Arte de Autor. O livro apresenta capa dura com um recorte na mesma, no formato da cabeça da personagem Sherlock Holmes, o que não só dá um aspeto diferenciado e original à capa do livro, como tem o significado adjacente de ser um convite para que entremos literalmente dentro da cabeça de Sherlock Holmes. Um verdadeiro "rebuçado". 

E não é só isto que torna a edição boa. O papel baço utilizado é de excelente qualidade e a impressão e encadernação são impecáveis. No final, ainda é incluído um pequeno caderno de extras com quatro belíssimas ilustrações que não aparecem na edição original da obra, o que é prova do esforço conjunto d' A Seita e da Arte de Autor para uma edição especial. A própria opção por lançar a obra enquanto um volume integral que, relembro, originalmente tinha sido lançada enquanto díptico, com dois volumes, foi bastante acertada.

Do ponto de vista editorial, poderemos apenas objetar que entre a altura em que o livro foi primeiramente anunciado, para o início de 2023, até ao momento em que, finalmente, foi efetivamente editado, passou demasiado tempo. Sei que nós, leitores, não gostamos de esperar, mas, lá está, vale mais esperar um pouco mais se isso for a garantia de que a obra chegará mesmo até nós e numa bela edição. E foi exatamente isso que aconteceu.

Em suma, Na Cabeça de Sherlock Holmes parece ser um festim de criatividade em esteroides. É diferente de tudo o que já lemos em banda desenhada e tem um charme irresistível, que revela que os limites da banda desenhada enquanto género estão longe de estarem encontrados. "Porno para admiradores de banda desenhada", poderia ser o seu subtítulo. Ainda tenho muita coisa para ler que também aparenta ter enorme qualidade, mas é bem provável que a minha premiação mental para melhor BD do ano, publicada em Portugal, fique agora atribuída. Numa palavra: imperdível!


NOTA FINAL (1/10):
10.0



Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020



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Na Cabeça de Sherlock Holmes, de Cyril Lieron e Benoit Dahan - A Seita e Arte de Autor

Ficha técnica
Na Cabeça de Sherlock Holmes
Autores: Cyril Lieron e Benoit Dahan
Editoras: A Seita e Arte de Autor
Páginas: 104 páginas, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Outubro de 2024

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Gradiva regressa às BDs sobre as Grandes Batalhas Navais!


Já está disponível o novo volume da coleção As Grandes Batalhas Navais que a editora Gradiva tem vindo a publicar.

Desta vez, a batalha história que nos é dada é a de Lepanto. 

Jean-Yves Delitte volta a estar ao leme do argumento da obra, mas os desenhos são assinados por Federico Nardo.

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.


Lepanto - As Grandes Batalhas Navais, de Jean-Yves Delitte e Federico Nardo

No final do século XV, entendia-se que o mundo era um vasto território a descobrir.

E mesmo que a navegação não seja ainda uma ciência, mas uma arte que envolve improvisação, o papado encoraja as potências cristãs a partilhar o mundo entre si. Mas a Europa cristã, que estava a sair das suas fronteiras, tinha pela frente o Império Otomano, um crescente de territórios que se estendem ao longo de todo o litoral mediterrânico.

Na história das civilizações, o poder marítimo revelou-se sempre preponderante. Símbolo do génio científico e militar de uma nação, foi muitas vezes ele que fez a diferença por ocasião dos grandes conflitos numa época em que o avião não existia, fazendo ecoar os nomes de Trafalgar, Jutlândia ou Lepanto como confrontos já lendários.

Perito no assunto, Jean-Yves Delitte propõe com esta nova coleção fazer-nos mergulhar no coração das maiores batalhas navais da história, da Antiguidade à Segunda Guerra Mundial.

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Ficha técnica
Lepanto - As Grandes Batalhas Navais
Autores: Jean-Yves Delitte e Federico Nardo
Editora: Gradiva
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
Formato: 239 x 319 mm
PVP: 20,99€