quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

À Conversa Com: Ala dos Livros - Novidades para 2022!


Hoje trago-vos as novidades da editora Ala dos Livros que prometem ser, mais uma vez, de forte relevância para os amantes da banda desenhada franco-belga. 

Estive à conversa com Ricardo M. Pereira, meu amigo, que me revelou que, para além da continuação das excelentes séries Undertaker, Wild West e Mattéo, é esperado um novo livro de Luís Louro - que promete ser um passo em frente no catálogo do autor - e uma nova aposta da editora em autores nacionais com Co.Br.A - Operação Goa, da autoria de Marco Calhorda e Daniel Maia.

Há ainda a boa notícia de duas novas apostas da editora: a Ala-infantil e a Ala-ficção, das quais ainda não foi muito revelado mas que, a meu ver, podem vir a ser duas iniciativas a louvar.

Deixo-vos com a entrevista, mais abaixo.


Entrevista

1. Qual é o balanço que fazes do ano de 2021, relativamente à Ala dos Livros? Com o regresso dos eventos presenciais podemos falar de um regresso à normalidade ou, ainda assim, ainda consideras um ano muito atípico?

Foi um ano de adaptação a vários níveis. Queremos de facto voltar todos à “normalidade” o mais depressa possível e parece que o início de 2021 foi há muito tempo, mas não foi. O primeiro semestre continuou marcado pelo confinamento, pelo fecho das escolas, pelas livrarias fechadas e pela incerteza geral.

Considero que foi um ano em que tivemos de nos continuar a adaptar à dita “nova normalidade” que ainda estamos a perceber o que será.


2. A editora viu-se forçada a passar para 2022 alguns livros que estavam inicialmente previstos para 2021? Quais?

Não fomos “forçados a adiar”. Na verdade, publicámos mais títulos do que em qualquer um dos anos anteriores. Continuámos a fazer opções face à incerteza geral e não editámos tantos títulos como inicialmente tínhamos pensado (e até anunciado). Little Tulip é um desses exemplos.


3. Mesmo admitindo que ainda não tenhas dados finais, qual foi o vosso campeão de vendas de 2021?

Sinceramente, ainda não sei. Temos muitos livros colocados e as devoluções de março é que ditam os números.

Mas no nosso site vendemos muito bem o Mercenário, O Burlão nas Índias (também a edição colecionador) e o Corvo – Inimigos Íntimos. Também o Relatório de Brodeck – que não pode ser considerado um livro fácil em termos de vendas - está a ter bons resultados junto dos leitores e pontos de venda.


4. E qual o livro em que as vendas ficaram aquém do esperado?

Os Covidiotas. Provavelmente por questões de conjectura. Fizemos a distribuição em quiosque assim que este canal foi reaberto depois do confinamento de início do ano e a verdade é que, talvez porque foi distribuído logo no início do “desconfinamento” e a confusão era geral, correu abaixo do que esperávamos. Até porque é um título ideal para este canal. De qualquer forma em termos de vendas directas e nos canais tradicionais teve resultados em linha com os outros títulos. E o segundo volume sairá em breve.


5. 2021 foi o ano inaugural para o prémio de BD Jorge Magalhães (referente ao ano editorial de 2020). Como consideras que correu esta iniciativa? E que planos tens para o futuro em relação à mesma?

O Prémio JM pretende apenas chamar à atenção para o parente da BD cuja importância tende a ser esquecida: o argumento. Geralmente fala-se num bom desenho e é bom que se comece a falar numa boa estória. E porque não numa boa tradução? O prémio é para continuar, é evidente, e para além do troféu físico - que realizámos e entregámos ao vencedor – e dos autocolantes, contamos poder um dia associar um valor monetário ao prémio.


6. Que obras tem a Ala dos Livros agendadas para lançar durante o primeiro semestre de 2022?

Para surpresa de muitos ou de alguns, falei sobre isso no Amadora BD em que fizemos uma introdução ao plano editorial para 2022. Como disse, vamos dar prioridade à continuação das séries que temos no catálogo.

Vamos ter a reedição do tomo 1 do Blacksad, numa colecção à altura da qualidade desta série. Também vamos dar continuidade à série Mercenário - já no início do ano-, e prosseguir com as séries Wild West, Undertaker e Mattéo.

Também já foram badaladas algumas obras de autores portugueses que estão em produção. Continuaremos a reforçar o “Louroverso”, com um novo álbum do Luís Louro que acho irá dar que falar.

Blacksad #1 - Algures Entre as Sombras

O Mercenário #2 - A Fórmula

O Mercenário #3 - As Provas

Wild West #2 - Wild Bill

Undertaker #3

Mattéo - Quinta Época

Os Covidiotas #2 - Segunda Vaga

Novo Álbum de Luís Louro ainda sem título conhecido



Co.Br.A - Operação Goa (ainda sem capa conhecida)


7. E para o segundo semestre? Podes levantar o véu em relação a alguma(s) obra(s)?

Não fazemos distinção entre primeiro e segundo semestre. Muitas vezes fazemos ajustes em função das oportunidades contratuais que nos surgem. Uma coedição de um lançamento mundial, por exemplo, pode fazer-nos alterar uma planificação inicial. Portanto, algumas das obras que indiquei anteriormente em resposta ao primeiro semestre podem espalhar-se ao longo de 2022. Por outro lado, só no início do ano é que teremos uma melhor perceção da progressão que os custos da matéria prima e dos transportes irão assumir ao longo do ano. Isso é importante para definirmos investimentos e neste momento há muitas incertezas. Assim, dizer-te em dezembro o que vamos fazer em setembro parece-nos prematuro. Além disso, e sabendo que estamos sempre presentes nas negociações pelos títulos de referência, desvendar muito mais ia tirar trabalho ao pessoal que anda sempre a procurar quais as obras que já foram contratadas para Portugal…

O que te posso dizer é que em 2020 publicámos 10 títulos e em 2021, apesar de todas as contingências, publicámos 14 álbuns de BD nos quais se incluem o início de uma série com 14 álbuns, uma série icónica como Blacksad e pelo menos 4 álbuns que são por muitos considerados dos melhores que este ano se publicaram em Portugal. Não foi coisa pouca…

Em 2022, contamos inaugurar a Ala-infantil e a Ala-ficção, por exemplo, e esperamos que este crescimento se mantenha de uma forma sustentada.

Little Tulip

Don Vega

Eu, Mentiroso


12 comentários:

  1. Infelizmente não vejo, tanto na Ala dos Livros com na Arte de Autor grandes motivos para entusiasmo (por enquanto...). Mantêm-se as linhas existentes e dá-se continuação a séries em publicação, com poucas ou nenhumas surpresas. Continuo a dizer que as editoras precisam de apostar mais em títulos diferenciados (Relatório de Brodeck...) e fugir um pouco às linhas tradicionais com que geralmente trabalham. Precisamos também de mais autores de outras latitudes, ou seja, mais variedade... Estou, igualmente, curioso em relação às duas novas chancelas (Infantil e Ficção) anunciadas pela Ala dos Livros. Espero que venham por aqui grandes títulos e grandes autores.

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    1. Caro António, compreendo a ideia de que, nem a Ala dos Livros, nem a Arte de Autor, têm, neste início de 2022, sugestões muito arrojadas ou diferenciadas. No entanto, e olhando para o copo meio cheio, também é verdade que é muito positivo que ambas as editoras continuem a editar as (boas) séries que iniciaram em 2020 e em 2022. Se há coisas más que eu não gosto de recordar na edição de banda desenhada em Portugal, foi a enorme quantidade de séries que foram deixadas a meio ao longo dos anos. O paradigma parece estar a mudar. As editoras estão focadas em terminar as séries. Depois de terminadas, poderão então, quiçá, apostar em coisas diferentes. Veremos.

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  2. Também gostaria de ver BD alemã, russa, chinesa, sueca, chilena oubsul africana, mas não estou certo se se iria enquadrar com alguma editora já existente em Portugal. Fico no entanto muito satisfeito por ver surgir uma linha infantil, e curioso por ver o que nela será editado. Desejos de óptimo (com p porque ainda sou desse tempo) 2022 :)

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    1. Pois, é isso, caro Véte! Infelizmente, ninguém ficará totalmente realizado com a bd que se vai lançando por cá. Mas, como tu dizes, e bem, as apostas das editoras também têm que vingar. Senão o negócio torna-se insustentável. Sim, também estou curioso com a linha infantil. Um bom ano 2022 para ti, também! Abraço.

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  3. Luís Verso?
    Quem é esse tipo? 🤣🤣🤣

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    1. Ahahahahah! Ups! Erro meu! Mas já corrigi para não induzir ninguém a erro! Obrigado pelo reparo!

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  4. Obrigado por este trabalho de ir falar com as editoras, é bom ver que a pandemia não está a fazer este mercado parar.

    Esse Don Vega, pela capa e algumas páginas disponiveis online, parece interessante. Veremos a edição que nos chega!

    Vai também entrevistar alguém da Gradiva? Tinha curiosidade de saber se vão ter uma continuação do Gus, ou se terei de importar...

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    1. Muito obrigado pelas simpáticas palavras. Concordo que o Don Vega me parece uma obra muito, muito interessante. Quanto à série Gus, já sei que, infelizmente, foi descontinuada. Não consegui falar com ninguém da Gradiva mas, entre hoje e amanhã, conto fazer um artigo sobre as novidades já conhecidas da editora.

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    2. Obrigado pela informação. São más noticias, que vão servir para me fazer pensar duas vezes da próxima vez que houver um lançamento da Gradiva que me interesse…

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    3. Pois... eu compreendo essa situação de desconfiança perante o início de uma nova coleção. Contudo, também é verdade que é a única série que a editora vai descontinuar. As outras mantêm-se vivas.

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  5. É pena não referir (a Ala dos Livros) sobre a publicação do término da obra "Os Passageiros do Vento - Tomo 9 - O sangue das Cerejas (Livro 2)" do Bourgeon

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    1. Bem lembrado! Mas embora eu não tenha obtido essa informação por parte do editor, estou com 99% de certezas que a o livro 2 de O Sangue das Cerejas será terminado. Senão este ano, pelo menos no próximo.

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