quarta-feira, 29 de abril de 2020

Análise: Os Cavaleiros de Heliópolis: Rubedo e Citrinitas (2º Álbum Duplo)





Os Cavaleiros de Heliópolis: Rubedo e Citrinitas, de Jodorowsky e Jérémy

Quando, em 2019, a Editora Arte de Autor nos presenteou com o lançamento do primeiro volume de Os Cavaleiros de Heliópolis, da autoria de Jodorowsky e Jérémy, que continha os dois primeiros tomos desta série, Nigredo e Albedo, depressa considerei esse livro como o terceiro melhor álbum de 2019.

Recentemente, e apesar do período conturbado que vivemos, a Arte de Autor, lançou o segundo livro, que reúne os tomos III e IV, Rubedo, a Obra ao Vermelho e Citrinitas, a Obra ao Amarelo, respetivamente, e que, portanto, deixa os portugueses com esta série completa. Que maravilha de trabalho, por parte da Editora que, em pouco mais de um ano, completa em português uma série de autores conceituados da banda desenhada. E, se não me engano, Jéremy – esse mago da ilustração! – ainda nem sequer estava publicado em Portugal.

Falar de Os Cavaleiros de Heliópolis sem falar da qualidade da edição por parte da Editora, também é quase impossível. Estes livros enquanto objeto, são dos livros mais bonitos que uma estante de bd pode ter. As capas têm um textura macia e agradável, que as imagens na internet não conseguem demonstrar. É necessário passar-se as mãos pela capa para se perceber do que falo. Além disso, há ainda a questão de ser um álbum duplo. Confesso que gosto bastante da opção por álbuns duplos que as editoras, e em especial a Arte de Autor, têm vindo a adotar. E acho que resultam especialmente bem na banda desenhada franco-belga, em que cada número de uma série não costuma ir além das 62 páginas, fazendo com que os livros se leiam muito depressa. Com álbuns duplos, o prazer é portanto redobrado e a leitura – e consequente imersão numa obra – parece sair melhorada com esta opção dos álbuns duplos. Já para não falar que, mesmo que os preços destes livros sejam normalmente acima dos 20€, a verdade é que, se fizermos as contas, até não saem nada caros, tendo em consideração que têm o dobro das páginas.

Incidindo agora neste segundo livro, posso dizer que a história a partir do ponto onde o primeiro livro termina. O primeiro tomo Nigredo (o meu preferido) já nos tinha apresentado a origem e background da personagem protagonista Asiamar e o segundo tomo, Albedo, deixou-nos a meio da missão de Asiamar, que incluía a figura histórica de Napoleão Bonaparte. O terceiro tomo, Rubedo, que abre este segundo livro, continua e termina a história com Napoleão, sendo que o quarto e último tomo, Citrinitas, nos leva até Londres, aos tempos de Jack, o Estripador.

E isto é algo que aprecio muito na série: o facto de nos fazer viajar no tempo. Fazendo-me lembrar, até, a série de videojogos Assassin's Creed, que também nos faz viajar na barra cronológica, levando-nos ao encontro de personagens históricas que marcaram os períodos dourados das civilizações egípcias, gregas, romanas, entre outras. Em termos narrativos, esta opção temporal abre imensas possibilidades e, nesse sentido, Os Cavaleiros de Heliópolis são pois, uma série carregada de elementos históricos, onde personagens como Napoleão Bonaparte, Luís XIV, Nostradamus, Imhotep, entre outros, aparecem. No entanto, considero que não devemos classificar a série como sendo “histórica” porque, à boa maneira do autor Jodorowsky, as voltas são-nos trocadas várias vezes e o autor faz uma interpretação totalmente livre dos factos históricos, tal como Quentin Tarantino fez, por exemplo, no seu aclamado filme Inglorious Basterds.

Acima de tudo, esta é uma história de cariz esotérico, onde o protagonista Asiamar, sendo hermafrodita e beneficiando de todas as possibilidades que essa característica lhe confere, continua a sua caminhada para a obtenção de imortalidade e para a ingressão num restrito grupo de imortais, uma irmandade provida de poderes sobrenaturais, com base em conhecimentos de alquimia, que procura salvar o mundo de líderes que são uma ameaça para a humanidade. 

A narrativa do autor é interessante porque é um pouco imprevisível. Não sabemos bem que destino será dado às personagens e à história e isso é revigorante para o leitor. Não obstante, acho que o autor por vezes toma decisões narrativas demasiado disruptivas para a história e (até) pouco justificáveis. Goste-se ou não, é o seu estilo e há que aceitá-lo, mesmo que certas opções pudessem, a meu ver, ter uma base mais sólida e coerente. É um "pau de dois bicos", como já referi: oferece imprevisibilidade à história mas fá-lo sacrificando, várias vezes, a coerência e, por vezes, até a lógica. No entanto, face a outras obras, devo admitir que Jodorowsky até está relativamente contido nestes Cavaleiros de Heliópolis. Este segundo livro tem algumas excentricidades narrativas, mas, ainda assim, mantém a maioria das coisas boas que marcaram o primeiro livro. Uma coisa é certa: Jodorowsky é one of a kind enquanto autor e, nesse sentido, merece o respeito de todos os amantes de banda desenhada.

Se a narrativa do mestre das histórias originais Jodorowsky, nos prende, a arte de Jérémy agarra-nos – para sempre – a estes Cavaleiros de Heliópolis. Aliás, faço até uma pequena nota para que as editoras portuguesas tenham em atenção a espetacular série Barracuda, também do autor Jéremy que, infelizmente, ainda não está publicada em português. O desenho de Jérémy roça a perfeição. É detalhado, realista e com uma utilização de perspetivas de “câmara” dinâmicas e arrojadas. A fisionomia e anatomia das personagens é tratada com todo o cuidado e perfeição. Às tantas, as personagens são tão bem desenhadas que até uma personagem “feia” acaba por ser “bonita” devido a ser tão bem desenhada. Jéremy assume-se, pois, como um autor completo: cenas de romance, de ação, de caracterização de ambientes, de cenários da natureza ou de uma arquitectura requintada, planificação dinâmica, caracterização das personagens... tudo é feito com extrema qualidade e elegância. O difícil mesmo é arranjar algo para criticar – se é que é possível fazê-lo. Com todo o respeito por Jodorowsky, que tantos fãs tem em todo o mundo, é Jérémy quem mais brilha nesta série. É ele a estrela da companhia com o seu trabalho incrível e impressionante nesta série. Uma nota para as cores, asseguradas por Felideus, que também são de elevada qualidade e que dão a esta série uma beleza acrescida.

Em suma, olho para a série Os Cavaleiros de Heliópolis como olho para uma qualquer coisa de qualidade premium, seja um hotel de 5 estrelas, um iate, um restaurante com estrelas Michelin ou um Rolls-Royce. E faço-o porque considero que, tal como estes exemplos, esta série de banda desenhada parece ser luxuosa em todos os aspetos: tem uma arte visual espetacular a todos os níveis possíveis (desenho, cor, dinâmica, ritmo); tem uma história que considero “fora da caixa” e que, por isso, é extremamente original; tem ilustrações de capa (e contracapa!) magníficas e, em cima disto tudo, ainda tem uma edição por parte da editora Arte de Autor do mais luxuoso possível. É caso para perguntar, exclamando com alguma indignação: “Tu, oh amante de banda desenhada franco-belga que me lês... já compraste esta coleção? Então estás à espera de quê?”.
Imprescíndível. E mais um dos lançamentos do ano.


NOTA FINAL (1/10):
9.1

Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020

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Ficha técnica
Os Cavaleiros de Heliópolis: Rubedo e Citrinitas
Autores: Jodorowsky e Jérémy
Editora: Arte de Autor
Páginas: 112, a cores
Encadernação: Capa dura

terça-feira, 28 de abril de 2020

Lançamento: Astérix - O Menir de Ouro


A Editora ASA anunciou recentemente que irá lançar, a 21 de Outubro, uma pequena relíquia esquecida para todos os que são fãs de Astérix: o álbum ilustrado O Menir de Ouro, que nunca antes tinha sido publicado em álbum e que foi recuperado de um audio-book de 1967. 

Este álbum ilustrado junta-se aos já publicados pela ASA: Os XII Trabalhos de Obélix, Como Obélix Caiu no Caldeirão e O Segredo da Poção Mágica

Fiquem com a nota de editora:

Astérix - O Menir de Ouro, de René Goscinny e Albert Uderzo

As Edições ASA convidam os seus leitores a descobrirem, no próximo dia 21 de outubro, um verdadeiro achado: O Menir de Ouro, uma aventura ilustrada de Astérix, escrita por René Goscinny e desenhada por Albert Uderzo, nunca antes publicada em álbum.

Reina a agitação na aldeia gaulesa: Cacofonix decidiu participar no famoso concurso de canto dos bardos gauleses para conquistar o Menir de Ouro! Para o protegerem neste certame seguido de perto pelos romanos, Astérix e Obélix ficam encarregados de o acompanhar: eles não devem perder Cacofonix de vista, mesmo correndo o risco de… ficarem surdos!

Colocada à venda pela primeira vez em formato de livro-disco em 1967, esta aventura única tornou-se uma verdadeira relíquia quase perdida e nunca foi publicada em álbum. Esta história, escrita com a vivacidade narrativa de René Goscinny propositadamente para uma gravação áudio e ilustrada com a mestria gráfica de Albert Uderzo propositadamente para o livreto que acompanhava o disco, é uma verdadeira joia a redescobrir. Ela bem merecia ser valorizada, juntando-se a partir de agora à coleção de álbuns ilustrados de Astérix.

Um trabalho de ourives que poderá descobrir a partir de 21 de outubro numa livraria perto de si.

Este novo álbum ilustrado proporá um novo grafismo com uma paginação mais forte, para permitir que o leitor mergulhe mais a fundo nos textos e desenhos destes dois génios da nona arte. E para esse efeito, com o propósito de manter inalterável o genial argumento do seu amigo René Goscinny, Albert Uderzo pôde supervisionar, em finais de 2019, o minucioso trabalho de restauro que foi levado a cabo pelos seus mais fiéis colaboradores sobre ilustrações já de si absolutamente sublimes. É Arte com letra maiúscula!

Tomando como ponto de partida as ilustrações digitalizadas a partir do livro-disco de 1967, os colaboradores históricos de Albert Uderzo tiveram de recorrer a todo o seu talento druídico para restaurar os desenhos de acordo com a vontade do cocriador de Astérix. O mais difícil foi sem dúvida eliminar a trama da impressão, preservando na íntegra os maravilhosos traços a tinta de Albert Uderzo. Efetuaram igualmente uma atualização e uma calibragem das cores fiel ao acabamento vintage original, tendo assim conferido a O Menir de Ouro um rejuvenescimento que vai seguramente congregar à sua volta não só os fãs históricos mas também novas gerações de leitores.

Além disso, para completar a experiência e permitir que os fãs de todas as gerações vivam esta aventura tal e qual a tinham imaginado os seus criadores, uma gravação áudio deste álbum ficará também disponível para descarregamento a partir da Internet.

Ficha técnica
O Menir de Ouro
Autores: René Goscinny e Albert Uderzo
Editora: Asa
Páginas: 48, a cores
Encadernação: Capa Dura
PVP: 10,90€

domingo, 26 de abril de 2020

Análise: Marvels: Através da Objectiva


Marvels: Através da Objectiva, de Kurt Busiek e Jay Anacleto

Marvels: Através da Objectiva foi lançado pela Levoir na sua coleção Poderosos Heróis Marvel, em 2015. Este número é como que uma continuação do livro Marvels, de Kurt Busiek e Alex Ross, - também lançado pela Levoir, na coleção dedicada à Marvel do ano anterior - e é considerado como uma obra-prima da banda desenhada norte-americana, que catapultou as carreiras dos autores. Neste regresso à história do protagonista Phil Sheldon, Kurt Busiek faz-se acompanhar por Jay Anacleto nas ilustrações. 

A história coloca-nos num ponto de vista que é raras vezes consentido no universo dos super-heróis. É-nos dada a perspetiva de um fotógrafo-jornalista, cujo trabalho é fotografar os super-heróis em ação, provendo os jornais de imagens espectaculares que possam acompanhar as notícias destinadas aos feitos dos heróis. Acaba por ser uma visão refrescante e nova porque, coloca os super-heróis como ponto fulcral na história mas, de forma passiva, já que vivemos a história de Phil Sheldon, uma "pessoa normal", e como a mesma se relaciona com um mundo carregado de super-heróis. Esta obra assume-se pois, como um trabalho de extrema qualidade, que reflete sobre um mundo habitado por super-heróis e seus demais problemas e que, nesse sentido, não fica atrás de uma obra gigante dos comics como é Watchmen, por exemplo, e que merece ser lida por todos os amantes de banda desenhada. Para aqueles que gostam de comics e super-heróis então, diria que é obrigatória.

Este álbum talvez não tenha a capacidade de espantar e de impressionar tanto os leitores como o primeiro álbum Marvels - talvez por já não haver o efeito surpresa - mas a verdade é que Marvels: Através da Objectiva não fica a dever muito à primeira obra-prima. Já que mantém o mesmo tom introspectivo do primeiro álbum, colocando muitas questões e fazendo-nos refletir, de forma verdadeiramente real, como seria um mundo habitado por indivíduos com super-poderes. Consegue levantar muito bem as questões éticas inerentes e apresenta-nos uma pergunta fundamental que é a seguinte: que linha ténue separa o bem do mal? Se um super-herói persegue um vilão para o anular mas, na sua luta contra o mal, destrói prédios inteiros, deixando pessoas sem lar, onde está o bem e onde está o mal? Qual é o custo? Quais são os danos colaterais para um mundo povoado por super-heróis?

Também na arte, Jay Anacleto que tinha a tarefa algo ingrata de substituir Alex Ross, que em Marvels fez das artes mais espetaculares que já vi num livro de comics, consegue estar à altura. Talvez a arte de Anacleto não consiga ser tão impressionante como a de Alex Ross, mas consegue estar ao nível, fazendo deste Marvels: Através da Objectiva um livro carregado de uma arte fulgorante. 

Uma coisa que não considerei tão positiva é que, o facto de quase sempre haver uma televisão ligada em quase todas as páginas, faz com que haja sempre um certo "ruído de fundo" neste livro, materializado pelo discurso apresentado na balonagem da televisão. Os media acabam por ser uma personagem sempre constante. Naturalmente, parece-me que não foi algo feito ao acaso pelos autores, já que também se procura mostrar como os meios de comunicação, através da televisão e dos jornais, têm tamanha importância para condicionar a opinião pública em relação aos eventos decorridos e aos próprios super-heróis. Percebendo portanto a escolha em ter os media sempre tão presentes, que é mais que legítima, sublinho, fez-me, ainda assim, uma certa confusão tê-los tão presentes, levando-me, não raras vezes, a distrair-me da ação principal e dos dramas vividos pelo Phil Sheldon.

Outra coisa que acho que poderia ter beneficiado a narrativa era se a mesma se focasse em ações mais concretas e mais centradas, tendo menos heróis a aparecer ao longo do livro. Por vezes, a situação de ter tantas coisas a acontecer ao mesmo tempo, parece que faz com que nem o protagonista, nem nós, enquanto leitores, mergulhemos tanto na história. Diria que menos heróis e menos ações, talvez corrigissem isso. Mas, mais uma vez, também reconheço que provavelmente foi mesmo essa a intenção dos autores, em criar este assoberbamento num mundo assim. É que, muito provavelmente, um mundo com super-heróis seria exatamente assim. E nesse ponto, por muito que considere que torne o livro mais difícil de ler... também o torna mais real. Portanto, não posso classificar isto como "erros" ou "imperfeições". São mais escolhas dos autores que podem (ou não) ter beneficiado a história.

Este Marvels: Através da Objectiva é um bom livro que se recomenda pela sua leigitimidade na reflexão que faz sobre um mundo com super-heróis. Leva-se a sério e é isso que nós, leitores, o devemos fazer também: levá-lo a sério. Bem pensado, bem escrito e bem desenhado. Se não leram Marvels, vão lê-lo antes de lerem este Marvels: Através da Objectiva. Se leram o primeiro, não deixem de ler esta continuação da história. Não ficarão desiludidos. Um livro de qualidade superior no universo dos comics americanos.


NOTA FINAL (1/10):
8.5

Convite: Passem na página de instagram do Vinheta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020

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Ficha técnica
Marvels: Através da Objectiva
Autores: Kurt Busiek e Jay Anacleto
Editora: Levoir
Páginas: 152, a cores
Encadernação: Capa dura

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Análise: Roughneck: Um Tipo Duro, de Jeff Lemire



Roughneck: Um Tipo Duro, de Jeff Lemire

Antes de falar sobre o conteúdo, propriamente dito, de Roughneck: Um Tipo Duro, que a G. Floy acaba de lançar, começo com uma menção à obra enquanto objecto físico: é fantástico e muito apetecível! Trata-se de um livro grossíssimo, de 272 páginas, impressas num papel de excelente gramagem - que acaba por tornar o volume ainda mais grosso - com uma capa também bastante grossa e com bom aspeto. Juntem a isso um artwork muito bom na capa, contracapa e lombada e temos um livro que é uma maravilha de segurar nas mãos. Relembrando a recente análise a Dylan Dog: O Imenso Adeus, onde referi que uma capa, se não for chamativa e/ou bonita, pode fazer com que um potencial leitor não se interesse por um livro, este Roughneck, por todos os motivos que aponto acima, é o inverso. Robusto, bonito e “apetitoso para a vista”. Um fantástico objeto do qual a G. Floy bem se pode orgulhar.

Mas se, tal como em tudo na vida, há livros bonitos por fora e que por dentro não valem grande coisa,  Roughneck: Um Tipo Duro não se insere, de forma alguma, nesses casos. Na verdade, é uma obra fantástica e impressionante quer no texto, quer na arte visual. Depois de findada a leitura deste livro inesquecível, o sentimento é apenas um: voltar à primeira página e embarcar novamente nesta viagem tão bem executada por Jeff Lemire.

Vamos por partes.

A história leva-nos a Pimitamon, localizada numa província no norte isolado do Canadá, onde o protagonista, Derek Ouelette, um antigo jogador de hóquei no gelo, ocupa agora os seus dias a beber e a envolver-se em lutas com toda a gente à sua volta, à mínima oportunidade para tal. A primeira parte desta história serve para nos mostar esta personagem violenta e amargurada com tudo. No entanto, passadas algumas dezenas de páginas, e vários episódios violentos, Derek vê-se confrontado com o regresso da sua irmã Beth, que veio procurar refúgio em Pimitamon, para conseguir fugir do seu violento namorado, que a anda a perseguir. Os dois irmãos decidem então esconder-se numa cabana isolada na floresta, para evitar mais confrontos. E é neste isolamento que vamos desbravando a personalidade dos irmãos e o seu passado comum, tão trágico, que os afectou para o resto das suas vidas. 

Algo que me parece magistral na concepção narrativa é a mudança que a chegada de Beth provoca em Derek. É que, por muito violento e desprendido que ele seja, com a sua irmã por perto, tudo passa a ser diferente. Jeff Lemire mostra-nos pois que, mesmo as personagens mais negativas, têm sempre algo a que se agarrar ainda. E é nesse ponto que habita a principal mensagem deste livro: é que ainda há - ou pode haver – redenção para que qualquer pessoa melhore a sua forma de estar na vida. Para que qualquer um se melhore a si, enquanto ser. Mesmo que caiba a cada um encontrar essa fonte de redenção. No caso de Derek, é a sua irmã Beth, por todas as vicissitudes das suas vidas, que o faz ser melhor, levando-o a mudar a sua conduta para poder ser mais comedido e ponderado, sempre com o objetivo de proteger a irmã. Quase como se ela fosse o último bilhete, a última hipótese, para ele ser uma melhor pessoa. E que premissa fantástica esta. Na verdade, julgo que já seria suficientemente boa e profunda para termos uma boa história. Mas com a introdução da personagem do namorado de Beth, Wade, o autor faz com que a narrativa ganhe um cariz (ainda mais) cinematográfico, de quase thriller, pois os momentos dos irmãos na cabana que vamos observando, vão sendo intercalados por páginas em que vemos Wade a aproximar-se cada vez mais da localização dos irmãos. Como se estivéssemos a caminhar, sem ponto de retorno, para uma apoteose narrativa final. E, na verdade, até estamos. Os flashbacks no tempo, são mais uma ferramenta narrativa que Lemire utiliza bem e que nos permitem mergulhar, ainda mais, nos momentos trágicos da infância dos irmãos e do passado de violência que os influenciou e condicionou na passagem para a vida adulta.

Temos já um livro físico bonito e uma história mais do que bem conseguida. O que falta agora? Uma arte inesquecível, elegante e com personalidade. Será pedir muito para Roughneck: Um Tipo Duro? Não, não é. 

A arte visual de Jeff Lemire nesta obra é bonita de se observar, e oferece à narrativa toda a harmonia que ela necessita. Chega a ser curiosa a forma como Jeff Lemire desenha: a base do seu desenho assenta em cima do esquisso. Mas depois, recebe umas camadas de cores a aguarela, maioritariamente em tons de azul e de cinza, que atenuam a crueza do desenho e permitem ao mesmo respirar melhor e ser mais harmonioso e bonito. A arte ilustrativa acaba por alcançar uma dualidade muito interessante: é que, tal como o protagonista Derek, a ilustração também é (aparentemente) crua e dura mas, lá no fundo, se olharmos com atenção, tem contornos suaves de uma beleza ímpar, apenas acessível a um olhar que saiba ser atento e perscrutador. E isto não pode ter sido acidental. Das duas uma: ou o autor soube construir uma história em torno da arte que tinha em mente; ou fez o oposto e construiu uma arte que soubesse acomodar de forma soberba a história. Em qualquer das hipóteses, uma coisa é certa: texto e ilustração casam-se de forma perfeita, fazendo-nos estar megulhados em ambas as coisas da primeira à última página. Genial.

A própria utilização de azuis, brancos e cinzentos, faz com que a ilustração apresente tonalidades claras e frias, que são a mistura perfeita para o cenário gélido do norte do Canadá. E a utilização de cores mais quentes e fortes para ilustrar as cenas do passado, ajudam-nos a deslocarmo-nos no tempo para a recordação de tempos mais quentes e marcantes na vida das personagens.

Uma coisa que se deve ter ainda em conta nesta obra é a forma como Jeff Lemire ocupa as suas páginas. A verdade é que esta história poderia ter sido feita em 30 páginas de banda desenhada. Senão vejamos: Irmão é violento. Irmã aparece. Refugiam-se num casebre no meio do nada para fugir de Wade. Eventualmente, Wade encontra-os. The end. Mas isso seria um livro para adolescentes e com pouco character building. Aqui, mesmo com uma história simples, é-nos dado tempo. E à medida que vou sendo cada vez mais experiente enquanto leitor de banda desenhada, considero que o tempo (ou páginas) para uma personagem ou um evento maturar, são das coisas mais importantes para garantir a força e importância de uma história. E isso, é aqui feito de forma perfeita. Com calma, com tempo, Jeff Lemire leva-nos a observar, a entrar na história verdadeiramente. Um autêntico portento da narrativa sequencial. De certa forma, ler os seus livros até pode parecer como estarmos a ler o storyboard para um filme. E digo isto, como sendo o melhor dos elogios. Porque, se um autor de banda desenhada consegue ter um cariz cinematográfico na sua criação, terá, a meu ver, uma boa capacidade para planificar ângulos de câmara, noção de tempo e dinâmica ou mesmo a capacidade de deixar, por vezes, os leitores numa situação de cliff hanger, em termos narrativos. Por exemplo, no final da luta que se dá entre Derek e Wade, somos presenteados com duas páginas a negro, ficando o suspense no ar. Tal como se fossem alguns segundos de fundo preto num filme. Que terá mesmo acontecido? Temos que esperar duas páginas para o descobrir. 

Jeff Lemire utiliza todas as ferramentas ao seu alcance para dar e baralhar as cartas que pretende dar com mestria. A nós só nos cabe fazer uma coisa: deixarmo-nos levar pela narrativa mais que soberba que o autor consegue produzir. No final, temos uma história adulta de redenção, maravilhosamente ilustrada. E tudo isto numa fantástica edição da G. Floy.

Preparem os vossos euros. Este tem mesmo que entrar na vossa estante de banda desenhada. Se estão mal de finanças, ajustem-se. Se a vossa estante de bd já está muito cheia, tirem algum livro para dar espaço. Este tem mesmo de ser comprado. Fantástico e uma das sugestões mais imperdíveis de todo o catálogo da G. Floy. Um forte candidato a livro do ano.


NOTA FINAL (1/10):
9.3

Convite: Passem na página de instagram do Vinehta 2020 para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020

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Ficha técnica
Roughneck: Um Tipo Duro
Autor: Jeff Lemire
Editora: G. Floy
Páginas: 272, a cores
Capa: Dura

sábado, 18 de abril de 2020

Lançamento: Watchmen: A Hora Final - Vol.10



Hoje chega ao fim a coleção Watchmen/Doomsday Clock da Levoir.

Uma análise foi feita a Watchmen, que pode ser lida aqui.

Abaixo fiquem com as imagens promocionais e com a nota de imprensa da editora.

Watchmen: A Hora Final - Vol.10

A coleccção Watchmen/Doomsday Clock chega ao fim com a publicação do volume 10 no sábado 18 de Abril.  A Hora Final reúne os episódios 11 e 12 da série Doomsday Clock, a minissérie que colocou os personagens vistos em Watchmen em rota de colisão com os heróis da DC.

Na conclusão desta saga épica criada por Geoff Johns e Gary Frank, o plano de Ozymandias para evitar a destruição de dois mundos é finalmente revelado, tal como o nome do casal que adoptou o filho da Mimo e da Marioneta, uma criança especial que poderá vir a ter um papel muito importante no futuro do Universo DC. Mas o fulcro destes dois capítulos finais está, naturalmente, no primeiro confronto entre o Dr. Manhattan e o Super-Homem. Um primeiro confronto que poderá muito bem ser o último para ambos, pois como o próprio Dr. Manhattan bem sabe desde o Watchmen original: “Nada dura para sempre.” Um final dramático para uma história inovadora, que traz uma nova luz sobre a série original de Alan Moore e Dave Gibbons, ao mesmo tempo que revoluciona profundamente o universo DC, um universo que tem tido em Geoff Johns um dos seus principais (e mais inspirados) arquitectos.

Ficha Técnica
Watchmen: A Hora Final - Vol.10
Autores: Geoff Johns e Gary Frank
Editora: Levoir
Páginas: 96, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 9,90€

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Análise: Senso



Senso, de Alfred

A principal pretensão do Vinheta 2020 não será nunca analisar álbuns que são lançados em países estrangeiros mas antes, analisar e dar a conhecer tudo aquilo que se passa no universo da banda desenhada, lançada em Portugal. Não obstante, isso não deverá significar, unilateralmente, que livros estrangeiros não mereçam algum destaque, ou uma análise, sempre que se achar relevante ou conveniente para os leitores deste blog.

Admito até que tento sempre ler banda desenhada em português em detrimento de ler banda desenhada noutras línguas. Mesmo que a versão em português seja ligeiramente mais dispendiosa. Para mim, ler em inglês não apresenta quaisquer dificuldades e também me ajeito a ler em francês e em espanhol – embora de forma mais atabalhoada - mas, ainda assim, considero que não há nada como ler na nossa língua materna e daí retirar toda a profundidade dos significados – múltiplos - que as palavras podem tomar. Portanto, se leio noutras línguas é, essencialmente por 3 razões: 1) Ou faço compras de bd estrangeira numa qualquer viagem que faça; 2) Ou alguém me oferece os livros (é o caso deste Senso, de Alfred); 3) Ou compro um livro, geralmente pela internet, que me desperta muito interesse mas que não tem prevista edição em português. Esta última opção deixa-me sempre com um gosto amargo na boca. Mas é o que temos.

Focando agora este texto em Senso, de Alfred, devo admitir que é uma leitura refrescante, adulta, que apresenta um estilo de linha clara, bem ao jeito da escola franco-belga e que, por ventura, poderá – ou poderia – ser um livro aplaudido pelos leitores portugueses se tivesse versão na língua de Camões. Arrisco até que esta é uma obra que encaixaria muito bem na coleção de novelas gráficas da Levoir. Ou talvez mesmo se fosse lançada a solo por outra editora.

Alfred é um autor francês – cujo verdadeiro nome é Lionel Papagalli – e alcançou reconhecimento mundial quando, em 2013, lançou o álbum Come Prima, que lhe valeu a conquisa de um Fauve d'or no Festival de Angoulême de 2014. 

Este Senso, lançado em 2019, conta-nos a história de Germano que chega de combóio a uma cidade do sul de Itália, para se encontrar com a sua filha. Mas esse combóio está atrasado 6 horas devido a uma sufocante onda de calor que paralisou os transportes, e Germano vê-se forçado a adiar os planos com a sua filha para o dia seguinte, decidindo deslocar-se a pé até ao hotel, onde tinha previamente reservado um quarto. Contudo, ao chegar ao hotel, é-lhe dito que a sua reserva foi cancelada devido ao seu atraso e que agora o hotel se encontra totalmente ocupado por causa de um casamento que aí se vai realizar. E o grande problema é que aquele hotel é único num raio de muitos km's, o que não deixa alternativa ao protagonista senão fazer tempo no lobby do hotel. A sua primeira reação é ficar extremamente irritado mas o seu estado de espírito vai sendo alterado à medida que encontra um velho conhecido, que o convida para a festa de casamento, e que trava conhecimento com algumas personagens do hotel. Entre elas, uma mulher madura, livre e original na sua forma de estar, que o faz reviver um episódio verdadeiramente romântico. 

A narrativa, cujo período temporal se desenrola durante um dia e uma noite, oferece-nos uma história adulta e contemporânea daquilo que é – ou poderá ser- um romance entre pessoas maduras, que já tiveram uma outra vida e uma outra existência amorosa. Quase como uma segunda oportunidade para encontrar o amor, mostrando-nos como, e de que forma, uma situalão destas poderá acontecer. Nos dias que correm, em que as taxas de divórcio são cada vez mais elevadas na nossa sociedade ocidentalizada e onde pessoas adultas se vêem na situação de começar uma nova vida, este é um livro que toca um tema muito pertinente.

Mas não o faz de forma muito explicativa ou mesmo apoiando-se numa reflexão paternalista. Ao invés, apresenta-nos meramente um relato credível e verdadeiramente narrativo. Sem julgamentos, sem reflexões. Deixando ao leitor o espaço e o tempo para tirar as suas póprias reflexões. Por vezes, até parece um típico filme do Woody Allen, por apresentar situações, que mesmo parecendo extraordinárias, são situações quotidianas e completamente possíveis de acontecer.

O autor da obra alia muito bem um texto fácil e atual com uma arte tipicamente franco-belga, de linha clara, cores fortes, permitindo-se alguma liberdade, por vezes, para uma planificação mais dinâmica, com algumas vinhetas mais contemplativas, que são um verdadeiro prazer observar durante vários momentos. O seu estilo de ilustração lembrou-me, por vezes, o de Pedrosa na sua obra Portugal

O ritmo da história embora não sendo especialmente lento, permite-nos alguns momentos para respirar, contemplar, refletir. Por vezes somos confrontados com perguntas essenciais que incidem sobre as nossas vidas. Quer enquanto casais, quer a viver sozinho. E é por isso que é uma obra extremamente adulta. Subtil.

Há ainda alguns momentos carregados de um erotismo bastante explícito que aparecem enquanto momentos de interlúdio não sendo, no entanto, obscenos mas sim, poéticos. Diria que o estilo de ilustração utilizado para este tipo de interlúdios eróticos não me agradou tanto, em comparação com as ilustrações da restante história, mas como são partes que se pretendem mais abstractas, aceita-se que o autor tenha experimentado algo diferente.

É um trabalho de extrema qualidade que se recomenda a todos os fãs de bd europeia adulta – desde que não tenham problemas em ler na língua francesa. Quem sabe, este último requisito não cai por terra, se uma Editora portuguesa lançar esta obra. Aguardemos.

Convite: Passem no nosso instagram para verem mais imagens do álbum. www.instagram.com/vinheta_2020


NOTA FINAL (1/10):
8.4

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Ficha Técnica
Senso
Autor: Alfred
Editora: Delcourt / Mirages
Páginas:160 páginas, a cores
Encadernação: Capa Dura

Lançamento: Roughneck: Um Tipo Duro



A Editora G.Floy acaba de lançar um álbum impressionante a vários níveis. O seu nome é Roughneck: Um Tipo Duro, de Jeff Lemire, e pode ser encomendado diretamente através da Editora. Brevemente será publicada a análise ao livro aqui no Vinheta 2020. Fiquem atentos.

Para já, fiquem com a nota de imprensa e algumas imagens.

Roughneck: Um Tipo Duro, de Jeff Lemire

“Jeff Lemire é o Stephen King dos comics.”
- MACLEANS
Os dias de glória de Derek Ouelette já acabaram, e a sua carreira de jogador de hóquei terminou em desgraça há mais de uma década, depois de um incidente violento sobre o gelo. Desde então, vive da sua reputação, na pequena vila do Norte remoto do Canadá onde nasceu, sempre a beber demais e a envolver-se em rixas com quem o ofenda. Mas não contou com o regresso da sua irmã Beth, que aparece um dia vinda do nada, a fugir de um namorado abusivo. Os dois irmãos escondem-se numa cabana isolada na floresta, numa tentativa de se voltarem a conhecer, e de exorcizar os terríveis segredos do seu passado... enquanto o ex-namorado de Beth a persegue e se aproxima, ameaçando lançar Derek e Beth de novo numa espiral de destruição para o mundo que eles estão desesperadamente a tentar deixar para trás.

Ao mesmo tempo comovente e angustiante, Roughneck é uma obra-prima de um dos maiores criadores de banda desenhada contemporâneos - uma história profundamente tocante de família e dos seus passados e segredos, e do desejo de quebrar um ciclo de violência, qualquer que seja o preço.

Os leitores portugueses já tiveram a oportunidade de descobrir a obra de Jeff Lemire e a sua imensa versatilidade como escritor de vários géneros, desde super-heróis (Velho Logan ou Black Hammer), passando pelo space opera (Descender) ou pelo terror (Gideon Falls), e com este livro podem descobrir o seu lado mais humano, como cronista da vida do dia a dia nas paisagens vastas da América e do grande norte do Canadá. A acção decorre na isolada e perdida vila canadiana de Pimitamon, que significa na língua Cree “encruzilhada”, palavra que resume de modo perfeito o novelo de escolhas e de caminhos possíveis que os protagonistas terão de resolver, na sua viagem pelo seu passado atormentado, presente angustiante, e possível futuro.

Roughneck representou para o autor um regresso aos temas que o tinham tornado famoso no início da sua carreira, com obras como Essex County, e é uma lição magistral de narrativa sequencial, uma história poderosa sobre a tragédia humana, e também sobre a esperança e a redenção sob todas as suas formas.

JEFF LEMIRE é um autor best-seller do New York Times, e o autor premiado e aclamado de romances gráficos como Essex County, The Underwater Welder, The Nobody, Sweet Tooth, ou Trillium. Escreveu também inúmeras histórias para alguns dos títulos de super-heróis mais conhecidos da DC, Marvel ou Valiant, bem como séries de banda desenhada para a maioria das editoras americanas com artistas variados, incluindo Descender, Gideon Falls ou Black Hammer, tendo ganhado com estas duas últimas o Prémio Eisner de Melhor Nova Série. Vive em Toronto com a família.

Ficha técnica
Roughneck: Um Tipo Duro
Autor: Jeff Lemire
Editora: G. Floy
Páginas: 272, a cores
Capa: Dura
PVP: 30€


quarta-feira, 15 de abril de 2020

TOP 10 - Os Melhores Livros Analisados no Vinheta 2020 (até agora)



O Vinheta 2020 que vai dando os seus primeiros passos na blogosfera nacional, relacionada com banda desenhada, continua a crescer exponencialmente, contando já com quase 5.000 visitas, em pouco mais de 3 meses de existência. Ainda não é muito, bem sei, mas são números muito interessantes para tão pouco tempo de vida.

E por isso, gostaria de agradecer a todos os leitores que passaram a acompanhar todas as notícias e análises de álbuns que aqui são feitas. Agradeço também às várias editoras - e autores - que passaram a colaborar com o blog, disponibilizando-me livros para uma leitura cuidada e posterior análise. Isso é fundamental para que muitos livros possam ser abrangidos e o blog ganhe em variedade de conteúdos.

Com efeito, terminado o primeiro trimestre de existência do Vinheta 2020, e tendo em conta que o blog já conta com 23 livros analisados, é lançado a partir de hoje um TOP 10 - Dinâmico com os melhores livros - aqueles que tiverem melhor classificação - à data. Ou seja, os 10 livros analisados com melhor pontuação. É natural e expectável que este top vá sofrendo alterações à medida que novos livros vão sendo analisados.
Funciona, digamos, como um hall of fame, ou um cabaz de recomendadíssimos que o Vinheta 2020 propõe a todos o que seguem este espaço. Este top poderá sempre ser visualizado na barra lateral direita do blog. ⇨

Como o ano zero deste blog é o ano 2020, e como terminámos agora o primeiro trimestre, estes primeiros 10 livros são aqueles que li, analisei e que considero melhores, desde que o ano começou. Não invalida que amanhã eu não leia um livro espectacular que salte logo para uma posição cimeira deste top. Veremos.

Entretanto, foi lançada a página de facebook (www.facebook.com/vinheta2020) e, mais recentemente, a do instagram (www.instagram.com/vinheta_2020). Sigam essas páginas para ficarem a saber as novidades do Vinheta 2020 nas redes sociais.

Mais adiante, estão preparados alguns Tops 10 sobre temas mais específicos que serão publicados em artigos especiais. Fiquem atentos.

E obrigado por me lerem.

Lançamento: Criminal Livro Três



Criminal Livro Três, de Ed Brubaker e Sean Phillips
E se muitos de nós, fãs sedentos de uma das melhores bandas desenhadas policiais de sempre, ainda estávamos a deglutir o Criminal Livro Dois, a G. Floy, mesmo em período de Covid-19, faz o incrível e acaba de lançar Criminal Livro Três. A palavra de ordem é uma: comprar, comprar, comprar.

Fiquem com a nota de imprensa e imagens promocionais da Editora:

Criminal Livro Três, de Ed Brubaker e Sean Phillips

Mesmo que não escolhamos ser maus voluntariamente, não deixamos por isso de ser responsáveis... Criminal regressa no seu terceiro volume, com mais duas histórias que tratam do eterno regresso da violência e da queda, numa espiral negra sem fim e da qual não há fuga possível!

Em Os Pecadores, reencontramos Tracy Lawless, o veterano da guerra transformado em assassino a soldo da máfia. Encarregado de investigar uma série de misteriosos homicídios que atingiram mafiosos leais ao seu chefe, Lawless vai ver o seu inusitado código de honra meter-se no caminho da resolução do mistério, numa história com o final trágico à altura daquilo que está em jogo. Em O Último dos Inocentes, Riley Richards, que sempre teve tudo o que queria - a miúda mais sexy do liceu, os amigos e o dinheiro - é confrontado com a solidão da sua vida na cidade, e a incapacidade de esquecer a vida pacata que teve em Brookview na infância... será por isso que decidiu assassinar a sua mulher?

Criminal é uma das séries mais aclamadas da banda desenhada actual, uma meditação profunda sobre os clichés do policial e do noir, que se quer no entanto realista e credível, e é a obra maior de uma das maiores duplas de criadores de comics de sempre, Ed Brubaker (The Fade Out, Capitão América: O Soldado do Inverno) e Sean Phillips (The Fade Out, Marvel Zombies).


Ficha técnica
Criminal Livro Três
Autores: Ed Brubaker e Sean Phillips
Editora: G. Floy
Páginas: 264, a cores
Encadernação: Capa Dura
PVP: 28€

terça-feira, 14 de abril de 2020

Análise: Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos




Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos, de Mark Waid e Paul Azaceta

Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos é uma interessante aposta da editora portuguesa G. Floy para todos os que gostam de um bom policial noir. Pisca o olho a obras como Sin City ou Criminal traçando, ainda assim, a sua própria identidade.

A história sendo negra e pesada, coloca-nos na cidade de New York, dando-nos a conhecer o protagonista John Doe, uma personagem misteriosa que ocupa a sua vida a encontrar os nomes daqueles que foram mortos e posteriormente enterrados, anonimamente, em Potter's Field, o cemitério destinado a todos os que a justiça esqueceu.

Mark Waid, o autor de Kingdom Come, e Paul Azaceta, autor de Outcast, igualmente publicado pela G. Floy, oferecem-nos este thriller noir, com um ritmo a mid-tempo, que nos convida a embarcar num conto adulto, marcado por vários bons momentos que, a meu ver, ficam um furo abaixo de serem verdadeiramente inesquecíveis para o género.

A história que nos é dada é deveras interessante e agarra-nos desde o início. De facto, a forma como o livro arranca é soberba. Em pouco mais de 4 páginas Mark Waid apresenta-nos John Doe, revelando apenas o essencial para nos mostrar uma personagem original e cativante. Não sabemos muito mas sabemos algo que nos deixa presos a John Doe. E uma coisa que acaba por funcionar muito bem, é que, embora a narrativa, a priori, nos pareça levar por uma teia de perguntas sem resposta - para que Doe consiga encontrar todos aqueles mortos, sem nome e apenas identificados com o número da sua campa no cemitério - as perguntas que mais habitam a mente do leitor nem são bem essas. Mas antes: quem é este John Doe? Quais as suas reais motivações? Sabemos que não tem identidade, nem tem história passada. Também não deixa impressões digitais. Tem bastantes contactos de pessoas que o ajudam na sua demanda mas que não se conhecem uns aos outros. Quem é, afinal, John Doe?

Tudo aquilo que um autor de banda desenhada pode almejar é criar uma história/um herói que seja marcante para o leitor. E para o fazer, uma forma é assentar a narrativa ou as personagens numa premissa interessante ou original. Algo que ninguém se tenha lembrado de fazer até então. E, de certa forma, julgo ser esse o maior trunfo deste Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos. Nesse sentido, termos um protagonista cuja atividade e motivação é algo novo e que se baseia “apenas” em restituir o nome e identidade a todos aqueles que foram enterrados de forma anónima, é verdadeiramente “fora da caixa”. A motivação do protagonista parece quase um capricho, de tão peculiar que é. E embora seja algo que parte do eticamente correto, por vezes, pode parecer: “bem... se alguém já está morto, porquê mover montanhas para encontrar o seu nome?”. Mas é justamente aí que reside a piada, a originalidade, deste livro. Já há muitos heróis a lutarem pelos vivos que estão em perigo, face a alguma força do mal. Mas em relação àqueles que foram assassinados e cujas investigações criminais não foram a lado nenhum, deixando essas vítimas anónimas, naquilo a que poderíamos chamar uma vala comum, ninguém se preocupa. Exceto John Doe. E só por esta premissa original, já valeria a pena conhecer este livro. Acredito que tenha sido isso que fez o Mark Waid pensar: “Bem... já tenho tema para escrever um livro”.

Para além disso, a história tem um ritmo interessante em termos narrativos mas, da segunda parte do livro até ao final, parece-me que o desenvolvimento narrativo e consequente ação parece ter sido relativamente forçado ou acelerado. O ritmo acaba pois, por ser bastante mais rápido, o que também faz com que a história passe a ser um pouco mais cliché. Diria que este livro talvez carecesse de mais tempo (leia-se páginas) para melhor preparar o leitor para a apoteose(?) narrativa final. É uma daquelas obras em que se só lermos as primeiras páginas, vamos ficar completamente entusiasmados com a mesma. Mas a verdade é que vai perdendo algum fulgor à medida que a história se aproxima do fim.    

Quanto à arte, julgo que o estilo de Azaceta é um daqueles tipos de ilustração que a maioria das pessoas, ou gosta, ou odeia. No meu caso, admito, não acontece nem uma, nem outra coisa. Admito que há páginas neste livro que são bonitas de se observar (e para isso, muito contribui a bonita aplicação de cores) mas, por vezes, também há páginas que me parecem demasiado escuras e imperceptíveis. O traço muito grosso de Azaceta acaba por não conseguir alcançar o detalhe que considero necessário para uma boa imersão na história. E especialmente nas sequências de ação – que ainda são algumas – a arte ilustrativa fica um pouco aquém porque não se torna muito claro o que está a acontecer. Mas uma coisa, tenho que reconhecer na arte de Azaceta: tem o seu cunho de originalidade, o que dá ao autor aquilo que tantos ilustradores procuram e não encontam: o seu estilo signature. Azaceta tem um daqueles estilos de ilustração que é facilmente reconhecível assim que abrimos um livro. Mesmo que o seu nome não viesse na capa do livro, bastar-nos-ia folheá-lo para concluir: “isto são as ilustrações do Azaceta”. E isso, merece-me o melhor dos respeitos pela sua arte mesmo que, como dizem os ingleses, não seja my cup of tea.

Concluindo, Potter's Field: O Cemitério dos Esquecidos, não é um livro perfeito ou inesquecível. Mas resulta duma ideia bastante original e interessante, que faz com que seja uma obra indispensável para todos os que apreciam um bom thriller noir


NOTA FINAL (1/10):
7.5

-/-

Ficha técnica
Potter’s Field: O Cemitério dos Esquecidos
Autores: Mark Waid e Paul Azaceta
Editora: G.Floy
Páginas: 104, a cores
Encadernação: Capa dura

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Lançamento: Mattéo - Terceira Época



A Editora portuguesa Ala dos Livros acaba de lançar Mattéo - Terceira Época. Isto é uma excelente notícia para todos aqueles que tinham ficado com a coleção - originalmente lançada pela extinta Editora Vitamina BD - a meio. Para os que (ainda) não conhecem este trabalho de Gibrat, é uma oportunidade de ouro para o conhecerem!

Fiquem com a nota de imprensa da editora e imagens promocionais abaixo.


Mattéo - Terceira Época, de Gibrat

Agosto de 1936. França. É a época da Frente Popular, a felicidade das primeiras férias pagas. 15 dias sem fazer nada, como resmungavam os patrões! Mas desse por onde desse, eram 15 dias de lazer. E Mattéo, Paulin, Amélie e Augustin partem de carro a caminho das primeiras férias oficiais, em direcção ao mar, a Sul. Para grande desgosto da sua mãe, uma rezingona de primeira, há muito tempo que Mattéo não punha os pés em Collioure. Não sabe o que aconteceu a Juliette, nem sequer que tem um filho, Louis…

À alegria dos banhos no mar, soma-se a dos piqueniques, dos postais, dos bailes populares… Tudo parece possível, até o melhor! No entanto, do outro lado dos Pirenéus, numa Espanha muito próxima, o barulho e o furor da Guerra Civil fazem-se ouvir cada vez mais alto. Os legalistas enfrentam, desde 17 de Julho, a insurreição levada a cabo pelo General Franco. E se Paulin, a quem Mattéo lê diariamente o «L’Humanité», fica furioso quando o gabinete de Léon Blum decreta o embargo às armas que se destinam aos Republicanos – trata-se de um pacto de não intervenção que é assinado pelas grandes potências europeias – Mattéo parece totalmente indiferente a tudo isso, preferindo ler as páginas da Volta à França, que está a acabar. O tempo que passou na Rússia e no degredo destruíram a sua vertente militante e socialmente comprometida.

Mas deixará este filho de anarquista espanhol de ficar insensível aos gritos da pátria do seu pai?

E é aqui que termina a Terceira Época de Mattéo, uma série brilhantemente desenhada por J.P. GIBRAT, cuja edição a Ala dos Livros prossegue em Portugal.

Ficha técnica
Mattéo - Terceira Época
Autor: Jean-Pierre Gibrat
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 80, a cores
Encadernação: Capa dura
PVP: 21,00€ 

sexta-feira, 10 de abril de 2020

Análise: Dylan Dog: O Imenso Adeus

Dylan Dog: O Imenso Adeus, de Marcheselli, Sclavi e Ambrosini


Dylan Dog: O Imenso Adeus, de Marcheselli, Sclavi e Ambrosini

Depois de recentemente ter sido publicada uma análise a Dylan Dog: Após um Longo Silêncio, chega agora a vez de Dylan Dog: O Imenso Adeus, receber a sua análise. Ambos os livros foram publicados ao mesmo tempo, em Março de 2020, pela Editora A Seita.

E, mais uma vez, A Seita merece uma palavra de apreço por estar a oferecer ao mercado português banda desenhada de qualidade superior, que marcou (e marca) o género europeu, mais concretamente o fumettiDylan Dog: O Imenso Adeus é uma verdadeira maravilha. Narrativa soberba, com uma profundidade a roçar o poético, que remete todo e qualquer leitor para os seus tempos de adolescência. Quando os sentidos eram virgens, os sonhos eram infinitos e as possibilidades eram inesgotáveis. 

Se alguém que nunca leu um livro de Dylan Dog me perguntar qual será o primeiro livro que deve escolher para se iniciar nas aventuras desta personagem incontornável da banda desenhada mundial, direi este O Imenso Adeus. É um excelente ponto de partida para começar a desbravar este herói misterioso.

A história de O Imenso Adeus, foi imaginada por Mauro Marcheselli, com o argumento escrito por Tiziano Sclavi e as ilustrações asseguradas por Carlo Ambrosini, e é marcada pelo reencontro de Dylan Dog com uma paixão antiga da sua juventude, Marina Kinball, uma sensual loira, que aparece no escritório de Dylan, passados cerca de vinte anos, desde a altura em que tinham estado juntos, num verão que viria a ser inesquecível para ambos. Porém, Marina não sabe como ali chegou e, suspeitando tratar-se de uma viagem que foi feita ao nível do inconsciente, presumivelmente devido a um estado sonambulismo, ambos começam uma viagem de carro para levar Marina, de volta a Moonlight, a sua localidade. E embora esse retorno seja feito no célebre Volkswagen carocha de Dylan Dog, depressa este caminho se torna metafísico, carregado de simbolismos, como se a viagem de ambas as personagens os levasse às profundezas do seu passado a dois, dos seus sonhos, das suas inseguranças naturais da juventude.

É um livro puro, carregado de uma intensa melancolia nostálgica que nos arranca da nossa realidade e nos transporta para mil lugares perdidos no (nosso) passado, por aventuras vividas, por palavras que ficaram por dizer e por gestos que ficaram por fazer. Possivelmente, todos nós vivemos algo assim nas nossas vidas, em algum tempo e em algum lugar. Romances de verão que nos faziam imaginar um futuro por acontecer. E independentemente dos nossos desejos da adolescência, a vida até pode ter seguido outro rumo. Mas por vezes, as memórias assaltam-nos o pensamento, remetendo-nos para esses tempos felizes, que não voltam mais. Podemos voltar a esses momentos, através do pensamento, mas cada vez que o fazemos – e à medida que vamos amadurecendo – a nossa percepção vai mudando ligeiramente. E por vezes, já nem sabemos se determinada memória feliz foi exatamente como a recordamos ou se o passar do tempo e os nossos sentimentos e saudade, não salpicam essas memórias de floreados, romancendo, talvez, e ainda mais, a memória de uma existência feliz já longínqua. Será que quem relembra um conto, floreia sempre um ponto?

Quanto à arte, diria que é um livro que está ao nível daquilo a que Dylan Dog já nos habituou, mesmo tendo em conta, que os ilustradores vão mudando entre livros. Por vezes a arte, pareceu-me algo arcaica e que alguns pormenores, especialmente algumas expressões de Dylan, poderiam ter recebido mais trabalho e aperfeiçoamento. No entanto, isso não belisca a qualidade do livro. Assinale-se ainda um destaque positivo para a alternância entre estilos de ilustração, quando somos remetidos para o passado (uso de aguarelas) e quando regressamos ao presente (o clássico uso de tinta da china).

A fantástica capa da versão
norte-americana de O Imenso Adeu
Há no entanto algo a dizer que me merece um parágrafo nesta análise. A capa do livro. Se a história é boa, se a a arte é boa... grande parte das capas dos livros de Dylan Dog parecem-me bastante amadoras, muito presas ao passado e com muito pouco appeal comercial. E a capa deste Imenso Adeus, não é exceção. O que é uma pena. Provavelmente, os leitores com mais idade, que já conhecem Dylan Dog, não se importarão com este assunto e talvez até gostem que as capas tenham este estilo revival, em consonância com as capas originais. Mas penso que os leitores mais jovens que deambulam por uma qualquer livraria e dão de caras com uma capa como O Imenso Adeus, simplesmente não pegam no livro. Fui então investigar e detetei que, para o mercado norte-americano há uma capa espectacular que coloco aqui ao lado direito. Essa sim, já é meio caminho andado para que um potencial leitor se aproxime do livro na loja e, por ventura, o acabe por comprar. Seria possível fazer o mesmo para os próximos Dylan Dogs lançados em Portugal? Não sei que poder A Seita terá para escolher as capas dos livros. Se calhar, não tem poder para isso. Mas caso possa escolher entre várias alternativas, penso que pode fazer algo quanto a isto, no futuro. E atenção que este tema das capas pouco sexys de Dylan Dog, não é um tema apenas em O Imenso Adeus. Olhando para todos os Dylan Dogs já publicados em Portugal, apenas Mater Morbi (publicado pela Levoir) e Até que a Morte Vos Separe (publicado pela G. Floy) têm capas que considero magníficas, quer no conceito, quer na arte. Depois temos Terras Profundas (A Seita) que me parece aceitável. Fora essas, O Velho que Lê (G. Floy), Os Inquilinos Arcanos (Levoir), Após um Longo Silêncio (A Seita) e este O Imenso Adeus, têm capas que considero medíocres. “Fraquinhas”. Já para não falar na Saga de Johnny Freak (da Levoir) que é uma capa tão má que até me parece uma anedota. Algo que parece gozar e ofender a qualidade inquestionável desse magnífico livro. Note-se que todos estes livros são muito bons. Mas têm quase sempre capas fracas que simplesmente estão a anos luz do conteúdo dos livros. Um claro exemplo de não devermos julgar um livro pela sua capa.
No entanto, e por mais que essa frase seja bonita, cada vez mais, uma capa de um livro de banda desenhada, é a primeira coisa que desperta vontade de aquisição por parte do leitor. Deixo, pois, o meu comentário e a minha sugestão à Editora A Seita. 

Mas deixemos a capa de lado e concentremo-nos no todo que é O Imenso Adeus: uma autêntica maravilha de ler e de acompanhar, e um regalo aonde mergulhar de tempos a tempos, pressupondo novas leituras no futuro. Portanto, é um daqueles para figurar numa boa estante de bd. Já é frequente e natural que os livros de Dylan Dog tenham algum tipo de introspeção sobre a vida mas aquilo que O Imenso Adeus faz, parece ir ainda mais longe. Um leitor com uma forte sensibilidade e - atrevo-me a dizer – maturidade, vai adorar este livro. É mais do que recomendado. Um dos melhores do ano.

NOTA FINAL (1/10):
9.2

-/-

Ficha Técnica
Dylan Dog: O Imenso Adeus
Autores: Mauro Marcheselli, Tiziano Sclavi e Carlo Ambrosini
Editora: A Seita
Páginas: 104, a preto e branco
Encadernação: capa dura