Já vem sendo uma tradição desde que o Vinheta 2020 existe que, assim que chega a quadra natalícia, seja aqui publicada uma lista com as obras que, lançadas no ano em questão, constituem as melhores compras de natal. Quer para que aqueles que acompanham este espaço possam oferecer boas prendas de natal aos que os rodeiam, quer para que eles mesmos possam rechear a sua biblioteca pessoal com a melhor banda desenhada lançada durante o ano.
Este tem sido um ano absolutamente fenomenal em termos de quantidade e qualidade de lançamentos, pelo que tenho que vos dizer que foi dos anos em que tive mais dificuldades para eleger a melhor banda desenhada lançada durante o ano, vendo-me forçado a deixar de fora alguns livros que também considero obrigatórios. Mas, mesmo assim, esforcei-me para manter a regra de apenas poder escolher 3 livros por editora.
Não quer dizer que os livros que apresento abaixo sejam aqueles que considero os "melhores" livros de cada editora. São apenas 3 livros (ou séries) que foram lançados em 2024 e que considero excelentes compras por serem, a meu ver, belíssimas adições a uma boa biblioteca de banda desenhada. Simplesmente, impus-me a regra de 3 livros/séries por editora. E, em alguns casos, foi difícil deixar de fora algumas obras de muita qualidade, acreditem!
Aqui está, então, o meu Guia de Compras de Natal para 2024.
A Seita
Cyril Lieron e Benoit Dahan
"Na Cabeça de Sherlock Holmes parece ser um festim de criatividade em esteroides. É diferente de tudo o que já lemos em banda desenhada e tem um charme irresistível, que revela que os limites da banda desenhada enquanto meio estão longe de estarem encontrados. "Porno para admiradores de banda desenhada", poderia ser o seu subtítulo. Ainda tenho muita coisa para ler que também aparenta ter enorme qualidade, mas é bem provável que a minha premiação mental para melhor BD do ano, publicada em Portugal, fique agora atribuída. Numa palavra: imperdível!"
Análise completa a esta obra, aqui.
Zidrou e Oriol
"Zidrou volta a dar-nos uma história muito profunda e plena de significados que nos deixa agarrados a esta leitura da primeira à última página. Já o ilustrador Oriol, com o seu estilo muito próprio de ilustração, que nos remete para a pintura, dá-nos uma experiência visual bela, gratificante, diferenciada e de uma qualidade única. De resto, cada vez estou mais certo da minha afirmação: "não há um único livro de Zidrou de que eu não goste"."
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Robin Recht
Robin Recht mergulha-nos no universo da mitologia nórdica de uma forma onírica que parece ser uma viagem no tempo e no espaço para a terra de Thorgal. E fá-lo com um argumento bastante original, que desconstrói a própria personagem principal desta série emblemática da banda desenhada europeia. Eis um belo trabalho que, ainda por cima, está assente numa excelente edição d' A Seita.
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Ala dos Livros
Manu Larcenet
"Para aqueles que estão dispostos a mergulhar na plena escuridão, A Estrada oferece uma experiência literária profundamente impactante e memorável. É, aliás, difícil que, no final de 2024, não consideremos, em retrospetiva, esta obra como um dos melhores livros de banda desenhada lançados por cá. E isto se não for mesmo o melhor. Aqui, tudo é feito com precisão, com emoção e com uma beleza pérfida que muito raramente encontramos em banda desenhada. Eis uma adaptação de uma obra poderosa profundamente sombria e visceral que explora temas como sobrevivência, desespero e o vínculo entre um pai e um filho num mundo pós-apocalíptico, enquanto examina, ao mesmo tempo, o que significa ser humano num mundo de adversidade extrema. Podem colocar o livro no vosso carrinho de compras virtual ou, se estiverem numa loja física enquanto leem esta análise, levá-lo convosco para a caixa de pagamento: este é mesmo OBRIGATÓRIO!"
Análise completa a esta obra, aqui.
Mikaël
"Harlem é - como, aliás, Giant ou Bootblack também o são - uma daquelas bandas desenhadas que me deixam de "barriga cheia" por fazerem tanta coisa bem. Estes livros de Mikaël até podem não ser, por motivos que serão apenas pessoais e subjetivos, "livros de uma vida", mas que são livros brilhantemente executados já será algo mais objetivo e claro de afirmar. Harlem é, pois, totalmente recomendado, e entra para o grupo dos melhores livros de banda desenhada do ano. Não deixem de ler!"
Análise completa a esta obra, aqui.
Zidrou e Homs
"Se ainda não compraram este livro, não percam mais tempo, pois é seguro que ficarão bem servidos numa autêntica orgia visual onde Homs se assume como um dos melhores ilustradores em banda desenhada, e onde Zidrou se arrisca numa história complexa, intensa, impactante e que consegue transformar Shi num clássico instantâneo da banda desenhada franco-belga. Obrigatório!"
Análise completa a esta obra, aqui.
Arte de Autor
Vittorio Giardino
"Esta é uma obra que ressoa não apenas com (e para) os fãs de banda desenhada, mas com qualquer pessoa que procure compreender melhor a condição humana e as forças que moldam o mundo ao nosso redor. É, pois, um forte testemunho do poder da narrativa visual e uma lembrança da importância de nunca esquecermos as lições do passado, em especial as opções políticas pelos extremos da balança que sempre (mas mesmo sempre!) tiveram desenvolvimentos tão nefastos para todos os que com elas tiveram que (sobre)viver."
Análise completa a esta obra, aqui.
Michel Plessix
"Esta é uma história adorável que recomendo para as crianças e para os jovens. E, claro, para os adultos que queiram relembrar este conto universal, enquanto apreciam uma arte de qualidade superior, por parte de Michel Plessix. (...) Gostaria também que, eventualmente, o segundo ciclo da série, publicado entre 2005 e 2013, e constituído por 5 tomos, pudesse ser igualmente publicado em Portugal. Talvez um dia.
Yslaire
"Estes dois novos capítulos de Sambre, com todo o seu dramatismo romântico, as suas palavras poéticas que ecoam no leitor, as suas personagens emocionalmente atordoadas e os seus desenhos verdadeiramente impressionantes - que deveriam ser considerados património cultural pela UNESCO - mantêm viva a certeza de que esta é uma das séries de banda desenhada da minha vida. Soberba, mandatória e digna de nota máxima!"
Análise completa a esta obra, aqui.
ASA
Lewelyn e Jérôme Lereculey
"As 5 Terras resulta de um casamento feliz entre A Guerra dos Tronos, na maneira de ser, e Blacksad, na parte visual. Estamos perante uma trama carregada de intriga, que nos deixa agarrados e a chorar por mais, e por um trabalho de ilustração muito bom, que dificilmente não agradará ao mais exigente leitor de banda desenhada. Tem tudo para (também) ser um sucesso em Portugal!"
Análise completa a esta obra, aqui.
Aimée de Jongh
"Dias de Areia é uma obra comovente que combina história, arte e narrativa de forma magistral. Aimée de Jongh cria uma experiência imersiva que não só informa, mas também toca o coração do leitor. É uma leitura recomendada para todos e uma forte candidata a melhor BD do ano. "
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Sylvain Vallée e Marc Eacersall
"Tananarive acaba de ganhar lugar de destaque na minha biblioteca pessoal! Eis um livro que me comoveu, divertiu e fez refletir como há algum tempo isso não acontecia. Sem dúvida uma obra que merece a minha chancela de “obrigatória” para todos os amantes de banda desenhada! E não só! Quem gosta de uma boa história também pode e deve mergulhar neste Tananarive! A ASA acertou na mouche com a aposta neste livro lindo que, ou muito me engano, ou figurará entre as melhores bandas desenhadas lançadas em Portugal durante o ano de 2024."
Análise completa a esta obra, aqui.
Comic Heart
Ricardo Santo
"Boarding Pass confirma o enorme potencial que existe em Ricardo Santo para ser um autor incontornável na banda desenhada portuguesa. Mesmo - e por pequenas coisas - sem ser perfeito, é das melhores bandas desenhadas portuguesas que li em 2024. Ricardo Santo já não é uma revelação, mas antes a confirmação de um autor nacional que todos têm de conhecer!"
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Diogo Carvalho
"Sol é mais uma excelente notícia para a banda desenhada nacional! Podendo não ser perfeita, esta é uma obra de puro entretenimento - sem medo de o ser - e está especialmente bem construída e amadurecida pelo autor. Noutra ocasião, diria que estávamos perante a obra de afirmação de um autor. Mas como, neste caso, falamos de Diogo Carvalho, um autor veterano e bastante experiente na feitura de banda desenhada, digo até algo quiçá mais eloquente: Sol é "a obra de uma vida" de Diogo Carvalho."
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Ruben Mocho (participação no argumento de Allen Dunford)
"Mesmo admitindo que, relativamente a este O Arauto, ainda a procissão vai no adro, com tantas mais coisas por descobrir e desvendar, a obra assume-se como portadora de um enorme potencial. Quer pela história, que junta coboiada, antiguidade clássica, religião e criaturas mitológicas, quer pela componente visual que, com os seus desenhos plenos de dramatismo e uma paleta de cores garridas e impactantes, deixam água na boca para o que ainda pode vir nos próximos dois volumes. Resta-nos tentar que a espera seja paciente."
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Devir
Jiro Taniguchi
"Bairro Distante é uma obra que transcende as barreiras culturais, ressoando com qualquer leitor que já tenha refletido sobre o seu próprio passado. A habilidade de Taniguchi em capturar a essência da experiência humana, aliada à sua estética visual, transforma esta obra numa meditação poética sobre a vida, sobre a memória e sobre o que significa realmente pertencer a um lugar. Se há obras completamente indicadas para que um leitor se possa iniciar no mangá, esta é uma delas!"
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Guy Delisle
Em Crónicas de Jerusalém Guy Delisle volta ao estilo de banda desenhada em forma de crónica jornalística sóbria a que já nos habituou. E, desta vez, o trabalho ainda sai mais belo devido à introdução de cores em detrimento do preto e branco de outros célebres livros do autor. Não terá a dinâmica de um Kobane Calling, de Zerocalcare, ou de um Palestina, de Joe Sacco, mas é uma obra que prima especialmente por nos dar um retrato claro, direto e franco da situação vivida pelo autor, aquando da sua presença em Jerusalém. E que, infelizmente, passados mais de 10 anos, continua a ser um dos territórios mais problemáticos do mundo em termos político-sociais.
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Alfred
Fiquei muito feliz quando soube que a Devir iria continuar a publicar o autor Alfred depois de, há dois anos, ter editado Como Antes, outro belíssimo livro. Se já gostei muito dessa obra, julgo que Maltempo ainda me conquistou mais. Os desenhos e as cores são muito belos, transportando o leitor para a soalheira Itália, e a história de quatro jovens que procuram formar uma banda de rock para fugir aos demónios de um dia a dia sem esperança, é muito bem tecida. Um dos meus livros favoritos da Devir!
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Escorpião Azul
Andrea Ferraris
"É bom que a aposta da Escorpião Azul no italiano Andrea Ferraris se mantenha forte e prova disso é o lançamento da terceira obra do autor que até conseguiu ser a minha preferida. A história é bastante original, relatando algo que merece ser conhecido por mais gente, e o traço, na estética a carvão que o autor já nos habitou em Churubusco ou Cicatriz, oferece-nos mais um belo livro".
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Audrey Caillat e Xico Santos
"Em Redes é uma bela, subtil e madura obra. Confesso-vos: o livro tinha despertado o meu interesse, mas honestamente não esperava que fosse tão bom. Dentro das bandas desenhadas nacionais lançadas até agora, em 2024, Em Redes está claramente entre as minhas preferências!"
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Paulo J. Mendes
Depois de vencer, no ano passado, os Prémios de Banda Desenhada da Amadora, para Melhor Obra de Autor Nacional, com a obra Elviro, devo dizer que a expetativa para este novo livro era muita. Felizmente, Paulo J. Mendes não desilude e volta a oferecer-nos um belo livro, desta vez a preto e branco puro, que nos arranca gargalhadas enquanto nos prende a uma história inusitada e com uma certa crítica social. Sou fã do autor e não o escondo!
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G. Floy Studio
Greg Rucka e Nicola Scott
"Black Magick - O Primeiro Livro das Sombras é uma obra que apresenta uma narrativa intrigante e que se destaca especialmente pelas suas ilustrações lindas e excecionais! Greg Rucka e Nicola Scott criam um universo rico e multifacetado, onde o sobrenatural e o mundano se entrelaçam de forma convincente. Estamos perante mais uma bela aposta da G. Floy Studio que, ainda por cima, envolve a obra numa belíssima edição de luxo."
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Keanu Reeves, Matt Kindt, Ron Garney e Bill Crabtree
BRZRKR é aquilo a que, à semelhança do termo utilizado para o cinema, poderíamos considerar de "grande produção". Com todas as coisas boas e más que daí advêm. O argumento de Keanu Reeves apresenta-nos um carismático protagonista enquanto personagem cuja delirante aventura, em mais de 400 páginas, se assume como um livro ao qual é difícil ficar indiferente.
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Ed Brubaker e Sean Phillips
"Reckless - Afunda-te Comigo é, para não destoar dos demais volumes da série, verdadeiramente fantástico! Eis uma das minhas séries preferidas de banda desenhada que, em boa hora, a G. Floy Studio decidiu editar em Portugal. Obrigatória de conhecer!"
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Gradiva
Miles Hyman
"A Vida Secreta dos Escritores é um livro notável, quer a nível de argumento, quer a nível de ilustração, e que entra com altivez para o conjunto de melhores bandas desenhadas lançadas pela Gradiva. Uma das grandes surpresas do ano e verdadeiramente obrigatório!"
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Salva Rubio e Pedro J. Colombo
"O testemunho real do protagonista deste O Fotógrafo de Mauthausen é de leitura obrigatória para todos os que se interessam pelo tema - e, bem, até mesmo para os que não se interessam - pese embora, a parte das ilustrações deste livro, cumprindo com eficiência a sua tarefa, não consiga elevar a obra a algo mais impactante."
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Matz e Philippe Xavier
"Pela primeira vez, a série Tango apresentou uma história do protagonista John Tango numa aventura dividia em dois volumes. E isso fez com que, pelo menos quanto a mim, esta fosse a melhor aventura até agora da série, pois o argumento foi melhor explanado pelo argumentista Matz. Aliás, se tivesse que apresentar esta série a alguém que não a conhece, escolheria os volumes 7 e 8."
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Kingpin Books
Osvaldo Medina
"Fojo é, a par de Kong The King, e, por ventura, superando até esse projeto, a obra mais relevante de Osvaldo Medina, cuja influência tem tido uma pegada indelével para a banda desenhada nacional. É um clássico instantâneo da banda desenhada nacional que deve ser comprado e celebrado por todos os que apreciam banda desenhada!"
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Mário Freitas e Lucas Pereira
"O Homem que Sonhou o Impossível é uma das bandas desenhadas portuguesas do ano, conseguindo um belo equilíbrio entre ser um livro de clara homenagem a um dos principais criadores de banda desenhada de sempre - em que não faltam inúmeras referências ao universo da 9ª arte - e, ao mesmo tempo, oferecer-nos uma história que consegue funcionar per se e relembrar-nos da relevância que determinadas criações artísticas têm na sociedade, não deixando de ecoar na consciência coletiva, mesmo depois da morte dos autores dessas mesmas criações. Como se isso fosse um sonho impossível que alguém ousa sonhar."
Análise completa a esta obra, aqui.
Nuno Duarte, João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano
"O Punhal prima especialmente por marcar o regresso de Nuno Duarte ao lançamento de nova banda desenhada e por este trazer consigo uma quase mão cheia de ilustradores. Fica um pouco aquém do enorme potencial que a premissa de usar um punhal como elemento agregador das quatro histórias teria, mas é, ainda assim, um interessante livro de BD que vale a pena conhecer."
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Levoir
Matthias Lehmann
"Chumbo é mais outra das grandes obras de banda desenhada editadas em Portugal durante o ano de 2024 que, provavelmente, se assume com um dos melhores anos de sempre no nosso país, no que à quantidade de obras com enorme qualidade intrínseca diz respeito. Chumbo é pesado como chumbo em termos de qualidade e deve ser lido por todos!"
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Zerocalcare
"Kobane Calling é um belo registo autobiográfico, uma crónica de guerra alarmante, uma delação das mentiras que o Ocidente - e em especial o regime de Erdogan - propagam junto das suas populações no que ao conflito no Curdistão Sírio diz respeito. Se a obra tem toda esta carga política, também consegue ser, possivelmente, a banda desenhada mais cómica que li nos últimos anos. Como é que é possível fazer-se tantas coisas bem? Parece-me que teremos que perguntar a Zerocalcare como consegue este admirável equilíbrio. Mas, antes disso, comprem, leiam e ofereçam este Kobane Calling. É dos melhores livros do ano!"
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Matz e Jörg Mailliet
"O Desaparecimento de Josef Mengele será certamente uma das melhores obras da mais recente Coleção de Novelas Gráficas que a Levoir tem vindo a editar com o jornal Público. A história deste livro é, ao mesmo tempo, informativa e angustiante, desafiando o leitor a confrontar a natureza da maldade humana e a busca por redenção. É um livro que ressoa não apenas no contexto histórico, mas também nas questões éticas e morais que permanecem relevantes até hoje. Excelente aposta!"
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Penguin Random House
Salva Rubio e Loreto Aroca
"A Bibliotecária de Auschwitz é uma banda desenhada que surpreende pela positiva, ao conseguir um bom equilíbrio com a sua abordagem leve a um tema tão pesado como o holocausto. Mais do que uma história sobre a brutalidade da guerra, é uma celebração da resiliência do espírito humano, convidando os leitores a refletir sobre a importância da literatura, da memória e da amizade, mesmo nas situações mais sombrias."
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Richard McGuire
Aquilo quem neste Aqui, Richard McGuire nos propõe é complexo e, por ventura, poderá desagradar a muita gente, na mesma medida em que deixará muita gente satisfeita. Mas uma coisa é certa: este é um livro que quebra o cânone, que aposta, que arrisca, que é audaz, que vai mais longe. Não sendo perfeito, é um livro que todos os adeptos de banda desenhada deveriam, pelo menos, conhecer. Se isso acontecer, muitos mais fãs o livro conquistará.
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Keum Suk Gendry-Kim
"Erva não é apenas uma obra de ficção gráfica, mas um testemunho histórico que educa os leitores sobre uma parte importante e dolorosa da história asiática que, embora muitas vezes "chutada para canto", ainda ressoa nos dias atuais. A obra é, portanto, projetada para provocar uma reflexão profunda sobre os horrores da guerra e as suas vítimas invisíveis, assumindo-se como uma leitura essencial para quem procura compreender a profundidade dos traumas de guerra e a luta contínua por justiça das mulheres afetadas pela mesma. Keum Suk Gendry-Kim criou uma obra que é ao mesmo tempo devastadora e bela, revelando as camadas de dor e resiliência que caracterizam a desconfortável e traumática experiência das mulheres que se viram forçadas a ser "mulheres de conforto"."
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Polvo
Luís Louro
Eis a reedição de uma obra de Luís Louro que considero como um dos seus mais marcantes trabalhos e que nos mostra o quão versátil pode ser a criação do autor. Se há obras que definem um autor, Cogito Ego Sum é muito "a cara" de Luís Louro. Uma obra que é pródiga em nos dar uma boa dose de voluptuosas mulheres, espraiadas por uma coletânea integral de mini histórias que são ideais para nos deixar com os olhos arregalados e com um sorriso nos lábios.
Mathieu Sapin
"Este é um livro bem-vindo e lançado com bom sentido de oportunidade por parte da editora Polvo, já que se comemoram em 2024 os 50 anos do 25 de Abril e importa não esquecer o quão negativamente impactante foi a ditadura de Salazar em milhares e milhares de portugueses que se viram perseguidos e forçados a trocar de pátria para a demanda por uma vida melhor. E mais livre. E em Edgar, Mathieu Sapin, dá-nos tudo isso enquanto nos apresenta uma personagem real e irresistivelmente cómica: o seu próprio sogro."
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Bernardo Majer
"Bernardo Majer sedimenta com este Espiga, a sua "voz de autor", ficando bem patente que o seu trabalho é fruto de um tempo e de um espaço próprio e que - não só por isso, mas também por isso - se destina especialmente para essas mesmas pessoas suas contemporâneas. É "O escritor" millennial e para os millennials - mas não só, claro está - trazendo nas suas histórias as preocupações, as vivências e as dores de crescimento que todos os millennials têm - e que nos quais eu também me incluo. Talvez por isso, acredito que nem toda a gente consiga, ou saiba, apreciar convenientemente as suas histórias. Mas quem o faz, tem em Espiga um bom reflexo de toda uma geração em várias páginas de banda desenhada."
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Relógio D' Água
Fred Fordham
"Admirável Mundo Novo não seria, à partida, uma obra fácil de adaptar para banda desenhada, mas Fred Fordham até se sai bem nessa empreitada. E, convenhamos, a própria opção por tornar mais presente e mais atual esta obra, que assenta numa crítica poderosa às tendências autoritárias e tecnocráticas da sociedade moderna, também é mais que bem-vinda. Afinal de contas, Admirável Mundo Novo continua a ser relevante hoje, provocando reflexões sobre o papel da tecnologia na sociedade e os limites do controlo estatal sobre a vida humana."
Análise completa a esta obra, aqui.
Frank Herbert, Brian Herbert, Kevin J. Anderson, Raúl Allén, Patricia Martín
"Duna é um clássico intemporal da ficção científica e, portanto, é extremamente bem-vinda a publicação de uma adaptação da obra original de Frank Herbert para banda desenhada. Neste segundo volume, continuamos a acompanhar os acontecimentos do volume anterior. Não é uma BD isenta de alguns problemas, mas vale pelo valor cultural da obra original, sendo mais recomendada para os fãs do livro original ou de uma das adaptações para cinema."
Kate Beaton
"Patos é um livro que acabou por me encher as medidas. Não fiquei logo tocado ou impressionado com aquilo que Kate Beaton parecia ter para nos oferecer, mas, à medida que ia progredindo nas mais de 400 páginas deste colosso, acabei por me render à evidência que este será um dos grandes livros (no sentido qualitativo) de banda desenhada, lançados em Portugal, em 2024. Dou os parabéns à Relógio D’Água pela proposta. Este passou a ser o melhor livro de banda desenhada do catálogo da editora."
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