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segunda-feira, 31 de maio de 2021

TOP 20 – Os Melhores Filmes baseados em Banda Desenhada



Desta vez, e em resposta aos inúmeros pedidos que me fizeram neste sentido, o assunto é o cinema. Mas, claro, o tema mantém-se intimamente ligado à banda desenhada, já que este é TOP do Vinheta 2020 para os 20 Melhores Filmes baseados em obras de banda desenhada.

E, antes de qualquer coisa mais, permitam-me dizer que este TOP reflete os meus gostos cinematográficos. São os melhores filmes, com base na minha opinião como, aliás, são todos os TOP’s e artigos deste blog.

Não esperem, portanto, encontrar nesta lista filmes dos Avengers, X-Men, Liga da Justiça e outros super-heróis que considero, sem ofensa, filmes chatos, previsíveis e insípidos como tudo. Aliás, uma boa maneira de me meterem a dormir é colocarem-me a ver um desses filmes. Mais cedo ou mais tarde, acabo por os ver a todos mas raramente mudo de opinião. Bem feitos em termos técnicos mas mal concebidos em termos de argumento, história e impacto. Não são, portanto, my cup of tea embora, não quer dizer que não possam ser considerados filmes espetaculares por muitos. Cada um com os seus gostos. Abaixo verão que há alguns filmes de super-heróis no meu TOP 20, sim, mas não estão em maioria, diria. Dos 20 filmes que apresento abaixo, apenas 4 ou 5 são baseados em heróis da Marvel ou da DC Comics.

No final, convido-vos, como sempre, a deixarem os vossos comentários com os vossos próprios gostos e opiniões. E, já agora, chegaram a ver todos os filmes da minha lista?

Conheçam o TOP 20 do Vinheta 2020, mais abaixo.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Notícias de última hora! Blacksad está de volta, pelas mãos da Ala dos Livros!

 



Sim, leram bem!!!

Blacksad vai mesmo voltar! A Ala dos Livros, assim de rompante, através de um vídeo em formato de teaser, acaba de anunciar que o novo livro de Blacksad, intitulado, no seu título original, Alors, Tout Tombe, chegará às livrarias portuguesas a 1 de Outubro! Ou seja, estamos perante um lançamento mundial, juntamente com a edição francesa.

Sabe-se, para já, que será um díptico, no qual os autores têm estado a trabalhar há vários anos. É, pois, a primeira vez, que uma aventura de Blacksad é dividida por dois álbuns. As expetativas estão altas.

Confesso que não podia estar mais feliz! Sou um confesso fã de Blacksad e considero esta série uma das melhores da banda desenhada! De sempre, sim!

Venha de lá o regresso desta fantástica série!

Se o catálogo da Ala dos Livros que, já este ano, lançou o igualmente fantástico O Burlão das Índias, tem vindo a consolidar-se, cada vez mais, em termos qualitativos, que dizer com esta nova inclusão?!

Hoje é um bom dia para se ser fã de banda desenhada de qualidade em Portugal. Obrigado, Ala dos Livros!

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Comparativo: Peter Pan, de Loisel, pela Booktree e pela ASA


Tal como fiz na edição do primeiro tomo, Londres, da presente coleção Peter Pan, da autoria de Régis Loisel, que a ASA tem estado a editar em parceria com o jornal Público, desta vez faço um comparativo entre as edições do tomo 3, Tempestade, que foram lançadas em Portugal, quer pela extinta editora Booktree, quer, agora, pela ASA.

Quem já leu o comparativo entre as edições da Bertrand e a ASA, saberá que esta nova edição, que a ASA nos apresenta, tem um formato maior. Assim, tal como na versão dos 2 tomos publicados pela Bertrand, os dois tomos que a Booktree publicou, também tinham um formato mais pequeno do que a nova edição da ASA. E também as capas tinham uma moldura em verde que, na edição da ASA foram (bem) retiradas. As capas - especialmente a partir deste tomo 3 - ficam verdadeiramente maravilhosas e qualquer moldura que lhes retire dimensão, tira-lhes destaque. Portanto, boa escolha, ASA.

Além disso, também as páginas de guarda da versão da Booktree tinham uma ilustração. Na nova versão da ASA, essas páginas passaram a ser a azul, apenas. A meu ver, teria sido melhor ter deixado ficar estas as ilustrações nas páginas de guarda.


Porém, o título e os créditos são mais bonitos e atuais nesta nova versão da ASA. Embora na versão anterior também fossem agradáveis.



As edições da Bertrand e da Booktree são, aliás, muito semelhantes entre si. Talvez porque a Booktree agarrou a série a meio e tentou continuá-la no exato ponto em que tinha sido cancelada.

No entanto, verifico que, em termos de cores, a edição da Booktree está mais bem conseguida do que a da Bertrand e que, por esse motivo, se aproxima mais da edição atual da ASA. Assim, ao contrário da edição da Bertrand, que apresentava cores mais escurecidas, isso não se verifica na edição da Booktree.

E quando se colocam, lado a lado, as edições da Booktree e da ASA, as diferenças mal se fazem notar. Ora, vejam lá:




Se a edição ASA superou claramente a edição da Bertrand e até estava a "ganhar" à edição da Booktree, há, todavia, uma ausência na edição da ASA que é bastante lamentável. 

É que, ao contrário do livro da Booktree que contava com um generoso caderno de extras com esboços de Loisel, o único extra da edição da ASA é mesmo a biografia, comum a todos os livros.

Compreendo que a ASA tenha querido uniformizar todos os livros e que talvez não fizesse sentido ter um livro, a meio da série, com extras, enquanto os outros não os tinham. 

Ainda assim, tratando-se da arte miraculosa de Loisel, é com pena que verifico que os fantásticos esboços que apresento abaixo, que figuram na edição da Booktree, não aparecem nesta nova edição da ASA, em parceria com o jornal Público.

Será que o sexto e último volume reunirá estes extras? Seria muito bom que isso acontecesse. Mas não tenho, até agora, qualquer confirmação da editora nesse sentido.

Convido-vos, agora, a observarem os fantásticos esboços que o Tomo 3, A Tempestade, publicado pela Booktree, contém:












Lançamento: Peter Pan #4 - Mãos Vermelhas




Hoje chega às bancas mais um tomo da fantástica série Peter Pan, da autoria de Régis Loisel, que a ASA tem vindo a editar, juntamente com o jornal Público.

Abaixo podem encontrar algumas imagens promocionais e a sinopse desta obra.



Peter Pan #4 - Mãos Vermelhas, de Régis Loisel

No país imaginário, Peter tem as mãos sujas de sangue. 

O seu amigo Pan está gravemente ferido e Peter opera-o, na esperança de o salvar. 

Infelizmente o jovem sucumbe pouco depois, para grande desespero de Peter.

Após um longo período de distúrbios psicológicos, Peter conclui que o capitão é o único culpado da situação e decide vingar-se. Peter torna-se Peter Pan…
De regresso a Londres, Peter procura os seus companheiros e propõe-lhes que o acompanhem até ao país imaginário. Narigudo, Rose, Meia-leca, Porcalhote, Criqui… Todos aceitam.

Mas quem é esse vulto que, a coberto da noite e do nevoeiro, vagueia pelas ruas de Londres deixando atrás de si um rasto de vítimas degoladas? Será Jack, um sujeito no mínimo misterioso? A primeira vítima chama-se Mary Ann Nichols…

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Ficha técnica
Peter Pan #4 - Mãos Vermelhas
Autor: Régis Loisel
Editora: ASA
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 10,90€

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Análise: Os Covidiotas



Os Covidiotas, de Luís Louro

A Ala dos Livros lançou recentemente o primeiro livro da série Os Covidiotas, da autoria de Luís Louro. E falo em “primeiro livro” porque, tanto quanto sei, o autor até já tem um segundo livro d'Os Covidiotas alinhavado para sair.

E começo por aí: o ritmo de trabalho deste consagrado autor português é verdadeiramente impressionante. Só para terem uma ideia, apenas em 2020, Luís Louro esteve envolvido em 4 livros: no relançamento da sua personagem O Corvo, com Inconsciência Tranquila, na edição especial comemorativa dos 25 anos de Alice – a sua obra maior – no lançamento de Universo Negro, que compilava as suas primeiras histórias feitas em parceria com Tozé Simões, e na preparação e publicação assídua da sua nova série Os Covidiotas. Se tivermos em conta a dimensão do mercado nacional, acho que estes números são impressionantes e que é seguro afirmar que Luís Louro se mantém como o autor mais querido pelo público português.

Este primeiro livro d'Os Covidiotas é, aliás, uma compilação das tiras humorísticas que o autor foi publicando nas redes sociais ao longo do último ano e cujo tema central é a pandemia de Covid-19. 

Acaba por ser um registo novo para o autor que aqui assume uma produção mais típica do cartoon diário ou semanal de reação (com humor) à envolvente mediática. Ou seja, aquilo que Louro nos oferece é um conjunto de crónicas diárias, que vão relatando, com exagero e de forma jocosa, as notícias mais incríveis e mirabolantes que se foram sucedendo, umas atrás das outras, no último ano em que o Covid-19 ocupou todo o espaço mediático enquanto tema. 

É um humor que vive do quotidiano e da forma como a sociedade foi reagindo a este vírus que mostrou, acima de tudo, o quão mal preparado o mundo estava para ele.

Sendo um "humor de reação" é caracterizado por ser rápido, simples e direto, sem grande trabalho de argumento por parte do autor. Não há pois, uma construção de script, propriamente dita, mas uma criação humorística que se apoia nas notícias que vão chegando ao autor sobre o tema em questão. Isto, na minha opinião, leva a que não seja um humor muito sofisticado mas que, por oposição, também seja algo muito fluído e orgânico, que nos consegue surpreender, arrancando-nos uma gargalhada, aqui e ali, por não haver, propriamente, uma fórmula que o autor explore. O método de Luís Louro é agarrar numa situação real e, a partir daí, retratá-la em tom jocoso, fazendo normalmente uma interpretação exagerada do tema. Por vezes, até é um humor que põe o dedo na ferida, falando de temas algo sensíveis.

E, quase sempre, resulta bastante bem. Houve vezes em que achei uma ou outra piada mais seca mas, regra geral, Os Covidiotas conseguem ser divertidos. Acaba, por isso, por ser uma obra muito adequada para os tempos estivais que se avizinham, sendo uma leitura que se pode levar para a praia ou para o campo, consoante os gostos de cada um.

É um livro que se lê de forma fácil e leve e em que a leitura também pode ser feita aos “poucos”, lendo uma ou duas piadas de cada vez. Embora também saiba bem ler tudo de uma enfiada para absorver o aparecimento de algumas personagens recorrentes, como a figura da autoridade policial ou o bombista Ahmed.

Posso dizer que o autor é particularmente feliz nos gags em que não há legendas, pois as piadas tornam-se um bocado mais livres na interpretação de cada um. Nos gags em que também há texto além do desenho, encontramos cartoons divertidos mas, em vários casos, achei que o texto era em demasia ou demasiado auto-explicativo da piada. Nada que manche o divertimento da leitura, ainda assim. Digo-o mais como crítica construtiva para futuras piadas que o autor esteja a preparar.

E o que é certo é que Luís Louro volta a surpreender e a mostrar, cada vez mais, que é um autor bastante completo. E mesmo admitindo que as suas histórias estão (quase) sempre envoltas num registo humorístico, é claro que Louro consegue dividir-se, de forma muito interessante, por vários subgéneros. E isso é louvável e aumenta - ainda mais - o meu respeito por Louro.

Em termos de ilustração, os desenhos que nos são dados n'Os Covidiotas têm a linguagem pictórica característica de Luís Louro, com as personagens a apresentarem traços bastantes retilíneos e "cartoonizados". As raparigas, quando aparecem, têm sempre aquelas formas voluptuosas e abundantes a que o autor já nos habitou e que eu tanto aprecio. Quem (já) gosta do estilo do autor, continuará feliz com os seus desenhos neste Os Covidiotas. Embora, naturalmente, e tendo em conta que se tratam de cartoons diários, o estilo é bastante mais simplista do que os lançamentos mais recentes de Luís Louro.

Quanto à edição, temos um livro algo diferente em relação àqueles que a Ala dos Livros tem lançado. Neste caso, temos uma edição em capa mole, no formato horizontal, com um papel ajustado ao tipo de edição. Olhando para o cariz light e despretensioso da obra e respetiva leitura, já não mencionando o simpático preço de 11,90€, penso que esta opção, em termos de edição física, faz todo o sentido.

Destaque ainda para o facto de o livro vir acompanhado por uma máscara cirúrgica e por alguns pedaços de papel higiénico. Ambas as coisas com o carimbo d'Os Covidiotas. Como já referi há uns dias, considero esta “uma ideia fora da caixa, original e que demonstra uma clara vontade de fazer algo diferente e impactante, por parte da editora. As editoras portuguesas começam a perceber que este tipo de extra mile pode compensar. Se se coloca um produto no mercado, acho que todas as ideias que metam as pessoas a falar e a comentar esse lançamento são bem-vindas. Desde, claro, que sejam ideias que encaixem bem no tipo de produto em questão. Como é o caso. Tratando-se d'Os Covidiotas, uma série carregada de humor negro e que sabe, acima de tudo, rir dela própria, parece-me uma ideia bem ajustada e divertida! “

Concluindo, e acima de tudo, Os Covidiotas são um conjunto de histórias divertidas para nos rirmos de toda a loucura que o ano 2020 – e o seu famigerado Covid-19 – trouxe às nossas vidas. Estou certo que este primeiro livro d'Os Covidiotas poderá ser um sucesso de vendas, que culminará com mais um álbum desta série num futuro próximo.


NOTA FINAL (1/10):
7.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Ficha técnica
Os Covidiotas
Autor: Luís Louro
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 88, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
Lançamento: Maio de 2021

terça-feira, 25 de maio de 2021

Análise: Stumptown - Vol. 3

Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill - G. Floy

Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill - G. Floy
Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill

Se há coisas que podem alterar uma série de banda desenhada – para melhor ou para pior – é a troca de um dos artistas. Essa troca pode ser nefasta quer a alteração seja feita em termos de argumentista, quer seja feita relativamente ao desenhador. Isto porque pode afetar negativamente a série aos olhos daqueles que já eram fãs da mesma. Mas, claro, também pode fazer o inverso e tornar a série muito melhor.

Por esse motivo, começo esta análise a Stumptown - Vol. 3 com o foco na questão da arte visual.

Depois de dois volumes que contaram com as ilustrações de Matthew Southworth, o argumentista Greg Rucka regressa com a série Stumptown – que até já teve uma adaptação para o pequeno écran, com Cobie Smulders no papel de Dex Parios – mas, desta feita, as rédeas da ilustração são entregues a outro ilustrador. Trata-se de Justin Greenhood.

Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill - G. Floy
E aviso desde já: as mudanças são drásticas. E quando digo “drásticas” não quero dizer que os novos desenhos sejam piores do que os anteriores. Nem que sejam melhores. Simplesmente, quero chamar a atenção para o facto de serem muito diferentes. De uma maneira quase disruptiva.

Olhando para os álbuns lançados, quer o Volume 1, quer o Volume 2, apresentavam, a meu ver, uma arte muito intermitente, por parte de Matthew Southworth. Ora encontrávamos ilustrações verdadeiramente maravilhosas, ora encontrávamos alguns desenhos, nomeadamente ao nível das expressões faciais das personagens, que pareciam verdadeiramente feitos à pressa. Na análise ao Volume 2 cheguei a referi que a minha grande queixa nesta série era a inconsistência visual pois “há ilustrações muito belas mas também há outras que puxam a obra para baixo. Que a prejudicam.”

Agora, com Justin Greenwood aos comandos das ilustrações, o estilo de desenho mudou consideravelmente. E, se anteriomente a arte era inconsistente, agora a consistência visual está presente da primeira à última página. Greenwood apresenta um traço mais “cartoonizado”, que procura ser menos realista do que o de Southworth. Com personagens mais “abonecadas”, a fazerem lembrar, em parte, o trabalho dos irmãos Gabriel Bá e Fábio Moon.

Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill - G. Floy
Se calhar já não temos algumas vinhetas tão impressionantes como as de Southworth. Mas, com Greenwood temos um trabalho mais equilibrado no cômputo geral. Southworth poderá ter algumas vinhetas nota 18 (em 20) mas tem outras que são nota 8. Já as vinhetas de Greenwood têm uma nota constante de 14. No final, a ter que escolher entre um e o outro autor, acho que talvez a minha escolha recaia em Greenwood.

Portanto, acho que esta alteração acaba por ser uma boa notícia para os fãs da série.

E para isso também contam as cores de Ryan Hill. Com tons bastante baços, acho que encaixam perfeitamente nas ilustrações de Greenwood. Graças a esta harmonia cromática, esta é uma banda desenhada mais agradável de acompanhar a partir deste terceiro volume. Portanto, nas cores a série evoluiu bastante com a introdução de Hill.

Abordando agora a questão do argumento, este Volume 3, intitulado O Caso do Rei de Paus, traz-nos Dex Parios em mais uma aventura que, desta vez, tem um tom mais pessoal. 

Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill - G. Floy
Toda a história circula muito à volta do futebol (europeu) – aquele que se joga, efetivamente com o pé. A seguir a um jogo do clube de futebol Portland Timbers, um amigo de Dex acaba espancado e abandonado à sua sorte. Sentindo na sua pele - pois trata-se de um amigo pessoal - esta enorme injustiça, Dex decide investigar quem foi o responsável. Mesmo sem o pedir, contará com a ajuda da detetive privada de Seattle, CK Banes. Devo dizer que esta personagem não acrescenta grande coisa à história. Por vezes é mais um engodo, ou uma causa, para que Dex dialogue. Creio que talvez fizesse mais sentido se nos fosse dada a informação destes diálogos em caixas narrativas com o pensamento solitário de Dex do que na forma destes diálogos com CK. Estive sempre à espera que CK mostrasse algo de surpreendente ou de impactante mas o livro terminou sem que tal acontecesse. Pareceu-me uma personagem bastante unidimensional e cuja presença é pouco justificável. 

A própria investigação também me pareceu algo vazia sem que fosse passada para o leitor aquela urgência de encontrar o malfeitor. Nunca senti que Dex estivesse em real perigo ou que o mistério a envolver o espancamento do seu amigo fosse verdadeiramente marcante. Creio até que, entre os 3 livros lançados até agora, este é aquele onde Greg Rucka aparece menos inspirado.

Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill - G. Floy
A história lê-se bem, a presença do irmão de Dex, Ansel, que tem necessidades especiais, é sempre bem-vinda. Além desta interessante relação entre irmãos, o que me pareceu mais bem conseguido na história foi o desenvolvimento da relação de Dex com Grey. Se isso for novamente explorado nas próximas histórias da série, penso que é uma personagem muito interessante que Greg Rucka criou e que pode explorar (ainda) melhor. Porque a história e a investigação em si, pareceram-me algo insípidas neste Volume 3.

A edição da G. Floy Studio continua a ser excelente! Capa dura e bastante espessa, bom papel baço – que é a escolha ideal para o tipo de ilustração e cores desta série, diria – e uns extras muito pertinentes. E outra coisa que gosto bastante nesta série Stumptown é o grafismo meio vintage dos livros. 

Como nota negativa, acho apenas que o texto dos extras, na cor preta e com um fundo verde escuro, naturalmente, tem uma legibilidade muito fraca. Não pude verificar se isto já aconteceu na edição original mas acho incrível e lamentável que ninguém tenha dito algo como “texto preto em cima de fundo verde escuro, simplesmente não se vai ler bem”. Bastaria que o texto fosse em branco para ter boa leitura. São coisas básicas que por vezes me fazem confusão como não são revistas antes de avançar para a gráfica. É apenas o texto dos extras, eu sei. Não é isso que estraga o prazer desta obra, eu sei. Mas era fácil ter feito isto bem. Isso também eu sei.

Em conclusão, parece-me que o terceiro volume de Stumptown surpreende pela mudança de ilustrador, que acaba por nos oferecer uma arte mais "cartoonizada" mas muito mais consistente no seu todo, do que a arte do ilustrador anterior. Acho que foi uma mudança para melhor. É uma série que, sem apaixonar logo, se tem vindo a afirmar. Primeiro estranha-se, depois entranha-se.


NOTA FINAL (1/10):
8.5


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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Stumptown – Vol. 3, de Greg Rucka, Justin Greenhood e Ryan Hill - G. Floy

Ficha técnica
Stumptown Vol. 3 - O Caso do Rei de Paus
Autores: Greg Rucka e Justin Greenwood
Editora: G. Floy
Páginas: 144, a cores
Encadernação: Capa dura
Lançamento: Fevereiro de 2021

Análise: O Pacto da Letargia

O Pacto da Letargia, de Miguelanxo Prado - Ala dos Livros

O Pacto da Letargia, de Miguelanxo Prado - Ala dos Livros
O Pacto da Letargia, de Miguelanxo Prado

O ano de 2020 abriu com uma forte aposta editorial da Ala dos Livros. O Pacto da Letargia marcou o regresso do autor galego multipremiado Miguelanxo Prado ao lançamento de livros, depois de um interregno de quatro anos. A sua última obra havia sido Presas Fáceis, que a Levoir editou em Portugal numa das suas coleções de Novelas Gráficas. Com O Pacto da Letargia, a Ala dos Livros assegurou um lançamento conjunto com a editora francesa Casterman. O que é algo que merece sempre as minhas vénias.

Posso dizer que já andava para ler este livro há muito tempo mas que só agora tive oportunidade para o fazer. Mas por aquilo que me foi dado a ver – ou pelas conversas que tive com alguns leitores de BD – esta é uma obra que ainda não foi lida por muitos, tendo passado ao lado de muita gente, mesmo sendo verdade que Prado é um autor muito querido e aclamado em Portugal. É que, relembremos, com apenas 2 meses de presença no mercado, com a vinda da Pandemia de Covid-19 para Portugal a meio de Março de 2020 e consequente confinamento e fecho das lojas, O Pacto da Letargia – e outras obras de bd lançadas na mesma altura – poderão ter sofrido com esta situação, em termos de vendas.

O Pacto da Letargia foi anunciado enquanto primeira parte de uma trilogia – a Trilogia do Tríscelo. Neste primeiro tomo, a história navega à volta do tal tríscelo, um objeto milenar e envolto num grande mistério mitológico que, aparentemente, pode acordar dois tipos de seres, os Demónios (ou Xámans) e os Anjos (ou os Puros), que se encontravam num longo sono hibernante há muitos, muitos anos. Porém, algo ou alguém se apoderou desse tríscelo e agora, estes seres dividem-se na maneira como devem atuar sobre a humanidade que, comportamento errático após comportamento errático, parece caminhar para a destruição do planeta. Isto se não se auto-destruir primeiro.

O Pacto da Letargia, de Miguelanxo Prado - Ala dos Livros
Acompanhamos então um jovem assistente universitário que encontra as notas de um antigo professor reformado, que pareciam indicar a presença desta tal ordem de anjos e demónios. Estamos perante um universo de cariz mágico e esotérico, que se inspira na cultura celta e seus símbolos e crenças. Algo pouco habitual nas obras de Prado. O seu trabalho é, aliás, muito mais caracterizado por uma sátira mordaz e irónica do mundo e das suas gentes. Mas aqui, em O Pacto da Letargia, o autor assume uma postura bastante mais séria, com um argumento muito mais complexo do que o atual. Claro que continuam as críticas à sociedade – com especial ênfase na sua avidez pelo enriquecimento pessoal em detrimento de tudo e todos (incluindo da preservação do planeta) – mas a componente humorística está quase totalmente retirada da obra. Embora, já em Presas Fáceis, o humor também não tinha aparecido.

Mas se esta pequena sinopse pode querer dizer que em O Pacto da Letargia estamos perante uma história com elementos de fantasia – e, de facto, estamos mesmo – dizer apenas isso será bastante redutor, já que é uma obra em que a narrativa assenta numa clássica investigação, num ambiente conspirativo, onde vamos tentando decifrar as personagens e suas motivações. Os elementos vão sendo dados ao leitor de forma lenta, de modo a que o nosso interesse e curiosidade se mantenham bastante alerta. Como se nós próprios também assumíssemos o papel de investigadores.

O Pacto da Letargia, de Miguelanxo Prado - Ala dos Livros
Não querendo revelar muito mais acerca da história, direi apenas que, no final, há uma sensação de algo que fica incompleto e uma certa tristeza por não se poder continuar a leitura. Fica tudo muito “no ar” e mal resolvido, mesmo que se possa considerar que esta é uma obra auto-conclusiva. Certas personagens têm um papel muito pequeno e julgo que poderiam ter sido mais bem desenvolvidas e exploradas. Como é uma obra que traz consigo um “guisado” com vários temas, como o esoterismo, as reviravoltas clássicas de uma história de investigação, a conspiração, as questões ambientais... pareceu-me que, apenas olhando para o primeiro livro, fica a faltar algo para que o livro seja mais memorável.

De qualquer maneira, há que admitir que Prado levantou de forma interessante as bases para esta história. Estou certo que a leitura dos três volumes de uma só vez será mais impactante para o leitor do que as leituras de forma separada. Claro que, havendo apenas um livro lançado até à data, esta é a forma possível de entrar nesta história de Prado. E até porque, tanto quanto sei, ainda não há sequer uma data anunciada para o segundo tomo.

Quanto à arte ilustrativa de Miguelanxo Prado, estamos perante um trabalho singular, tal não é a qualidade e originalidade das suas ilustrações. Há poucos dias eu falava, a propósito de Living Will, que a autora portuguesa Joana Afonso tem um estilo próprio – um signature style – muito demarcado. E, tal como ela, também Miguelanxo Prado tem um estilo muito característico e inconfundível. Os que já gostam da fantástica arte ilustrativa do autor, terão aqui mais uma prova do seu enorme talento.

Claro que há algumas diferenças na forma como Prado ilustra este O Pacto da Letargia, com especial destaque no estilo mais rectílineo – com muitas linhas que se prolongam pelos rostos das personagens e que permitem uma melhor exploração das suas expressões faciais. A arte de Prado é, sem sombra de dúvidas, diferente, original e especial. Há um código pictórico próprio que o autor continua a utilizar nas suas ilustrações, mesmo que lhes acrescente variações no estilo. Porque, mesmo sendo diferente, continua a ser Prado. E isso é uma sensação fantástica que o coloca no pequeno rol composto por alguns dos melhores autores de BD europeia de sempre.

O Pacto da Letargia, de Miguelanxo Prado - Ala dos Livros
E também em termos de cores, o autor continua a ser exímio na forma como aborda as suas ilustrações. Neste caso, temos cores mais claras e coloridas do que é habitual e que funcionam muito bem. Há uma leveza primaveril que transparece das cores das páginas deste livro, que muito apreciei.

A edição da Ala dos Livros é, mais uma vez, de grande qualidade. A encadernação, a capa dura, o papel de excelente gramagem e a qualidade da impressão transformam o "objeto-livro" em algo apetecível. 

Em termos de tipo de letra escolhido, tenho que dizer que quando os seres fantásticos falam na língua mágica, foi escolhida uma fonte com péssima legibilidade. Sei que também foi esta a fonte escolhida na obra original. Percebo que o autor tenha querido fazer com que esta linguagem mágica se demarcasse da linguagem normal das outras personagens. Ainda assim, haveriam muitas outras opções que conseguiriam esse feito sem que a leitura fosse tão prejudicada.

Concluindo, Prado é sinónimo de qualidade e O Pacto da Letargia não difere dessa ideia-chave que temos do autor. A arte continua a ser singular e extremamente bonita de se observar e a história, sendo desta vez de um cariz mais esotérico do que o habitual, traz algumas questões pertinentes. Não obstante, a resolução do argumento deste primeiro tomo (de um total de três) poderia, na minha opinião, ter sido mais inspirada. Seja como for, creio que os próximos volumes certamente atestarão a qualidade integral desta trilogia. Para já, temos em mãos um terço de uma obra que se perspetiva de qualidade superior. Esperemos pacientemente, então!


NOTA FINAL (1/10):
9.0


Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


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O Pacto da Letargia, de Miguelanxo Prado - Ala dos Livros

Ficha técnica
O Pacto da Letargia
Autor: Miguelanxo Prado
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 104, a cores
Encadernação: capa dura
Lançamento: Janeiro de 2020

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Lançamento: Notre Dame de Paris


Na próxima quinta-feira, 27 de Maio, chega-nos mais um volume da série Clássicos da Literatura em BD, da Levoir e do jornal Público.

Desta feita, é a vez do clássico Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo. A adaptação para BD é feita por Claude Carré e Jean-Marie Michaud.

Mais informações e imagens promocionais abaixo.

Notre Dame de Paris, de Claude Carré e Jean-Marie Michaud

O célebre romance de Victor Hugo Notre-Dame de Paris é o nono volume da colecção Clássicos da Literatura em BD apresentada pela Levoir e a RTP, em banca e livrarias a 27 de Maio.
Poeta, romancista e dramaturgo, Victor Hugo é considerado o mais notável escritor romântico francês, entre as suas obras destaca-se Os Miseráveis.

A história tem como centro a tragédia do corcunda Quasímodo, que ainda criança foi abandonado pela família por ser deformado, e da cigana Esmeralda também ela com uma história de vida trágica. Notre-Dame de Paris é uma história admirável e ao mesmo tempo triste, com amores platónicos e até impossíveis.

O enredo agitado da narrativa dá-se diante da paixão arrebatadora do Arquidiácono Claude Frollo pela cigana Esmeralda. Um sentimento patológico disposto a qualquer tipo de insanidade, inclusive infringir leis e cometer crimes. 
A obra acontece em Paris no ano de 1482, e pretendia ser um retrato da sociedade e da cultura francesa do século XV, funcionando enquanto representação histórica desse período.

Victor Hugo pretendia chamar a atenção dos franceses para a riqueza estética e histórica da catedral, para que esta começasse a ser restaurada, pois o seu estado estava muito degradado.

O livro, com o seu enorme sucesso, cumpriu a missão: começou a atrair cada vez mais turistas para o local, o que levou a França a parar de negligenciar a catedral, tornando-a assim um dos monumentos mais visitados de Paris. A Catedral sofreu em 2019 um incêndio que foi retransmitido por todos os media e ao qual o Mundo assistiu com consternação pela destruição de um símbolo histórico e de um património cultural de referência, encontra-se actualmente em restauração estando a sua reabertura prevista para 2024.
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Ficha técnica
Notre Dame de Paris
Autores: Claude Carré e Jean-Marie Michaud
Adaptado a partir da obra original de: Victor Hugo
Editora: Levoir
Páginas: 64, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 10,90€


Lançamento: Ascender #1 - A Galáxia Assombrada



E aí está ele! A G. Floy Studio publica na próxima semana o primeiro livro da série Ascender, que continua os eventos de Descender. Os autores são os mesmos: Jeff Lemire e Dustin Nguyen.

O livro chegará às livrarias e bancas no próximo dia 2 de Junho.


Abaixo, fiquem com algumas imagens promocionais e com a sinopse da obra.


Ascender #1 - A Galáxia Assombrada, de Jeff Lemire e Dustin Nguyen
Passou-se uma década desde os eventos da série DESCENDER. Tudo mudou desde então. A magia destronou as máquinas, e as regras são agora bem diferentes. Mila, a filha de Andy e Effie, passa os dias a explorar as florestas do planeta Sampson, tentando manter-se a salvo dos discípulos malignos da toda-poderosa bruxa vampira conhecida como Mãe.

Mas, tal como os pais, Mila não joga segundo as regras, e, assim que surge um certo amigo robótico do pai dela, tudo acaba virado do avesso. 

Em ASCENDER, os criadores best-seller do New York Times Jeff Lemire (GIDEON FALLS, Sweet Tooth) e Dustin Nguyen (Batman, Secret Hero Society) levam os leitores numa inesquecível aventura de fantasia com o mesmo vasto fôlego e alma do seu clássico de ficção científica DESCENDER. 
Originalmente publicado em formato comic como Ascender #1-5 (2019) 

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Ficha técnica
Ascender #1 - A Galáxia Assombrada
Autores: Jeff Lemire e Dustin Nguyen
Editora: G. Floy Studio Portugal 
Páginas: 136, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 15,00€ 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Lançamento: Os Covidiotas



A Ala dos Livros lançou esta semana o novo álbum de Luís Louro, intitulado Os Covidiotas. Este era um lançamento a que já tinha feita menção aqui no Vinheta 2020.

Trata-se da compilação em livro das tiras humorísticas cujo tema central é a pandemia de Covid-19 - e seus disparates associados - que, ao longo do último ano, Luís Louro foi publicando nas redes sociais.

Brevemente será feita análise à obra aqui no Vinheta 2020. Mas, para já, posso dar os parabéns ao autor e à editora pela divertida forma como estão a comunicar e a colocar esta edição no mercado.


O livro vem acompanhado por uma máscara cirúrgica e por alguns pedaços de papel higiénico. Ambas as coisas com o carimbo d'Os Covidiotas. É uma ideia fora da caixa, original e que demonstra uma clara vontade de fazer algo diferente e impactante por parte da editora.


As editoras portuguesas começam a perceber que este tipo de extra mile pode compensar. Se se coloca um produto no mercado, acho que todas as ideias que metam as pessoas a falar e a comentar esse lançamento são bem-vindas. Desde, claro, que sejam ideias que encaixem bem no tipo de produto em questão. Como é o caso. Tratando-se d'Os Covidiotas, uma série carregada de humor negro e que sabe, acima de tudo, rir dela própria, parece-me uma ideia bem ajustada e divertida!

Abaixo, fiquem com a nota da editora e algumas imagens promocionais.


Os Covidiotas, de Luís Louro

Todos fomos atingidos pela pandemia e todos seguimos as medidas e recomendações para ultrapassar este período. 

Todos? 

Não… 

Um pequeno grupo continua a evitar seguir as orientações de combate ao bicho. 

Luís Louro traz-nos uma divertida visão sobre os acontecimentos da primeira quarentena. 

Um livro que aborda desde materiais essenciais às necessidades (fisiológicas) do dia-a-dia, às grandes decisões (e decisores) no palco da política mundial, passando pelo impacto da pandemia em todas as actividades (até no terrorismo…). 

E… Culinária!

Eles são Os Covidiotas! Porque rir é a melhor vacina (OK… É cliché mas não resistimos!)


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Ficha técnica
Os Covidiotas
Autor: Luís Louro
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 88, a preto e branco
Encadernação: Capa mole
PVP: 11,90€