quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

À Conversa Com: A Seita - Novidades para 2021



Hoje, no À Conversa Com: dou destaque à editora A Seita que, com tão pouco tempo de existência, se tem tornado uma referência na edição de banda desenhada em Portugal.

Estive à conversa com o editor José Hartvig Freitas que, de forma muito transparente, me revelou quais as surpresas que A Seita tem previstas para lançar no primeiro semestre de 2021.

A meu ver, este deverá ser um ano de afirmação e consolidação d'A Seita, a julgar pelo fantástico conjunto de obras a lançar.

Entre as novidades, já está garantido um álbum duplo que será um crossover entre as personagens Dylan Dog e Dampyr, da Bonelli. Da mesma editora italiana, A Seita também deverá começar a publicar a  colecção Tex Romanzi a Fumetti, que é uma coleção de álbuns auto-contidos, em formato franco-belga, do famosíssimo herói Tex. A editora iniciará também uma nova coleção, dedicada a adaptações de clássicos da literatura, que começará com as duas obras Drácula de Bram Stoker, de Georges Bess e Apocalipse, de Alfredo Castelli e Corrado Roi.

Para além disso, e embora já fosse esperado, A Seita deverá publicar Jolly Jumper não responde, de Guillaume Bouzard, outro álbum da sua coleção Lucky Luke Visto Por

Mas, a grande surpresa é que, a Seita deverá publicar um outro álbum desta coleção Lucky Luke. E embora José Freitas não tenha revelado que obra será essa, uma rápida pesquisa pela web leva-me a avançar que esse novo álbum será da autoria de Matthieu Bonhomme, que já nos deu o fantástico O Homem que Matou Lucky Luke. Esta notícia que avanço (ainda) não é oficial, mas diria que quase de certeza que irá acontecer. E até há fortes possibilidades que o lançamento da obra ocorra em simultâneo com o lançamento original, visto que o álbum ainda não saiu e apenas existe uma única imagem provisória do mesmo.  Isto parece-me uma ótima novidade, para leitores e editora, tendo em conta o sucesso do primeiro álbum O Homem que Matou Lucky Luke, que até venceu o prémio de melhor álbum estrangeiro do Amadora BD e que foi o bestseller d'A Seita como, abaixo, José Freitas confirma.

É ainda expetável que a editora continue a lançar mais livros de Jorge Miguel, autor de Shanghai Dream, caso este álbum continue a vender bem.

Fiquem com esta interessante entrevista abaixo e com as capas dos álbuns a lançar. Tenham em atenção que estas capas poderão não ser as capas finais d'A Seita.


Entrevista

1. Qual é o balanço que A Seita faz de um ano tão atípico como o de 2020? Foram muitos os adiamentos e as consequências financeiras desta pandemia na editora, ou até se pode considerar que os efeitos desta doença não foram assim tão maus na editora?

O ano foi de facto complicado, mas devemos dizer que no final, não foi catastrófico. O maior problema que tivemos foi um fecho generalizado das bancas entre Abril e Junho, e que sobretudo o nosso distribuidor não sabia quais estavam abertas, ou seja, muitos livros foram para os pontos de venda e voltaram logo a seguir, sem terem sido postos à venda. Claro, o Lucky Luke é o Lucky Luke, e sofreu menos, os dois livros que mais sofreram com isso foram os dois volumes de Dylan Dog que editámos em Março e Abril.

Tínhamos alguns lançamentos adicionais previstos, que acabaram por deslizar para 2021, ou dito de outra maneira, não sentimos a necessidade de acelerar a produção desses livros e deixámos para depois. Foi particularmente o caso do Drácula de Bram Stoker, por Georges Bess, que inaugurará uma nova colecção n’ A Seita, dedicada a adaptações de clássicos e de grandes textos, e um adiamento de mais Dylan Dogs que deviam ter saído no Outono. Relativamente a efeitos financeiros, A Seita ainda vai muito no início, numa fase de investimento, e é cedo para estar a fazer balanços, posso dizer que de modo geral, com a excepção de vendas um pouco fracas nos dois Dylans, o ano não foi mau e teve alguns bons resultados. Mas ressalvo que editámos dois Lucky Lukes, dois Dylan Dogs, o quarto e último volume da colecção The Lisbon Studio, e já na recta final do ano, Shanghai Dream em colaboração com a Arte de Autor. Acaba por ser um plano um pouco menor do que o que tínhamos antecipado, mas mesmo assim relevante.

 

2. Qual foi o vosso campeão de vendas?

Como seria de prever, O Homem que Matou Lucky foi (e de longe) o nosso best-seller, com vendas que estão perto dos 2500 exemplares no final do ano. Os títulos e as personagens clássicas, mesmo que reinterpretadas por autores em modo de “homenagem”, continuam a ser os mais populares.

 

3. E qual o livro em que as vendas ficaram aquém do esperado?

No geral estamos em números de que estávamos à espera, quando comparados com anteriores. A verdade é que os Dylan Dogs perderam parte das vendas que teriam tido nas bancas, pelos motivos explicados acima, e vão levar algum tempo a recuperar. Mas fora isso, podemos dizer que num outro ano, as vendas teriam sido um pouco melhores, um pouco mais rápidas, mas é uma diferença não muito grande. E posso dizer que alguns títulos que lançámos no ano passado, no Outono, mantiveram um ritmo invejável de vendas, nomeadamente o Andrómeda e o Dampyr.

 

4. Como surgiu e como está a decorrer o processo de co-edição da obra Shanghai Dream, com a editora Arte de Autor?

O que aconteceu foi que numa viagem ao festival de Angoulême, alguns dos sócios d’ A Seita falaram com a Vanda Rodrigues, da Arte de Autor, e deram-se conta de que estávamos ambos interessados em editar os livros que o Jorge Miguel desenhou para os Humanoïdes Associés. E chegámos à conclusão que em vez de andar a competir pelos títulos, e deixar que o licenciador fizesse algum tipo de “leilão”, como muitas vezes fazem, talvez pudéssemos co-editar os livros. E assim foi feito, e até agora tem corrido tudo bem. Se este livro vender bem - e até agora as vendas foram óptimas - é de esperar que continuemos com os próximos livros.



5. Quais serão as próximas obras a serem editadas nos próximos meses? E que novidades, ao nível de novas apostas editoriais da vossa parte podem ser partilhadas, em primeira mão, com os leitores do Vinheta 2020?

Durante os próximos meses, até ao Verão, contamos editar mais 2 volumes na colecção Aleph, desta feita um crossover movimentado de alta aventura entre Dylan Dog e outra personagem da Bonelli, Dampyr, o caçador de vampiros. 

Capas provisórias dos dois livros dedicados ao crossover entre Dylan Dog e Dampyr

E continuando na Bonelli... bom, vamos lançar uma colecção de Tex, uma das mais queridas personagens dos fumettis italianos, uma série de westerns em álbuns franco-belgas a cores, auto-conclusivos, ideais para leitores que ainda não conhecem o ranger da Bonelli, mas que apreciam westerns. E são álbuns espectaculares, pelos melhores desenhadores da editora italiana, com um trabalho de cor incrível, e que não necessitam de qualquer conhecimento prévio da personagem (mas que esperamos que aumentem a curiosidade por ela!).

 

Alguns exemplos da coleção

 

Tex Romanzi a Fumetti

Vamos lançar também uma colecção focada em adaptações de grandes textos ou de clássicos, de que gostaríamos de fazer 3 a 4 livros por ano, a nossa colecção Nona Literatura, de que os primeiros dois volumes, a editar no primeiro semestre deste ano, serão a adaptação do Drácula de Bram Stoker pelo mítico desenhador Georges Bess, um belo volume de 200 páginas a preto e branco em formato franco-belga, e uma versão em banda desenhada espectacular do Apocalipse, a Revelação de São João, mais uma obra que nos chega do universo dos fumetti, um álbum de cerca de 112 páginas em formato grande pelas mãos de Alfredo Castelli e Corrado Roi, dois dos maiores autores da Bonelli.

 

Drácula de Bram Stoker, de George Bess

 

Apocalipse, de Alfredo Castelli e Corrado Roi

No nosso selo Comic Heart temos vários projectos em andamento, dos quais dois estarão provavelmente prontos a editar este semestre, ainda não vamos adiantar mais sobre isso, porque em breve, sobre esses e bastantes outros livros de autores portugueses, haverá mais novidades. Mas queríamos pelo menos dois álbuns este semestre para continuar a cumprir com o nosso objectivo de sermos uma das mais relevantes editoras de BD portuguesa no país.

E, claro, temos mais um volume na nossa colecção Lucky Luke visto por... mas aqui, teremos uma pequena surpresa, que posso começar a desvendar dizendo simplesmente que teremos DOIS desses Lucky Lukes este ano...


 

Jolly Jumper não responde, de Bouzard

 

Wanted, Lucky Luke!, de Matthieu Bonhomme

Claro que há muitos mais planos, mas alguns deles ainda não têm contratos fechados, ou estão à espera de acertos finais com os licenciadores. Podemos certamente adiantar que os leitores portugueses podem contar com algumas GRANDES surpresas este ano. Não queria deixar de mencionar o nosso trabalho na internacionalização dos autores portugueses, que é um esforço que dá algum trabalho que é “invisível” porque só o vemos quando sai um livro, e isso pode corresponder a mais de 15 ou 20 contactos ao longo de um par de anos. E 2020, em plena confusão da pandemia, garantimos a edição na Polónia do Filhos do Rato, de Luís Zhang e Fábio Veras, que foram aliás convidados para participar num dos poucos festivais de BD que se fizeram lá este ano. E este ano de 2021 já temos contrato assinado para o lançamento do Andrómeda na Polónia, e estamos em negociação para que seja também lançado em Espanha e em França, enquanto que o Filhos do Rato está em negociações para França. Não quer dizer que se consiga que saia, mas é um esforço que fazemos.

Vou ter de resistir à tentação de anunciar mais novidades, porque decidimos dentro da nossa cooperativa reservar o principal anúncio para nós mesmos, dentro de uns dias, quando publicarmos o plano editorial completo do primeiro semestre e algumas novidades para o resto do ano. Mas estaremos à disposição para mais participação no diálogo com o resto do mercado, algo que às vezes faz falta na BD no nosso país, embora sinta também que as coisas estão a mudar nesse plano, e que mais editoras estão disponíveis para dar a cara e anunciar planos, ideias, novidades, com mais antecedência.

2 comentários:

  1. Com esta é só poupar no passado e futuro,não gosto de fummetis e Tex e de dar sono e secante,

    ” É uma série bem boa e encorajamos todos os leitores a tentar a sua leitura, até porque não são livros caros!”

    Nao são a p/b vendidos a preço maior que as mangas,sao caros sim e o que encarece e o hc.
    Deve ser estranho ao editor ter 2 ou 3 editoras diferentes para vender o mesmo peixe,estranho nao haver conflito de interesses!!!??

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    1. Caro Optimus Primal. Obrigado pelo comentário.

      É lógico que cada um terá a sua opinião. Tão viável e legítima como outra qualquer.

      Quanto a mim, sou um confesso apaixonado de Dylan Dogs. E também há muita coisa de Tex que gosto bastante.

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