Paulo Monteiro, um dos autores mais conceituados da banda desenhada nacional editou, recentemente, em conjunto com a Associação Cultural Fialho de Almeida, uma pequeníssima banda desenhada, em tom de biografia, sobre Fialho de Almeida.
Este pequeno livro marca o regresso do autor ao lançamento de banda desenhada.
Fialho de Almeida, nascido em 1857, foi uma figura de relevância do Alentejo, tendo exercendo medicina mas com a sua grande paixão a ser a escrita, que fazia para textos jornalísticos, de literatura ou em traduções. Sendo portador de uma enorme consciência social, coisa rara no seu tempo, foi um acérrimo crítico dos Governos portugueses. Quer fossem levados a cabo pela monarquia, quer se tratasse do novo regime republicano que acabou mesmo por ameaçar Fialho de Almeida com o exílio. No fundo, Fialho de Almeida foi um autêntico enfant terrible. Que punha a mão na ferida, não tendo medo de dizer verdades inconvenientes.
Esta é uma banda desenhada cujo objetivo máximo será o de homenagear Fialho de Almeida traçando, num tom fácil e direto, os principais eventos da sua vida. É claro que tudo acontece de forma muito rápida, fazendo falta, a meu ver, pelo menos para que a leitura se tornasse mais marcante para um adepto clássico de banda desenhada, uma maior contextualização, um maior desenvolvimento das personagens e, acima de tudo, um maior número de páginas. No entanto, convém deixar claro que este não é um livro que procura chegar aos leitores clássicos de banda desenhada – embora esse seja sempre um efeito colateral bem-vindo, diga-se – mas sim, o de chegar àqueles que se possam interessar pelo objeto de estudo do livro que é a vida de Fialho de Almeida.
Por esse motivo, também é expetável que este livro tenha um cunho educativo para que os mais novos – mas não só – possam conhecer, de forma direta, rápida e generalista, quem foi esta personalidade.
Neste livro a preto e branco, temos o estilo de ilustração a que Paulo Monteiro já nos habituou. Elegante, "cartoonesco" e com um cunho de Portugalidade que é raro encontrarmos noutros autores. Talvez por isso, a sensação de pertença me cause sempre bastante prazer ao observar os seus desenhos. E, pela mesmíssima razão, também é por isso que este livro sabe a pouco. Eu queria mais!
A edição, em revista agrafada, revela, também, o tom mais de suporte de apoio a um museu ou às atividades da associação cultural, do objeto-livro. Como se fosse uma brochura educativa com o intuito de traçar um breve perfil da vida e obra de Fialho de Almeida. No final do livro, há duas páginas dedicadas a uma biografia cronológica de Fialho de Almeida.
Em suma, são apenas 11 breves pranchas de banda desenhada, mas que servem, acima de tudo, para matarmos saudades do trabalho de Paulo Monteiro, enquanto aguardamos pelo lançamento de um livro com maior fôlego, em termos de história e de número de páginas, por parte do autor. Até lá, podemos relembrar o seu trabalho fantástico através da reedição recente, por parte da editora Polvo, de O Amor Infinito que te tenho e outras histórias.
NOTA FINAL (1/10):
5.8
Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020
-/-
Fialho de Almeida – Um Homem Sem Medo
Autor: Paulo Monteiro
Editora: Edição Independente (Associação Cultural Fialho de Almeida)
Páginas: 24, a preto e branco
Encadernação: Revista agrafada
Lançamento: Junho de 2021
Sem comentários:
Enviar um comentário