E se ontem iniciei estas conversas, com os editores portugueses, a propósito daquilo que podemos esperar do segundo semestre, em termos de lançamentos de nova banda desenhada, hoje é dia de falarmos com Mário Freitas, da Kingpin Books.
Sendo verdade que, ultimamente, Mário tem reduzido bastante o seu ritmo de lançamentos de nova banda desenhada, especialmente se recordarmos a grande quantidade de banda desenhada que, há uns anos, o autor/editor lançava, também não deixa de ser verdade que Mário tem continuado ativo no universo da banda desenhada nacional. E, com efeito, são vários os projetos em que o mesmo se encontra a trabalhar neste momento. Por isso, além de falar em alguns dos livros que se prepara para (re)lançar, Mário Freitas levanta o véu, embora de forma tímida, acerca dos seus vários projetos.
Não deixem de ler a entrevista, mais abaixo.
Entrevista
1. Agora que voltámos a uma certa normalidade, semelhante à que vivíamos em 2019, sentes que isso está a ter um impacto positivo em relação às vendas da Kingpin enquanto loja?
Sim, sem dúvida, mas isso deu-se logo a partir de Maio do ano passado, em que senti imediatamente as pessoas com sede de sair, de consumir, diria até de viver.
2. Sei que, em termos de edição, e por razões já por ti enumeradas na última conversa que tivemos, nos últimos anos tens-te focado mais na loja Kingpin do que na edição de nova banda desenhada. Mesmo assim, e porque, bem sabes, já tens um belo legado de edição nacional, pergunto: imaginas que esta situação se possa alterar num futuro próximo ou consideras que os "dias de editor" deverão manter-se num segundo e menos assíduo plano da tua vida?
Editar menos não significa dar menos importância à edição, pelo contrário, até. Ter menos projectos concorrentes permite-me dar ainda mais atenção ao detalhe de cada um deles e, diga-se o que se disser a meu respeito, essa enorme atenção ao detalhe editorial ninguém me pode negar.
Dito isto, vou anunciar em breve uma série de projectos, pensados já a um e dois anos; coisas mais pequenas que me permitirão colaborar com vários desenhadores e ver as coisas mais depressa cá fora. Sofro de enorme impaciência, isso não há tempo nem idade que cure.
3. Mesmo assim, sei que tinhas alguns projetos pendentes. O lançamento do segundo volume de Kong, The King, de Osvaldo Medina; a reedição, em inglês, de Milagreiro, de André Oliveira; e a reedição integral de A Fórmula da Felicidade. Bem como dois trabalhos teus, enquanto argumentista, em dois novos projetos. Pergunto: em que estado estão todos estes projetos?
Todos a andar. O Kong 2 e o Miracle Worker estão prontos e serão lançados em Outubro, contando ambos também com edições polacas da Timof. E A Fórmula integral está do lado do Nuno Duarte, que está a dar um retoque nos diálogos e a traduzi-los para Inglês.
Os meus projectos pessoais já não são dois, passaram a cinco, sendo que um ou dois deles talvez possam sair até final do ano. Estão todos a andar, repito, mas escrever bons guiões dá muito trabalho.
Há uns anos, dizia-me alguém que eu muito estimava mas que afinal não percebia assim tanto de BD, que o difícil eram as ideias e que escrever um argumento era mais fácil. Ri-me respeitosamente na cara dele, porque aquilo foi dos maiores disparates que ouvi na vida. A multiplicidade de alternativas ou opções que se podem tomar numa BD torna um bom guião um trabalho de filigrana, moroso e delicado. Ideias? Isso é cuspi-las.
4. Quanto à reedição de Milagreiro, que estava planeada para ser na língua inglesa, há possibilidade que possa sair, igualmente, uma reedição na língua portuguesa?
Pensei nisso, mas já abandonei a ideia. O nosso público, felizmente e na sua esmagadora maioria, lê em Inglês, pelo que não se justifica o investimento extra.
5. Em termos da tua opinião pessoal, qual é o teu livro preferido daqueles que serão lançados, pela Kingpin, no segundo semestre deste ano?
Ah, isso é como perguntar se se gosta mais do pai ou da mãe, e não tenho distanciamento para isso. Mesmo que tivesse, seria deselegante fazê-lo.
De qualquer forma, e falando apenas para já do Kong 2 e do Miracle Worker, serão dois belíssimos livros, e duas belíssimas edições. As capas - do Osvaldo e do Jorge Coelho, respectivamente - são maravilhosas e inspiraram-me a dois dos meus melhores designs de sempre. Aliás, dou aqui uma valente palmadinha nas minhas próprias costas e digo, sem pejo, que a capa do Kong 2 é o melhor design que já fiz na vida. E se não concordarem comigo, falta-vos coração e os nazis ganham.
Nazis... Agora que falo, acho que tinha qualquer coisa a revelar sobre Nazis... "Nazi Delikatessen", será?
Aparentemente, a Kingpin deixou de editar obras de autores estrangeiros. É pena.
ResponderEliminarPois. Houve algumas apostas muito interessantes, sim.
Eliminar