Tanto quanto sei, ninguém em Portugal recebe qualquer dinheiro para ser criador de conteúdos sobre banda desenhada. E isto é uma nota importante para abrir este artigo, pois não devemos perder de vista que, não estando a função de "criador de conteúdos" profissionalizada, não podemos, por uma questão de honestidade intelectual, esperar que o trabalho dos criadores de conteúdo sobre banda desenhada seja profissional. Talvez um dia isso possa vir a acontecer... mas não creio que estejamos perto desse dia.
Ora, posto isto, e não obstante o que acabei de escrever acima, a verdade é que, mesmo não sendo profissionais, os criadores de conteúdo merecem as minhas vénias pela sua dedicação, pelo seu trabalho e pelo seu esforço. Afinal de contas, se alguém tem um espaço onde escreve ou fala sobre banda desenhada, fá-lo por amor à 9ª arte, promovendo-a e divulgando-a da melhor forma que o consegue fazer.
Tenho, pois, um enorme respeito por todos aqueles que, como eu, o fazem. Isto dá muito trabalho, acreditem. Acompanhar o que se passa, preparar esse conteúdo, redigir texto, editar vídeo, ler tanto as obras que amamos como aquelas com que não nos identificamos tanto... dá muito trabalho. Exige entrega à causa. Mas estou ciente - e isto não é uma opinião minha, mas o somatório de dezenas (ou centenas?) de opiniões de quem nos segue - que este tipo de conteúdos criados ajuda os interessados em banda desenhada a tomarem conhecimento das novidades editoriais, por um lado, e a procurarem ajuda para o processo de escolha sobre que banda desenhada comprar, por outro.
Mas, então, qual a razão para que este TOP 10 seja aqui feito, perguntar-me-ão? Bem, faço-o por duas razões.
A primeira é porque muita gente já me tem perguntado se eu sigo outros blogs, sites, páginas de instagramers, etc, que falem sobre BD. A resposta é: "sim, sigo". Nem sempre quanto gostaria, pois o tempo não dá para tudo, mas vou vendo o que por aí se faz. E acho que, também nesta vertente, o "setor" nacional da banda desenhada - se é que lhe posso dar esse nome - tem evoluído. Há 10 anos eram pouquíssimos os sites que se dedicavam a falar sobre BD. Hoje em dia, isso mudou muito, o que também é sinal do bom momento que vivemos. E, repito, não sendo um trabalho profissional, cada vez vai parecendo mais que é profissional. Temos conteúdos diversos e para todos os gostos. Em texto, em formato físico ou digital, em vídeo e até em formato de rádio/podcast. Só ainda não estamos, por agora, na televisão.
A segunda razão pela qual faço este TOP 10 é porque também gosto de dar uma palavra de apreço aos meus colegas/amigos/conhecidos que fazem um trabalho mais ou menos parecido com o meu e acho que é importante que aqueles que aqui me seguem possam tomar contacto com o seu trabalho. Todos importam e quantos mais, melhor!
Como todos os TOPs que aqui vos apresento, este é apenas mais um que é baseado nos meus gostos pessoais. Nada do que eu digo é ou deve ser encarado como lei. Vale o valor que lhe quiserem atribuir. No meu caso concreto, quando navego por essa internet fora, eu procuro duas coisas: saber quais as novidades e conhecer opiniões, tão fundamentadas quanto possível, sobre o maior número possível de obras. Normalmente, prefiro conteúdos em texto do que em vídeo ou podcast, pois assistir a vídeos ou ouvir podcasts consome muito tempo, mas não digo que não goste de ouvir ou ver um vídeo, claro.
Ainda antes de vos apresentar quais são os meus criadores de conteúdos, permitam-me duas ressalvas:
1) O site OtakuPT é, quanto a mim, o melhor site sobre mangá em Portugal. Decidi não incluí-lo nesta lista porque, enquanto leitor de banda desenhada mundial, considero o OtakuPT demasiadamente específico em mangá. Bem sei que os excelentes vídeos e artigos do Hélder Archer também abordam, por vezes, outras obras de origem mais americana ou europeia, mas diria que as suas grandes qualidades são relativas ao mangá. Sempre que quero saber algo sobre mangá, é ao OtakuPT que recorro. Como é muito específico, não aparece neste TOP. Mas a julgar pela sua qualidade, poderia estar nos primeiros lugares.
2) Há dois sites que, nos seus tempos áureos, também entrariam facilmente para os lugares cimeiros do meu TOP 10: o Bandas Desenhadas e o Leituras de BD. O Bandas Desenhadas era uma autêntica "bíblia" sobre BD, tendo imenso conteúdo pertinente. Eu chamava-o de "wikipedia nacional de BD", mas infelizmente parou a sua atividade há coisa de um ano, o que me deixou bastante triste, pois achava-o dos melhores projetos do género em Portugal. Já o Leituras de BD, de Nuno Amaro, embora não tenha oficialmente encerrado portas, está quase parado, com muita pena minha. As opiniões do Nuno Amaro sempre foram algo polémicas para alguns, mas sempre apreciei a sua desfaçatez e coragem na sua forma de estar. E uma coisa que nem muita gente sabe é que o Leituras de BD foi uma grande referência para mim, ainda antes de eu imaginar criar o Vinheta 2020. Gostava, pois, que o site voltasse à mesma assiduidade que já teve em tempos, mas, como já disse, compreendo perfeitamente que todos nós temos uma vida além da banda desenhada - que não nos paga para o que fazemos - e, portanto, por vezes temos que deixar paixões para trás.
Portanto, feitas as ressalvas, eis, mais abaixo, os meus sites preferidos de banda desenhada, que vos aconselho a conhecer:
10. Ler BD
Autor: Pedro Vieira de Moura
Ler BD é um dos blogs históricos da cena portuguesa, tendo um historial de já muitos anos e um arquivo com críticas e análises - profundas! - a várias obras de banda desenhada. O seu responsável, Pedro Vieira de Moura, é alguém que domina a banda desenhada como poucos e há sempre muito a aprender com o que ele diz ou escreve. Diria que o seu trabalho - e nem estou a falar da sua criação artística, já que também é autor de banda desenhada - é um recurso valioso para quem procura reflexões mais densas sobre a 9ª arte em Portugal.
Crítica construtiva: Embora Pedro Vieira de Moura escreva muito bem, por vezes os seus textos são demasiado académicos o que, naturalmente, transforma o blog em algo de nicho, que poderá afastar leitores que, diz-me a experiência, procuram recomendações e informações mais instantâneas. Os textos parecem, por vezes, mais exercícios de estilo académico, do que análises reais aos livros em concreto, o que é pena. Quer dizer, não é bem pena. Terá um público mais de nicho, o que também é válido. O layout do site também está um pouco obsoleto e menos apelativo para uma experiência mais moderna. Seria importante a introdução de uma caixa de pesquisa.
Não deixem de visitar:
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Autora: Cristina Alves
Sempre apreciei o trabalho que Cristina Alves faz em prol da banda desenhada. Com um domínio próprio, Rascunhos destaca-se pela quantidade de textos, feitos apenas por uma só pessoa: há listas de leitura, críticas pessoais e outra atividade ligada a ficção-científica e jogos, além da BD. A escrita é simples, escorreita, direta e parece-me especialmente franca. Funciona mais como um diário de leituras do que como um órgão crítico mais institucional. O que também é bom. Gosto de o visitar.
Crítica construtiva: Infelizmente, a assiduidade dos artigos não é uma constante e, por vezes, gostaria de ler opiniões da Cristina que tardam a chegar.
Não deixem de visitar:
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Ricardo Trindade
O Zombi TV é um projeto multimédia, com presença no instagram, facebook e youtube, através de lives em streaming onde o seu mentor, Ricardo Trindade, opina de forma direta, casual e honesta sobre banda desenhada. Coisa que muito aprecio. O fluxo de posts é bastante variado, podendo ser feitas breves análises às obras editadas mais recentemente editadas ou comentários diretos a outras situações que envolvam a banda desenhada, em estilo quase de "magazine". Os próprios vídeos não aparentam ser muito editados, o que torna, pelo menos na minha opinião, o conteúdo mais direto e honesto. Prefiro assim do que aqueles vídeos cheios de truques, mas que depois são vazios no conteúdo.
Crítica construtiva: A assiduidade das publicações poderia ser mais constante. E há uma crítica um pouco picuinhas da minha parte: nas fotos dos livros no instagram acho que todos aqueles filtros usados nas mesmas, não ajudam aos interessados em conhecer os livros. As fotos podem ser bonitas, mas o que se pretende é, julgo eu, mostrar realmente como os livros são, uma vez que se trata de banda desenhada, onde o conhecimento do desenho é importante para os leitores. Se metemos filtros nas fotos que alteram as cores reais dos desenhos dos livros, poderemos estar a confundir a audiência.
Não deixem de visitar:
Nuno Neves
Já vi muita gente a criticar o facto de o blog Notas Bedéfilas apenas publicar artigos sobre os novos lançamentos, que são meras republicações dos presses releases enviados pelas editoras. Bem, é verdade que esse é o "core" das publicações deste blog, mas acho que essa visão é um pouco redutora. Nuno Neves costuma fazer outro tipo de conteúdos, em que analisa o mercado de banda desenhada e o número de edições, e que costumo ler com muito prazer e interesse. Também gosto bastante dos poucos artigos em que o autor do blog analisa alguns livros. Nem sempre concordando com as suas opiniões (ou será ele que não concorda com as minhas?), gosto especialmente da forma como o Nuno argumenta. Além disso, há uma excelente notícia recente: é que Francisco Lyon de Castro passou a colaborar com o site. Gosto muito dos textos do Francisco, carregados de muita informação pertinente e muito bem escritos. É das pessoas que escreve sobre banda desenhada que eu mais gosto de ler e, portanto, a sua entrada para o projeto Notas Bedéfilas foi uma "contratação" de peso que muito me agrada.
Crítica construtiva: Apesar de neste momento o Notas Bedéfilas estar a publicar os artigos de opinião do Francisco Lyon de Castro, acho que seria benéfico que pudessem ser publicados mais artigos e com mais assiduidade. Se isso vier a ser feito, o site pode vir a ser um dos principais blogs do género em Portugal.
Não deixem de visitar:
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Fábio Gonçalves
Gosto particularmente do Fábio Gonçalves pela sua postura e forma de estar. É humilde, despretensioso, criativo e tem procurado o seu espaço e o seu estilo pessoal para promoção da banda desenhada nacional no Station Comics. Com uma boa presença no instagram, ultimamente tem feito mais vídeos de opinião sobre livros e outros acontecimentos relacionados com BD ou levantado/relançado questões fracturantes sobre a banda desenhada. Gosto muito do seu trabalho, feito a solo, sem ajudas, e acho que, se continuar assíduo, terá cada vez mais relevância para a banda desenhada em Portugal.
Crítica construtiva: O Station Comics tem sido um projeto marcado por fases, alterando entre alturas em que aparece em força, que depois dão lugar a períodos mais mortos, com poucas ou nenhumas publicações. Será importante para a relevância e notoriedade do projeto, que Fábio Gonçalves continue forte e assíduo nas suas publicações. Bem sei o quanto é difícil estar-se sempre a publicar, mas acho que é apenas isso que falta a este belo projeto para alcançar voos mais altos.
Não deixem de visitar:
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Carlos Cunha e Alexandra Sousa
O Juve Bêdê é um projeto histórico na divulgação da banda desenhada em Portugal. Considero ser fruto de um trabalho de devoção e de amor pela banda desenhada, que só posso valorizar. Continua a ser uma publicação escrita, uma revista, mas também conta com presença online, publicando novidades editoriais e artigos de opinião, bem como estando presente nas redes sociais. Conta ainda com belos e informados textos de Miguel Cruz, normalmente sobre obras que ainda não saíram em Portugal, que só pecam por não serem tão frequentes como desejável. Além disso, devo dizer que tanto Carlos Cunha como Alexandra Sousa, são duas pessoas muito acessíveis, simpáticas, educadas, "sem manias" - por vezes, acontece neste meio - com quem dá gosto conversar. Talvez por isso, sejam muitas vezes moderadores de entrevistas e conversas em eventos de banda desenhada. Sou um fã do seu trabalho e acho que nem sempre é devidamente elogiado.
Crítica construtiva: Duas coisas: 1) o site/blog não só tem um aspeto bastante datado, como não é muito user friendly em termos de navegabilidade. 2) nos últimos tempos, os textos de opinião sobre as obras cresceram em número e isso é algo que aplaudo. Por outro lado, acho que talvez os textos pudessem ser mais incisivos, quer nas coisas boas, quer nas más. Por vezes, são textos de opinião algo superficiais que parecem um mero comentário de um parágrafo, faltando-lhes, por isso, alguma argumentação. Acho que é importante não ter medo de dizer: "gostei" ou "não gostei" e dizer, claro, a razão para tal sentimento.
Não deixem de visitar:
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Urbon Adamsson
Urbon Adamsson é o verdadeiro campeão de conteúdos sobre banda desenhada, no que à assiduidade e quantidade de opiniões diz respeito. Tem forte presença nas páginas de Instagram e Facebook e, por vezes, analisa três ou quatro livros num só dia. Sei que quantidade nem sempre significa qualidade, mas devo dizer que gosto bastante da forma como Urbon Adamsson opina, sendo bastante objetivo e claro, nas razões que o levam a gostar mais ou menos de um livro. Costuma falar também de alguns livros ainda não publicados em Portugal, o que é uma mais valia para o leitor (e editoras?). Começou por ter apenas textos de opinião em inglês - possivelmente pensando em chegar a um público mais internacional - mas, felizmente, passou depois a ter textos em português, para além do inglês. Sou um fã do seu trabalho e tento acompanhar sempre o que escreve.
Crítica construtiva: só quando criei este TOP é que me dei conta que o trabalho de Urbon Adamsson já tem um site próprio. Isso deixa-me muito feliz, pois sempre achei que, apenas com presença no instagram e facebook, os conteúdos do autor estavam um pouco fragmentados e difíceis de encontrar. Mesmo assim, acho que o site precisa de mais promoção e enfoque para que chegue a mais gente. Está muito "escondido".
Não deixem de visitar:
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Rui Alves de Sousa
Sou um confesso admirador do Rui Alves de Sousa e já o disse várias vezes de forma pública. O aparecimento de um programa de rádio na Antena 1 para falar sobre banda desenhada tinha tanto de inusitado como de importância e acho que este trabalho e iniciativa do Rui merecem as vénias de autores, editores e leitores. O programa começou por ser em formato magazine, com cerca de 20-30 minutos, em que era sempre apresentado um livro ou autor e depois faziam-se notas breves sobre novidades ou curtas análises a livros pelo próprio Rui Alves de Sousa. Era o "sonho", para mim. Era perfeito. O programa mudou entretanto de registo, passando a ser apenas transmitido via podcast, sem transmissão na rádio, e mudando um pouco o formato, dando lugar a conversas mais livres e longas, mais ao jeito dos podcasts mais habituais. Alternadamente, programa sim, programa não, Rui vai conversando com Luís Bernardino sobre uma meia dúzia de livros recentes. Nos outros programas, Rui recebe um autor português com quem conversa. São programas muito interessantes e gosto especialmente daqueles em que Rui e Luís dialogam - por vezes em desacordo - sobre as BDs. O Luís, foi, pois, uma boa adição ao programa. Mesmo assim, tenho que dizer que os programas, especialmente os das entrevistas a autores, são um pouco maiores do que o desejável, com algumas conversas a arrastarem-se um pouco. Preferia o formato inicial do programa, não o escondo, embora continue a ouvir devotamente esta bela iniciativa de que sou fã e, dira mesmo, "embaixador".
Crítica construtiva: nada de muito relevante ou grave, mas por vezes penso que quer o Rui, quer o Luís, deveriam documentar-se melhor sobre algumas coisas de que falam. Outra pequena nota: por vezes, o Luís quando fala sobre determinado livro menciona "as opiniões que recolheu" ou "aquilo que pôde ler na net". Eu não acho que isso seja necessário, pois os ouvintes querem é ouvir a sua opinião e não a opinião de outrem.
Não deixem de ouvir:
https://www.rtp.pt/play/p9994/pranchas-e-baloes-/-
Hugo Jesus
O Central Comics é um dos portais que fala sobre BD mais antigos em Portugal e a sua relevância não pode ser descurada. De uma forma ativa e sempre bastante presente e assídua, o site publica notícias, entrevistas, antevisões e está presente em várias redes sociais, tendo ainda um canal no youtube onde são feitas lives em streaming. É ainda o criador e mentor da iniciativa dos Troféus Central Comics, os únicos prémios em Portugal escolhidos pelo público e que, por isso, são uns dos mais importantes prémios de banda desenhada em Portugal. A presença e atividade do site é verdadeiramente abrangente, o que me leva a fazer uma vénia ao responsável pelo projeto, Hugo Jesus! Além de que, para além de falar sobre BD, o Central Comics também fala sobre outros temas, como cinema, videojogos, animação e televisão, entre outros. E se isso será uma vantagem para muitos, também traz as suas desvantagens uma vez que a densa amplitude do conteúdo faz com que a qualidade varie entre artigos. O facto de não se centrar apenas em banda desenhada, pode conquistar outro público, o que é relevante, claro está, mas também tira alguma da especialização que um site com uma longevidade tão grande poderia ter. E talvez isso justifique que as análises a livros de banda desenhada - o conteúdo que considero mais relevante - não são tão frequentes como poderiam ser. A título de exemplo, neste mês de Setembro que agora finda, apenas dois livros foram analisados. São formas de estar que, naturalmente, respeito. Nota positiva para a introdução na equipa de Carlos Maciel e Luís Bernardino, que têm contribuído para a criação de conteúdo pertinente, com as suas boas análises a obras de BD. Uma coisa é certa: não há como negar a relevância do Central Comics para os leitores portugueses de banda desenhada. Respeito muito o projeto.
Crítica construtiva: seria positivo que o maior site sobre banda desenhada em Portugal tivesse mais assiduidade na sua publicação de análises a obras.
Não deixem de visitar:
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Pedro Cleto
Para mim as coisas são muito simples: Pedro Cleto, o autor de As Leituras do Pedro, é uma das mais importantes personalidades da banda desenhada em Portugal. Acho mesmo, pasme-se quem se quiser pasmar, que a sua relevância está ao nível dos mais importantes autores ou editores de banda desenhada de Portugal. E explico porquê: foi - e continua a ser - por causa do Pedro Cleto que o meu gosto pela BD se adensou e refinou, ao longo dos muitos anos de existência do seu blog. E acredito que não aconteceu apenas comigo. Pedro Cleto continua a escrever assiduamente sobre BD para o Jornal de Notícias, coisa que é muito pertinente, já que a imprensa escrita não dá muito destaque à banda desenhada, como sabemos. No seu blog publica essencialmente textos de opinião. A sua escrita é boa, não sendo nem demasiado corriqueira, nem demasiado académica. Para os meus gostos, está perfeita. Além de que há um claro esforço do autor em ser assíduo na publicação de textos de opinião sobre as mais recentes obras editadas em Portugal. Por vezes, também escreve sobre obras estrangeiras, o que é algo bem-vindo. O seu "Calendário de BD", onde, mês após mês, nos apresenta os novos lançamentos destinados a cada mês, é uma paragem obrigatória para mim e para muitos interessados em BD. Mesmo tendo espaço para melhorar, como falarei mais abaixo, continua a ser o meu site preferido sobre BD em Portugal.
Crítica construtiva: por vezes as opiniões do Pedro Cleto, embora bem escritas, parecem-me demasiado latas, falando de características concretas dos livros, mas sem grande envolvimento do autor na qualidade ou não dos livros. E acho que isso pode ser menos bom para o leitor do blog que procura perceber o que comprar e o que não comprar, em detrimento de apenas ficar a conhecer mais algumas características técnico-temáticas de determinada obra. Além disso, acho que o blog poderia melhorar em termos estéticos e de navegabilidade, embora o mesmo tenha recebido, há poucos anos, uma modernização bem-vinda, que até passou a incluir uma caixa de pesquisa. Parece algo simples, mas é fundamental para uma melhor navegabilidade e pesquisa de conteúdo.
Não deixem de visitar:
Sigo quase todos estes sites/canais, todos os dias passo por eles. É de louvar o trabalho de todos, mas acho, sem desmerecer nenhum destes, que estamos muito longe de ter uma real "criação de conteúdo". Talvez o "bandas desenhadas" fosse o que mais perto disso esteve.
ResponderEliminarE acho mesmo que o que falta cá nem é tarefa destes "criadores", que no fundo são amadores de banda desenhada como eu, mas sobretudo dos agentes profissionais que poderiam e deveriam sim, criar conteúdos sobre a matéria com a qual trabalham, que é a BD: editores e livreiros.
Na nossa língua, temos no Brasil vários canais que criam verdadeiros conteúdos, sigo todos também: Pipoca & Nanquim, Quadrinhos na sarjeta, Universo Hq, Fora do plástico, sobretudo estes.
É legítimo haver "influenciadores" mas sinto que falta conteúdo (um vídeo, um texto, uma promoção mais crítica) ao nível daqueles que trazem os livros para o mercado. Não gosto de ver os editores quase fantasmas e incógnitos em paralelo com uma quantidade de "influenciadores". A comunicação também é uma área muito deficiente, as nossas editoras não fazem grande esforço. Aliás, estes criadores fazem bem melhor trabalho do que as editoras, nesse aspeto.
Hey Hugo,
ResponderEliminarAntes de mais, obrigado pelas tuas palavras. É sempre gratificante receber reconhecimento positivo, sobretudo vindo de ti, que és a maior referência de crítica de BD em Portugal. Fico mesmo muito contente.
Quanto à crítica construtiva, tens toda a razão — embora haja uma justificação para isso. Aliás, fiquei bastante surpreendido por teres encontrado o site, até porque eu próprio ainda não o tinha publicitado. 😅
Já ando há vários meses a trabalhar nele e a ideia era só começar a divulgá-lo quando sentisse que estava 100% satisfeito com o resultado. Portanto, nesse sentido, acabaste por fazer, sem querer, um anúncio exclusivo. 😂
E sim, o objetivo é exatamente esse que referiste: criar um espaço onde seja mais fácil reunir e encontrar as minhas opiniões, sem estar dependente das redes sociais, e ainda com a possibilidade de publicar outros tipos de conteúdos.
Quero disponibilizar lá todas as opiniões que já escrevi, mas claro que vai demorar algum tempo até conseguir ter tudo organizado.
Mais uma vez, muito obrigado! 🙏
Viva, Hugo.
ResponderEliminarObrigado pela inclusão do podcast neste top. Mas é um pouco injusto porque... não há site do Pranchas! Ainda tentei, durante umas semanas, na vida anterior do programa, mas revelou-se impraticável.
Obrigado também às críticas que fizeste. Concordo com a documentação (tentamos, mas honestamente até preferiria apenas falar da nossa opinião. Também há datas de coisas que nos chegam que estão erradas, e informações, e etc), bem como a duração das entrevistas (depende dos convidados, sim. Mas agora já parto do pressuposto de que, se a pessoa convidada não tiver muito para dizer, não vou estar a arrastar a coisa.
Só não concordo com a tua preferência em relação ao formato anterior por duas razões, uma mais pessoal e outra mais factual:
- Estava a tornar-se um inferno, para mim, aquele ritmo semanal com 3 ou 4 livros mais uma entrevista. Como os tempos estavam contados, não só tinha de ter entrevistas curtas como escrever todo o programa, e pior era depois a fase da montagem, em que muita coisa tinha de ser deitada ao lixo. Com a quantidade de coisas que faço na Antena 1, aquele formato só poderia continuar caso eu me concentrasse apenas na feitura do programa - o que não é o caso. Esta desformatação foi muito bem vinda para mim por isso, e também porque, se há entrevistas que se arrastam, há convidados que têm muita coisa para dizer - e, assim, têm mais tempo para desenvolver as suas ideias. E também para mim torna-se tudo mais prazeroso.
- Já a razão factual é que os números mostram como este novo formato está a chegar a muito mais pessoas do que o anterior. O lado mais "descontraído", mas mesmo assim sem deixar de ser contundente e polémico, tem levado muitas pessoas fora do universo da BD a descobrirem, e a seguirem, o podcast. Já por várias ocasiões, em eventos, nas feiras do livro ou até a ir a uma loja, vários ouvintes têm-me dito como gostam de nos ouvir (e o Luís também já recebeu esse tipo de feedback). E assim, tendo 15 dias para ler 3 livros para ler para a conversa com o Luís (o que não me impede, se tiver tempo, de ler os dele também), e este formato não escrito mas conversado... fiquei muito mais descansado.
Um abraço e obrigado!
R.A.S.