sexta-feira, 4 de julho de 2025

Antologia de BD "António Arroio" está de volta!



É já amanhã, no Museu Bordalo Pinheiro, pelas 15h00, que é apresentado o novo volume do fanzine de BD António Arroio!

Depois de um quarto volume muito interessante, com a presença de alguns autores nacionais de renome, é agora lançado o 5º número da série!

Mais abaixo, deixo-vos com a nota de imprensa e com algumas informações sobre o projeto.


Fanzine de BD - António Arroio Nº 5, de Vários Autores

Será no próximo dia 5 de Julho, pelas 15 horas que o Museu Bordalo Pinheiro irá receber a apresentação do volume 5 da coleção de banda desenhada "A António Arroio". 

Este evento terá ainda a habitual sessão de autógrafos com os vários autores. 

O novo volume desta coleção é maioritariamente preenchido pela continuação de histórias do volume 4, realizadas por alunos da Escola Artística António Arroio, registando-se ainda a participação de autores e professores como Ricardo Cabral, Nuno Plati, Vasco Parracho e Francisco Caldas. Entre as novas participações, destaque para Ricardo Venâncio, autor internacional de BD e ex-aluno da escola.
Este volume conta ainda com a colaboração de outros ex-alunos que já iniciaram um percurso na nona arte e que participaram ainda no 1.º volume desta coleção, como é o caso de Patrícia Furtado e de João Gil (autor da capa).
Esta edição ainda teve espaço para entrevistas e algumas histórias selecionadas do fanzine da escola "50x25", premiado pela Porto Editora em 2024 no concurso "50 anos do 25 de Abril" . Esta colecção teve o financiamento do PNL 2027 , todos os volumes ainda podem ser adquiridos neste evento e estão à venda online através do email: movimento1420@antonioarroio.edu.pt apenas durante o período de atividade letiva.

As novidades de BD da ASA para o segundo semestre de 2025!


Hoje dou-vos a conhecer as novidades de banda desenhada que a editora ASA tem preparadas para a segunda metade do ano 2025!

E, meus caros, fica bem assente que a banda desenhada se mantém uma aposta séria por parte da editora pertencente ao grupo editorial LeYa.

Entre os vários livros que podemos esperar da editora para este semestre que agora iniciamos, o principal destaque vai para o próximo livro de Astérix. Qualquer livro de Astérix é sempre digno de nota, mas este, que é ambientado em Portugal (na Lusitânia), reveste-se de mais importância, ainda!

Para além disso, a editora prepara-se para lançar a coleção integral de Tintin, sendo que o primeiro volume integral deverá chegar-nos já em Novembro!

Teremos ainda mais um lançamento de Panaccione (autor dos fantásticos Um Oceano de Amor ou Alguém Com Quem Falar) e o regresso de Alix Garin (autora de Não Me Esqueças) com o seu mais recente trabalho que, em 2025, constou na seleção oficial de Angoulême.

Sem mais delongas, eis as novidades da ASA para o segundo semestre de 2025:

quinta-feira, 3 de julho de 2025

Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman

Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman
Tenho tanto para escrever sobre O Meu Irmão, uma das mais recentes obras publicadas pela editora Ala dos Livros - obra que se assume, facilmente, como um dos grandes livros de banda desenhada de 2025 - que este artigo terá que ser, forçosamente, um artigo diferente de todos os outros que faço aqui no Vinheta 2020.

Bem, se querem uma análise à obra, podem encontrá-la aqui, pois já analisei o livro, por altura do seu lançamento oficial em França, pela editora Casterman. Depois de reler a obra na sua edição portuguesa, dei por mim a reler também o texto que escrevi aqui previamente para o blog.

Nessa altura, também não pude, obviamente, ficar indiferente a tão fantástica obra, deixando até o seguinte apelo "quanto tempo passará até que uma editora portuguesa aposte neste livro maravilhoso?" e concluí afirmando que "esta obra traz consigo uma das leituras mais comoventes e emocionantes que fiz nos últimos anos e que, indubitavelmente, merece ser publicada por cá. (...) é um livro demasiado bom para que a aposta não seja feita. Formidável!"

Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman
Dessa altura para cá, mantenho a opinião de que estamos perante um livro obrigatório, que todos deveriam ler, que nos toca no âmago do nosso ser e que é exemplo claro do quão profunda, bela e enriquecedora pode ser uma obra de banda desenhada. Portanto, talvez nada tenha mudado sobre a minha perceção sobre a obra.

Ou talvez tenha mudado algo. Mas para melhor.

O que me leva a outra questão que quero aqui abordar: o tema da tradução, da obra traduzida. Há uma corrente de pensamento que refere que quando lemos uma obra na língua original em que esta foi feita, estamos a saboreá-la, a degustá-la e a conhecê-la "como deve ser". Da forma mais correta. Concordo e discordo com esta afirmação. Concordo porque, de facto, é verdade que não há um intermediário - na pessoa de um tradutor - que possa alterar/adulterar a obra, desvirtuando-a. É, pois, o estado mais puro de mergulharmos na obra. Certo. Por outro lado, discordo no sentido em que uma boa tradução - como é o caso daquilo que acontece neste O Meu Irmão - permite-nos um mergulho menos condicionado pela questão linguística da obra.

Explico.

Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman
A maioria das pessoas - excetuando da equação, e desde já, todos aqueles que têm "fluência total" de mais do que uma língua, - tem uma língua materna, uma língua em que pensa e sonha, que lhe é inata. E mesmo que essas pessoas saibam outras línguas por as terem praticado ou aprendido em contexto letivo, profissional ou lúdico, conhecem e dominam melhor, ainda assim, a língua materna. Ora, quando lemos noutra língua que não a nossa língua materna, estamos sempre a associar os vocábulos de uma língua para a outra, fazendo a transição mental entre uma e outra língua. É claro que quanto mais praticarmos ou conhecermos a língua estrangeira, mais natural e fluído será este processo. Mesmo assim, é um processo que existe sempre.

Ora, os meus conhecimentos da língua francesa são bastante limitados. Diria que compreendo uma grande percentagem - quase tudo - daquilo que leio em francês, mas não serei tão bom a decifrar a língua na oralidade e, muito menos, a exprimir-me em francês. E refiro isto porque, no caso em questão, compreendi toda a obra Le Petit Frère em francês, claro, até porque o texto nem é particularmente difícil ou técnico. No entanto, depois de ler a obra em português, não tenho dúvidas de que pude mergulhar melhor na mesma. Como não tive necessidade de fazer a tal transição entre vocábulos de uma língua estrangeira para a minha língua materna, pude mergulhar de forma mais natural, mais fluída e mais genuína na leitura.

Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman
E por que razão falo desta questão da tradução neste artigo dedicado a O Meu Irmão? Bem, por um lado, para referir que, de facto, é muito importante que haja em Portugal obras traduzidas para a nossa língua mãe, por muito fluentes que sejamos - ou que achemos que somos - em línguas estrangeiras. Até porque isso permite que a obra possa chegar a mais gente, o que é benéfico para o próprio setor. 

Por outro lado, ler a obra em português permitiu-me gostar ainda mais dela. Na análise que fiz à obra, que considerei praticamente perfeita, com uma nota de 9.8 em 10.0, considerei que o único ponto menos positivo da mesma era que, de alguma forma, a história da morte, velório e outros trâmites associados aos mesmos fossem contados em demasiadas páginas. Na altura, escrevi: "Se há algo que posso criticar de forma menos positiva é que, enquanto lia a obra, fiquei com a ideia que a mesma poderia ser contada em 200 páginas, em vez de 344 páginas. Com efeito, até me pareceu que Jean-Louis Tripp estava a “puxar a barra” dramática em demasia." Ora, hoje em dia, e depois de lida a obra em português, e embora concorde com todo o resto que escrevi, discordo deste ponto em concreto do livro ter demasiadas páginas. Foi por ler em português que consegui mergulhar mais densamente na história e, atualmente, acho que, sim, todas aquelas 344 páginas eram necessárias.

Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman

É um livro fantástico, que nos toca no fundo e que pode mudar uma vida. A minha, mudou, sem dúvida. Perder um ente querido completamente saudável num acidente de viação obriga a família a um inesperado e doloroso luto que deixa marcas ao longo de toda a vida. E, infelizmente, as mortes em acidentes de viação são algo que se mantém presente nos nossos dias, fazendo com que este tipo de histórias se tornem em algo universal e presente. Ainda hoje, no dia em que vos escrevo, foi tornada pública a morte dos futebolistas Diogo Jota e André Silva num acidente de viação, o que faz com que a reflexão que O Meu Irmão nos traz, ressoe ainda mais. 

Sim, considero O Meu Irmão, um livro: 

NOTA 10.0 em 10.0.

Para isso, também contribui a fabulosa edição da Ala dos Livros!

Há que o dizer: há algumas editoras em Portugal - e, sem desprimor para as demais, a Ala dos Livros consegue ser o melhor exemplo disto - que fazem melhores edições para Portugal do que as edições originais francesas.

A edição de O Meu Irmão supera, a todos os níveis, a edição original da editora Casterman.

E é por isso que este artigo também é um comparativo.

Como se não bastasse o cuidado com que as edições da Ala dos Livros são feitas, para este livro em específico ainda se juntou o nome de Mário Freitas que com todo o seu perfeccionismo e conhecimento, contribuiu para que a legendagem, grafismo e design de capa fossem muito bem trabalhados.

Comecemos então por isso, pela capa.

Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


A edição portuguesa da obra apresenta uma capa diferente da capa original. Pessoalmente, prefiro a opção portuguesa que é mais equilibrada em termos visuais, permitindo que o título não seja apresentado em letras tão garrafais como na edição original da obra, embora seja, ainda assim, bastante legível e chamativo. 

A própria colocação da imagem das duas mãos que se separam é uma visão constante ao longo da obra e, portanto, coaduna-se muito bem.


Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


Ao contrário da edição da Casterman, que apresenta capa mole com badanas, a edição portuguesa do livro oferece capa dura baça, com um material muito suave ao toque e ainda com detalhes a verniz. 

A lombada é em tecido e o livro ainda apresenta uma elegante fita marcadora. Uma edição de luxo e de colecionador, sem dúvida.


Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


Outro detalhe deve ainda ser referido sobre a lombada do livro. O simples facto da obra ser bastante densa faz com que o livro seja espesso. Eu tenho sempre um grande cuidado no manuseamento dos livros e, ainda assim, como podem ver na imagem acima, a lombada do meu livro francês ficou com bastantes fissuras. 

Ora, na edição em capa dura isso não vai certamente acontecer. E a opção por uma lombada arredondada em detrimento de uma lombada plana, também dá mais consistência ao livro.


Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


Em termos de papel utilizado, ambos os livros são bastante bons. O papel é baço, de boa textura e qualidade, o que encaixa bem no tipo de ilustração do autor e no próprio teor da obra. 

Mesmo assim, a edição portuguesa acaba por beneficiar a obra ao permitir que o formato, que é superior, possibilite uma maior mancha de impressão e consequentes vinhetas de maior dimensão.

A leitura sai beneficiada, portanto.


Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


Em termos de cores, a edição portuguesa é extremamente fiel à edição original, sendo difícil encontrar diferenças entre um e outro livro.


Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


O tipo de letra utilizado, não sendo exatamente o mesmo do da obra original, é-lhe muito fiel, e tem a dimensão e colocação perfeitas. Nada a objetar também, portanto.


Comparativo: "O Meu Irmão" pela Ala dos Livros e pela Casterman


Ora, feitas as comparações mais diretas entre os dois livros, falta ainda mencionar que a edição portuguesa traz oito páginas adicionais de conteúdo extra, nomeadamente, uma página com a ilustração e arranjo gráfico da capa da edição original; outra com uma biografia de JeanLouis Tripp; e um belo texto, em estilo de reportagem sobre a feitura do livro, que se espraia por seis páginas. 


Este texto é útil para aprofundar o tema contido na obra e, ao mesmo tempo, é acompanhado de alguns belos desenhos retirados da história, que o tornam muito apelativo. É um complemento simples, mas bem-vindo e que, mais uma vez, ajuda a que a edição portuguesa supere a edição francesa da obra.



Em suma, reitero que este O Meu Irmão é um dos livros do ano, uma obra obrigatória a conhecer, que nos amargura por dentro, que nos faz sentir raiva e que persiste na nossa memória ao longo de uma vida. Como se já não fosse maravilhoso que esta obra fosse publicada em Portugal, a Ala dos Livros ainda teve o mérito de apostar numa edição de luxo, onde tudo é pensado ao pormenor, superando em todos os quadrantes a edição original da francesa Casterman.

Se este livro ainda não foi comprado por aquele que me lê neste texto, o meu conselho é simples e taxativo: faça um favor a si mesmo e acrescente este livro à sua estante.




Devir lança mangá que conta a história recente do Japão!



Já está disponível uma das grandes apostas da editora Devir para este ano que dá pelo nome de Showa - Uma história do Japão e que é da autoria do autor  Shigeru Mizuki!

Este mangá histórico - e destinado a um público transversal - é uma obra em 4 volumes. Este primeiro número, que chega agora às livrarias, conta com mais de 500 páginas!

O que é mais interessante é que, além de narrar a história contemporânea do Japão, a obra também permite uma perspetiva bastante pessoal e autoral, ao ter uma abordagem autobiográfica.

Eis um livro que merece todas as atenções e mais algumas!

Mais abaixo, deixo-vos com a sinopse da obra e com algumas imagens promocionais.

Showa - Uma história do Japão (1926-1939) #1, de Shigeru Mizuki

A Era Showa, que foi dos mais turbulentos e transformadores períodos da história do Japão, teve início em 1926 e durou até ao final do séc. XX.

Nesta obra em quatro volumes, Shigeru Mizuki usa a sua própria vida como pano de fundo para relatar os acontecimentos políticos e sociais da época. Através de uma perspectiva intimista e original, o autor explora como os eventos históricos afetaram a população japonesa, os efeitos devastadores da II Grande Guerra, a ocupação americana e a transformação económica e social que moldaram o Japão moderno.

Showa é mais do que uma biografia ou um simples relato histórico. É uma reflexão profunda sobre o Japão, relevante para todos os interessados na história do país, contada de uma forma visualmente impactante e emocionalmente rica, por um dos maiores mangaká contemporâneos.

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Ficha técnica
Showa - Uma história do Japão (1926-1939) #1
Autor: Shigeru Mizuki
Editora: Devir
Páginas: 528, a cores e a preto e branco
Encadernação: Capa mole com sobrecapa
Formato: 17 x 24 cm
PVP: 30,00€