Hoje no À Conversa Com: volto a dar a palavra a José Hartvig de Freitas. Mas, desta vez, para falar da Editora A Seita, da qual é um dos responsáveis.
Desta feita, em mais uma interessante conversa, o Editor convida os leitores a conhecerem um pouco melhor o processo de funcionamento d'A Seita, enquanto admite que alguns dos planos para 2020, no que ao lançamento de obras diz respeito, tiveram que ser alterados.
Mas há boas notícias, também! Em 2020, a editora ainda deverá lançar Lucky Luke Muda de Sela, do autor alemão Mawil. A edição de livros da Bonelli deverá continuar e certamente será lançado um livro de um autor português.
Mas a grande revelação é esta: A Seita tem planeado o lançamento, por alturas da época do Halloween, de Dracula de Bram Stoker, feita por Georges Bess!
Abaixo, encontram a entrevista:
1. Como tem A Seita superado os constrangimentos sofridos com a pandemia de Covid-19? Quais têm sido as maiores dificuldades e que estratégia tem a Editora adotado?
A Seita tem uma estrutura de funcionamento diferente da de muitas outras editoras, em que cada membro ou cooperante (ou grupo de cooperantes) se responsabiliza pelos seus projectos. Ou seja, cada grupo ou membro tomou decisões sobre como continuaria ou não a funcionar. No geral, podemos dizer que tivemos algum mau timing, com o lançamento de dois volumes de Dylan Dog [Dylan Dog: O Imenso Adeus e Dylan Dog: Após um Longo Silêncio] e do livro do Lucky Luke [O Homem que matou Lucky Luke] em pleno período da pandemia. Os resultados foram obviamente menos bons do que pensávamos, mas no geral, e dada a estrutura fixa muito leve que temos, não houve constrangimentos específicos durante este período.
2. Apesar das dificuldades, a Editora lançou já em pleno surto de Covid-19 bastante banda desenhada, como O Homem que matou Lucky Luke; Dylan Dog: O Imenso Adeus; ou Dylan Dog: Após um Longo Silêncio. Podemos por isto concluir que A Seita conseguiu manter o seu plano de lançamentos de banda desenhada para o primeiro semestre de 2020? Ou alguns títulos/séries tiveram que ser descartados ou adiados?
Obviamente estes títulos já estavam planeados antes da pandemia, e inclusive foram apresentados ao público no Coimbra BD antes da pandemia ter tido os seus principais efeitos. No Coimbra BD, por exemplo, tínhamos agendada a presença de um autor italiano, que à última da hora desistiu de vir, e ainda bem, se tivesse vindo não teria conseguido regressar a Milão, já que poucos dias depois do Coimbra BD os voos foram suspensos entre Portugal e a Itália.
Os livros mencionados na pergunta estavam impressos, e portanto foi mais uma questão de decidir se e quando os distribuir. De notar que houve decisões tomadas de inserção em catálogos e promoções (da FNAC) que tiveram de ser assumidas, e que foram depois adiadas pela própria FNAC para Junho e Julho, pelo que de certa maneira, se manteve um programa de lançamento sólido.
Mas é verdade que quanto a outros lançamentos, foi tomada a decisão de adiar lançamentos para 2021, nomeadamente em livros de autores portugueses. Mais que isso, a pandemia também influiu no planeamento dos lançamentos devido às incógnitas que planam sobre o festival da Amadora BD, por exemplo haver ou não festival, e em que moldes ele terá lugar, é algo que poderá ter um impacto nos nossos planos. Um livro lançado com uma exposição no FIBDA e a presença do autor tem um impacto muito maior, e caso isso não seja possível, talvez tenhamos de repensar algumas datas e empurrar alguns títulos para o início de 2021 (isto é ainda mais verdade no caso de livros de autores portugueses).
[Nota do Vinheta 2020: à data em que esta entrevista foi feita, ainda não havia confirmação oficial do cancelamento do Festival de Banda Desenhada da Amadora]
3. Quais são os novos lançamentos que os leitores de banda desenhada poderão esperar no segundo semestre de 2020? Alguma novidade em termos de banda desenhada nacional?
Como já anteriormente tínhamos anunciado, teremos um segundo volume de Lucky Luke, do alemão Mawil, uma homenagem num espírito humorístico e divertido, e extremamente original (Lucky Luke Muda de Sela), que é um livro inédito até em França, que terá a sua primeira edição física noutra língua no nosso país. Estamos em negociações com o autor e com a Dargaud para a implementação de uma versão exclusiva do livro, inclusão de extras, e vinda do artista a Portugal, esperamos mais notícias em breve. Iremos certamente editar pelo menos um, senão dois, livros de autores portugueses, mas ainda estamos a decidir timings e ordem de lançamentos. E claro, queremos prosseguir na nossa edição de livros da Bonelli.
4. Há alguma série ou livro que possa ter ficado para o próximo ano, devido ao estado pandémico que atingiu Portugal?
Como podem intuir pelas respostas acima, há uma série de títulos que tínhamos pensado para este ano e que serão provavelmente adiados para inícios de 2021.
5. Por último, há alguma série surpresa que ponderem lançar ainda este ano e que queiram dar a conhecer, em primeira mão, aos leitores do Vinheta 2020, através desta entrevista?
Podemos anunciar em exclusivo que iremos editar, provavelmente com data de lançamento próxima do Halloween, uma adaptação espectacular do Drácula de Bram Stoker pelo grande artista francês Georges Bess, um livro maravilhoso a preto e branco e em grande formato, que será certamente um dos grandes lançamentos do ano no nosso país.
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