Eis algumas imagens promocionais das edições francesas dos outros livros:
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Lançamento: Clássicos da Literatura em BD
Análise: No Caderno da Tangerina e Tangerina
No primeiro livro, a história centra-se em Spike e na forma, infrutífera como ele tenta estabelecer uma relação de amizade com a sua nova colega de escola, Tangerina. Porém, a sua nova colega de carteira, parece ser alguém diferente dos demais colegas de Spike, pois está sempre agarrada ao seu caderno, onde faz desenhos de horríveis criaturas. E eventualmente, esses monstros passam do caderno de Tangerina para a realidade(?), com Spike a observá-los pelos sítios onde passa. O final é inconclusivo, deixando-nos a pensar se tudo aquilo que nos foi dado, não passa de um mero sonho da personagem Spike. Será Tangerina real, sequer? Não sei até que ponto a autora Rita Alfaiate já tinha a ideia de como haveria de fechar esta história num segundo livro, ou não, mas a verdade é que o fez de forma muito bem conseguida.
Parece-me que há aqui um exercício muito interessante por parte da autora que nos convida a mergulhar nele. É que se ficamos com uma ideia concreta quando lemos o primeiro livro… essa ideia muda (drasticamente) após a leitura da segunda obra. Aplicando isto à realidade, não estará a autora a dizer-nos que para uma mesma história há várias verdades? Várias forma de olhar para a mesma coisa?
A editora Escorpião Azul merece aqui uma nota mais que positiva pela sua contínua e constante aposta nos autores portugueses de banda desenhada. Como sugestão, acho que talvez fosse interessante que no futuro a editora equacionasse editar No Caderno da Tangerina e Tangerina num só volume. E em capa dura, se possível. Seria um livro deveras interessante para esta tal leitura completa da obra que recomendo.
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Lançamento: O Expresso do Amanhã II - O Explorador e A Travessia
Amanhã chega às bancas o segundo livro da Coleção de Novelas Gráficas, da Levoir e do Jornal Público, que foi iniciada no sábado passado.
O sonho de Jacques Lob sobreviveu-lhe e cresceu muito para além das suas expectativas, pois como refere Jean-Marc Rochette: “O Expresso do Amanhã é neste momento a BD francesa mais conhecida no mundo. O Tintin não é francês e o Astérix vende sobretudo em França e na Alemanha, enquanto que O Expresso do Amanhã está disponível em 167 países (168, contando com Portugal). É delirante!”
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Vencedor do Passatempo "Os Filhos de El Topo: 2"
Já temos o vencedor para o passatempo/giveaway do Vinheta 2020 que tinha o livro Os Filhos de El Topo: 2 para oferecer!
Desta vez, ultrapassámos as 200 participações, feitas através do facebook e do instagram!
Foi feito um sorteio através de um site para o efeito (Sorteador.com.br) que, aleatoriamente, escolheu o seguinte participante:
Tiago Silva
Muitos parabéns! Este Os Filhos de El Topo: 2, lançado em Portugal pela Arte de Autor, já é teu!
Quanto a todos os que desta vez não ganharam, resta-me agradecer pelas participações.
Se concorreste e não ganhaste desta vez, não desanimes porque o Vinheta 2020 terá muitos mais passatempos nos próximos tempos.
Só tens que ir passando no blog e acompanhando as redes sociais do mesmo, para saberes que prémios haverão para oferecer aos leitores deste espaço.
Até já!
quarta-feira, 26 de agosto de 2020
Análise: Stumptown Vol. 1
Stumptown é, na verdade, a alcunha dada à cidade de Portland, no Oregon, e é um policial noir contemporâneo, de estilo hard-boiled, que nos conta a história de Dex Parios, uma detetive privada viciada no jogo.
Não é de admirar que Greg Rucka seja unanimemente considerado como um mestre em ficção policial, já que o autor consegue montar bem a história, deixando o leitor agarrado à mesma. Não é uma história com um ritmo muito acelerado – como é comum em alguns policiais – e, admito, por vezes até achei que o ritmo estava um pouco lento demais. No entanto, o autor sabe dosear os bons momentos, oferecendo-nos uma investigação envolvente e que nos deixa a lançar as nossas próprias perguntas e a lançar suspeições a várias personagens. A ideia de começar o livro contando a história ao contrário em termos temporais, ou seja, do momento mais recente para o momento mais longínquo no tempo, é algo que aqui também funciona muito bem, para irmos conhecendo a protagonista bissexual que vive com o seu irmão, que tem necessidades especiais.
Em termos de arte ilustrativa, Matthew Southworth entrega-nos um bom trabalho, com um traço rabiscado e marcado com personalidade, que encaixa muito bem no tom da obra. A concepção dos ambientes e das personagens está muito bem conseguida. Há no entanto, algo que a meu ver não resulta tão bem. E que tem a ver com a aplicação das cores. Enquanto lia o livro, pensava que as mesmas não estavam a puxar pela qualidade das ilustrações. E pensei: "será que os desenhos de Stumptown não funcionariam melhor se fossem apenas a preto e branco?". Ora, qual não é o meu espanto quando, no final do livro, há uma pequena história bónus a preto e branco e que me parece visualmente muito mais apelativa do que a história principal? É curioso que o próprio volume tenha respondido de forma inequívoca à minha suspeição. Atente-se numa coisa: não é que as cores – a cargo de Lee Loughridge, Rico Renzi e do próprio Matthew Southworth - estraguem a obra. Não o fazem, de todo. Possivelmente até poderão existir alguns leitores que apreciem as cores da obra. Mas para mim, as cores simplesmente, não estão ao nível das ilustrações e da própria história. Há pranchas muito bonitas, sim. Mas há outras onde as cores me distraíram da história, pela negativa.
Quanto à edição da G. Floy só posso repetir-me em relação ao que tenho dito a análises a outros livros do catálogo da editora: aqui impera a qualidade. Bom papel - baço e de gramagem generosa -, capa mais dura do que o habitual nas comuns "capas duras", e extras verdadeiramente apelativos para o leitor. Vou confessar uma coisa: penso que por vezes as editoras colocam extras que pouco ou nenhum interesse têm para o leitor. Parece que estão ali só para que se possa dizer: "atenção, este volume tem extras!". Aqui, não é o caso. Em Stumptown Vol. 1 os extras são verdadeiramente interessantes e oferecem real valor acrescentado à obra. Este livro traz os designs de Stumptown utilizados em t-shirts, posters que foram feitos para apresentações da série em eventos e, a cereja no topo do bolo, é-nos dada com o mini-comic de oito páginas, que foi originalmente impresso no formato de um cartão de visita, e que era acompanhado por uma lupa(!) para poder ser lido. Um autêntico mimo e que, ainda por cima, conforme já referi, veio atestar aquilo que já mencionei acima: esta série em preto e branco seria visualmente mais apelativa.
terça-feira, 25 de agosto de 2020
Análise: Operação Overlord (Coleção Completa)
Acima de tudo, esta é uma série que parece querer fazer mais do que consegue. Dar um passo maior do que a perna. Ao querer ser uma série de eventos ficcionais e, ao mesmo tempo, de carácter histórico, fica algures a meio caminho, denotando dificuldades na construção de um bom argumento e não conseguindo fazer verdadeiramente bem nada daquilo a que se propõe. Mas também não é justo dizer que faz mal tudo aquilo que tenta fazer. Há coisas interessantes, quer na arte, quer nos intuitos do argumento. Infelizmente, o facto de ficar a "meio caminho", deixa-nos com a ideia que esta série é apenas isso: mediana. Não é má mas está longe de ser boa. Diria que é uma banda desenhada recomendada apenas a amantes do género. Esses, certamente apreciarão a série, aceitando as fraquezas da mesma. Para os leitores não tanto do género histórico de guerra, será mesmo o Tomo 2: Omaha Beach aquele que (mais) se recomenda para conhecimento da série.