Mário Freitas, autor, editor e dono de uma famosa loja de banda desenhada, a Kingpin, prepara-se para fazer história na banda desenhada portuguesa!
O autor acaba de anunciar que irá lançar, no final deste mês, a banda desenhada A Polaroid em Branco. Trata-se de uma curta de banda desenhada, com 16 páginas, na qual o autor assegura o argumento e a ilustração da obra. Bem, na verdade, para a questão dos desenhos, Mário Freitas fez-se valer de um software de banda desenhada (Inteligência Artificial) que o ajudou a chegar às ilustrações pretendidas para a sua história!
E isto, meus caros, é um momento histórico na bd portuguesa. Eu próprio tenho vindo a acompanhar o tema destas "plataformas" (chamemos-lhes máquinas porque são isso que elas são) que desenvolvem os desenhos com base nas especificações que os humanos lhes dão, através dos chamados prompts. Isto é, eu peço à máquina que me desenhe, por exemplo, um rapaz com sardas a andar de bicicleta, por um caminho de terra lamacento, com moinhos ao fundo, na paisagem, e um céu cinzento, onde há corvos a esvoaçar... e, pasmem-se, é isso que a máquina vai desenhar. E não o faz de forma arcaica ou simplória mas sim, de forma muito bem desenvolvida. Como se o desenho parecesse ter sido desennhado pelo mais profissional e virtuoso ilustrador.Sei também que já vários álbuns de banda desenhada foram lançados por esse mundo fora com base nestes softwares. São vários os softwares que estão a surgir mas diria que o Midjourney e o DALL-E me parecem ser os mais empolgantes. Porém, em Portugal ainda ninguém lançou um livro construído desta forma. Até este A Polaroid em Branco.
A questão destes softwares que desenham através de Inteligência Artificial tem levantado algumas "vozes contra", devido a ser um desenho que não é bem feito pelo homem. Bem, se querem que vos seja sincero, não acho que seja isso o que está no cerne da polémica. O que está a causar algum desconforto para muitos, é a qualidade anormalmente boa das ilustrações que estes softwares debitam. Tenho um amigo designer que já me disse: "Isto são boas e más notícias. Por um lado, é excelente que a inteligência artificial tenha evoluído de tal forma. Por outro lado, talvez eu venha a perder o meu emprego enquanto designer daqui a alguns anos." Ora, se o output destes softwares fosse "fraquinho", estas plataformas não criariam qualquer celeuma, estou certo.Mas como os desenhos que estas máquinas desenvolvem são magistralmente bem desenvolvidos, claro que há desconforto e problema para muitos que os condenam.
Eu acho que, como tudo na vida, há várias vantagens e desvantagens. No entanto, e aproveito para fazer uma confissão aos que me lêem, eu mesmo já comecei a planear uma história de banda desenhada com o recurso a estas ferramentas e posso dizer-vos que não é tão fácil como pode parecer. Uma história de banda desenhada precisa de uma sequência visual - ou não fosse por isso denominada de "arte sequencial" - e boas sequências ainda são coisas complexa de conseguir fazer através da inteligência artificial. Mas não há impossíveis, claro está.
Bem, mas seja como for, e ainda sem ter visto o seu livro, queria aproveitar para fazer uma vénia ao Mário Freitas, pois considero que este seu lançamento é verdadeiramente pioneiro e histórico para a banda desenhada portuguesa. Mário merece os meus parabéns por estar sempre um passo à frente. E sempre ao serviço da banda desenhada.
Abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas páginas promocionais.
Abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas páginas promocionais.
A Polaroid em Branco, de Mário Freitas
Uma decisão tomada a quente revela-se o inesperado gatilho para momentos de verdadeira angústia e incerteza. Será, porém, uma fada de modos bruscos e um peculiar bigode a chave para o enigma da Polaroid em Branco?
7 anos depois do premiado "Fósseis das Almas Belas", Mário Freitas regressa à escrita a solo, com a primeira BD portuguesa ilustrada com o auxílio de Inteligência Artificial.
A Polaroid em Branco marca também a estreia do selo Mário Breathes Comics, da Kingpin Books, com histórias escritas em exclusivo pelo editor/autor.
Lançamento previsto para o Amadora BD 2022, no final de Outubro.
Lançamento previsto para o Amadora BD 2022, no final de Outubro.
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Ficha técnica
A Polaroid em Branco
Autor: Mário Freitas
Editora: Kingpin Books
Páginas: 16, a cores
Formato: 16,5 x 23,5 cms
《Jamais indiferente do que de mim diziam, coagitava amiúde que mudanças fazer ao meu visual》
ResponderEliminarEu coagito, tu coagitas, vós coagitais... mas amiúde!