A opinião dos Editores/Livreiros sobre o Amadora BD

Se a opinião do público é importante para que a Organização de um Festival de Banda Desenhada - ou de qualquer outro tipo de evento - possa tirar as suas conclusões, no sentido de poder melhorar o certame na edição seguinte, também é verdade que, no caso do Amadora BD, a opinião dos editores e livreiros que estiveram no espaço, também é de sobeja importância já que, todos juntos, também são eles que, mesmo não fazendo o evento por si, são pedra fundamental no mesmo. Conheço até muitas pessoas que vão ao Amadora BD com o principal propósito de fazer compras de banda desenhada. Não são caçadores de autógrafos, vêem as exposições mas sem grande interesse e nem sequer assistem a nenhuma das apresentações. A razão é pois uma única: a compra de BD. E é uma razão tão legítima como qualquer outra, diria.

Bem, isto para dizer que, pesando a importância dos livreiros e editores, que através dos seus stands formaram o mercado de venda de bd, decidi falar com todos eles, fazendo-lhes algumas perguntas acerca do evento. A ideia, naturalmente, é tirar deste contributo novas ideias e críticas construtivas, no sentido de, no próximo ano, fazer do Amadora BD um evento (ainda) melhor.

Não vou discriminar o que é que cada editor ou livreiro disse mas sim, resumir de forma global, todos os seus inputs que considerei, aliás, muito pertinentes. E, já agora, de todos os livreiros e editores a quem enviei as minhas questões, mais de 80% respondeu-me. Portanto, diria que estas opiniões acabam por ser bastante representativas da opinião comum de todos os livreiros e editores que estiveram presentes no evento. A eles, deixo o meu obrigado pela receptividade às minhas questões.

Vamos a isso, então:

- Quanto à forma como os editores/livreiros olharam para este evento, e tendo em conta que 1 correspondia a "MUITO MAU" e 10 correspondia a "MUITO BOM", a média das respostas considerou o novo espaço (Ski Skate Parque), em que o evento se realizou, com um 7, bem como atribuiu a mesma nota à organização dos eventos paralelos (apresentações e autógrafos). A comunicação entre a Organização e as bancas recebeu a melhor das notas, por parte dos votantes, com um 8.

As duas coisas que deixaram os editores/livreiros mais insatisfeitos foram a comunicação/publicidade do evento nos meios de comunicação social (média de 6,6 nas respostas) e, principalmente, a qualidade da tenda onde esteve o espaço comercial, que recebeu uma nota média de 5,3.

Quanto ao evento na sua globalidade, a média da nota dada pelos inquiridos foi de 6.3.

Passando a questões mais concretas, pedi aos expositores/livreiros que me indicassem quais tinham sido as coisas que tinham considerado melhores e piores no Amadora BD.

- Quanto ao que de melhor o evento teve, as respostas foram variadas, embora grande parte dos inquiridos tenha afirmado que a própria existência de um evento presencial já tinha sido uma coisa muito positiva, por si só. Além disso, a boa afluência de público também foi bastante comentada, bem como o número de vendas que foi globalmente superior ao de há dois anos. Destaques positivos para as exposições e qualidade das mesmas; para o facto de ser um local luminoso; para a qualidade dos autores convidados; para o melhor estacionamento; para os bons acessos e para a solução do autocarro a circular entre o Ski Skate Parque e as estações de metro/combóio. Outro dos pontos referidos como positivos, por vários inquiridos, foi que a Organização demonstrou capacidade para apoiar os livreiros/editores, ouvir sugestões e alterar coisas que estavam a correr mal, resolvendo assim alguns problemas que iam surgindo.

- Quanto aos pontos mais negativos, há um claro consenso em relação à incapacidade do espaço do auditório, autógrafos e zona comercial. Praticamente todos os inquiridos afirmaram que a tenda montada para o efeito era pequena em dimensão para as várias atividades a que estava destinada. Além de que a tenda também não estava preparada para as intempéries que se fizeram sentir no segundo fim de semana do evento, não conseguindo impedir que a humidade, o vento, e o frio (bem como o calor, quando se fez sentir no primeiro fim de semana) entrassem pelo espaço adentro. Também foi referido que os espaços comerciais eram demasiado pequenos em dimensão e que a sonorização dentro do pavilhão era fraca porque, quando decorriam sessões, o barulho era muito e havia dificuldade na comunicação com clientes, por parte dos livreiros/editores. Por último, foi considerado que as casas de banho eram em número insuficiente e muito distantes do espaço de venda.

Depois, inquiri também os livreiros e editores sobre as sugestões que os mesmos têm para poder melhorar o evento no futuro. Algumas das sugestões foram semelhantes entre si. 

Elenco-as aqui:

- é necessário construir um pavilhão de raiz para a área comercial. Se não for possível para o próximo ano, então tem que se aumentar e melhorar muito a qualidade da tenda;

- são necessárias mais casas de banho e que as mesmas sejam mais bem espalhadas pelo local;

- é necessária mais uma caixa multibanco na zona comercial;

- devido ao possível mau tempo, é necessária a colocação de toldos exteriores, que protejam da chuva ou do sol;

- embora a maioria dos inquiridos tenha gostado que o espaço de autógrafos, zona comercial e auditório estivessem todos centralizados, foi referido por muitos que deverá haver uma melhor separação entre o auditório e as restantes zonas, para que, desta forma, haja uma melhor circulação neste espaço e se possam melhorar as condições acústicas e de imagem do auditório;

- é preciso fazer-se uma melhoria na sinalização e nos acessos, incluindo, também, os acessos para cargas e descargas;

- deverão estar disponíveis mais autocarros e com maior regularidade, que façam o percurso estação de comboio/metro para o evento, com boa sinalética nas paragens e bem divulgados;

- a zona de restauração também deve ser bastante aumentada e mais abrigada;

- deverá ser feita uma passagem direta (ou ligação coberta) entre os pavilhões;

- é necessário repensar a cerimónia de entrega dos Prémios, passando esse evento para o próprio espaço do festival e para a noite de quinta-feira, de forma a que as editoras possam aproveitar o impacto dos prémios em termos de vendas.

- a gestão de agendas dos autores e dos eventos precisa de ser melhorada, para que não existam sobreposições;

- um dos editores referiu também que deverá haver uma restrição quanto ao número de exemplares autografados por pessoa para que, dessa forma, não existam pessoas sem ter a oportunidade de ter um único autógrafo;

Por fim, a grande globalidade dos inquiridos manifestou vontade de participar novamente no próximo ano.

Que se tirem todas as conclusões e (boas) ideias para melhorar o Amadora BD!